domingo, 2 de novembro de 2014

Capítulo 06

Capítulo Seis 
Queria a fêmea. O cheiro dela era bom sentada tão perto dele, o torturando recusando permitir-lhe tocá-la. Seu sangue pareceu ferver dentro do seu corpo com a necessidade de pôr suas mãos nela. Sua boca. Queria prová-la. Pegá-la. Possuí-la.
Ela oprimiu seu queixo, mas sabia como ela se parecia. O rosto em forma de coração pareceu impregnado em sua mente por alguma razão. Grandes olhos azuis com manchas amarelas o assombraram.
Estava familiarizado, mas não conseguia se lembrar do por que. Ele se abaixou, cheirou-a novamente, e algo puxou as extremidades exteriores de sua mente. Continuou olhando fixamente para ela enquanto tentava compreender por que a fêmea o cativou. Frustração o fez rosnar.
Ela olhou para ele então e lágrimas brilhavam em seus olhos. O confundiu, mas também fez mais. Uma sensação profunda de culpa o encheu. De alguma maneira sabia que ele era a causa, mas não a tocou ou causou dor. Ela piscou para impedir rapidamente aquelas lágrimas de derramar.
Traços tão delicados. A boca agarrou sua atenção. Ela devia estar sorrindo. Uma imagem dela fazendo isso surgiu. O som de sua risada em seguida e uma lembrança saiu das profundidades escuras de sua mente.
— Não faça isto, 466. Você deveria ser sério. 70

— Eu podia ser. — disse. — Se você me der o que eu quero.
Seu humor enfraqueceu.
— O que é que você quer?
— Você.
— Não me faça acabar esta sessão. Nós estávamos indo tão bem.
Desceu um pouco em sua cadeira e abriu as coxas.
— Sente-se em meu colo e eu te direi qualquer coisa que quer saber.
Engoliu com dificuldade e seu olho abaixou para suas coxas. Estava tentada. Podia notar. Realmente a queria lá.
— Sente-se em meu colo. Eu não farei nada. Eu quero você perto.
Sentou-se no chão duro de uma gaiola, não em uma cadeira, olhando a fêmea com lágrimas em seus olhos. Tentou distinguir memória de realidade. Ela realmente estava lá, mas barras os separavam agora. Isso era real, o outro era algo do passado. Ela o observava tão atentamente quanto ele a observava. As palavras eram difíceis de formar, mas conseguiu.
— Sente-se em meu colo. — Repetiu as palavras que sabia que disse para ela uma vez. — Eu não farei nada. Eu quero você perto.
Seus olhos arregalaram.
Lutou para lembrar mais e ergueu suas mãos para ela. Correntes balançaram, o distraindo, enquanto franzia a testa para elas. Olhou de volta para ela.
— Como nós chegamos aqui?
— Onde você acha que nós estamos?
Olhou ao redor.
— Eu não sei. Nós estávamos em… um escritório. — Isso estava certo. Sabia disto. — Seu. Eu te queria mais perto.
Ela mordeu o lábio.
— O que mais você lembra?
— Você queria fazer isto.
Ela assentiu.
— Eu queria.
— Venha para mim. — Trocou a posição no chão e bateu no topo de suas coxas.
Ela hesitou e depois ficou de pé. Rosnou em protesto quando ela virou suas costas para ele para caminhar para uma cadeira.
— Não.
Curvou-se e pegou algo, girando para enfrentá-lo novamente.
— Qual é o seu nome?
Lutou por uma resposta e veio para ele.
— Eu sou 466.
Aproximou-se devagar, algo agarrado em sua mão.
— Quem eu sou?
Estava na ponta da língua. Não viria para ele, entretanto. Disse o que pareceu certo.
— Você é minha. 71

Ela caminhou direito para a porta e seu olhar abaixou para a fechadura. Ela fez algo e clicou. Hesitou e depois jogou algo pela sala. Uma chave bateu no chão. Seu coração acelerou quando a porta abriu e nada estava entre eles. O desejo de correr para alcançar a fêmea era forte, mas medo se mostrava em seu rosto. Não queria assustá-la, então permaneceu muito parado.
— Sente-se em meu colo. Eu não te machucarei.
Segurou sua respiração quando ela andou na gaiola. As correntes o preveniriam de alcançá-la se ela fugisse. Não eram longas o suficiente para ir além da porta aberta. Ela deu um passo hesitante e depois outro até que seu cheiro era algo que não conseguia mais resistir. Trouxe o ar para seus pulmões, inalando-a profundamente. Ele a conhecia. Ficou confuso porque conseguia apenas lembrar-se de pedaços pequenos.
— Não te machucarei. — jurou. Falava sério em cada palavra. Não sabia seu nome ou como conheciam um ao outro, mas ela significava algo para ele.
— O que está errado comigo?
— Você está doente. — Falou suavemente enquanto se abaixava de joelhos a centímetros de distância dele. Uma de suas mãos lentamente ergueu e tocou o lado de seu rosto. Sua carícia era leve, hesitante, e temerosa. — Eu sou Joy. Tente se lembrar de me.
— Eu lembro. Eu… estou confuso.
Ela o surpreendeu quando chegou mais perto e a outra mão agarrou seu ombro. Seu olhar abaixou quando ela girou um pouco e suavemente se sentou em sua coxa. Seu peso era leve enquanto se sentava quase onde a queria. Não conseguia mais resistir quando seus braços embrulharam ao redor da cintura para posicioná-la em ambas as pernas para o traseiro descansar em cima de seu pênis. Ela ofegou, mas foi cuidadoso para não a esmagar. Era pequena, mas não iria deixá-la ir.
— Calma. — exigiu. — Sem medo de mim.
Seus traços mudaram quando relaxou em seus braços. A mão envolvendo seu ombro aliviou o aperto, mas não a removeu.
— Você consegue se lembrar do meu escritório? O que mais está acontecendo que você lembra? — Sua voz tremia.
— Você não sentava em meu colo, mas queria.
— Sim.
— Isso realmente aconteceu?
— Sim.
— É difícil pensar.
— Por que você está tendo dificuldade que focar nas coisas? Sabe?
— Eu esqueço.
Ela se debruçou mais perto e batalhou de volta um grunhido. Ele a queria e seu pênis doía, estava duro e preso dentro das calças que usava.
— O que mais você consegue se lembrar sobre aquele dia?
— Por que você resiste a mim? Você me quer também. — Sabia isto sobre ela embora não conseguia se lembrar de como sabia.
— Eu quero. — admitiu. — Eu sempre quis. 72

Realidade era melhor que lembrança. Joy não o estava rejeitando. Um momento de clareza o golpeou e o deixou com dúvidas de sua sanidade. Seus braços apertaram ao redor dela.
— Isto é um sonho?
— Não. Eu estou realmente aqui. Estou com você. Não consegue ver a diferença entre o que é real e o que não é?
— Nem sempre. — Não mentiria para Joy1. O nome combina com ela, parecia certo. — Eu tenho flashes de memória, mas eles desaparecem e eu esqueço.
1 Joy - alegria
Uma expressão preocupada torceu suas feições. Sabia que era a emoção certa, tinha certeza disso porque no fundo, era muito familiar com esta fêmea.
— Eu tenho uma lesão na cabeça?
— Não. Você recebeu uma droga desconhecida e teve problemas psicológicos desde então.
— Quem fez isto comigo? — Raiva bateu rápido e forte que rosnou.
Ela mordeu o lábio e não respondeu.
— Não tenha medo de mim. Quem fez isto comigo?
— Mercile. — sussurrou.
Gelo percorreu suas veias enquanto procurava pelos técnicos, mas não viu ou sentiu o cheiro de ninguém além de Joy.
— Eles me recapturaram? Pegaram você também? — Seus braços apertaram enquanto a puxava para mais perto e moveu sua perna. Seu dedão do pé pegou a extremidade da porta da gaiola e chutou fechando-a. — Lutarei com eles. Nos libertarei. Não deixe minha gaiola. Eu não os deixarei entrar sem matá-los antes deles te alcançarem.
Ela largou o ombro para agarrar seu rosto com ambas as mãos, atraindo seu olhar examinador para ela.
— Escute-me. Você se lembra de ser libertado, certo?
— Sim. Estávamos no Setor Quatro.
Preocupação mostrou em seu olhar fixo e direto.
— Vou te contar a verdade absoluta, mas sei que você é forte o suficiente para aguentá-la, certo? Eu estou julgando porque eu não quero que você ataque ninguém aqui pensando que estamos em perigo. Nós não estamos.
— Nós estamos. — Talvez ela estivesse confusa também e foi drogada.
— Você deixou o Setor Quatro para viver em um lugar chamado Homeland. É administrado pelo seu povo. Todo mundo aqui é como você. Eles também foram libertados da Mercile.
Suas palavras o confundiram mais.
— Eles me colocaram em uma gaiola com correntes? — Queria acreditar nela, mas não entendeu por que o povo dele faria isto.
— Você se lembra dos guardas que patrulhavam para manter os humanos longe do motel? 73

— Sim.
— Esse era seu trabalho aqui. Você mantinha afastados os humanos que significavam perigo para seu povo. Há paredes altas em torno da área e você estava em uma delas. Alguém que trabalhou para Mercile atirou em você com um dardo cheio de drogas. Você esqueceu quem você era e atacou outros machos. Seus amigos.
— Eu não faria isto. — Batalhou com a incerteza. Não achava que Joy mentiria para ele, queria confiar nela, mas não fazia sentido.
— Você não conseguia lembrar quem eu era, mas agora você lembra certo?
— Sim.
— Tem sido o mesmo com seus amigos. Você esqueceu quem eles são. Qual é seu nome?
— 466. — Estava certo disto.
Joy hesitou.
— Você escolheu um nome depois que deixou o Setor Quatro.
Lutou para lembrar, mas não conseguia.
— Moon. — sussurrou. — Este é seu nome agora. Isto é familiar para você? Faz você lembrar-se de algo?
Balançou sua cabeça e apertou seu abraço.
— Por que você está brincando? Meu nome é 466. Isto é um teste?
Ela acariciou suas maçãs do rosto lentamente com as pontas dos dedos. Gostou muito disto e o acalmou um pouco.
— Estou te dizendo a verdade. Eu não mentiria para você. Você era perigoso, então tiveram que te trancar dentro deste espaço e te acorrentar assim podiam fazer testes de sangue. Todos estão fazendo tudo que podem para você melhorar. Há muitos médicos, cientistas, e químicos trabalhando para achar uma maneira de reverter o que foi feito. Eles me chamaram e eu vim para te ajudar também.
— Chamaram você?
— Pelo telefone.
— Você estava em seu escritório quando isto aconteceu?
— Não. Na verdade eu estava dirigindo meu carro no momento, no caminho para casa.
— Esta Homeland é tão grande que você precisa de um carro?
— Eu não estava aqui. Eu vivo a mais ou menos uma hora de distância.
— Nós não vivemos aqui? — Suas palavras estavam o confundindo mais.
— Você vive aqui. Eu vivo em outro lugar.
Algo clicou e rosnou novamente.
— Você não veio comigo quando eu fui movido para esta Homeland?
— Não.
Raiva surgiu.
— Você viveu no Setor Quatro. Por que não vive aqui? Você é minha e eu sou seu. Você me deu para aquela outra fêmea?
— Não! — Torceu em seu colo. — Dê algumas respirações profundas. Você está ficando agitado.
— Explique. 74

Olhou para longe e depois de volta. Sabia o que isso significava, ela sempre seria fácil de ler. Não queria responder.
— Explique! — Exigiu mais alto.
— Eu deixei o Setor Quatro antes de você se mudar para Homeland.
Dor veio com realização. Apertou o tórax com seu punho e apertou seu coração. Sempre temeu que ela largasse seu trabalho e o abandonasse.
— Você me deixou?
Seus olhos inundaram com lágrimas.
— Deixei. Eu sinto tanto.
Largou sua cintura e se debruçou para trás, empurrando seu rosto para longe de seu toque gentil. O desejo de empurrá-la para fora do seu colo estava lá, mas não podia fazer isto.
— Eu deixei o Setor Quatro e vim para cá sem você?
— Sim. — Lágrimas deslizaram pelo seu rosto.
Resistiu o desejo de enxugá-las com seus dedos.
— Por que você está aqui agora?
— Você precisou de mim. Eu vim no minuto que ligaram. Eu nem fui para casa. Dei a volta e dirigi diretamente para Homeland.
— Você não está em perigo se deixar minha gaiola?
— Não. Você está seguro aqui. Eu prometo.
Joy escolheu abandoná-lo. Ele tinha orgulho.
— Saia, Joy. Vá. — Viu surpresa em seus olhos. — Saia do meu colo. Não me toque novamente. Eu não quero sua piedade.
— 466. — sussurrou, agarrando seu rosto novamente.
Ele reagiu rolando, colocando-a suavemente no chão de concreto, e se afastou até que pôde ficar de pé. Voltou para a parede da gaiola, observando-a, enquanto lutava com suas emoções. Dor e raiva estavam uniformemente combinados.
— Arranje outra pessoa para me dizer o que aconteceu. Eu não confio mais em você.
Joy enxugou as lágrimas enquanto olhava 466 colocar a maior distância possível entre eles. Contar-lhe tanto foi um engano. Não queria mentir para ele ou arriscá-lo tentar escapar, acreditando que estavam ambos em perigo da Mercile. Esqueceu o quão protetor ele era até que chutou a porta da gaiola fechando-a em uma tentativa de protegê-la. A chave para suas correntes estavam fora de seu alcance onde as largou, mas ele podia pegar a chave da porta se quisesse. Estava dentro do seu bolso onde a colocou depois de entrar na gaiola.
— Por favor, 466. — Não era de implorar. Culpa era algo que convivia desde o dia que fez as malas e foi embora daquele motel no deserto. — Escute-me.
— Não. — Enrolou seu lábio superior para revelar seus caninos afiados. — Saia. Eu não sou mais seu. Meu nome é realmente Moon? Eu o escolhi?
— Sim.
— Então pare de me chamar por um número. — Olhou para ela e rosnou de um jeito ameaçador. — Eu te disse que nunca pegaria um nome humano. 75

A parte profissional dela estava feliz em ver que ele pareceu coerente e reteve as informações que lhe deu. Tinha todo direito de estar furioso e rejeitar sua ajuda depois que traiu sua confiança. Doía que queria que ela fosse embora. Uma parte egoísta dela estava tentada em deixá-lo por algumas horas na esperança de que ele esqueceria o que disse, assim, podiam começar de novo. Lição aprendida. Ele me odeia agora que entende um pouco do que aconteceu entre nós.
— Moon, eu não vou deixar você. Nós precisamos entender o que está acontecendo para eu poder ajudar.
— Eu não quero você perto de mim.
Não chore novamente. Não se importou.
— Você não está frequentemente lúcido, mas está agora. Você está sentindo alguma dor física? Alguma coisa dói? Você está sofrendo uma enxaqueca? Dor de cabeça? — Não era uma médica, mas estava bem certa que quereriam saber quais os efeitos da droga. — É importante.
Ele cruzou os braços sobre seu peito, olhou para baixo para as correntes, e raiva enrugou seu nariz.
— Meu corpo está bem.
— Alguma fraqueza em alguns dos seus membros?
— Não. As faixas não são confortáveis, mas vivi com pior.
— Alguma dormência em seus dedos das mãos e dos pés?
Dobrou suas mãos.
— Não.
Estava aliviada em ouvir isto. Não era uma droga projetada com alvo em seus centros de dor para enlouquecê-lo.
— E suas emoções? Você se sente mal? Está tendo dificuldade em acompanhar nossa conversa agora? Como está sua vista? Sua audição? Algum zumbido em suas orelhas ou você pode ouvir sua própria batida do coração?
— Saia, Joy.
— Droga Moon. Por favor, me responda antes de eu partir.
— Eu me sinto normal.
E muito bravo, mas não atribuiu isso em quaisquer sintomas físicos.
— Da primeira vez que você me viu, você não sabia quem eu era. A lembrança apenas voltou para você? Foi rápido como se de repente soubesse ou foi mais lento?
Ele se debruçou para trás contra as barras e seu queixo ergueu enquanto continuava a olhá-la com aquela expressão horrenda. — Você era familiar, mas não sabia por que. Eu foquei em uma lembrança e ficou mais forte até eu saber quem você era.
— Você se lembra de estar na Mercile?
— Sim.
— Você se lembra de ser libertado?
— Sim.
— Lembra-se de Homeland agora?
Um pouco da tensão deixou seu rosto como se procurasse em sua memória.
— Não. 76

— Qual é a última coisa que você se lembra?
— Estando em seu escritório e querendo que você se sentasse em meu colo.
Lentamente se levantou.
— Tente focar em quando eu parti.
A raiva retornou.
— Eu não preciso. Você me disse o que aconteceu.
— Tente. Estou aqui para te ajudar. Deixe-me ajuda-lo.
— Traga meu novo terapeuta.
— Não há nenhum. — Lembrou-se do que falaram sobre Dr. Kregkor e estremeceu. De jeito nenhum ia querer alguém que os Novas Espécies falaram daquele jeito perto de Moon.
— Você não quer sair desta gaiola? Destas correntes?
— Você sabe que sim.
— Converse comigo então. Responda minhas perguntas e vamos desvendar isto. Por favor.
Ele fechou os olhos e sua expressão clareou. Perguntou-se se ele planejava ignorá-la ou se estava tentando fazer o que pediu. Alguns avisos poderiam ajudar.
— Um dia eu estava lá e no dia seguinte você provavelmente foi informado que fui embora. Eu saí tarde da noite depois da checagem da cama.
Seus olhos abriram e um grunhido estourou.
— Eu fui para seu escritório, mas a guarda disse que você não estava lá. Pensei que você estava correndo tarde, mas ela disse que você não trabalhava mais lá. Acreditei que você foi demitida, mas a humana disse que você pediu demissão.
— Isto é bom. — Isto mostrou que ele podia se fixar em um ponto no tempo e forçar as memórias aparecerem.
— Não há nada de bom nisto. — Seus braços descruzaram e suas mãos fecharam em seus lados. — Você nem disse adeus.
— Eu quis dizer que é encorajador que você consegue lembrar e se focar em um ponto no tempo.
— Você me deve por partir sem falar comigo primeiro. — Afastou-se da parede, dando um passo mais para perto. — Como pôde fazer isto?
— Eu não tive nenhuma escolha.
— Eles mentiram para mim? Você foi removida à força?
— Não. — Era tentador mentir para desativar sua raiva, mas não iria se rebaixar tão baixo. — A atração entre nós estava ficando mais forte e eu sabia que não podia resistir a você mais. É por isso que tive que partir.
Deu outro passo mais perto e pausou.
— Você teve vergonha por me querer? Um mestiço animal?
— Não! — Uma pessoa esperta continuaria esta discussão do outro lado das barras, mas Joy ignorou aquele raciocínio. Moon podia ser assustador, intimidador. Poderia rosnar e mostrar aqueles dentes perigosos, mas apostou sua vida — de fato — que não a prejudicaria. — Claro que não. Eu expliquei isto uma dúzia de vezes. Eu era sua médica e não era certo se nós tivéssemos uma relação física. 77

— Você disse que estaria se aproveitando de mim. — Deu outro passo largo e pausou centímetros dela, fazendo seu inclinar sua cabeça para trás para manter contato visual. — Eu pareço fraco?
— Não. Era a seu estado emocional que eu estava me referindo. Você se lembra disto?
Ele se moveu rápido e estremeceu sem querer quando uma de suas mãos grandes de repente agarrou sua mandíbula, segurando sua cabeça parada. Instintivamente agarrou seu braço, evitando a corrente em seu pulso. Não lutou ou tentou se libertar. Seu domínio não era doloroso, mas era firme.
— Eles descobririam mesmo que eu estivesse disposta a largar minha ética de lado. Eu teria sido demitida e imediatamente removida. Eles provavelmente me processariam criminalmente só para proteger o local.
— Moon. — murmurou, curvando-se um pouco até seus rostos estivessem mais próximos. — Você não me conheceu com esse nome, não é? Eu consigo ouvir isto quando você fala. Você facilmente diz 466, mas hesita antes de dizer Moon. Você nunca me viu depois que eu deixei o Setor Quatro. Escolhi este nome recentemente?
— Eu não sei exatamente quando você escolheu.
— Quanto tempo tem desde que você me deixou?
— Eu prefiro não responder. Acho que você teve choques suficientes por um dia. — E ele apertava bem seu rosto. Não era totalmente estúpida, apesar de algumas de suas escolhas fossem questionáveis quando se tratava dele.
— Semanas?
Permaneceu muda.
Seus olhos estreitaram.
— Meses?
— Moon, eu realmente...
— Um ano? — Falou por cima dela, quase nariz como nariz com ela, olhando fixamente em seus olhos. Ele rosnou. — Mais de um ano. Eu posso ler você. — Ele a largou, se afastou tão rápido que quase tropeçou em uma das correntes, mas endireitou-se antes de cair. Um grunhido rasgou dele e girou, enfrentando-a. — Saia!
Joy odiou quando lágrimas encheram seus olhos novamente. Não era propensa a elas a menos que envolvesse Moon.
— Tudo bem. — Recuou. — Eu irei embora.
Ele de repente se jogou para frente e medo sacudiu por ela quando mãos fortes agarraram sua cintura. Seus pés deixaram o chão e suas costas bateram nas barras. Não machucou, mas era forte o suficiente para tirar a respiração de seus pulmões. Moon a prendeu com seu corpo assim eles ficavam em nível do rosto. Seu peito e coxas estavam enganchados contra as dela para mantê-la exatamente onde queria.
— Por quê?
— Eu tive que fazer isto… antes de nós acabarmos fazendo sexo. Eles não teriam permitido que ficássemos juntos. Eu fiz isto por você mais do que por mim mesma. Eu juro. Tive medo que você atacaria alguém por vingança e acabaria sendo machucado. Esta era a última coisa eu queria.
Ele se debruçou até que sua respiração quente abanou seus lábios. 78

— Não. Por que você está aqui agora? Eu quero a verdade. Não afaste o olhar de mim.
— Você estava em apuros e eu pensei que precisava de mim.
— Eu precisei de você antes.
Era tortura estar muito perto dele. Cada respiração que ele dava a deixava ciente que não estava vestindo uma camisa e seu calor corporal atravessava o material fino que vestia. Suas mãos tremiam quando as ergueu e agarrou o topo de seus ombros. Firme, músculos grossos juntos em maço debaixo das pontas dos dedos.
— Nem um dia se passou — admitiu — sem que eu não tenha lamentado partir. Pensei em você o tempo todo. Desejei que as coisas pudessem ter sido diferentes. Eu vim assim que Homeland ligou. Queira te ver novamente.
Suavemente rosnou, seu peito vibrou contra o dela.
— Você disse que aqui não é o Setor Quatro. Meu povo protege este lugar e fazem as regras? Isto é correto?
— Sim.
Olhou para longe, seu olhar varrendo o porão.
— Onde eles estão?
— Lá em cima. Vê-los te chateia mais.
— Nós estamos sozinhos aqui?
— Sim.
— Meu povo aqui me conhece?
— Sim. Todo mundo em Homeland realmente se importa com você. Seu melhor amigo especialmente.
Confusão nublou suas características.
— Você quer saber seu nome? — Perguntou-se se ouvir o nome de Harley o ajudaria lembrar.
— Meu povo te chamou para me ajudar?
— Sim.
— Bom o suficiente.
Não sabia o que isso significou e abriu sua boca para perguntar, mas ofegou quando ao invés disso ele apertou mais contra ela, quase a esmagando contra as barras, e suas mãos deslizaram mais alto até que seus dedos descansaram debaixo de seus seios. Seus dedos apertaram suas costelas.
— Então eles sabem o que eu farei com você.
Ele girou sem aviso prévio, arrancando-a para longe das barras, e moveu-se rápido. Joy estava muito atordoada para reagir até que a girou em seu abraço e a lançou. Sentiu terror quando caiu, mas não bateu no chão imperdoável. Ao invés disso um colchão suave pegou seu peso quando caiu sobre o estômago. A cama afundou para a direita enquanto sugava o ar. Correntes faziam barulho.
Examinou pelo ombro, seu coração acelerou, e ficou chocado enquanto via Moon escancarar suas coxas. Uma mão abriu no meio de suas costas para mantê-la no lugar enquanto a outra agarrou o cós de sua saia. O zíper era alto quando o arrancou.
— O que você está fazendo? 79

Ar tocou em sua espinha e depois dedos deslizaram contra sua roupa íntima. Arrancou com força, erguendo seu peso ao mesmo tempo, e sua saia foi puxada dos seus quadris para suas coxas onde o material se agrupou. Tentou girar, mas não conseguia quando seus joelhos a prenderam no lugar.
Moon largou sua saia e se abaixou por cima dela. Sua mão apoiou no colchão próximo a seus ombros quando se debruçou até que seus rostos estavam juntos para equilibrar seu peso.
— Estou tentando evitar rasgar as roupas do seu corpo, mas estão saindo. Você pode ajudar rolando ou eu as cortarei em tiras.
Todas as advertências que recebeu apareceram em sua mente quando suas palavras foram absorvidas, mas não tinha medo dele. Estava pronta para isto. Ela até queria. Ela queria isto por tempo demais.
A mão em suas costas deslizou até agarrar uma banda de sua bunda, dando-lhe um bom aperto. A sensação dos seus calos era muito notável com tanta pele revelada pela sua calcinha com corte de biquíni.
— Seu traseiro é meu agora, doçura. Qualquer um que me conhece sabe o quanto te quero. — Estudou seus olhos enquanto sua mão massageava seu traseiro onde o agarrou. — E te mandaram para mim. — Ele abaixou seu olhar para sua boca, fixando nela. — Diga isto.
Teve que engolir para achar a voz.
— O que você quer que eu diga? — Sua pulsação acelerou enquanto relaxava seus músculos tensos debaixo dele.
Suas sobrancelhas curvaram quando encontrou seu olhar fixo novamente.
— Você não tem desculpas? Nenhuma palavra de rejeição?
Muito lentamente apoiou seus braços e começou a virar. Foi difícil com seu corpo a restringindo, mas o aperto em seu traseiro aliviou e Moon permitiu. Rolou de costas, sem quebrar contato visual. Estendeu as mãos tremendo, e agarrou seu rosto.
Surpresa mostrou quando seus olhos arregalaram enquanto suavemente puxava-o para mais perto. Ergueu seu queixo lentamente e lambeu seus lábios.
— Beije-me.
Ele sugou ar e outro grunhido suave saiu dele.
— Eu vou fazer tudo para você. 80

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