terça-feira, 4 de novembro de 2014

Prólogo

Prólogo
Novo México
Centro de Pesquisa Drackwood
Jeanie sufocou um grito de angústia e lutou contra as lágrimas. Era horrível assistir o homem por quem está obcecada ser torturado. Só conseguiria mata-los se seguisse seu
instinto de correr para fora indo em sua ajuda.
— Sabia que você gostava muito daquele. — Uma voz assustadoramente familiar
riu silenciosamente na porta do escritório do laboratório.
Jeanie sentiu todo o sangue drenar de seu rosto à medida que girou, horrorizada
por ele ter conseguido abrir sua porta sem fazer um barulho. Dean Polanitis dirigia a
instalação inteira. Aos quarenta e cinco anos ele era jovem para o trabalho, mas o que
faltava em idade sobrava em maldade. Ele não era alto, tinha um metro e setenta, mas
ainda era extremamente intimidador devido a anos de treinamento militar e levantamento
de pesos. Seu corpo era musculoso, denso e fisicamente bem esculpido. Seus olhos
verdes normalmente enfadonhos estavam raramente intensos e seus lábios finos estavam
torcidos em um sorriso raro que deixou Jeanie gelada por dentro.
— Não sei do que você está falando, — mentiu.
Ele apontou para um lugar nas prateleiras grandes da parede. — Eu instalei uma
câmera escondida neste escritório para monitorar todos os seus movimentos na última
semana depois que notei seu interesse naquela cobaia. Recebi relatórios que você tentou
protegê-lo de ser agredido pelos guardas. Isso foi o estopim. Então, depois de revisar as
fitas de sua cela, percebi que ele olha para você do mesmo jeito. — Fechou a porta atrás
dele. — Você realmente pensou que isso não chamaria a minha atenção? Eu não deixo
nada passar dentro da minha casa. Sei que você se importa com ele. Você para de
trabalhar toda vez que ele está lá fora e conheço sua linguagem corporal. — Seu olhar
percorreu o comprimento do corpo dela antes de retornar ao rosto. —Você é fácil de ler
quando não sabe que está sob vigilância.
Agitou sua cabeça. — Ele é só outro número, — murmurou, rezando para que ele
acreditasse na mentira. Um frio desceu sua coluna no modo como declarou que a
instalação era sua casa. Era um lugar infernal que ninguém deveria querer reivindicar,
mas só fortaleceu sua convicção da pura maldade de seu chefe. — Sou só uma pessoa
agradável. Desculpe por ter uma pitada de compaixão. Isto é provavelmente o que os
guardas reportaram se eu disse ou fiz qualquer coisa para preveni-los de ser abusivos.
Alguns daqueles imbecis podem ser bem maliciosos só por diversão.
As sobrancelhas do seu chefe curvaram. — Sério? É só isso? E sobre suas
reações ao ver 710 sangrando ao testar as propriedades curativas das novas drogas?
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— Eu não gosto de assistir nenhum deles sofrendo. Eu tenho um coração. Isto é
tudo. Odeio ver alguém com dor, mas entendo o quão importante é a pesquisa. Fui
informada que ele está em uma experiência para avanços médicos que poderiam
estimular os acionadores do corpo a cicatrizar ferimentos abertos mais rápido. — Olhou
de volta para a janela. O homem que amava estava tentado proteger a si mesmo contra
oito homens malignos e armados que pretendiam causar-lhe dano sério enquanto ele
estava atado por correntes que o seguravam. Ele era forte o suficiente para derruba-los,
para evitar alguns dos socos que o atingiam, mas não todos eles. O sangue corria dos
ferimentos em seus braços e tórax. Um dos guardas o bateu com um chicote e ela olhou
para seu chefe depressa, antes que seus joelhos enfraquecessem. — É brutal e não
gosto desse tipo de coisa. Processe-me.
Dean Polanitis riu cruelmente. — Dinheiro não é o que quero de você. — Seu
sorriso morreu. — Vou dar a ordem para matar o 710 hoje. Nós queremos ver o quão bem
os animais podem conseguir encontrar presas e seu número ali está sangrando muito.
Drogaremos alguns dos machos, os deixaremos bons e loucos para uma briga e os
mandaremos lá fora para localiza-lo. Eles estarão tão irracionais que nem notarão que ele
é um deles. Ele não será muito rápido em seus pés uma vez que meus garotos ali estão
terminando de bater nele.
Seu coração quase parou. — Ele está em excelente condição física e é inteligente.
Seria um desperdício de recursos matá-lo. Mas a decisão é sua. — Conseguiu manter
sua voz firme de alguma maneira. Por dentro choramingou, Não!
Ele deu um passo em sua direção, bloqueando a porta e qualquer chance de fuga.
— Você é boa, Jeanie.
— É “Sra. Shiver” para você, muito obrigada. — Tentou manter a voz firme.
Fraqueza seria vista como uma falha por um nojento como Polanitis e isso faria dela uma
vítima, no entendimento dele. Seria um engano que não podia cometer se não pudesse
blefar sua saída da situação. Os funcionários desapareciam, para nunca ouvir-se falar
dele novamente. Christie desapareceu apenas algumas semanas depois que Jeanie
começou a trabalhar lá. A mulher estava certamente morta. Não tinham sido amigas,
realmente Jeanie detestava a outra técnica de laboratório, na verdade só a fez perceber o
quão perigoso podia ser trabalhar para Pesquisas Drackwood. Não queria morrer
também. — Estou aqui para fazer um trabalho e sou bem paga. Nunca me esqueço disto.
Ele se moveu para muito mais perto. — Jeanie, você e eu vamos fazer um acordo.
— Ele agarrou seu cotovelo em um aperto forte para machucar.
Ela ofegou, tentando cair fora, mas seus dedos só apertavam. O terror
imediatamente a inundou. Dean Polanitis estava no comando e ele dirigia os empregados
pelo medo. Ninguém ousaria impedi-lo de mata-la se ele decidisse que ela não era mais
fiel. Poderia chamar isto de um exercício de treinamento e isso seria o seu fim.
Ele suspeita que estou tentando fechar este lugar? Ele sabe que contrabandeei
evidência? A paranoia a fez tomar muitas precauções e estava bem certa que não estava
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confusa. Não podia ajudar os homens e mulheres presos dentro da instalação se
morresse. Eles nunca teriam uma chance de liberdade.
— Você se importa com aquela coisa, — Polanitis grunhiu. — Você não pode nem
foder com ele porque nunca teve a oportunidade de ficar sozinha, mas você quer. — Seu
olhar severo desceu pelo corpo dela e depois de volta para o rosto. Empurrou-a mais
perto do telefone no fim de sua escrivaninha e ergueu o receptor. — Vou ligar para a
Segurança e dizer que eles o matem, Jeanie.
Ele deve estar mentindo. As cobaias valiam muito dinheiro e esse era o ponto de
partida da companhia em que eles trabalhavam. Isso custaria seu trabalho. Até Polanitis
tinha que responder a alguém. Ela se forçou a relaxar.
— Certo.
Polanitis abaixou o queixo para estudar suas feições mais de perto. — Você acha
que está me enganando? Você devia ver o quão pálida ficou. — Girou sua cabeça e
esmurrou o número zero depois o quatro no telefone. Ele segurou o receptor entre eles
assim ambos seriam capazes de ouvir.
— Quem está falando é Mickie, da Segurança.
— É Polanitis. Eu quero o número 710 imediatamente tirado de seus testes de
drogas atual. Nós o usaremos em um exercício hoje à noite como um corredor para testar
aquela nova droga de alteração mental. Deverá ser divertido assisti-lo sendo caçado até a
morte. Um dos doutores tem me atormentado para dar uma cobaia para o teste. Leve o
710 para o exterior e o prenda em uma cela lá.
— Sim senhor, — Mickie retrucou.
Seu coração martelou quando seu chefe a girou para enfrentar a janela. Uma nova
equipe de segurança caminhava lá fora. Eles falaram com alguns dos homens atacando
710 e pararam de bater-lhe. A segunda equipe agarrou as correntes que estavam
prendendo os pulsos e tornozelos de 710, usando o comprimento de um metro e oitenta
para mantê-lo entre eles e ficar fora do seu alcance. Eles o arrastaram para longe do
edifício. A única coisa localizada naquela direção era uma estrutura de concreto onde
ouviu que eles cremaram alguns corpos quando suas experiências de drogas mataram as
cobaias. Também houve rumores que fizeram testes altamente secretos lá, que ela não
conseguiu fazer ninguém contar. Os poucos empregados que souberam o que aconteceu
lá fora apelidaram de “inferno”.
— Olhe-o pela última vez, — Polanitis sussurrou próximo a sua orelha. — Queria
acenar um adeus? Oh, é verdade. Ele não pode ver você atrás do vidro pintado.
Ele realmente planejava matar 710. Pânico e horror batalharam dentro dela. A raiva
ganhou enquanto segundos passavam. Polanitis tinha um complexo de deus e sua
crueldade a fez querer arrancar seus olhos.
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Girou, olhando para ele. — Você é um filho de uma puta. Por que está fazendo
isto? Você não precisa ter uma cobaia assassinada. Você podia da mesma maneira
facilmente fazê-los caçar um animal se você precisa ver suas habilidades como
predadores. Não é rentável desperdiçar uma cobaia principal. É apenas maligno.
Ele empurrou seu tórax contra o dela. Jeanie recuou, mas a mesa a impossibilitou
de quebrar o contato quando ele se debruçou adiante para prendê-la contra a madeira.
Seu olhar estreitou e bloqueou com o dela.
— 710 é um animal. Isto não tem nada a ver com o quão bons seus sentidos são. A
nova droga que vamos utilizar esperançosamente o deixará homicida para o seu próprio
tipo. Nós precisamos de uma defesa contra aqueles bastardos loucos que estão pondo
todo mundo aqui em perigo com seus delírios sobre estes animais merecerem direitos
humanos. Todos nós tivemos que olhar por cima dos nossos ombros desde que Mercile
afundou. Eu me recuso a ter este lugar fechado do mesmo jeito que eles foram. É
brilhante vira-los um contra o outro. Eles podem desperdiçar todos os seus recursos
lutando um com o outro em vez de tentarem nos evitar de terminar nosso trabalho.
Imagine drogar um destes animais e soltá-lo em Homeland. Eles lhe dariam boas-vindas
direito pelo portão, nunca suspeitando que estão prestes a morrer.
Ela estava horrorizada. Seria um brilhante plano, em um modo doente e contorcido,
se a droga funcionasse. Eles planejavam usar o Espécie capturado para matar os que
estão livres. A ONE prendeu pessoas como Polanitis quando foram descobertos. Sua
meta era ajuda-los a fazer isto. Estremeceu. Eu preciso avisa-los!
— Eu quero algo de você e você quer 710 vivo. Acho que nós podemos fazer um
acordo.
Um sentimento doente grudou em seu estômago. — Que acordo?
— Não vamos jogar. Você tenta esconder, mas é muito doce. Soube disto no
momento que eu conheci você. — Seu tom ficou severo. — Eu o afastarei de até ser
machucado, desde que você faça o que digo. Ele vive se você cooperar.
— O que você quer que eu faça? — Não tinha nenhuma ideia do por que ele a
chantagearia. Ela não tinha nenhum dinheiro ou um cargo alto no trabalho que permitisse
seu acesso a quaisquer informações que pudesse obter. Coletava amostras das cobaias
e as levava para o laboratório. Seu acesso nem permitia que ela soubesse o que
testavam ou porquê, ou os resultados.
Ele recuou, seu olhar astuto enquanto avaliava seu corpo. — Você está em boa
saúde, jovem e não é casada. Verifiquei seu arquivo e você vive só.
Não gostou dele examinando sua vida pessoal ou seu corpo, mas ele teve um
interesse específico nela. — Então?
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— Nós não pudemos ganhar acesso a muitas das fêmeas depois que Mercile foi
atacada. As poucas que nós podíamos transportar antes de serem invadidos não eram o
suficiente para o que precisamos para fazer nosso trabalho.
Esta conversação não estava indo a qualquer lugar bom. Seu coração acelerou,
apavorada que ele sugerisse algo sobre os artigos que ela leu nas notícias. Havia
rumores que Mercile forçava os Novas Espécies a sofrerem experiências de procriação.
Claro, se fosse com 710, não seria um pesadelo para ela. Ele não seria mais abusado se
ele formasse um par com ela e poderia passar mais tempo com ele. O conceito inteiro de
fazer sexo com ele não era desagradável, mas as condições seriam miseráveis. Eles
seriam assistidos em monitores, doutores cavando em todo aspecto do que acontecia
entre eles.
Polanitis limpou sua garganta. — Existe uma droga na qual estamos trabalhando
para uma pessoa de fora e precisamos de um empregado para se envolver com o projeto.
Parte dela estava desapontada. — Que tipo de droga?
— Não importa.
Jeanie não concordou. — Que pessoa de fora?
— Isso não é da sua conta. Tudo o que você precisa saber é que alguém está nos
pagando muito dinheiro, especificamente para modificar umas drogas que as Indústrias
Mercile inventaram para usar nos cobaias machos. Agora eles querem uma versão dela
para usar em mulheres normais. Nós não podemos nos certificar que funcionará sem uma
tentativa ao vivo.
Tentou achar sentido em suas palavras. — Alguém contratou a Drackwood para
alterar uma droga para usar em humanos? Uma que especificamente foi projetada só
para ser usada em Nova Espécie? Qual droga? Pensei que toda a pesquisa feita neles
era para beneficiar os humanos. — Este é o motivo estúpido que sempre dão para
explicar a horrível merda que fazem com aquelas pobres pessoas. Não fez sentido.
— Nunca os chame disto. — Ele agarrou seus braços e a agitou. — Eles são
cobaias. Não me deixe ouvir você articular essas palavras novamente. Eles são animais
de laboratório e nada mais.
Medo silenciou suas objeções sobre como ele visualizava os Novas Espécies. As
únicas drogas que testavam em Novas Espécies eram para avançar a cicatrização de
danos traumáticos, mas alguns dos doutores tinham alguns projetos que ela não tinha
acesso. Esses eram os que a assustavam mais. Não podiam ser bons se eram altamente
secretos.
— Você acabou de se voluntariar para ser nossa cobaia.
Agitou sua cabeça, horrorizada. — Não.
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— Eu não estou perguntando. — Deu lhe outra sacudida brutal. — Eu manterei seu
animal de estimação favorito vivo se você obedecer. — Suas características endureceram
enquanto seus lábios trançavam um feio desprezo. — Não que você tenha uma escolha.
É só que discutimos o que aconteceria se você desaparecesse. A última coisa que
precisamos é uma investigação policial.
A bílis subiu enquanto as implicações em absorvidas. — O que você quer dizer
com isto?
— Quer dizer que temos que permitir a você ir para casa para que seus vizinhos
não reportem que está desaparecida. Você aparecerá do trabalho todo dia e nunca vai
dizer a qualquer um o que está sendo feito com você. — Ele lançou seus braços e
agarrou sua garganta, debruçando o suficiente para olhar em seus olhos. — Você pode
ser morta a qualquer hora. Lembre-se disto. Você foge, e será achada. — Girou até que
ela foi forçada a desviar a vista da janela. — E ele morrerá. Eu pessoalmente tiro as tripas
do filho da puta e faço isto tão doloroso quanto possível. Ele sofreria por horas antes de
sua morte.
A porta do seu escritório abriu e por um segundo, Jeanie teve esperança que seria
salva. Dr. Brask entrou, fechando a porta atrás dele. Sua mão com luva levantou, a
seringa agarrada entre os dedos e polegar fácil de localizar.
— Ela concordou?
— Não perguntei, — Polanitis bufou. — Dê a injeção nela.
Jeanie quis gritar, mas o aperto em sua garganta se intensificou até que não podia
respirar. Seu chefe abruptamente a empurrou para baixo, seu peso vindo por cima de
suas costas até que estivesse esmagada entre ele e a escrivaninha.
— E se ela for para a polícia? — A voz do Dr. Brask abaixou. — Pensei que você
iria pagar a ela um extra ou algo para nos deixar testar estes novos lotes.
— Nós não temos que ceder a essa besteira. Apenas levante a sua saia e a injete
no traseiro com a agulha de uma vez. A cadela não ousaria ser estúpida o suficiente para
me trair. — Aliviou o aperto de cima o suficiente para ela chupar o ar muito necessário. —
Não é, Calafrio? Diga a ele que você sabe que seria a última coisa que iria fazer.
— Por favor, — implorou apavorada com o que estavam prestes a fazer com ela.
— Cale a boca, — Polanitis ordenou, apertando sua garganta novamente. — Ela é
sua nova cobaia.
Jeanie lutou, apavorada que não podia respirar ou tirar o peso detrás dela. Sua
saia estava empurrada para cima e dor apunhalou no lado direito de sua bunda enquanto
a agulha achava sua marca. Polanitis a largou posteriormente e recuou.
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Sugou o ar e girou, empurrando sua saia. Olhou para ambos os homens, vendo
que estavam pondo tanto espaço entre ela e eles que o escritório pequeno permitia. Isso
foi bom para ela.
— O que você injetou? — Olhou fixamente para o Dr. Brask. — O que era isto?
Ele sorriu. — Devia fazer efeito imediatamente.
— O que deveria? O que você me deu? — A sua voz elevou em pânico.
Jeanie gritou quando uma dor afiada apunhalou em sua cabeça até seus dedões
do pé, comparável com a vez que acidentalmente tocou em uma corda danificada ligada a
uma saída elétrica. Seus joelhos enfraqueceram e ela bateu no chão. Seu estômago se
agitou, sua cabeça começou a pulsar como sinais de uma enxaqueca iminente
começando, e começou a suar. Sentiu como se alguém despejasse gasolina em sua pele
e acendesse um fósforo. Ela se contorceu no tapete fino, enrolada em uma bola, sofrendo
uma sensação de chamas fortes em cada centímetro do seu corpo.
— Isto não é bom. — Dr. Brask suspirou. — Nós esperaremos até a droga deixar
seu sistema e baixaremos a dosagem da próxima vez. Essa não era a resposta que eu
queria.
— Ela é toda sua. — Dean Polanitis riu. — Traga uma maca e a transferiremos
para seu laboratório pelo dia assim você pode monitorar os resultados.
Jeanie rezou para desmaiar. A agonia pura que sofria era pior que qualquer coisa
que podia ter imaginado ser possível. Esqueceu-se sobre os dois homens na sala,
perdida na dor enquanto sua pele parecia como se estivesse empolando e fervendo em
seu corpo.
* * *
710 compassava em sua cela, preocupado que algo diferente aconteceu. Não
estava certo o que estava acontecendo, mas não podia ser bom. Estava lutado com os
guardas para preveni-los de permanentemente o mutilarem quando tudo apenas cessou.
Guardas diferentes chegaram e o levaram em direção ao edifício exterior.
Sabia o que aquilo significava já que guardas o provocavam de vez em quando
com que acontecia naquele local, assegurando-lhe que isso significaria o término de sua
vida. A deslocação lá abruptamente parou também, quando um dos machos abriu e falou
em seus dispositivos de toque. Eles o retornaram a sua cela, informando-lhe que ele
estaria participando do teste de uma nova droga para aumentar a inteligência. Eles só
querem me assustar? Fazer-me pensar que eu morreria? Os jogos de mente que os
humanos fazem o irritavam.
A porta da cela bipou, indicando que alguém entrara. Ele girou sua cabeça para ver
o humano que controlava a instalação entrar em seus aposentos. Polanitis era um
monstro com um olhar morto e um caráter mal. O macho sorriu enquanto caminhava para
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mais perto, mas se deteve no outro lado da linha marcando a área segura além do
alcançar de suas correntes. O macho cruzou seus braços acima de seu tórax.
— Queria compartilhar algo com você, 710. Eu noto tudo, sabe. Eu vejo o modo
como você olha fixamente para a Técnica Shiver. Ela é uma coisinha gostosa, não é?
710 ficou tenso, mas manteve suas emoções escondidas. A pequena morena
sempre segurou sua atenção. Seu toque era gentil toda vez que tirava sangue e ela
olhava atentamente para ele com olhos marrons grandes, como se ele fosse uma pessoa
de verdade. Ela era a única técnica que já o mostrou qualquer afeição.
Polanitis pareceu satisfeito consigo mesmo. — Ela te deixa duro, não é? Nós
estamos trabalhando em uma nova fórmula da droga de procriação para ajustar nossas
necessidades atuais. Uma vez que estiver aperfeiçoada, estou disposto a manda-la para
você para experiências de procriação se você for um bom menino. — Sorriu. — Você
chegará fodê-la.
710 parou de respirar, prendendo o ar dentro de seus pulmões. Sabia o que a
droga de procriação fazia com os machos. Causava dor excruciante e desejo dominante
para montar uma fêmea. Ele foi dosado uma vez quando era muito mais jovem. Os
pesadelos continuaram a aborrecê-lo, pelo tempo que sua mente quebrou por causa da
dor. Não sabia se havia machucado alguém enquanto estava sob a influência da droga
desde que ele não retinha nenhuma memória de suas ações, mas era possível que havia
machucado uma fêmea.
— A técnica Shiver atualmente está trabalhando com o Dr. Brask para aperfeiçoar
a fórmula a fim de não criar tais efeitos colaterais violentos e dolorosos. Eu sei que você
gostaria de montar naquele quente e pequeno corpo. Nós estamos certos que você não a
machucaria já que fica bem fácil de dominar quando ela está por perto.
Ira encheu 710 enquanto evitava seu olhar do de Polanitis. Seu estômago saltou e
a comida recente que o alimentaram ameaçou subir quando percebeu que ela deve ter de
propósito planejado para ganhar sua atração, esperando que ele não a machucasse de
forma alguma. Funcionou. Uma sensação de traição queimou dentro de seu peito, apesar
de saber que não era uma emoção sensata. Ela era humana afinal, sua inimiga. Ele devia
saber melhor do que pensar que ela seria diferente.
— Não deve demorar muito tempo antes de acharem a dosagem certa e eu
pessoalmente a escoltarei para sua cela. Em troca, você vai parar de atacar os guardas.
— Dean Polanitis estreitou seu olhar, seu tom revelando sua raiva. — Você entende o que
estou dizendo? Perdi dois bons homens que eu confiava graças a sua última explosão.
Não é fácil achar substitutos. Você vai fazer tudo o que digo.
710 encontrou o olhar fixo do monstro, desejando que suas correntes permitissem
a ele cruzar a sala e rasgar sua garganta. Quis matar o macho antes, mas agora se
tornou uma necessidade absoluta. — Eu não montarei aquela fêmea.
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A expressão de Polanitis não era mais contente. — Claro que você vai. É o
seguinte. Você para de machucar minha equipe de segurança e a mandarei aqui para
você. Nós soltaremos essas correntes o suficiente para que você possa alcança-la uma
vez que estiver sozinha. Você não gostaria disso?
Um grunhido rasgou de 710. A droga de procriação o enlouquecia e uma imagem
surgiu em sua cabeça da Técnica Shiver como um cadáver sangrento no chão de sua
cela. Ele atacaria se ela fosse enviada para ele depois que fosse drogado. Mesmo
odiando o que fez, ela não merecia uma morte brutal. — Eu a matarei.
— Eu não acredito nisto.
A presunção no rosto enfurecido do humano foi o suficiente para fazer 710 blefar.
— Mande-a. Eu sou um animal que mata. Posso ficar sem comer durante algum tempo
quando você me castigar pela sua morte.
— Você realmente a mataria?
— Sim. Ela é uma de vocês e eu apreciaria me vingar contra todos aqui.
Polanitis xingou violentamente. — Eu julguei você mal. Você vai fazer o que eu
quiser ou morre. Pare de atacar meus homens e não cause mais danos quando eles te
moverem para um dos laboratórios para fazer testes em uma nova tentativa. Você
também responderá todas as perguntas que lhe fazem. Você é inútil caso contrário e isso
significa que não serve nenhum propósito. Isso significa que posso te matar.
Era a vez de 710 sorrir. — Você eventualmente iria fazer isto de qualquer maneira.
O pescoço e rosto do macho ficaram vermelhos. — Eu odeio vocês, seus animais.
Você se vai comportar como um cachorro bem treinado. Você me entende? Se o doutor
no comando deste projeto lhe perguntar qualquer coisa, você lhe diz o que deseja saber.
Você vai parar de machucar meus homens, também, ou trarei uma de suas mulheres aqui
e a punirão toda vez que você me desafiar. Eu a curvarei em cima daquela mesa no canto
assim você pode me ver machuca-la e posteriormente chamarei alguns dos guardas para
fode-la um de cada vez. Você se importaria com isto?
710 rosnou de raiva, entendendo a ameaça. — Não machuque a fêmea.
A expressão de convencimento retornou ao rosto de Polanitis. — Pare de quebrar
os braços dos meus homens, ou pior, droga. Nós temos resultados que precisamos enviar
para meus chefes, mas você está me causando enxaqueca. É um grande risco de
segurança quando tenho que contratar desconhecidos para substituí-los e nós temos que
pagar suborno para suas famílias. Eu terei que matar todo animal aqui se parecer que um
deles poderia nos conseguir ser pegos em flagra. Estou sendo claro? Você será
responsável pelas mortes de cada um do seu tipo. A única razão de você ainda estar
respirando é porque é a alavancar para algo que quero.
— Sim, — 710 rosnou, sem estar certo do que "flagra" ou "alavanca" significava,
mas entendeu o contexto da ameaça.
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— Então nós temos um acordo?
Isso ia contra tudo em que acreditava de boa vontade, concordar em fazer qualquer
coisa que os humanos exigiam. Ele não teve nenhuma outra opção, entretanto. A ameaça
não era vazia. Recusou ser responsável pelas fêmeas que seriam prejudicadas. — Sim.
Polanitis andou até a porta. — Bom.
710 não disse nada. A porta bloqueou e ele caminhou para seu colchão no chão.
Ele se sentou e fechou seus olhos. Golpe de dor. A Técnica Shiver achou um lugar suave
em seu coração, mas não mais. Gostou da fêmea, ainda que ela não merecesse nada, a
não ser seu desgosto e desprezo.
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