Capítulo
Seis
Darkness
se aproximou de sua residência atual e parou de correr, seu nariz se alargou e
ele rosnou quando viu o macho que estava parado atrás de uma árvore próxima às
portas do pátio. Ele não deveria estar surpreso por encontrar Fury esperando
por ele.
—
Te disse que não queria conversar.
—
Te disse que estava preocupado com você. – Fury deu de ombros.
—
Pare.
—
Família pode ser uma dor na bunda. – Fury deu um passo á frente.
—
Não somos família.
—
Estou cansado de esperar que você se cure o suficiente para lidar com o que os
testes revelaram. – Raiva passou pelas feições do macho. – Somos família.
Talvez não te incomode que você me reconheça, mas eu gostaria de ser parte de
sua vida. Nós somos os únicos laços de sangue que cada um tem, ninguém mais
bateu com meu teste de DNA.
—
Apenas a parte humana.
—
Sou canino e você é felino, grande coisa. – Fury ficou um pouco mais perto. –
Eu vejo uma semelhança. Nós dois terminamos com cabelos pretos e olhos
castanhos, temos o mesmo queixo também. Ganhamos esses traços dos nossos
humanos. Você já imaginou como eles eram? Eu já.
—
Não, eu nunca considerei isso. Os arquivos foram destruídos, então nunca
saberemos.
—
Você alguma vez já pensou em colocar seu DNA fora daqui para ver se podemos
localizar uma compatibilidade humana e possivelmente encontrar outros parentes?
Eles tem registros de adoção que talvez nos ajude a encontrar relações
próximas.
—
Não! – O conceito horrorizou Darkness.
—
Eu sim. Essas são coisas que famílias devem falar, podemos ter irmãos
completamente humanos.
—
Não faça isso. – Darkness avançou até que estavam separados por um passo. –
Eles não são nada como nós. A conexão morreu no momento em que os humanos foram
pagos pela Mercile.
— Estou falando sobre as crianças que
aqueles humanos podem ter tido. Não os pais que fizeram a escolha. – Fury
pestanejou.
—
Não quero participar disso.
—
Esse é o problema, você não quer participar de nada.
—
Pare de levar isso pessoalmente. – Darkness encoleirou seu temperamento.
—
Como posso não fazer isso? Eu sei que não posso substituir os irmãos
sangue-puro que você perdeu. Não estou tentando fazer isso. Apenas quero ficar
perto de você.
—
Não. – Darkness desfraldou os punhos.
—
Eles se pareciam conosco? Eles eram meus irmãos também. Diga-me algo pessoal
sobre eles.
—
Pare. – Dor atacou o peito de Darkness.
—
Eles tinham nossa cor de cabelo? Ou cor dos olhos?
—
PARE! – Darkness não queria empurrar o macho, mas Fury tropeçou para trás, o
assegurando que foi exatamente o que tinha feito.
Fury
esfregou o peito e rosnou.
—
Desculpe, eu não quero falar disso. – Darkness ergueu as mãos, não querendo
lutar.
—
Isso é muito ruim. – Fury deu um passo calculado para frente. – Tenho que
arrancar isso de você?
—
Você não quer fazer isso.
—
Você vai me matar? – Fury chutou os sapatos. – Você segura tudo ai dentro. Pare
de se culpar por algo fora do seu controle. Sei que você culpa a si mesmo de
alguma forma pela morte deles, mas isso é apenas a culpa de ter sobrevivido.
—
Você não entende.
—
Então me faça entender. Diga-me tudo o que aconteceu quando eles te levaram da
Mercile. Por que você se culpa pela mortes dos nossos irmãos? Por que é tão
idiota por recusar a aceitar nosso vínculo? Diz pra mim, porque já estou
cansado de esperar. Eu mereço respostas.
—
É melhor para você não saber os detalhes. – Ele admitiu.
—
Eu nunca te achei um covarde.
— Eu não sou. – Aquilo o enfureceu.
—
Então me conte mais sobre eles. – Fury rosnou. – Fale comigo, droga.
—
Eu vou lá pra dentro. – Ele tentou caminhar ao redor do macho, mas Fury o
segurou pelo braço.
—
Isso não está acabado, não vou embora até ter respostas.
Darkness
olhou para baixo para a mão que tinha agarrado seu antebraço, ele segurou o
olhar furioso do macho.
—
Não vou lutar com você.
Fury
o soltou, Darkness relaxou. Ele entendia as frustrações do macho e não estava
nem mesmo surpreso por ela. Fury tinha repetidamente tentado fazer com que
falasse, ele apenas não queria compartilhar os detalhes. Isso poderia machucar
o macho, a última coisa que Darkness queria.
—
Algumas coisas são melhore serem deixadas no desconhecido. – Era o melhor
conselho que poderia dar.
—
Isso é besteira. Você vai me dizer tudo o que aconteceu quando vocês foram
levados de Mercile e exatamente como nosso irmãos morreram. Tudo o que sei são
os elementos mais básicos. Eles morreram lá e você foi o único que sobreviveu.
Havia uma fêmea humana lá que ajudou a treinar você, mas ela te traiu. Eu quero
a informação que você não vai compartilhar.
—
Não é uma boa história. – Ele encarou Fury.
—
Não me importo.
—
É melhor que você nunca as encontre. Você não vai querer saber delas como eu
sei, então você nunca vai saber a perda que senti. Essa é uma coisa boa, seja
grato por isso.
—
É isso. – Fury rosnou. – Acha que eu não me importo? Nós somos família.
Compartilhe o fardo e tire isso do seu peito, então pode me aceitar como seu
irmão. Essas coisas são como uma parede entre nós e quero que ela caia.
—
Boa noite. – Darkness se afastou.
Fury
rosnou com raiva, o único aviso que Darkness teve antes que o macho atacasse.
Ele girou a tempo de pegar um punho no queixo. Isso o mandou cambaleando de
volta, a força do soco quase o fazendo cair. Darkness recobrou o equilíbrio e
apoiou as pernas.
— Pare com isso! – Ele gritou.
—
Eu vou derrubar essa parede, mesmo que isso signifique que vamos terminar
sangrando, no Centro Médico. – Fury balançou a cabeça e ergueu os punhos, ele
lançou outro soco.
Darkness
jogou a cabeça para o lado, quase perdendo um soco direto para sua boca. Ele
jogou um braço para fora e acertou Fury nas costelas, o macho cambaleou e
rosnou. Ele avançou, Darkness recuou.
—
Pare, isso é imaturo.
—
Irmãos lutam algumas vezes. – Fury balançou a mão na frente do peito, o
chamando para ir até ele. – Vamos descobrir quem é o mais durão, irmão.
—
Que droga. – Darkness assobiou.
A
luta tinha começado. Fury agarrou sua camisa e o acertou nas costelas com o
joelho. Darkness rosnou, mas recuperou a vantagem quando conseguiu pousar um
golpe no queixo do macho. Fury cambaleou para trás, mas Darkness não se retirou
daquela vez. O macho queria lutar e ele estava nisso. Darkness agarrou Fury ao
redor dos quadris, levando os dois para o chão.
Eles
rolaram, trocando socos. Ele ouviu alguém se aproximar, mas ignorou a audiência
que eles pareciam ter atraído até que os machos os separaram. A Segurança os
havia cercado rapidamente, ele olhou para Fury, que estava sendo segurado por
dois outros machos.
—
Diga-me que isso não te faz se sentir bem. – Fury realmente riu, ele tinha
sangue ao redor da boca.
—
O que está acontecendo? – Jinx olhou para os dois.
—
Uma pequena competição inofensiva. – Fury anunciou. – Solte-nos.
—
Inofensiva? – Jinx balançou a cabeça. – Vocês dois estão sangrando.
—
Estamos sangrando o mesmo tipo sanguíneo no entanto, não estamos? – Fury
arqueou uma sobrancelha para Darkness.
—
Solte-nos. – Darkness repetiu. – A luta está acabada.
—
Mas a discussão apenas começou. Estarei de volta na próxima noite e todas as
noites depois, até que trabalhemos para fora disso. – Fury avisou.
— Você é louco. – Darkness o acusou.
—
Não. – Os machos restringindo Fury o soltaram. – Você poderia ter feito um
inferno de mais danos em mim se quisesse, mas sou seu irmão. Você estava
brincando comigo ou eu teria ossos quebrados. Já vi você lutar.
—
Você me pegou de surpresa.
—
Vejo você amanha a noite. Fale ou vamos começar isso novamente. – Fury acenou.
Darkness
viu Fury caminhar para longe e ordenou que os machos fossem com ele. O macho
tinha enlouquecido se pensava que iam lutar novamente. O espantou que se
encontrou sorrindo, no entanto. Admirava Fury, ele até mesmo gostava dele.
Darkness se virou para entrar na casa para se banhar.
Kat
estava parada na grama próxima ao pátio. Ele podia ver a expressão chocada dela
e dizia que ela estava chateada pelo jeito que abraçou seu corpo. Seu bom humor
morreu, sabendo que ela tinha assistido a luta. Ela se aproximou dele
cautelosamente.
—
Você está bem?
Darkness
não queria lidar com ela ou com mais perguntas. Ele virou e caminhou em direção
ao lago, ergueu a camisa e limpou o sangue em sua boca e cabeça com o material.
A maioria era das juntas, Fury tinha um ponto. O sangue deles era compartilhado,
mesmo que fosse apenas do lado humano deles.
Sua
audição aguçada pegou passos suaves e um caminhar feminino, Darkness diminui os
passos. Kat o tinha seguido, era tentador deixa-la para trás. Ela não teria uma
chance de encontra-lo se ele desaparecesse, mas a curiosidade se ergueu. Ele
alcançou uma área sombreada embaixo de uma árvore e se sentou no chão, olhando
para a lagoa. As luzes se refletiam nela, a água deslizando suavemente pelo
vento.
Kat
se aproximou, mas Darkness não virou a cabeça. Quando ela o alcançou, ele olhou
uma vez para ela, realmente prestando atenção na aparência dela. A camiseta
gigante que ela vestia devia ser três números maiores do que ela e uma delicada
calça de algodão abraçava as pernas dela, os pés descalços dela o fizeram
pestanejar. Eles eram provavelmente muito macios para caminhar descalça, desde
que humanos raramente não usavam sapatos. Não era da sua conta, a propósito.
Kat tinha feito á escolha de segui-lo dentro da noite.
Um
súbito cansaço tomou conta dele. Darkness estava cansado, mas não era o tipo
que o sono poderia curar. Fury estivera certo. Ele tinha carregado um fardo
sozinho e o
macho merecia saber a verdade, ele
talvez não gostasse das repostas que receberia, isso talvez até mesmo os
fizesse inimigos.
Por
que ele iria arriscar isso? Darkness quase desejou que pudesse voltar no tempo
e apenas dizer a verdade a Fury. Então ele saberia com certeza. Não é como se
as coisas pudessem ficar piores, ele era um solitário na ONE. Haviam barreiras
mentais que ele tinha colocado no lugar, talvez fosse hora de derrubá-las, como
Fury tinha sugerido.
Kat
se sentou embaixo da árvore, próxima ao homem taciturno que ela seguira.
Darkness virou a cabeça, a luz da lua passou o suficiente entre as folhas para
que ela visse a maior parte do rosto dele.
—
Oi.
—
Eu te permiti me alcançar e você o fez. Por que está aqui?
—
Fiquei preocupada com você. – Kat deu de ombros, ficando mais confortável. –
Você está bem? Aquilo pareceu muito intenso. Você luta com outros Nova Espécie
com frequência?
—
Eu sou diferente. – Ele acenou, olhando para longe.
—
Por causa do que foi feito a você pelo cara que levou você e seus irmãos? – A
simpatia apareceu. Kat realmente odiava Darwin Havings naquele momento e
esperava que ele ferrasse tudo em algum momento e fizesse possível para que as
autoridades o capturassem. Ele nunca veria a liberdade novamente uma vez que o
governo colocasse as mãos nele.
—
Sim.
Darkness
não era a pessoa mais faladora. Kat olhou ao redor. O parque era abandonado durante
a noite e a água na frente dele parecia linda e os sons suaves foram se
acalmando. Ela olhou para ele.
—
Vem aqui com frequência?
—
Sim. – Ele a assistiu também. – Isso me dá um senso de paz.
—
Demônios são as coisas mais horríveis para se viver. – Kat deixou aquela
informação afundar.
Darkness ficou em silêncio por alguns
minutos e Kat imaginou se ele iria falar, talvez tivesse sido um erro segui-lo,
mas ela apenas não tinha sido capaz de resistir depois da cena que tinha
presenciado.
—
Ele estava zangado porque eu não falo quando deveria. – As palavras de Darkness
foram ditas tão suavemente que Kat se esforçou para ouvi-las.
—
Era sobre isso a luta?
—
Sim.
O
silêncio os cercou novamente, Kat queria ajuda-lo de algum jeito.
—
Quer falar sobre isso? Pode ajudar algumas vezes.
—
Isso depende.
Kat
esperou que Darkness dissesse algo mais, mas um minuto se passou. Ela
finalmente quebrou o silêncio.
—
Do quê?
—
Para quem você vai repetir isso?
—
Não entendi.
—
Sim, você entendeu.
Kat
realmente não tinha entendido, ele esclareceu isso, no entanto.
—
Você está a serviço ou fora agora, Kat?
Ela
imaginou novamente se ele continuava suspeitando de que ela não era quem dizia
ser.
—
Estou fora agora. O que você disser vai permanecer entre nós. Sei que você não
confia em mim, mas você pode. – Ela queria dizer isso.
Darkness
hesitou, virando a cabeça e olhou para a vasta escuridão da água.
—
Fury quer saber mais sobre o que aconteceu com meus irmãos.
—
Eles não estão aqui em algum lugar?
—
Não. – Darkness balançou a cabeça.
—
Na Reserva?
Darkness ficou quieto por alguns
minutos.
—
Eles estão mortos.
Cenários
ruins encheram a mente de Kat. Havings tinha matado eles? Eles tinham retornado
para as Indústrias Mercile e morrido lá? Alguns tinham morrido quando foram
invadidos pelas agências do governo. Outros tinham morrido durante as
tentativas de resgate nos outros locais. Tinha havido uma explosão ligado a um
dos centros associados com as Indústrias Mercile. Todo mundo tinha morrido, de
acordo com os novos relatórios. A ONE não tinha compartilhado muitas
informações com o público em geral, mas Kat tinha pegado o rumo com as
pesquisas. A ONE tinha tentando acessar os pisos inferiores da companhia, mas
eles estavam cobertos de explosivos; todos abaixo do chão tinham morrido antes
que pudessem ser resgatados.
—
Eu sinto muito. – Ela queria perguntar os detalhes, mas resistiu.
—
Eu também. – Darkness olhou para além da água. – Fury queria que eu falasse
sobre eles, mas recusei.
—
Por quê?
—
Não é uma história feliz para contar, não quero que ele sofra. Ele é um bom
macho.
—
Por que ele ficaria machucado? – Kat deixou as informações penetrarem.
—
Eles eram os irmãos dele também.
—
Você é relacionado com Fury North? – Choque rolou através dela.
Darkness
virou a cabeça em sua direção e rosnou baixo.
—
Desculpe, não queria dizer nada com isso. Apenas não esperava isso.
—
Somos meio-irmãos. Você vai compartilhar essa informação?
—
Não.
Kat
estava tentada a perguntar a ele para quem ele pensava que ela diria, mas se
conteve. Tinha ficado atordoada quando ouviu barulho e saiu para o pátio para
ver Darkness lutando com outro cara. A Segurança havia corrido para a cena e
terminado com aquilo rapidamente, mas ela tinha identificado o oponente dele.
Fury North era uma celebridade da ONE, quase tão popular tão bem conhecido
quanto Justice North.
—
Ele quer que fiquemos próximos, mas não permito que ninguém se aproxime.
Darkness talvez sofresse de problemas de
estresse pós-traumático. Kat apostava que ele tinha visto muita merda acontecer
quando Havings o tinha. Nenhuma delas tinha sido boa.
—
Você está recebendo aconselhamento?
A
carranca dele era resposta o suficiente. Kat selou os lábios, apenas para não
falar que procurar tratamento poderia ajudar.
—
Eu não preciso disso.
Ela
discordava. Darkness era um macho alfa e a maioria deles se recusava a admitir
que talvez tivessem questões duradouras e severas até que fosse tarde demais.
Claro que Darkness não era como nenhum que ela já tinha encontrado antes. A
infância dele tinha sido um pesadelo, então ele nunca tivera um tempo fácil
nisso.
—
Então você concorda em lutar com pessoas que se preocupam com você? Como isso
ajuda?
—
Não quero uma palestra. – Ele se virou.
Muito
justo.
—
O que você quer?
—
Quer realmente saber?
—
Sim. Eu não teria perguntado se não quisesse. – Kat se aproximou um pouco mais,
mas não o suficiente para tocá-lo.
—
Eu quero esquecer. – Darkness olhava diretamente para frente.
Kat
podia entender isso.
—
Mas Fury não vai deixar isso para lá. Ele vai continuar pressionando até que eu
conte a ele como eles morreram. Não quero que ele me odeie.
—
Por que ele iria?
—
Eu estava lá. – Darkness pausou, puxando poucas respirações. – Ele sabe disso,
mas não de tudo. Foi pedido que eu escrevesse um pequeno relatório, mas não
inclui muitos detalhes.
—
É muito duro falar sobre isso? É compreensível.
Darkness ficou em silêncio por tanto
tempo que Kat pensou que ele a tinha trancado para fora totalmente. Ela olhou
para a noite, apenas sentando ao lado dele. Ele respirou profundamente.
—
Éramos mantidos em tendas próximos aos outros durante os treinamentos. –
Darkness pausou, as mãos agarrando as calças acima das pernas. – Era a primeira
vez que fomos informados da existência um dos outros e nossa conexão sanguínea.
Eles nos fizeram fazer coisas. – A voz dele mudou, se aprofundando e se
tornando rouca. – Nos as fizemos. Eles disseram que os humanos que nos
ordenaram matar eram inimigos, rebeldes que tinham matado inocentes. Eles
estavam bem armados, mas não foram páreos para nós.
O
estômago de Kat se apertou um pouco enquanto a imaginação dela preenchia alguns
espaços vazios. Ela apenas esperava que eles não fossem soldados dos EUA.
—
Eles não falavam o nosso idioma. – Darkness parecia adivinhar para onde os
pensamentos dela tinham ido. – Eles estavam acampados nas montanhas. Chegamos á
noite. Eu não me senti tão ruim depois da terceira vez. Encontramos os restos
de um menino. Eles tinham mutilado e matado ele. Ele não podia ter mais que
doze anos.
Kat
piscou as lágrimas de volta, olhando para o lago também. A visão daquelas
pobres crianças deveria ter sido horrível. A urgência de alcançar e curvar os
dedos sobre a mão de Darkness – que continuavam segurando as pernas – a pegou,
mas Kat resistiu.
—
Não tivemos escolha. – Darkness clareou a garganta. – Se um de nós
desobedecesse, eles teriam matado os outros. Eles eram meus irmãos e queríamos
sobreviver. É contra nossa natureza desistir. Éramos teimosos.
—
Essa é uma coisa boa. Algumas vezes isso te mantém aguentando, não importa o
quê.
O
silêncio se esticou.
—
Uma noite eles nos ordenaram para invadir um acampamento e matar todos. Fomos
para lá, mas eles não tinham homens armados. Havia apenas fêmeas com crianças.
– A voz de Darkness se aprofundou em um rosnado. – Elas ficaram aterrorizadas
quando nos viram.
Seu
intestino se retorceu, Kat não queria realmente ouvir mais nada. Ela gostava
muito de Darkness.
—
Você não tem que me contar isso.
—
Nós nos recusamos a mata-los.
Ela virou a cabeça para olhar para ele,
seus olhares se encontrando. Alivio deslizou através dela.
—
O que aconteceu?
—
Os humanos no comando do projeto nos ordenou voltar e matar todos eles. – O
queixo de Darkness se ergueu e o rosto bonito estava claramente visível na luz
da lua. Ele estava sofrendo. – Nos recusamos novamente.
Kat
tinha a doentia impressão de que não ia gostar do que aconteceu depois.
—
Número Quatro não sentiu dor. Foi muito rápido. – Ele pausou. – Boom!
O
som súbito a fez pular.
—
Foi quão rapidamente ele morreu quando eles detonaram o colar dele.
Lágrimas
encheram os olhos de Kat, compreendendo que eles mataram o irmão de Darkness.
—
Não levou mais que uma carga para separar a cabeça dele dos ombros.
Jesus.
Ela
se aproximou, os dedos traçando as costas das mãos de Darkness, tão mais
quentes e largas que as dela. Kat queria confortá-lo.
—
Eles nos ordenaram ir novamente para matar a todos no acampamento. Eu olhei
para meus irmãos e vi a mesma emoção nos olhos deles que deveria estar na
minha. Nós recusamos.
Kat
adivinhava o que estava vindo.
—
Número Três fechou os olhos e estava acabado. Vi medo na expressão dele, no
entanto. Ele sentiu aquilo antes de morrer.
—
Eu... Sinto muito. – Kat sussurrou.
As
mãos de Darkness se viraram sob as dela e ele enlaçou os longos dedos ao redor
dos pequenos dela, segurando a mão dela. Darkness olhou para longe, olhando a
noite novamente.
—
Eles ordenaram novamente que nós matássemos. – Número Dois deu um passo á
frente e disse que iria fazer isso. Os instintos de sobrevivência dele eram
fortes, e ele era muito convencido de que não importava quem morria. Ele apenas
queria matar alguém como vingança. Não importava a ele se eles eram inocentes.
Eles eram humanos, era o suficiente. Eu poderia ver que ele tinha estalado.
Kat não podia culpar o irmão de
Darkness, mas estava horrorizada, sabendo que Darkness tinha sido parte da
morte de pessoas inocentes, apesar de ter sido forçado. Era o pior cenário que
nunca tinha esperado que alguém estivesse lá.
Darkness
ficou silencioso e Kat o assistiu até que ele olhou para ela e subitamente se
aproximou.
—
Você quer saber o porquê você deveria caminhar na direção contrária quando me
ver?
—
Você não teve escolha, Darkness. Era uma situação de matar ou ser morto.
—
Eu estourei o colar dele com minhas mãos nuas. – A voz dele se tornou um
rosnado. – Não poderia permitir que meu irmão matasse bebês e fêmeas indefesas.
Nunca vou esquecer o olhar nos olhos dele quando fui para frente e percebi o
que tinha feito. Eu vi traição e choque neles. – Darkness soltou a mão dela. –
Eu não hesitei. Sabia que eles iriam me matar antes que pudesse tirar se meus
reflexos não fossem mais rápido que dos humanos com o controle para meu colar.
Kat
piscou as lágrimas de volta, seu peito se apertando com a emoção que ameaçava
sufoca-la. Queria dizer a ele que tinha feito á coisa certa, mas estava com
medo de que começasse a chorar se fizesse isso; levou tudo o que ela tinha para
não se rasgar. Isso quebrou o coração dela e fez Kat respeitá-lo ainda mais.
—
Eu as limpei, mas o sangue e a mortes dos outros ainda permanecem aqui. –
Darkness ergueu as mãos com as palmas a encarando. Ele se virou, graciosamente
se erguendo. Darkness se manteve de costas para ela. – Acha que Fury vai
continuar querendo fazer parte da minha vida quando descobrir que matei um dos
nossos irmãos?
Kat
ficou de joelhos, então de pé. Ela tremia toda, emocionalmente exausta.
—
Você fez a coisa certa e acho que ele entenderia – Ela finalmente deixou sair.
– Por que eles permitiram que você vivesse?
—
Você pegou isso. Eu sabia que eles eram espertos. Era um teste. – O tom de
Darkness saiu rouco. – Eles precisavam descobrir se iríamos seguir ordens ou
morrer primeiro. Eles não contavam com o fato de que eu estava preparado para
matar meu próprio irmão para salvar os outros. O teste foi considerado uma
falha e fui mandado de volta para Mercile para o mesmo destino que os outros Espécies,
mas tive que sofrer com a culpa do que tinha feito.
—
Uma falha em que tipo de teste? – Isto era pior que cruel.
— Para ver se eles poderiam nos tornar
assassinos sem mente para manter sobre o controle deles. Isso não funcionou.
Eles acreditavam que não tínhamos alma, mas estavam errados.
—
Realmente lamento muito, Darkness.
—
O passado não pode ser mudado. – Ele deu de ombros e virou a cabeça, não
olhando para ela, apenas olhando para a noite, seu rosto de perfil. – Vou te
levar de volta para seu chalé para ter certeza que você não se meta em
problemas. Sabe que não está permitida a andar por Homelando sem uma escolta.
Vamos.
—
Não quero deixar você sozinho agora.
—
De volta para seu chalé, Kat. – Ele virou para olhar pra ela. – Nunca mais me
siga ou pode me pegar em um momento quando não estou me sentindo muito falador.
Não quero que você se machuque se eu estiver na defensiva. Foi isso que causou
a briga que você viu.
—
Não acredito que você seja um perigo para mim.
—
Você estaria errada. – Darkness correu os dedos pelos cabelos antes de empunhar
as mãos nos lados do corpo.
—
Você não machucaria uma mulher. Você mesmo disse isso.
Kat
poderia sentir o perigo, estava presente no ar quase como se fosse um cheiro ou
uma sensação, quase tangível. Ela se recusou a recuar, entretanto. Era
provavelmente estúpido, mas ela confiava nele com a vida dela. Darkness era
torturado pelo passado, mas era um bom homem.
—
Já matei uma fêmea antes.
A
notícia deveria tê-la surpreendido mais, mas Kat relembrou a vibração que
tivera quando ele a interrogou e o que tinha dito depois da aula dela.
—
O que ela fez a você?
—
Eu quero tanto você que algumas vezes tenho que lutar comigo mesmo para não te
pegar. – Darkness respirou profundamente e deixou isso sair vagarosamente.
O
coração de Kat deu um pulo, ela estava atraída por ele, mas notou que ele tinha
mudado de assunto. Parte dela queria pressionar por uma resposta sobre a
mulher, mas estava com medo que ele a mandasse embora novamente.
—
Vamos falar de sexo, certo? – Queria saber se eles estavam na mesma página.
— Eu não sou material para companheiro.
– O olhar de Darkness baixou pelo corpo de Kat, antes de se erguer para segurar
o olhar curioso dela.
—
O que isso significa?
—
Alguns do meu tipo escolheram humanas como companheiras. Eles não são tão
atormentados por dentro como eu sou. Eles se ajustaram melhor para a liberdade
e podem prover aquelas fêmeas com emoções positivas e delicadeza. Eu não posso,
contudo. Sou inquieto e não posso ter uma relação estável também. Não tenho um
coração, eu não me comprometo.
—
Quer dizer que você dorme com outras mulheres. – O ar congelou dentro dos
pulmões de Kat antes que o ciúme passasse.
—
Eu não escolho a companhia das fêmeas. – O maxilar de Darkness se tencionou, os
músculos duros. Ele hesitou. – Eu assusto a maioria delas. Elas me veem como
muito frio. Estou dizendo que nunca vou oferecer nada mais que prazer físico.
Darkness
era quente. Kat discordava completamente das fêmeas Nova Espécie se elas
realmente pensavam isso dele.
—
Entendido. Você não está procurando por nenhum relacionamento longo.
—
Eu não fico em um lugar por muito tempo. Me transfiro entre Homeland e a
Reserva com frequência. Vou visitar a Zona Selvagem por dias ou semanas algumas
vezes sem me preocupar de ficar dentro das cabanas colocadas lá. Eu gosto de
dormir lá fora. As companheiras precisam de um macho em tempo integral que
sempre esteja lá para protegê-las. Isso nunca acontecera comigo.
Mensagem
recebida. Darkness
estava oferecendo uma noite. Kat respirou profundamente e caminhou até ele.
—
Eu sou tipo muito boa para cuidar de mim mesma e não estou procurando por uma
relação longa também. Sou casada com meu trabalho, viajo muito também.
—
Está casada com ele agora?
—
Não estou trabalhando nesse momento. Esse é meu tempo pessoal.
Os
dedos cerrados de Darkness se abriram e ele cruzou os braços acima do peito,
observando-a com um pestanejar.
—
Você é uma humana.
—
Eu sou.
— Elas querem mais do que apenas
compartilhar sexo com um macho.
—
Você é um expert nelas? – Kat riu, divertida. – Se sim, aqui vai uma lição. Não
somos todas iguais.
—
Você quer me foder? – Darkness molhou os lábios com a língua.
Kat
deu mais um passo para perto, tendo que erguer o queixo para continuar olhando
nos olhos dele, e sabia que estava brincando com fogo. Ele foi contundente. Kat
o queria, no entanto, e tinha querido desde que tinham se encontrado pela
primeira vez. Não havia tempo que ela podia se lembrar de estar tão atraída por
um homem.
—
Você gosta de ser direto, não é?
—
Sim. – A voz dele se aprofundou.
—
Okay. Eu quero você, Darknees. Não estou procurando por um anel de casamento ou
um compromisso para a vida toda. Sou péssima com toda essa merda de
relacionamento, tentei e falhei nisso miseravelmente. Os homens tendem a se
ressentir do meu trabalho e sou independente depois disso. Eles também ficam
irritados quando sabem que poderia derrubá-los em uma luta.
—
Eu iria ganhar se nos enfrentássemos.
—
Você não me assusta. – Kat baixou o olhar para os poderosos braços de Darkness
e o corpo bem construindo, concordando. Ela ergueu a mão e a colocou no
antebraço dele. A pele de Darkness era quente ao toque, apenas como ele.
Darkness
vagarosamente liberou os braços e as mãos firmes e largas dele se fecharam nos
quadris de Kat. Um movimento e ela foi puxada contra o peito dele, duro o
suficiente para fazê-la arquejar. Seus corpos se pressionavam juntos. O monte
contra seu vente a assegurava que ele estava interessado também.
—
Esse é o único jogo que não quero jogar.
—
Não estou jogando.
Darkness
baixou a cabeça enquanto olhava para o rosto de Kat. Ela desejou poder ver
melhor os lindos olhos dele na noite escura. O cheiro da colônia masculina de
Darkness, ou seja lá o que cheirava tão bem, alcançou seu nariz. A urgência de
se aproximar se tornou mais forte.
—
Você deveria me dizer não enquanto pode.
—
Não quero dizer.
Darkness soltou uma respiração
irregular, seu peito invadindo o espaço dela e se pressionando contra seus
seios.
—
Vou te pegar. Entende isso?
—
Na sua casa ou na minha? Vamos.
Darkness
olhou ao redor e seu aperto nela se afrouxou.
—
Na sua. As patrulhas estarão aqui logo. – Ele segurou o olhar dela. – Ou vou
ter que pegar você de pé.
Sexy. Kat totalmente
podia fazer isso com ele na grama, mas não ia admitir aquilo.
—
Vamos.
—
Eu vou com algumas condições, Kat. – Ele se afastou e as mãos dele se foram.
—
Quais são elas?
—
Você vai fazer o que eu disser quando se trata de sexo. – Darkness hesitou.
—
Você é um daqueles. – Kat se sentiu um pouco desapontada. – Não sou do tipo
‘mestre e escrava’. Desculpe, mas não vou ficar de joelhos a um comando para te
chupar ou gosto de apanhar.
—
Não foi isso que quis dizer. Vou prender suas mãos na cabeceira, então você não
pode me tocar. Vai concordar com isso?
—
Por quê?
—
Lembra quando tive você no interrogatório? – Darkness hesitava. – Eu iria
perder o controle da situação se você tivesse suas mãos livres. Essa é uma
parte dos termos. Não haverá nenhuma dor envolvida, mas não sou um dos seus
humanos. Quero apenas te foder enquanto estou no controle. É mais seguro para
nós dois desse jeito, nunca se esqueça do que eu disse sobre um macho fora de
controle.
Tudo
o que eles compartilharam naquela sala de interrogatório passou pela mente de
Kat.
—
Quer repetir o que aconteceu entre nós antes, mas dessa vez você planeja
terminar o que começou?
—
Sim, essa é a metade dos meus termos.
—
Qual é a outra metade?
Darkness abaixou a cabeça e olhou dentro
dos olhos de Kat.
—
Não minta para mim nesse momento. Tudo o que sair da sua boca será a verdade
quando eu tiver você nua ou não diga nada.
O
intenso olhar dele a lembrava o porquê ela estava realmente lá. Aquilo
realmente diminuiu sua vontade.
—
Por que você quer me levar para a cama se acha que vou mentir pra você? É isso
que você está implicando.
—
Isso é apenas sobre sexo. A confiança é conquistada, mas somos estranhos. Vou
fazer disso uma condição, Kat. Sem mentiras entre nós quando estivermos nus.
Minta para mim em qualquer outro momento e não vou levar isso para o lado
pessoal, você nunca vai querer que eu me sinta traído por você. Entende? Isso
seria perigoso.
Kat
entendia e isso a assustou. Darkness tinha deixado claro que suspeitava que ela
estava em Homeland por outras razões que ensinar aulas. Isso estava lá entre
eles, mais largos que a vida.
—
Eu entendo e aceito os termos.
—
Também, isso vai ficar apenas entre você e eu. Ninguém vai saber o que acontece
entre nós sexualmente. Você concorda?
—
Sim. – Ela o queria.
Era
uma barganha que esperava não se arrepender. Darkness tinha dado a ela a opção
de não falar nada se algo que ele perguntasse cruzasse a linha onde ela teria
que mentir. Kat apreciava isso, mas o silêncio ia falar mais do que apenas
cuspir a verdade. Era estúpido segui-lo de volta ao seu chalé, mas ela o queria
o suficiente para arriscar isso. Mesmo que significasse colocar sua carreira na
linha.
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