sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Capítulo 06



Capítulo Seis
Darkness se aproximou de sua residência atual e parou de correr, seu nariz se alargou e ele rosnou quando viu o macho que estava parado atrás de uma árvore próxima às portas do pátio. Ele não deveria estar surpreso por encontrar Fury esperando por ele.
— Te disse que não queria conversar.
— Te disse que estava preocupado com você. – Fury deu de ombros.
— Pare.
— Família pode ser uma dor na bunda. – Fury deu um passo á frente.
— Não somos família.
— Estou cansado de esperar que você se cure o suficiente para lidar com o que os testes revelaram. – Raiva passou pelas feições do macho. – Somos família. Talvez não te incomode que você me reconheça, mas eu gostaria de ser parte de sua vida. Nós somos os únicos laços de sangue que cada um tem, ninguém mais bateu com meu teste de DNA.
— Apenas a parte humana.
— Sou canino e você é felino, grande coisa. – Fury ficou um pouco mais perto. – Eu vejo uma semelhança. Nós dois terminamos com cabelos pretos e olhos castanhos, temos o mesmo queixo também. Ganhamos esses traços dos nossos humanos. Você já imaginou como eles eram? Eu já.
— Não, eu nunca considerei isso. Os arquivos foram destruídos, então nunca saberemos.
— Você alguma vez já pensou em colocar seu DNA fora daqui para ver se podemos localizar uma compatibilidade humana e possivelmente encontrar outros parentes? Eles tem registros de adoção que talvez nos ajude a encontrar relações próximas.
— Não! – O conceito horrorizou Darkness.
— Eu sim. Essas são coisas que famílias devem falar, podemos ter irmãos completamente humanos.
— Não faça isso. – Darkness avançou até que estavam separados por um passo. – Eles não são nada como nós. A conexão morreu no momento em que os humanos foram pagos pela Mercile.
— Estou falando sobre as crianças que aqueles humanos podem ter tido. Não os pais que fizeram a escolha. – Fury pestanejou.
— Não quero participar disso.
— Esse é o problema, você não quer participar de nada.
— Pare de levar isso pessoalmente. – Darkness encoleirou seu temperamento.
— Como posso não fazer isso? Eu sei que não posso substituir os irmãos sangue-puro que você perdeu. Não estou tentando fazer isso. Apenas quero ficar perto de você.
— Não. – Darkness desfraldou os punhos.
— Eles se pareciam conosco? Eles eram meus irmãos também. Diga-me algo pessoal sobre eles.
— Pare. – Dor atacou o peito de Darkness.
— Eles tinham nossa cor de cabelo? Ou cor dos olhos?
— PARE! – Darkness não queria empurrar o macho, mas Fury tropeçou para trás, o assegurando que foi exatamente o que tinha feito.
Fury esfregou o peito e rosnou.
— Desculpe, eu não quero falar disso. – Darkness ergueu as mãos, não querendo lutar.
— Isso é muito ruim. – Fury deu um passo calculado para frente. – Tenho que arrancar isso de você?
— Você não quer fazer isso.
— Você vai me matar? – Fury chutou os sapatos. – Você segura tudo ai dentro. Pare de se culpar por algo fora do seu controle. Sei que você culpa a si mesmo de alguma forma pela morte deles, mas isso é apenas a culpa de ter sobrevivido.
— Você não entende.
— Então me faça entender. Diga-me tudo o que aconteceu quando eles te levaram da Mercile. Por que você se culpa pela mortes dos nossos irmãos? Por que é tão idiota por recusar a aceitar nosso vínculo? Diz pra mim, porque já estou cansado de esperar. Eu mereço respostas.
— É melhor para você não saber os detalhes. – Ele admitiu.
— Eu nunca te achei um covarde.
— Eu não sou. – Aquilo o enfureceu.
— Então me conte mais sobre eles. – Fury rosnou. – Fale comigo, droga.
— Eu vou lá pra dentro. – Ele tentou caminhar ao redor do macho, mas Fury o segurou pelo braço.
— Isso não está acabado, não vou embora até ter respostas.
Darkness olhou para baixo para a mão que tinha agarrado seu antebraço, ele segurou o olhar furioso do macho.
— Não vou lutar com você.
Fury o soltou, Darkness relaxou. Ele entendia as frustrações do macho e não estava nem mesmo surpreso por ela. Fury tinha repetidamente tentado fazer com que falasse, ele apenas não queria compartilhar os detalhes. Isso poderia machucar o macho, a última coisa que Darkness queria.
— Algumas coisas são melhore serem deixadas no desconhecido. – Era o melhor conselho que poderia dar.
— Isso é besteira. Você vai me dizer tudo o que aconteceu quando vocês foram levados de Mercile e exatamente como nosso irmãos morreram. Tudo o que sei são os elementos mais básicos. Eles morreram lá e você foi o único que sobreviveu. Havia uma fêmea humana lá que ajudou a treinar você, mas ela te traiu. Eu quero a informação que você não vai compartilhar.
— Não é uma boa história. – Ele encarou Fury.
— Não me importo.
— É melhor que você nunca as encontre. Você não vai querer saber delas como eu sei, então você nunca vai saber a perda que senti. Essa é uma coisa boa, seja grato por isso.
— É isso. – Fury rosnou. – Acha que eu não me importo? Nós somos família. Compartilhe o fardo e tire isso do seu peito, então pode me aceitar como seu irmão. Essas coisas são como uma parede entre nós e quero que ela caia.
— Boa noite. – Darkness se afastou.
Fury rosnou com raiva, o único aviso que Darkness teve antes que o macho atacasse. Ele girou a tempo de pegar um punho no queixo. Isso o mandou cambaleando de volta, a força do soco quase o fazendo cair. Darkness recobrou o equilíbrio e apoiou as pernas.
— Pare com isso! – Ele gritou.
— Eu vou derrubar essa parede, mesmo que isso signifique que vamos terminar sangrando, no Centro Médico. – Fury balançou a cabeça e ergueu os punhos, ele lançou outro soco.
Darkness jogou a cabeça para o lado, quase perdendo um soco direto para sua boca. Ele jogou um braço para fora e acertou Fury nas costelas, o macho cambaleou e rosnou. Ele avançou, Darkness recuou.
— Pare, isso é imaturo.
— Irmãos lutam algumas vezes. – Fury balançou a mão na frente do peito, o chamando para ir até ele. – Vamos descobrir quem é o mais durão, irmão.
— Que droga. – Darkness assobiou.
A luta tinha começado. Fury agarrou sua camisa e o acertou nas costelas com o joelho. Darkness rosnou, mas recuperou a vantagem quando conseguiu pousar um golpe no queixo do macho. Fury cambaleou para trás, mas Darkness não se retirou daquela vez. O macho queria lutar e ele estava nisso. Darkness agarrou Fury ao redor dos quadris, levando os dois para o chão.
Eles rolaram, trocando socos. Ele ouviu alguém se aproximar, mas ignorou a audiência que eles pareciam ter atraído até que os machos os separaram. A Segurança os havia cercado rapidamente, ele olhou para Fury, que estava sendo segurado por dois outros machos.
— Diga-me que isso não te faz se sentir bem. – Fury realmente riu, ele tinha sangue ao redor da boca.
— O que está acontecendo? – Jinx olhou para os dois.
— Uma pequena competição inofensiva. – Fury anunciou. – Solte-nos.
— Inofensiva? – Jinx balançou a cabeça. – Vocês dois estão sangrando.
— Estamos sangrando o mesmo tipo sanguíneo no entanto, não estamos? – Fury arqueou uma sobrancelha para Darkness.
— Solte-nos. – Darkness repetiu. – A luta está acabada.
— Mas a discussão apenas começou. Estarei de volta na próxima noite e todas as noites depois, até que trabalhemos para fora disso. – Fury avisou.
— Você é louco. – Darkness o acusou.
— Não. – Os machos restringindo Fury o soltaram. – Você poderia ter feito um inferno de mais danos em mim se quisesse, mas sou seu irmão. Você estava brincando comigo ou eu teria ossos quebrados. Já vi você lutar.
— Você me pegou de surpresa.
— Vejo você amanha a noite. Fale ou vamos começar isso novamente. – Fury acenou.
Darkness viu Fury caminhar para longe e ordenou que os machos fossem com ele. O macho tinha enlouquecido se pensava que iam lutar novamente. O espantou que se encontrou sorrindo, no entanto. Admirava Fury, ele até mesmo gostava dele. Darkness se virou para entrar na casa para se banhar.
Kat estava parada na grama próxima ao pátio. Ele podia ver a expressão chocada dela e dizia que ela estava chateada pelo jeito que abraçou seu corpo. Seu bom humor morreu, sabendo que ela tinha assistido a luta. Ela se aproximou dele cautelosamente.
— Você está bem?
Darkness não queria lidar com ela ou com mais perguntas. Ele virou e caminhou em direção ao lago, ergueu a camisa e limpou o sangue em sua boca e cabeça com o material. A maioria era das juntas, Fury tinha um ponto. O sangue deles era compartilhado, mesmo que fosse apenas do lado humano deles.
Sua audição aguçada pegou passos suaves e um caminhar feminino, Darkness diminui os passos. Kat o tinha seguido, era tentador deixa-la para trás. Ela não teria uma chance de encontra-lo se ele desaparecesse, mas a curiosidade se ergueu. Ele alcançou uma área sombreada embaixo de uma árvore e se sentou no chão, olhando para a lagoa. As luzes se refletiam nela, a água deslizando suavemente pelo vento.
Kat se aproximou, mas Darkness não virou a cabeça. Quando ela o alcançou, ele olhou uma vez para ela, realmente prestando atenção na aparência dela. A camiseta gigante que ela vestia devia ser três números maiores do que ela e uma delicada calça de algodão abraçava as pernas dela, os pés descalços dela o fizeram pestanejar. Eles eram provavelmente muito macios para caminhar descalça, desde que humanos raramente não usavam sapatos. Não era da sua conta, a propósito. Kat tinha feito á escolha de segui-lo dentro da noite.
Um súbito cansaço tomou conta dele. Darkness estava cansado, mas não era o tipo que o sono poderia curar. Fury estivera certo. Ele tinha carregado um fardo sozinho e o
macho merecia saber a verdade, ele talvez não gostasse das repostas que receberia, isso talvez até mesmo os fizesse inimigos.
Por que ele iria arriscar isso? Darkness quase desejou que pudesse voltar no tempo e apenas dizer a verdade a Fury. Então ele saberia com certeza. Não é como se as coisas pudessem ficar piores, ele era um solitário na ONE. Haviam barreiras mentais que ele tinha colocado no lugar, talvez fosse hora de derrubá-las, como Fury tinha sugerido.
Kat se sentou embaixo da árvore, próxima ao homem taciturno que ela seguira. Darkness virou a cabeça, a luz da lua passou o suficiente entre as folhas para que ela visse a maior parte do rosto dele.
— Oi.
— Eu te permiti me alcançar e você o fez. Por que está aqui?
— Fiquei preocupada com você. – Kat deu de ombros, ficando mais confortável. – Você está bem? Aquilo pareceu muito intenso. Você luta com outros Nova Espécie com frequência?
— Eu sou diferente. – Ele acenou, olhando para longe.
— Por causa do que foi feito a você pelo cara que levou você e seus irmãos? – A simpatia apareceu. Kat realmente odiava Darwin Havings naquele momento e esperava que ele ferrasse tudo em algum momento e fizesse possível para que as autoridades o capturassem. Ele nunca veria a liberdade novamente uma vez que o governo colocasse as mãos nele.
— Sim.
Darkness não era a pessoa mais faladora. Kat olhou ao redor. O parque era abandonado durante a noite e a água na frente dele parecia linda e os sons suaves foram se acalmando. Ela olhou para ele.
— Vem aqui com frequência?
— Sim. – Ele a assistiu também. – Isso me dá um senso de paz.
— Demônios são as coisas mais horríveis para se viver. – Kat deixou aquela informação afundar.
Darkness ficou em silêncio por alguns minutos e Kat imaginou se ele iria falar, talvez tivesse sido um erro segui-lo, mas ela apenas não tinha sido capaz de resistir depois da cena que tinha presenciado.
— Ele estava zangado porque eu não falo quando deveria. – As palavras de Darkness foram ditas tão suavemente que Kat se esforçou para ouvi-las.
— Era sobre isso a luta?
— Sim.
O silêncio os cercou novamente, Kat queria ajuda-lo de algum jeito.
— Quer falar sobre isso? Pode ajudar algumas vezes.
— Isso depende.
Kat esperou que Darkness dissesse algo mais, mas um minuto se passou. Ela finalmente quebrou o silêncio.
— Do quê?
— Para quem você vai repetir isso?
— Não entendi.
— Sim, você entendeu.
Kat realmente não tinha entendido, ele esclareceu isso, no entanto.
— Você está a serviço ou fora agora, Kat?
Ela imaginou novamente se ele continuava suspeitando de que ela não era quem dizia ser.
— Estou fora agora. O que você disser vai permanecer entre nós. Sei que você não confia em mim, mas você pode. – Ela queria dizer isso.
Darkness hesitou, virando a cabeça e olhou para a vasta escuridão da água.
— Fury quer saber mais sobre o que aconteceu com meus irmãos.
— Eles não estão aqui em algum lugar?
— Não. – Darkness balançou a cabeça.
— Na Reserva?
Darkness ficou quieto por alguns minutos.
— Eles estão mortos.
Cenários ruins encheram a mente de Kat. Havings tinha matado eles? Eles tinham retornado para as Indústrias Mercile e morrido lá? Alguns tinham morrido quando foram invadidos pelas agências do governo. Outros tinham morrido durante as tentativas de resgate nos outros locais. Tinha havido uma explosão ligado a um dos centros associados com as Indústrias Mercile. Todo mundo tinha morrido, de acordo com os novos relatórios. A ONE não tinha compartilhado muitas informações com o público em geral, mas Kat tinha pegado o rumo com as pesquisas. A ONE tinha tentando acessar os pisos inferiores da companhia, mas eles estavam cobertos de explosivos; todos abaixo do chão tinham morrido antes que pudessem ser resgatados.
— Eu sinto muito. – Ela queria perguntar os detalhes, mas resistiu.
— Eu também. – Darkness olhou para além da água. – Fury queria que eu falasse sobre eles, mas recusei.
— Por quê?
— Não é uma história feliz para contar, não quero que ele sofra. Ele é um bom macho.
— Por que ele ficaria machucado? – Kat deixou as informações penetrarem.
— Eles eram os irmãos dele também.
— Você é relacionado com Fury North? – Choque rolou através dela.
Darkness virou a cabeça em sua direção e rosnou baixo.
— Desculpe, não queria dizer nada com isso. Apenas não esperava isso.
— Somos meio-irmãos. Você vai compartilhar essa informação?
— Não.
Kat estava tentada a perguntar a ele para quem ele pensava que ela diria, mas se conteve. Tinha ficado atordoada quando ouviu barulho e saiu para o pátio para ver Darkness lutando com outro cara. A Segurança havia corrido para a cena e terminado com aquilo rapidamente, mas ela tinha identificado o oponente dele. Fury North era uma celebridade da ONE, quase tão popular tão bem conhecido quanto Justice North.
— Ele quer que fiquemos próximos, mas não permito que ninguém se aproxime.
Darkness talvez sofresse de problemas de estresse pós-traumático. Kat apostava que ele tinha visto muita merda acontecer quando Havings o tinha. Nenhuma delas tinha sido boa.
— Você está recebendo aconselhamento?
A carranca dele era resposta o suficiente. Kat selou os lábios, apenas para não falar que procurar tratamento poderia ajudar.
— Eu não preciso disso.
Ela discordava. Darkness era um macho alfa e a maioria deles se recusava a admitir que talvez tivessem questões duradouras e severas até que fosse tarde demais. Claro que Darkness não era como nenhum que ela já tinha encontrado antes. A infância dele tinha sido um pesadelo, então ele nunca tivera um tempo fácil nisso.
— Então você concorda em lutar com pessoas que se preocupam com você? Como isso ajuda?
— Não quero uma palestra. – Ele se virou.
Muito justo.
— O que você quer?
— Quer realmente saber?
— Sim. Eu não teria perguntado se não quisesse. – Kat se aproximou um pouco mais, mas não o suficiente para tocá-lo.
— Eu quero esquecer. – Darkness olhava diretamente para frente.
Kat podia entender isso.
— Mas Fury não vai deixar isso para lá. Ele vai continuar pressionando até que eu conte a ele como eles morreram. Não quero que ele me odeie.
— Por que ele iria?
— Eu estava lá. – Darkness pausou, puxando poucas respirações. – Ele sabe disso, mas não de tudo. Foi pedido que eu escrevesse um pequeno relatório, mas não inclui muitos detalhes.
— É muito duro falar sobre isso? É compreensível.
Darkness ficou em silêncio por tanto tempo que Kat pensou que ele a tinha trancado para fora totalmente. Ela olhou para a noite, apenas sentando ao lado dele. Ele respirou profundamente.
— Éramos mantidos em tendas próximos aos outros durante os treinamentos. – Darkness pausou, as mãos agarrando as calças acima das pernas. – Era a primeira vez que fomos informados da existência um dos outros e nossa conexão sanguínea. Eles nos fizeram fazer coisas. – A voz dele mudou, se aprofundando e se tornando rouca. – Nos as fizemos. Eles disseram que os humanos que nos ordenaram matar eram inimigos, rebeldes que tinham matado inocentes. Eles estavam bem armados, mas não foram páreos para nós.
O estômago de Kat se apertou um pouco enquanto a imaginação dela preenchia alguns espaços vazios. Ela apenas esperava que eles não fossem soldados dos EUA.
— Eles não falavam o nosso idioma. – Darkness parecia adivinhar para onde os pensamentos dela tinham ido. – Eles estavam acampados nas montanhas. Chegamos á noite. Eu não me senti tão ruim depois da terceira vez. Encontramos os restos de um menino. Eles tinham mutilado e matado ele. Ele não podia ter mais que doze anos.
Kat piscou as lágrimas de volta, olhando para o lago também. A visão daquelas pobres crianças deveria ter sido horrível. A urgência de alcançar e curvar os dedos sobre a mão de Darkness – que continuavam segurando as pernas – a pegou, mas Kat resistiu.
— Não tivemos escolha. – Darkness clareou a garganta. – Se um de nós desobedecesse, eles teriam matado os outros. Eles eram meus irmãos e queríamos sobreviver. É contra nossa natureza desistir. Éramos teimosos.
— Essa é uma coisa boa. Algumas vezes isso te mantém aguentando, não importa o quê.
O silêncio se esticou.
— Uma noite eles nos ordenaram para invadir um acampamento e matar todos. Fomos para lá, mas eles não tinham homens armados. Havia apenas fêmeas com crianças. – A voz de Darkness se aprofundou em um rosnado. – Elas ficaram aterrorizadas quando nos viram.
Seu intestino se retorceu, Kat não queria realmente ouvir mais nada. Ela gostava muito de Darkness.
— Você não tem que me contar isso.
— Nós nos recusamos a mata-los.
Ela virou a cabeça para olhar para ele, seus olhares se encontrando. Alivio deslizou através dela.
— O que aconteceu?
— Os humanos no comando do projeto nos ordenou voltar e matar todos eles. – O queixo de Darkness se ergueu e o rosto bonito estava claramente visível na luz da lua. Ele estava sofrendo. – Nos recusamos novamente.
Kat tinha a doentia impressão de que não ia gostar do que aconteceu depois.
— Número Quatro não sentiu dor. Foi muito rápido. – Ele pausou. – Boom!
O som súbito a fez pular.
— Foi quão rapidamente ele morreu quando eles detonaram o colar dele.
Lágrimas encheram os olhos de Kat, compreendendo que eles mataram o irmão de Darkness.
— Não levou mais que uma carga para separar a cabeça dele dos ombros.
Jesus. Ela se aproximou, os dedos traçando as costas das mãos de Darkness, tão mais quentes e largas que as dela. Kat queria confortá-lo.
— Eles nos ordenaram ir novamente para matar a todos no acampamento. Eu olhei para meus irmãos e vi a mesma emoção nos olhos deles que deveria estar na minha. Nós recusamos.
Kat adivinhava o que estava vindo.
— Número Três fechou os olhos e estava acabado. Vi medo na expressão dele, no entanto. Ele sentiu aquilo antes de morrer.
— Eu... Sinto muito. – Kat sussurrou.
As mãos de Darkness se viraram sob as dela e ele enlaçou os longos dedos ao redor dos pequenos dela, segurando a mão dela. Darkness olhou para longe, olhando a noite novamente.
— Eles ordenaram novamente que nós matássemos. – Número Dois deu um passo á frente e disse que iria fazer isso. Os instintos de sobrevivência dele eram fortes, e ele era muito convencido de que não importava quem morria. Ele apenas queria matar alguém como vingança. Não importava a ele se eles eram inocentes. Eles eram humanos, era o suficiente. Eu poderia ver que ele tinha estalado.
Kat não podia culpar o irmão de Darkness, mas estava horrorizada, sabendo que Darkness tinha sido parte da morte de pessoas inocentes, apesar de ter sido forçado. Era o pior cenário que nunca tinha esperado que alguém estivesse lá.
Darkness ficou silencioso e Kat o assistiu até que ele olhou para ela e subitamente se aproximou.
— Você quer saber o porquê você deveria caminhar na direção contrária quando me ver?
— Você não teve escolha, Darkness. Era uma situação de matar ou ser morto.
— Eu estourei o colar dele com minhas mãos nuas. – A voz dele se tornou um rosnado. – Não poderia permitir que meu irmão matasse bebês e fêmeas indefesas. Nunca vou esquecer o olhar nos olhos dele quando fui para frente e percebi o que tinha feito. Eu vi traição e choque neles. – Darkness soltou a mão dela. – Eu não hesitei. Sabia que eles iriam me matar antes que pudesse tirar se meus reflexos não fossem mais rápido que dos humanos com o controle para meu colar.
Kat piscou as lágrimas de volta, seu peito se apertando com a emoção que ameaçava sufoca-la. Queria dizer a ele que tinha feito á coisa certa, mas estava com medo de que começasse a chorar se fizesse isso; levou tudo o que ela tinha para não se rasgar. Isso quebrou o coração dela e fez Kat respeitá-lo ainda mais.
— Eu as limpei, mas o sangue e a mortes dos outros ainda permanecem aqui. – Darkness ergueu as mãos com as palmas a encarando. Ele se virou, graciosamente se erguendo. Darkness se manteve de costas para ela. – Acha que Fury vai continuar querendo fazer parte da minha vida quando descobrir que matei um dos nossos irmãos?
Kat ficou de joelhos, então de pé. Ela tremia toda, emocionalmente exausta.
— Você fez a coisa certa e acho que ele entenderia – Ela finalmente deixou sair. – Por que eles permitiram que você vivesse?
— Você pegou isso. Eu sabia que eles eram espertos. Era um teste. – O tom de Darkness saiu rouco. – Eles precisavam descobrir se iríamos seguir ordens ou morrer primeiro. Eles não contavam com o fato de que eu estava preparado para matar meu próprio irmão para salvar os outros. O teste foi considerado uma falha e fui mandado de volta para Mercile para o mesmo destino que os outros Espécies, mas tive que sofrer com a culpa do que tinha feito.
— Uma falha em que tipo de teste? – Isto era pior que cruel.
— Para ver se eles poderiam nos tornar assassinos sem mente para manter sobre o controle deles. Isso não funcionou. Eles acreditavam que não tínhamos alma, mas estavam errados.
— Realmente lamento muito, Darkness.
— O passado não pode ser mudado. – Ele deu de ombros e virou a cabeça, não olhando para ela, apenas olhando para a noite, seu rosto de perfil. – Vou te levar de volta para seu chalé para ter certeza que você não se meta em problemas. Sabe que não está permitida a andar por Homelando sem uma escolta. Vamos.
— Não quero deixar você sozinho agora.
— De volta para seu chalé, Kat. – Ele virou para olhar pra ela. – Nunca mais me siga ou pode me pegar em um momento quando não estou me sentindo muito falador. Não quero que você se machuque se eu estiver na defensiva. Foi isso que causou a briga que você viu.
— Não acredito que você seja um perigo para mim.
— Você estaria errada. – Darkness correu os dedos pelos cabelos antes de empunhar as mãos nos lados do corpo.
— Você não machucaria uma mulher. Você mesmo disse isso.
Kat poderia sentir o perigo, estava presente no ar quase como se fosse um cheiro ou uma sensação, quase tangível. Ela se recusou a recuar, entretanto. Era provavelmente estúpido, mas ela confiava nele com a vida dela. Darkness era torturado pelo passado, mas era um bom homem.
— Já matei uma fêmea antes.
A notícia deveria tê-la surpreendido mais, mas Kat relembrou a vibração que tivera quando ele a interrogou e o que tinha dito depois da aula dela.
— O que ela fez a você?
— Eu quero tanto você que algumas vezes tenho que lutar comigo mesmo para não te pegar. – Darkness respirou profundamente e deixou isso sair vagarosamente.
O coração de Kat deu um pulo, ela estava atraída por ele, mas notou que ele tinha mudado de assunto. Parte dela queria pressionar por uma resposta sobre a mulher, mas estava com medo que ele a mandasse embora novamente.
— Vamos falar de sexo, certo? – Queria saber se eles estavam na mesma página.
— Eu não sou material para companheiro. – O olhar de Darkness baixou pelo corpo de Kat, antes de se erguer para segurar o olhar curioso dela.
— O que isso significa?
— Alguns do meu tipo escolheram humanas como companheiras. Eles não são tão atormentados por dentro como eu sou. Eles se ajustaram melhor para a liberdade e podem prover aquelas fêmeas com emoções positivas e delicadeza. Eu não posso, contudo. Sou inquieto e não posso ter uma relação estável também. Não tenho um coração, eu não me comprometo.
— Quer dizer que você dorme com outras mulheres. – O ar congelou dentro dos pulmões de Kat antes que o ciúme passasse.
— Eu não escolho a companhia das fêmeas. – O maxilar de Darkness se tencionou, os músculos duros. Ele hesitou. – Eu assusto a maioria delas. Elas me veem como muito frio. Estou dizendo que nunca vou oferecer nada mais que prazer físico.
Darkness era quente. Kat discordava completamente das fêmeas Nova Espécie se elas realmente pensavam isso dele.
— Entendido. Você não está procurando por nenhum relacionamento longo.
— Eu não fico em um lugar por muito tempo. Me transfiro entre Homeland e a Reserva com frequência. Vou visitar a Zona Selvagem por dias ou semanas algumas vezes sem me preocupar de ficar dentro das cabanas colocadas lá. Eu gosto de dormir lá fora. As companheiras precisam de um macho em tempo integral que sempre esteja lá para protegê-las. Isso nunca acontecera comigo.
Mensagem recebida. Darkness estava oferecendo uma noite. Kat respirou profundamente e caminhou até ele.
— Eu sou tipo muito boa para cuidar de mim mesma e não estou procurando por uma relação longa também. Sou casada com meu trabalho, viajo muito também.
— Está casada com ele agora?
— Não estou trabalhando nesse momento. Esse é meu tempo pessoal.
Os dedos cerrados de Darkness se abriram e ele cruzou os braços acima do peito, observando-a com um pestanejar.
— Você é uma humana.
— Eu sou.
— Elas querem mais do que apenas compartilhar sexo com um macho.
— Você é um expert nelas? – Kat riu, divertida. – Se sim, aqui vai uma lição. Não somos todas iguais.
— Você quer me foder? – Darkness molhou os lábios com a língua.
Kat deu mais um passo para perto, tendo que erguer o queixo para continuar olhando nos olhos dele, e sabia que estava brincando com fogo. Ele foi contundente. Kat o queria, no entanto, e tinha querido desde que tinham se encontrado pela primeira vez. Não havia tempo que ela podia se lembrar de estar tão atraída por um homem.
— Você gosta de ser direto, não é?
— Sim. – A voz dele se aprofundou.
— Okay. Eu quero você, Darknees. Não estou procurando por um anel de casamento ou um compromisso para a vida toda. Sou péssima com toda essa merda de relacionamento, tentei e falhei nisso miseravelmente. Os homens tendem a se ressentir do meu trabalho e sou independente depois disso. Eles também ficam irritados quando sabem que poderia derrubá-los em uma luta.
— Eu iria ganhar se nos enfrentássemos.
— Você não me assusta. – Kat baixou o olhar para os poderosos braços de Darkness e o corpo bem construindo, concordando. Ela ergueu a mão e a colocou no antebraço dele. A pele de Darkness era quente ao toque, apenas como ele.
Darkness vagarosamente liberou os braços e as mãos firmes e largas dele se fecharam nos quadris de Kat. Um movimento e ela foi puxada contra o peito dele, duro o suficiente para fazê-la arquejar. Seus corpos se pressionavam juntos. O monte contra seu vente a assegurava que ele estava interessado também.
— Esse é o único jogo que não quero jogar.
— Não estou jogando.
Darkness baixou a cabeça enquanto olhava para o rosto de Kat. Ela desejou poder ver melhor os lindos olhos dele na noite escura. O cheiro da colônia masculina de Darkness, ou seja lá o que cheirava tão bem, alcançou seu nariz. A urgência de se aproximar se tornou mais forte.
— Você deveria me dizer não enquanto pode.
— Não quero dizer.
Darkness soltou uma respiração irregular, seu peito invadindo o espaço dela e se pressionando contra seus seios.
— Vou te pegar. Entende isso?
— Na sua casa ou na minha? Vamos.
Darkness olhou ao redor e seu aperto nela se afrouxou.
— Na sua. As patrulhas estarão aqui logo. – Ele segurou o olhar dela. – Ou vou ter que pegar você de pé.
Sexy. Kat totalmente podia fazer isso com ele na grama, mas não ia admitir aquilo.
— Vamos.
— Eu vou com algumas condições, Kat. – Ele se afastou e as mãos dele se foram.
— Quais são elas?
— Você vai fazer o que eu disser quando se trata de sexo. – Darkness hesitou.
— Você é um daqueles. – Kat se sentiu um pouco desapontada. – Não sou do tipo ‘mestre e escrava’. Desculpe, mas não vou ficar de joelhos a um comando para te chupar ou gosto de apanhar.
— Não foi isso que quis dizer. Vou prender suas mãos na cabeceira, então você não pode me tocar. Vai concordar com isso?
— Por quê?
— Lembra quando tive você no interrogatório? – Darkness hesitava. – Eu iria perder o controle da situação se você tivesse suas mãos livres. Essa é uma parte dos termos. Não haverá nenhuma dor envolvida, mas não sou um dos seus humanos. Quero apenas te foder enquanto estou no controle. É mais seguro para nós dois desse jeito, nunca se esqueça do que eu disse sobre um macho fora de controle.
Tudo o que eles compartilharam naquela sala de interrogatório passou pela mente de Kat.
— Quer repetir o que aconteceu entre nós antes, mas dessa vez você planeja terminar o que começou?
— Sim, essa é a metade dos meus termos.
— Qual é a outra metade?
Darkness abaixou a cabeça e olhou dentro dos olhos de Kat.
— Não minta para mim nesse momento. Tudo o que sair da sua boca será a verdade quando eu tiver você nua ou não diga nada.
O intenso olhar dele a lembrava o porquê ela estava realmente lá. Aquilo realmente diminuiu sua vontade.
— Por que você quer me levar para a cama se acha que vou mentir pra você? É isso que você está implicando.
— Isso é apenas sobre sexo. A confiança é conquistada, mas somos estranhos. Vou fazer disso uma condição, Kat. Sem mentiras entre nós quando estivermos nus. Minta para mim em qualquer outro momento e não vou levar isso para o lado pessoal, você nunca vai querer que eu me sinta traído por você. Entende? Isso seria perigoso.
Kat entendia e isso a assustou. Darkness tinha deixado claro que suspeitava que ela estava em Homeland por outras razões que ensinar aulas. Isso estava lá entre eles, mais largos que a vida.
— Eu entendo e aceito os termos.
— Também, isso vai ficar apenas entre você e eu. Ninguém vai saber o que acontece entre nós sexualmente. Você concorda?
— Sim. – Ela o queria.
Era uma barganha que esperava não se arrepender. Darkness tinha dado a ela a opção de não falar nada se algo que ele perguntasse cruzasse a linha onde ela teria que mentir. Kat apreciava isso, mas o silêncio ia falar mais do que apenas cuspir a verdade. Era estúpido segui-lo de volta ao seu chalé, mas ela o queria o suficiente para arriscar isso. Mesmo que significasse colocar sua carreira na linha.

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