terça-feira, 4 de novembro de 2014

Capítulo 6

Capítulo Seis
Jeanie sabia que precisava acordar. Algo importante aconteceu, mas sua mente
lutou para lembrar o que era. Conseguiu forçar seus olhos a abrirem contra a tentação de
voltar a dormir, só para olhar fixamente para um teto branco. Piscou algumas vezes.
— Jeanie, — uma voz masculina falou.
A cama afundou um pouco e olhou para aquela direção. O rosto familiar levou um
momento para se identificar e com isto, as memórias retornaram enquanto olhava
fixamente para 710. Ele estava curvado em uma cadeira, cotovelos em seus joelhos, seu
queixo descansava em seus punhos erguidos. Seus olhos marrons escuros pareciam
quase pretos na luz escura.
Olhou ao redor, atordoada em descobrir que ainda não estava em uma cama de
hospital. — Onde eu estou? — Sua frequência cardíaca acelerou enquanto medo bateu
nela. — Isso não pode ser uma prisão. — Olhou para ele novamente. — Isso é um quarto.
— É meu. Recusei-me a permiti-los transferir você para Fuller.
Ela tentou reconstituir o que aconteceu uma vez que ela aprendeu que eles
estavam mandando-a para o mesmo lugar em que Polanitis tinha sido levado. O
embaraço apareceu. — Eu ataquei pessoas, não é?
— Você tirou sangue do nariz do humano com a parte de trás da sua cabeça e deu
uma joelhada em Jericho onde mais dói. Eles estão bem.
Ela engoliu com força. — Jericho é o grande com os olhos avermelhados, certo?
— É ele.
— Eu sinto tanto. Ele foi bom comigo. — Nenhuma culpa surgiu por causa do
humano já que ele era um imbecil. Ela moveu seus braços, contente que nenhuma
algema segurava seus punhos enquanto se sentava. — Eu não quis entrar em pânico. Eu
preciso me desculpar a ele.
Ele se debruçou para trás. — Não há nada para se desculpar. Você estava
apavorada e consequentemente reagiu.
Ela abraçou seu tórax, pensando com força. — Eu não me lembro de nada depois
disto. — Seu olhar segurou o dele. — Eu ataquei você também? — Ficaria horrorizada se
tivesse.
— Não. Eu carreguei você antes que mais dano pudesse acontecer e uma
enfermeira te deu um sedativo.
Explicava por que ela tinha um espaço em branco em sua memória. — Eu não
estava mentindo. Eu trabalhei para o Agente Terry Brice. Ele é real.
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— Eu sei que você acredita nisto.
— Eu o conheci. Ele está em seus cinquenta anos, está acima do peso e transpira
muito. Ele ligou e veio me ver no dia depois que eu contatei o site da ONE. Ele me
mostrou um distintivo. Por favor, acredite em mim.
— Eu acredito.
— Obrigada, 710. — Sentiu uma gratidão imensa.
— Eu escolhi True como nome. Por favor, use-o.
— Eu gosto. — Mordeu seu lábio inferior, estudando-o. — Por que você escolheu
esse? Posso perguntar?
— Eu vi muitos do meu tipo tentando se encaixar depois que fomos libertados,
agindo diferente do que realmente eram. Eu quis ser verdadeiro por minha natureza.
Pareceu combinar.
— Isto é bonito. — Tocou-a que ele era tão atencioso. Ele não falava muito com ela
em Drackwood, mas sempre pareceu altamente inteligente. Começou a se importar mais
por ele toda vez que eles tinham qualquer interação. Havia atração e algo mais profundo.
— Eu acho que você tem um nome legal, True.
— Diga-me mais sobre este humano.
— O que você quer saber? Ele ia para lá a cada poucas semanas e nos
mantivemos em contato por telefone celular descartável. Ele me deixava mensagens de
texto já que eu tinha que escondê-lo. Eu ligaria para ele de volta ou verificaria o telefone
para descobrir onde deveríamos nos encontrar depois.
— Por que escondê-lo?
— Ambos, Drackwood e Cornas, invadiam nossa privacidade em todos os sentidos
imagináveis e estou certa que a Segurança monitorava nossas conversas por telefone até
quando nós não estávamos no trabalho. É por isso que eu tinha um celular descartável.
Paguei em dinheiro por ele e adicionava minutos quando ficava sem. Eu o mantinha
desligado assim não tocava e o mantinha dentro de uma sacola plástica fechada
enterrado em um parque próximo aos lugares que vivi. Eu comprei o mesmo modelo de
telefone que usava como meu celular pessoal e só trocava a bateria quando o checava.
Desse jeito eu podia continuar carregando-o sem alguém se perguntar por que eu tinha
uma bateria sobrando quando eu não tinha um segundo telefone.
— Por que um parque?
— Eu fingia estar correndo e dava a mim uma razão para sair à noite. Era mais fácil
ter certeza que não era seguida daquele modo também. Eu descansava e bebia água ao
longo do percurso, agia como se estivesse esticando meus músculos, mas na verdade
desenterrava-o para checar o telefone por novas mensagens.
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— Esperta.
— Eu tinha horror de ser pega. É uma grande motivação não estragar tudo. — Um
pensamento atingiu. — Eu posso te dizer onde meu último celular está enterrado. Essas
mensagens ainda estão nele. Eu nunca tive tempo de apagar nada. Eu deixei meu celular
pessoal em meu apartamento no dia em que fui trabalhar, mas posso dar a você meu
endereço. A polícia pode ir lá e pegá-lo para usar a bateria naquele celular quando eles o
acharem. Provará que ele existe certo?
— Nós sabemos onde você vive. Possivelmente podia provar sua existência.
— Eu não entendo. Como ele saberia coisas sobre a ONE se ele realmente não
trabalha aqui? Ele me mandou mensagens, ambas as vezes, para me avisar quando os
salvamentos estavam para acontecer. Drackwood e Cornas limpariam os edifícios se
tivessem quaisquer avisos de que estavam para afundar. Nós tínhamos planos sobre
esses tipos de coisas.
— O que você quer dizer?
Deslizou sua mão para baixo em seu colo, entrelaçando seus dedos. — Drackwood
e Cornas tinham protocolos em vigor para certos eventos. Eles nos fizeram praticar o que
fazer.
— Como?
Ela olhou para longe. Doía olhar para ele enquanto tenha que explicar o quão
horríveis seres humanos podiam ser. — Nós fomos ordenados a destruir evidência no
caso de uma invasão, matar Novas Espécies e fugir pelas saídas secretas para evitar a
prisão. Eles não queriam que nenhum de nós fosse pego já que nós podíamos identificar
os outros funcionários. — Pausou, esperando ver se ele ficou bravo. O silêncio reinou,
mas não se sentiu valente o suficiente para olhar para ele para ver sua expressão.
Manteve seu foco em suas mãos. — Eles também tinham planos no caso de nós
precisarmos mudar de local. A segurança estimava que nós podíamos limpar uma
instalação dentro de uma hora.
— Como?
— Drogar todos os Novas Espécies e transferi-los por macas em caminhões de
carregamento. Eu não sei sobre as outras tarefas dadas aos empregados, mas presumo
que eles treinaram alguns deles para destruir qualquer evidência que nós estivemos um
dia lá. Minha melhor suposição é que eles implodiriam o edifício ou tocariam fogo.
— Aonde iam nos levar?
— Eu não tenho nenhuma ideia. — Ela girou sua cabeça e ergueu seu olhar. Ele
não parecia bravo, só curioso. — Isso era algo que eles nunca disseram. Eram
informações secretas que não tive acesso. Minha tarefa era entrar nos caminhões com os
Novas Espécies drogados e monitora-los para ter certeza que ficariam inconscientes. A
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segurança liderou o plano e nem nos disseram quanto tempo levaríamos para alcançar o
outro local.
— Havia realmente gás venenoso escondido dentro dos alarmes de incêndio em
Cornas?
— Sim. — Ela assentiu. — Tive sorte o suficiente para almoçar ao mesmo tempo
em que o sujeito que fez isto. Ele era alguém que não tinha visto antes então me sentei
próxima a ele, esperando saber por que ele estava lá. Ele se gabava sobre isto. — Fez
uma careta. — Ele pareceu orgulhoso do fato de que acabara de implementar algo tão
horrível. Eu disse ao Agente Brice que seu primeiro nome era Ron. Não estou certa se ele
mentiu sobre isso ou não já que ele tinha um distintivo de visitante com números nele.
Recusou me dizer seu último nome. Eu tentei descobrir em quais outros lugares ele
trabalhou, mas ele pareceu suspeitar naquele ponto. Eu disse que tinha que voltar ao
trabalho de medo que ele reportasse meu interesse se demorasse mais.
— É por isso que você destruiu o computador principal?
— Ron me disse que ele instalou isso em outra instalação e que o gás mataria
qualquer um que o respirasse em um minuto. Ele se gabou sobre como a Segurança
podia ativa-lo pelos seus terminais de computador, que eram ligados pela unidade central.
Eu tinha que prevenir isto.
— Qual é sua conexão com 712?
Não pôde evitar em sorrir. — Eu cuidava dele frequentemente quando estava na
clínica. Ele está indo bem, certo? O agente Brice disse que ele estava. — Medo veio em
seguida quando True rosnou, suas características endureceram em uma máscara de
raiva. — Oh não. O agente Brice mentiu? Ele não sobreviveu? — Lágrimas encheram
seus olhos. — Aquele bastardo jurou para mim que 712 estava a salvo e completamente
recuperado de seus ferimentos. Um dos guardas realmente fez muitos nele com uma faca
em seu estômago.
— Ele está bem. Você se importa com ele?
— Claro. Eu me importo com todos eles. — Alívio tomou conta dela. — Eu estava
realmente preocupada quando Agente Brice disse que Drackwood estava prestes a ser
invadida porque alguns deles estavam sendo mantidos no centro médico no momento. Os
médicos de plantão podiam ter facilmente o matado e a 754. Ela sobreviveu também, não
foi? Eles estavam ambos acorrentados em suas camas, totalmente impotentes. Todos os
Novas Espécies feridos estavam em risco mais alto de serem assassinados.
— Ela está bem.
— Graças a deus. Eles a colocaram lá para fazer cirurgia exploratória em seus
ovários. Isso foi o que li no quadro quando o espiei, mas acho que eles estavam
realmente tentando colher alguns de seus óvulos, pensando que compreenderiam por que
nenhumas das mulheres estavam ficando grávidas. Os médicos eram uns bastardos
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doentes. Eles prenderam Dr. Brask, não foi? Por favor, diga-me que aquele filho da puta
não está andando livre por aí. Ele é um pesadelo. O Agente Brice me prometeu que ele
foi pego, mas obviamente não posso confiar em qualquer coisa que ele disse.
— Ele é um prisioneiro em Fuller.
— Bom.
True debruçou para mais perto. — Algum Espécie já montou você?
Ficou surpreendida pela pergunta. — Não. Por que você perguntaria isto a mim?
Ele hesitou. — Você me disse sobre o que Polanitis fez com você.
Seu estômago agitou. — O que? — Esperou que tivesse ouvido errado.
— Ele forçou você a participar das experiências de procriação. Por favor, diga-me
os números dos machos envolvidos.
Ela encolheu-se, horrorizada quando entendeu que ele acreditava que ela fez sexo
com múltiplos Novas Espécies em Drackwood. Alarme a inundou. Ele sabia sobre os
testes de drogas que ela suportou. O único modo de ele saber sobre essas informações
era se ela realmente disse algo a ele. Sua mente deu branco sobre qualquer memória de
ter feito isso.
— Jeanie, — ele falou, — olhe para mim.
Recusou-se, apavorada um pouco por dentro. Eu não teria dito a ele nada sobre o
que foi feito a mim. Ele deve ter perguntado como agora. Ele poderia entender que eu fiz
isto por ele. A última coisa que queria era ele se sentir responsável. Toda a culpa
repousava diretamente em Dean Polanitis. Ele era o filho da puta que a chantageou e
usou True para mantê-la na linha.
— Você estava fortemente sedada depois de seu ataque de pânico e apavorada
que veria Polanitis. Você não desmaiou imediatamente, mas ao invés disso compartilhou
como a droga de procriação machucou você.
Apertou seus olhos fechados e abraçou sua cintura com força suficiente para
machucar seu lado ferido. — Pare. Eu não quero conversar sobre isso.
— Eu quero.
Não tinha certeza de como responder. Sua meta era protegê-lo de um dia saber a
verdade. — Por favor, True. Eu não quero conversar sobre o passado. Você disse que eu
estava balbuciando e drogada. Isso se deve a isso. Vamos mudar o assunto.
— Nós não acabamos, — rosnou.
Ela estremeceu e olhou fixamente para ele, abalada pela aquela assustadora
exigência. Seu rosto bonito pairou ainda mais para perto já que se debruçou a meio
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caminho da cama até que apenas centímetros os separavam. Entretanto, seus olhos
pareciam pretos com agitação, ele não pareceu mal para ela. Apenas parecia bravo.
— Alguém montou você? Diga-me a verdade ou chamarei Midnight para trazer
outro sedativo. Não me faça drogar você para conseguir respostas, Jeanie. Eu odiaria
fazer isto, mas preciso saber.
— Não.
Ele a estudou. — Essa é a verdade?
— Sim. — Ela segurou seu olhar. — Eu juro.
— Deram-me a droga de procriação. Eu sofri uma agonia insuportável até que me
enlouqueceu. Eu não retive nenhuma lembrança do que foi feito comigo ou se machuquei
alguém. Você provavelmente sofreu o mesmo destino. Os machos podiam ter montado
você sem que se lembre. — Sua voz afundou. — Eu descobrirei, mesmo que tenha que
falar com todo macho que veio de Drackwood.
O sangue foi drenado de seu rosto enquanto de propósito recordava os horrores
de Polanitis a forçando a caminhar com ele para visitar o Dr. Brask. Nunca se esqueceria
de ter sido amarrada a uma maca ou ser injetada. A dor, humilhação, e terror que
seguiram assombraram muitas de suas noites. Teve pesadelos em voltar para aquela
sala, gritando enquanto seu corpo contorcia de dor excruciante.
— Jeanie?
Ela fechou seus olhos, focando no interior ao invés disso. — Estou bem certa de
que teria sabido se isso aconteceu. Quero dizer, todo músculo doía de me debater e tinha
contusões em meus pulsos e tornozelos das restrições, mas nada indicava que fui
abusada sexualmente. — Olhou para ele. — Eram só Polanitis e Brask na sala. Eu não
acho que já tenha desmaiado. Eu teria sabido se eles fizessem mais comigo. Eles
pareceram mais interessados em diluir a droga o suficiente para conseguir os efeitos
desejados. Minha suposição é que eles estavam tentando deixa-la não dolorosa para
tomar, mas que ainda causasse os sintomas físicos de… — Pausou, corando. — deixar
uma mulher na vontade excessiva por sexo. Apenas a combinação certa para causar
desejo cego sem debilitar o usuário. Era terrível a princípio, mas gradualmente não era
tão doloroso. Eu retive mais memórias do que estava sendo feito comigo enquanto o teste
avançava.
— Você não tem nossa habilidade de detectar o cheiro de macho em você.
Ela mordeu seu lábio, tentando pensar em um modo delicado de explicar, sem
embaraço, como teria sabido. Decidiu apenas ser franca. — Eu tinha que posteriormente
tomar banho. Eu estava encharcada de suor. Eu não estava confusa.
— Você não saberia se aconteceu no início.
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Calor aqueceu suas bochechas e soltou o olhar para seu pescoço. — Eu não
concordo. Eu não namorava ninguém durante um ano no momento e tenho certeza de
que teria sabido se fosse estuprada. Eu não estava dolorida lá embaixo ou qualquer
coisa.
— Eles podiam ter sido gentis.
Náusea ameaçou subir com aquele conceito, mas era o contrário de tudo que sabia
sobre seu antigo chefe. — Dean Polanitis não sabia o significado da palavra. Ele era um
bastardo brutal que apreciava infligir terror e humilhação em todo mundo ao redor dele.
Ele teria me dito o que eles iriam fazer se eles planejassem me estuprar. Ele também não
teria feito isso quando estivesse desmaiada. Isso teria sido muito humanitário para
alguém tão maligno.
Ele a estudou enquanto parecia considerar suas palavras. — Ele ofereceu você a
mim.
Os choques continuaram vindo. — O que você quer dizer com isto?
— Ele disse que eu podia montar você se não ferisse mais os guardas. Ele pareceu
preocupado de contratar novos para substituí-los que poderiam exaltar o risco de
atividades de Drackwood ser descoberto.
Ficou boquiaberta para ele. Nem sequer uma palavra veio para sua mente. Dean
Polanitis tinha sido maléfico, uma pessoa sórdida, mas oferecer a alguém fazer sexo com
ela ultrapassou o âmbito do mal que acreditava que ele era capaz de cometer. Também
veio como uma surpresa que seu chefe não a provocou com a ameaça. Eles odiavam um
ao outro.
— Eu recusei.
Ela soltou seu olhar para seu tórax, deixando aquilo ser absorvido. Sua resposta foi
fácil. — Você nunca poderia ser cruel.
Ele limpou sua garganta. — Parece que este agente enganou você para acreditar
que ele realmente trabalhava para a ONE. Não há nenhuma tal pessoa afiliada conosco.
Eu recebi informações enquanto você dormia que dinheiro de resgate foi pago pelos
locais de Drackwood e Cornas.
A sensação afiada em seu tórax tinha de ser causada pela traição e coração
partido depois de saber que tudo o que ela fez foi usado para ferir a ONE
financeiramente. Estudou seu rosto. — Você tem certeza?
— Estamos certos. — Ele se endireitou em sua cadeira e ergueu um telefone
celular da cômoda. Girou a tela em sua direção depois de usar seu dedo indicador para
manipular o dispositivo. — Vê? Nós pagamos um milhão de dólares para o local de
Drackwood e um milhão e meio para o local de Cornas. Este chamado agente embolsou o
dinheiro. Nos foram enviados anonimamente amostras de sangue, cabelo, saliva e
pedaços de unha que foram testadas. Foi determinado que eles pertenciam a Espécies
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que não estavam em nosso banco de dados atual. Todo mundo que foi libertado tem
amostras e testaram para comparação.
— Eles as comparam a quê?
Ele hesitou. — Alguns Espécies tem um desejo de ter família. Nós achamos alguns
que tem os mesmos marcadores biológicos. Também nos ajuda a determinar se as pistas
são reais ou não. Nós podemos testar para ver se eles eram Espécies, se eram alguém
que nós já recuperamos ou não. Nós temos muitos humanos que mentem e dizem ter
conhecimento de onde os Espécies estão sendo presos em cativeiro na esperança de
pagarmos a eles dinheiro. Nós pagamos se podemos determinar que suas informações
sejam reais.
— Eu podia matar Brice. — Estava pálida. — Aquele filho da puta.
— Alguns acreditam que você sabia o que ele estava fazendo.
Foi um tapa verbal no rosto e doeu. — Eu não sabia.
— Você recebeu algum dinheiro dele? A equipe da força tarefa está verificando
suas finanças.
— Não do jeito que você pensa. — Realmente queria que True acreditasse nela. —
A única vez que ele financeiramente me ajudou foi quando me mudei para Dakota do Sul.
Eu tive que alugar um caminhão para mover minhas coisas e precisava de dinheiro
suficiente para entrar em meu apartamento. Eu não podia pagar o primeiro e o último mês
de aluguel porque não planejei ir para lá até que ele me disse sobre Cornas. Alguém tinha
que provar que Novas Espécies estavam lá assim ele podia conseguir libertá-los.
— Quanto dinheiro você aceitou? — Não pareceu feliz.
— Ele me deu dois mil dólares.
True se levantou, andando pelo quarto. Jeanie o assistia, se preocupou que ele
pensasse o pior.
— Eu só aceitei aquele dinheiro porque eu não tinha o dinheiro para me mudar. Eu
juro que não sabia que ele exigiu um resgate da ONE pelas as informações que dei.
Ele parou, olhou fixamente para ela. — Certo. Eu transmitirei isso para os membros
da força tarefa.
— O Agente Brice deu a você os nomes dos empregados de Cornas? Quantos
deles foram presos?
— Só você. Nós não recebemos nenhuma lista de nomes de funcionários.
Empurrou o lençol, tentando sair pelo lado da cama. — Você tem uma caneta e
papel? Eu quero anota-los. Eles tentarão fugir do país.
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True a bloqueou ficando em pé ao lado da cama. — Fique aí. Você está curando.
Eu trarei algo a você escrever.
— Obrigada. — Cobriu suas pernas e debruçou contra a cabeceira acolchoada.
True caminhou para a porta do quarto, entretanto pausou, girando para enfrenta-la.
— Você também devia escrever uma lista de contatos pessoais assim nós podemos
notifica-los de onde você está. Estou certo que seus entes queridos estão preocupados.
— Ninguém notará que desapareci por um tempo.
Ele assentiu, franzindo a testa. — E o macho em sua vida? Ele deve estar inquieto,
tentando descobrir seu paradeiro.
— Você quer dizer um namorado? Eu não namoro.
Ele chegou mais perto. — Por que não?
Soltou seu olhar para seu tórax novamente. — Eu apenas não namoro.
— Jeanie? Responda-me.
Seu olhar ergueu para o dele. — Eu apenas não namoro. Nós não podemos deixar
isso como está?
— Não. Você é uma fêmea atraente. Deveria haver um macho em sua vida.
Olhou para qualquer lugar exceto para ele, suas bochechas esquentaram de
vergonha. Isso a fez parecer eufórica que ele pensou que ela era atraente. Aquele
sentimento enfraqueceu rapidamente. Ele podia ter dito isso para ser educado.
— Eu apenas pensei que fosse mais seguro. Eu estava vivendo em uma mentira,
incapaz de confiar em ninguém porque isso podia me matar. Um namorado podia ter sido
contratado pelos meus chefes para ver se eu era fiel ou não. Eu também não queria
nenhuma dessas situações pensando que eu tinha vinculo com qualquer um que pudesse
ser machucado pela associação. Eles amavam fazer ameaças sobre matar as pessoas
que nós nos importamos se traíssemos nossas cláusulas de confidencialidade. —
Pausou. — Eu me distanciei de meus amigos e família para protegê-los. Eles só ouvem
sobre mim nos aniversários ou Natal. Sabia que não eram ameaças vazias depois de… —
Apenas não conseguia dizer.
— Eles forçaram você a se tornar uma cobaia, — adivinhou.
— Sim, — sussurrou. — Depois disso não tive nenhuma dúvida sobre o quão mal
aqueles bastardos podiam ser.
— Eu voltarei logo.
Ele deixou o quarto. Um olhada para a cômoda a assegurou que ele levou o
celular. Realmente queria discar o número de Agente Brice. Ele tinha muito para explicar
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e ela tinha alguns palavrões para dizer a ele. Ele mentiu e ela foi usada. True não mentiria
sobre isto.
Encolheu-se na cama. Um olhar pelo quarto revelou que não havia muitas
recordações ou itens pessoais. Lembrou a ela mais de um quarto de hotel que uma casa.
Isso a deixou triste. Desejou que houvesse lembranças em suas paredes ou pelo menos
algumas fotografias de amigos para indicar que ele tinha muitas pessoas em sua vida.
* * *
True desligou o telefone e rangeu seus dentes em frustração. A equipe da força
tarefa parecia desconfiada da história de Jeanie. Trey o escutou até Tim aparecer ao
telefone alguns minutos na conversa. O macho novamente exigiu que ela retornasse a
sua custódia. Não iria acontecer.
Um barulho leve no outro quarto o alertou para os movimentos de Jeanie. Ele foi
para a entrada e espiou do lado de dentro. Ela saiu da cama, cruzou o quarto e parou em
frente a sua cômoda.
— O que você está fazendo?
Ela saltou e girou, olhos arregalados. A suspeita de que ela pudesse estar
procurando por uma arma surgiu. Queria confiar nela, mas se recusou ser feito de bobo
novamente.
— Eu não quis perturbar você, mas estava esperando que pudesse pegar
emprestado algumas de suas roupas.
— Por quê?
Ela acenou para baixo em frente ao seu corpo. — Eu não sou uma fã enorme
destes roupões. Eles são um tanto quanto desconfortáveis e não tinham nenhuma outra
coisa para vestir no hospital.
— Há camisas na gaveta de cima. Você pode pegar uma emprestada. — A ideia de
sua roupa contra a pele nua dela criou uma reação estranha, possessiva dentro dele. Não
gostou disto nem um pouco, mas recusou negar seu conforto.
— Você tem algumas boxers ou shorts de elástico?
— Terceira gaveta abaixo.
— Obrigada. — Ela parecia emocionalmente despedaçada enquanto ficava parada
lá. — Odeio que seja tão desconfortável entre nós. Imaginei que as coisas seriam
diferentes se nós um dia víssemos um ao outro novamente.
A curiosidade se tornou muito forte para resistir. — Como assim?
— Nunca passou pela minha mente que você pensaria que eu era um dos caras
ruins.
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— Você é fêmea. — Esperava que um pouco de humor aliviasse a tensa situação.
— Você sabe o que eu quero dizer. — Suspirou. — Obrigada por pelo menos me
dar o benefício da dúvida me trazendo aqui em vez de permiti-los me levar para a prisão.
Deu um passo cauteloso mais para perto, depois deu outro, antes de parar. —
Você nunca me prejudicou ou qualquer outro com quem falei de Drackwood. Fuller é um
lugar ruim para as fêmeas. Uma foi morta lá alguns meses atrás. Eu me recuso a permitir
que você seja posta em perigo.
— Morta? Você quer dizer executada?
— Não por nós. — Lamentou o medo que identificou em suas características. —
Os guardas de lá permitem aos presos fazerem um pouco de exercício às vezes
caminhando entre as gaiolas. A porta da cela da fêmea não estava trancada, por engano,
e ela foi atacada por outros prisioneiros quando libertaram alguns dos machos. Os
guardas não puderam salvá-la.
Ela deu um passo para trás e bateu na cômoda. — Isto é horrível. Eles a
espancaram até a morte?
— Você não quer os detalhes. Ela não morreu bem.
— Obrigada por acreditar em mim. Eu tenho medo de Polanitis. Ele deve saber que
sou a razão pela qual Drackwood foi decoberta. Eu nunca faltei ao trabalho exceto no dia
da correria. Ele faria qualquer coisa para ficar quite.
True parecia agradecido por ela não questioná-lo mais sobre a humana que foi
morta. — Eu quero acreditar em tudo o que você diz.
Ela estremeceu. — É difícil confiar em mim. Eu entendo.
Não apreciou ver a infelicidade em seu rosto. — Você pode mudar suas roupas no
banheiro. — O olhar dele parou em seu corpo, demorando um pouco mais em suas
pernas bem formadas, atraentes. — Eu quero você confortável.
Ela se virou. A cômoda era alta e ela teve que ficar na ponta dos pés para olhar
dentro quando abriu a gaveta superior. Imediatamente foi em sua ajuda. O tronco de True
apertou contra suas costas quando ele chegou ao redor dela, sua mão encostou-se à dela
enquanto agarrava uma camisa.
Jeanie deu uma respiração profunda, sua cabeça virou na direção dele para olhar
fixamente em seu rosto. Ele estudou suas feições. — Eu não vou machucar você.
— Eu sei. — Ela não se afastou.
O cheiro dela era doce. O cheiro prolongado de seu medo brincou com sua libido.
Seria fácil envolver um braço ao redor da sua cintura, erguê-la e carregá-la para sua
cama a apenas alguns passos. Ele estava ciente de suas diferenças de tamanho. Nunca
montou uma humana, mas queria.
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O marrom dourado de seus olhos era absolutamente lindo. O olhar dele baixou
para seus lábios levemente separados. O desejo de beija-los se formou enquanto seu
corpo respondia as curvas suaves de sua bunda levemente encostando suas coxas. Os
dois roupões do hospital que vestiu eram finos, fáceis de arrancar. Ele agarrou a camisa e
puxou-a da gaveta.
— Entre no banheiro para se trocar. Feche a porta, — conseguiu dizer enquanto
colocava um pouco de espaço entre eles. O modo como sua voz aprofundou não ajudou.
— Você está bem?
— Sim. Eu mal consegui dormir nos últimos dois dias. — Recusou-se admitir que
seu mau humor não era o resultado de cansaço. Ele quis Jeanie. Ela provavelmente
gritaria se tentasse monta-la.
— Vá agora, — ele ordenou, seu controle prestes a acabar. Ela tinha um cheiro
muito bom, estava muito perto e seu pênis ficava mais duro a cada segundo. Ela notaria,
se não conseguisse deixa-la longe dele. Jogou a camisa para ela. — Pegue. É realmente
macia e uma das minhas favoritas.
— E as boxers? Ou calção?
— Você estará na cama para se recuperar dos seus ferimentos. Não precisará
deles e a camisa ficará comprida em você. — Ela ficaria nua da cintura para baixo por
debaixo dela. Sua imaginação foi para lá. Flame disse que ela raspou a maior parte do
cabelo de seu sexo. Nunca teve o desejo de explorar a anatomia da fêmea humana, mas
Jeanie era diferente. Não havia um centímetro dela que ele não gostaria de memorizar
por toque e gosto. — Continue. Eu preciso trocar meu uniforme.
Ela aceitou a camisa. Ele girou de costas no caso de ela notar o modo como o
material de suas calças esticava para conter sua ereção. Ele a queria em outro quarto e
longe dele.
Ele agarrou a parte inferior de sua camisa, sabendo que a visão dele despindo-se a
motivaria a ir. A porta clicou fechada antes de puxa-la por cima de sua cabeça e jogou-a
para o canto. Olhou para a porta do banheiro e suavemente xingou.
Eu deveria protegê-la, mas quem a manterá protegida de mim?
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