domingo, 2 de novembro de 2014

Capítulo 013


Capítulo Treze 
Joy destrancou a porta da frente do seu apartamento um pouco depois das dez horas da noite. Tinha sido um pesadelo lidar com o problema no trabalho. Conseguiu alcançar o hospital dentro de duas horas, mas não esperava o circo de três anéis que encontrou lá. Seu chefe chamou uma equipe de advogados para proteger os direitos dos seus clientes.
O advogado exigiu que ela respondesse para ele com respostas sussurradas cada pergunta da polícia. Ele que falou com eles diretamente depois de filtrar o que ela disse. Foi um lento e chato processo que levou horas.
Jogou seus sapatos dentro da porta e a trancou. Bateu no interruptor e luz encheu o espaço aberto que associava a cozinha com a sala de estar. A casa de vinte e um metros quadrados não era grande, mas era acessível. Um balcão longo que usava como mesa de jantar era a única coisa que separava os cômodos. A solitária banqueta era uma lembrança de sua vida solitária. Sentia falta de Moon.
A viagem para seu quarto foi rápida. A cama de solteiro combinava com a mobília e era mais apropriada para um adolescente, mas com o espaço limitado permitiu que ela usasse um lado do quarto como um escritório. Ligou seu computador para verificar os e-mails e notou que sua secretária eletrônica piscava enquanto esperava por elas carregarem. Bateu o botão para checá-las.
— Oi Joy. É mamãe. Não se esqueça de ligar para a Tia Margie na terça-feira. Ela está tendo uma cirurgia novamente e você sabe como ela fica. Tenha certeza que ela não reescreva seu testamento. O pobre do Markus está cheio dela dizendo que vai morrer. Dê a seu primo um descanso a acalmando. Amo você.
Joy estremeceu quando escutou as próximas quatro mensagens de seu chefe. Ele as deixou antes deles se falarem pelo celular. A última mensagem era outra lembrança que ela perdeu totalmente o toque com sua própria vida quando se apressou para estar com Moon.
— Você está bem? — Era voz de Meg. — Eu sei que você está estressada com a inundação de novos clientes que foi empurrada para você quando seu parceiro se aposentou, mas você nunca me dá um bolo. Estou preocupada. Ligue-me.
Agarrou o telefone e discou. Meg respondeu no primeiro toque.
— Eu sinto tanto. Espero que não seja muito tarde para ligar.
— Nunca. Eu estava fazendo um lanche. Direto dos meus lábios para os meus quadris esta hora, mas estou aconselhando alguém com um transtorno alimentar. Eu de repente não me importo se eu ganhar alguns quilos. Estar no peso perfeito é exagerado. Chega de falar de mim. Como você está?
Joy sorriu e sentou em sua escrivaninha.
— Estou bem.
— Você sempre me liga se não é capaz de nos encontrar na nossa noite de filme.
— Eu sinto muito sobre isto. A vida meio que tomou uma virada surpreendente. 139

— Você precisa de mim em modo profissional?
— Não. — Joy riu. — Só relaxe e seja minha amiga.
— Você diz isso para não ter que me pagar.
Era uma piada entre elas.
— Facilita ambos os lados. Eu não te processei quando você divagou sobre seu ex-namorado.
— Verdade. O que está acontecendo? Eles estão abusando muito de você no hospital? Eu continuo te dizendo que prática privada paga mais e as horas são muito estáveis.
— Não. — Joy debateu o que dizer. — Meu passado meio que veio à tona e me mordeu. — Subconscientemente esfregou onde Moon afundou seus dentes nela. Ainda estava um pouco sensível. — Eu tirei algum tempo de folga do trabalho para lidar com isto. Sabia que você iria monstruosamente enlouquecer se não ouvisse de mim e não quero que você fique preocupada. Eu estou viva e bem. Não estarei por aqui por um tempo até que eu resolva isto.
Meg ficou muda por longos segundos.
— O que está acontecendo? Eu não consigo pensar em qualquer coisa que te distrairia ao ponto de me dar um bolo e ficar um tempo longe dos seus clientes.
— Lembre quando eu me mudei para sua casa por algumas semanas? É sobre ele.
— Merda. O cara que você se apaixonou? Ele apareceu em seu escritório pedindo que você o aconselhasse novamente?
— Não. Vamos apenas dizer que nós nos chocamos um no outro e eu passei algum tempo com ele.
— Ele ainda está maciçamente gostoso?
— Até muito mais.
— E ele não é mais seu cliente.
— Não.
Meg suavemente xingou.
— Você foi até lá, não é? Eu lembro o quão deprimida você estava. Eu nunca te vi tão pendurada em um cara. Você até recusou me dizer qualquer coisa sobre ele.
Joy sabia o que Meg queria saber.
— Eu fui até lá. Nós fizemos sexo.
— Oh meu Deus! — Meg soou surpresa. — Certo. Faz alguns anos. Ninguém podia te acusar de qualquer coisa pouco ética. Pelo menos em teoria. — Pausou. — Como foi? Por favor, diga-me que ele não é um daqueles tipos que tem aparência, mas totalmente sem noção na cama. Você foi por o inferno por esse cara. Valeu a pena?
Calor esquentou a barriga de Joy só de lembrar os momentos íntimos com os quais compartilhou com Moon.
— Foi cem vezes melhor do que qualquer coisa eu já fantasiei.
— Estou contente e um pouco com inveja.
— Obrigada. Eu só voltei para casa para empacotar algumas das minhas roupas e depois estou voltando para ele. Eu não quero que você se preocupe se não ouvir de mim. 140

— Então você temporariamente se mudou para sua casa?
— Hã, não exatamente. Estou ficando no mesmo lugar que ele está.
— Isso soa misterioso e vago. Você quer expandir nos detalhes?
Não podia dizer a Meg sobre Homeland sem dizer que Moon era Nova Espécie.
— Para falar a verdade não. Eu ainda estaria com ele, mas tive que lidar com uma emergência no trabalho. Parei em casa para empacotar minhas malas já que estou só a alguns quarteirões de distância do hospital.
— Está tudo bem? — Não pediu especificidades, sabendo que não podia dar detalhes precisos de ninguém que ela tratou.
— Alguém arrombou os escritórios enquanto todo mundo estava fora.
— Um viciado em droga procurando por drogas?
Era um problema comum em sua linha de trabalho.
— Não. Seja quem for, eles abriram e bagunçaram com todos os meus arquivos.
— Você está bem?
— As páginas não estavam na ordem em alguns dos arquivos e sou meticulosa sobre isto. Mas nada estava faltando e a copiadora que usamos mantém registros de tudo que imprimimos. Eles não fizeram duplicatas. Claro, isso não significa que eles não usaram alguma outra tecnologia para fazer isto. Para tudo que sabemos, eles podiam ter tirado fotografias de todas as páginas com seus telefones.
— Merda!
— Eu sei. A polícia ainda estava polvilhando para descobrir impressões digitais quando eu parti. Espero que eles localizem alguns e descubra quem fez isto. Eu tive que ligar para todos os meus clientes para deixá-los cientes sobre a invasão de privacidade. O advogado teve um ataque, mas o que mais eu deveria fazer?
— Era seu dever informá-los.
— Foi isso que eu disse, mas o imbecil estava preocupado que nós fossemos processados.
— Ótimos.
— Sim. — Joy olhou no relógio. — Olhe, eu preciso ir. Eu tenho que voltar, hã, para ele, e eu preferiria que ele não soubesse que eu sai. Nós vamos nos encontrar de manhã. Eu tenho que empacotar roupas suficientes para durar por uma boa semana, por via das dúvidas que eu fique lá tanto tempo. Seria bom dormir um pouco hoje à noite.
— Você nem vai me dar um nome, huh?
— Não. — Esperou que isso mudasse se ela e Moon pudessem trabalhar além de seus problemas. Um dia adoraria apresentá-lo para as pessoas importantes em sua vida.
— O que seu chefe diz sobre sua licença?
— Ele não ficou feliz, mas eu tinha tempo de férias. Eu o usei. Tenho nove dias para descobrir se eu devia retornar ao trabalho ou me demitir.
Meg não disse nada.
— Você está aí?
— Presumo que ele vive muito longe do hospital para substituir o trabalho diariamente se as coisas ficarem sérias entre você dois? 141

Eles já estavam, mas não declarou isto. Amava Moon. Não podia ficar mais sério que isto.
— Sim.
— Você não acha que poderia estar agindo por impulso? Esta é a sua carreira, Joy. Eu sinto a necessidade de assinalar que seria um erro fazer uma decisão precipitada. Namore-o durante algum tempo e dê tempo antes de você alterar sua vida para combinar com a dele.
Não era como se Moon pudesse deixar Homeland para viver com ela. Teria que fazer sacrifícios. Ele poderia estar disposto a ter uma relação à distância, mas ela não. Só fazia seis horas desde que o viu e sentia tanto sua falta que roeu nela. O conceito de só passar o tempo com ele em seus dias de folga não era aceitável.
— Você tem um trabalho e seu apartamento para pensar a respeito. Eu sei que não é independentemente rica. — Meg suavemente cutucou. — Você não tem condições de se demitir e fazer o pagamento da sua hipoteca. Mantenha tudo isso em mente antes de você fazer qualquer coisa que pudesse ter consequências medonhas.
— Anotado terapeuta. — brincou. — Estou agradecida que você se importa e ficaria impressionada se pudesse espiar em meu processo de pensamento. Eu preciso ir.
— Certo.
— Não se preocupe comigo. Eu tenho esperanças que as coisas podem funcionar de um modo que realmente me faria feliz. — Desligou e focou no computador.
* * * * *
Moon não conseguia se sentar quieto e sabia que isto irritava Harley.
— Pare de me olhar como se eu fosse explodir em ira. Eu não bati em nada ainda, mas isso pode mudar.
— Você está agindo como um tigre enjaulado. — Um cintilar de diversão se mostrava em sua expressão. — E você certamente não parece com um. A forma do seu olho está errada, mais você não está mais atrás das barras.
— Esta é sua versão de me ajudar? Ela partiu. Novamente. Pare com as tentativas de me tirar do mau humor. Não funcionará.
Harley mudou sua posição lentamente onde se sentou no sofá.
— Vocês discutiram?
— Não.
— O sexo foi ruim?
Moon virou para ele.
— Ela é humana. Era uma pergunta legítima. Você se controlou, certo? Teve a certeza de não assustá-la? Você sabe o procedimento. Tem que dar elogios educados a elas e ir realmente lento para elas não acreditarem que ficaremos violentos quando as coisas ficarem quentes.
— Ela não teve medo.
— Aceitarei sua palavra já que eu não estava lá. Ela lidou bem com você quando estava drogado. Inferno, eu não teria tirado minhas roupas ao seu redor quando você 142

estava naquela condição e eu sei que nem sou seu tipo. Você estava sem lucidez. Não havia como dizer o que você faria.
— Harley!
— Talvez ela fugiu com medo de outra coisa.
— Como o que? Ninguém aqui ousaria ameaçá-la. — Suspeita atingiu. — Você acha que um dos machos disse algo para ela? Dois deles estavam estacionados do lado de fora da acomodação humana.
Harley ficou de pé.
— Smiley é muito amigável com humanos e Darkness a evitaria. Aquele macho não é social, mas ele não aterrorizaria uma fêmea. Quis dizer que ela poderia ter precisado algum tempo para pensar nas coisas sem ter você invadindo seu espaço.
— Eu devia falar com eles para ter certeza que não havia um problema.
— Agora você está só sendo cabeça dura. Ela é uma fêmea. Está em sua natureza fazer coisas que nós não entendemos. É parte da razão pelo qual somos tão atraídos por elas. — Cruzou os braços sobre seu tórax e sorriu. — Ela retornará. Pense como se você fosse um humano.
— Eu não sou.
— Verdade. — Harley assentiu. — Sua vida drasticamente mudará se vocês dois tornarem-se companheiros. É para sempre e ela não é ingênua sobre quem nós somos. Divórcio não está na mesa se ela concordar se tornar sua. Significaria desistir de um trabalho que estou certo que significa algo para ela e deixar o mundo lá fora. Elas têm família e amigos para considerar também. Eu não tenho nenhum filho, mas se eu tivesse, ficaria desconfiado em enviar o meu para o mundo lá fora onde eles poderiam se ferir. Seu povo poderia se sentir do mesmo jeito sobre nosso mundo. Talvez eles não sejam fãs de Espécies e acreditam em todas as coisas ruins que ouvem dos nossos inimigos.
Moon franziu a testa, não apreciando a sensação nauseada que experimentou. Seria difícil convencê-la a ser sua companheira se seu povo se fixar contra isto. O tumulto sentimental que causaria decidir entre eles ou ele seria grande. Só ela podia imaginar suas reações já que nunca conheceu ninguém de sua vida pessoal.
— Faz muito tempo desde que ela esteve ao redor de Espécies e nós evoluímos. Levará um tempo de ajuste também, Moon. Humanos entram em pânico quando são enfrentados a compromissos de longo prazo. É por isso que eles têm aquela citação “pés frios”.
— Eu não mencionei nada sobre torná-la minha companheira.
— Ela não é cega. Você tem todos os sintomas que são fáceis de localizar.
— Não para ela.
— Ela aprendeu muito sobre nós depois que fomos libertados.
— Ela lidou com Espécies diretamente da Mercile. Não havia nenhum par acasalado no Setor Quatro.
— Verdade. — Harley deixou seus braços caírem aos seus lados e encolheu os ombros. — Acredito que tem sentimentos fortes. Ela retornará. Dê a ela algum tempo.
— E se ela não voltar? 143

— Nós podíamos pedir para a equipe da força tarefa a seguir e a trazê-la de volta. Ela seria fácil de localizar e agarrar.
Moon estava tentado a ligar para Trey Roberts. Eles eram amigos e o macho era sempre útil. Só levaria cerca de uma hora para juntar uma equipe. Mentalmente escolheu três outros membros que confiaria a Joy. Melhor ainda, ele iria com eles. Eles só precisariam de um veículo. Tim Oberto precisava ficar de fora desde que o humano quereria aprovação de Justice, Fury, Slade, ou de um dos membros do conselho para coletar uma fêmea humana do mundo lá fora.
— Você está tramando isto em sua cabeça agora mesmo, não é?
Moon olhou fixamente para Harley. O macho teve a audácia de rir.
— Era uma piada. Você levou isso para o lado ruim. Você está certo que suas bolas ainda estão presas?
Rosnou insultado.
Harley levantou suas mãos à medida que se levantava.
— Certo. Entendi. Isto não é engraçado para você. Estou certo que me provocará se eu um dia achar uma fêmea que me enlouquecerá. Sem mais brincadeiras. Você não pode enviar uma equipe atrás dela. Você pode imaginar o quão apavorada ela ficaria por ter o equivalente a equipe da SWAT de repente a cercando? Ela poderia lidar com isto bem, mas aqueles próximos a ela iriam pirar. Chamaria atenção da mídia e Justice teria que fazer conferências de imprensa para desfazer o dano. Ele seria infeliz em ter que assegurar o público que não estamos saindo por aí sequestrando suas fêmeas para serem nossas companheiras.
Mas quando? Em outros dois anos? Não conseguia nem dizer as palavras para expressar aquele medo.
Harley pareceu preocupado.
— Ela tem fortes sentimentos por você. Você não estava lá quando ela estava enfrentando uma sala cheia de machos. A fêmea é feroz quando se trata de você. Eu acharia que isto é um caso de nervosismo. Eles não são tão focados como nós em conseguirmos e manter o que queremos. Eles tendem a ir atrás de algo, pegá-lo, e entrar em pânico quando percebem que eles estão em seu poder. Você se apaixonou por um humano então precisa aceitar suas falhas.
— Certo. — Precisava ficar sozinho e pensar.
— O que isso quer dizer?
— Ela retornará a mim. — Ainda que ele tivesse que certificar-se disso.
— Por que nós não vamos dar uma corrida? Drenará um pouco de sua energia inquieta. Você ainda está com a ferida muito aberta.
— Eu estou bem.
— Mentira. — Harley acusou. — Você está qualquer coisa menos bem. Eu ficaria puto se ela me abandonasse. Você precisa correr e transpirar isto.
— Eu tive transpiração suficiente para durar por toda vida. — Teve uma retrospectiva do que suportou no Centro Médico.
Harley sorriu.
— Verdade. Isso foi infernal. — Respondeu. — Eu não posso entregar o bastardo que te machucou para você poder bater nele até formar uma massa sangrenta ou 144

perseguir sua fêmea desobediente. O que eu posso fazer é te ajudar a lidar com a raiva. Nós correremos ou levaremos isto para os tatames se você precisar lutar. Você certamente não pode buscar uma fêmea para te distrair já que você só quer Joy.
Ele a queria da pior maneira. Primeiro, gritaria com ela por deixá-lo depois a seduziria para provar que pertence a ele.
— Eu estou bravo. — admitiu. — Eu sei que eles pegarão aqueles envolvidos com o ataque. Paciência ainda não é minha melhor característica, mas eu sei que é só uma questão de tempo antes deles serem trazidos para nós. Preciso ficar sozinho e pensar a respeito de Joy.
Harley olhou para baixo e sorriu.
— Sente falta dela tanto assim, né? Deve ser mais difícil com seu cheiro agarrado em você. — Seus olhos faiscaram com diversão quando olhou de volta para cima.
— Você disse que pararia de fazer piadas.
— Desculpe. — Encolheu os ombros. — Você não teria deixado essa passar também se fosse com qualquer outro. Eu dormirei aqui hoje à noite para te fazer companhia.
— Vá para casa. Prometo que eu não destruirei minha casa ou ligarei para Trey juntar uma equipe.
Harley o estudou com suspeita.
— Eu achei minha companheira, mas ela fugiu de Homeland. Eu só quero algum tempo para me ajustar a tudo. Eu preciso de um pouco de espaço e silêncio. Era mais fácil achar tranquilidade no silêncio de nossas gaiolas na Mercile.
— Certo. Me ligue se precisar de qualquer coisa. Eu manterei o telefone ao alcance a toda hora. Nós compartilharemos o café da manhã se eu não ouvir de você até lá.
— Obrigado.
O abraço que compartilharam não foi estranho. Era uma lembrança de que alguém se importava com ele e o laço entre eles era forte. Ele achou uma família em Harley. Eles se separaram.
— Ligue-me se você precisar conversar. — Harley murmurou. — Ou queira alguém para se sentar com você.
— Eu irei.
Moon o assistiu ir e esperou um minuto inteiro para ter certeza que ele não retornaria antes de girar e entrar em seu quarto. Abriu a porta do closet, acendeu a luz, e examinou sua roupa. Escolheu couro preto quando puxou a jaqueta do cabide. Jogou-a pelo quarto para cair sobre a cama. Calça jeans seguiu, junto com suas botas.
Uma equipe não seria enviada atrás de Joy. Harley lembrou-se que causaria uma cena se houvesse quaisquer testemunhas ao redor dela quando eles chegarem. Um macho não chamaria atenção demais, entretanto. Rosnou baixo, saindo do closet para tomar um banho rápido.
— Eu mesmo irei atrás dela. — Porra de esperar. Ele passou dois anos sem Joy depois que ela correu dele e se recusou a permitir que ela fizesse isso uma segunda vez.
* * * * * 145

Culpa era uma emoção que Moon raramente experimentava. Ele não catava mentiras ou fazia coisas que sabia que eram erradas. Até hoje à noite. Teve a certeza de mascarar sua expressão enquanto segurava o olhar do oficial de plantão no portão escondido. Era uma saída de emergência no caso de ataque ou se eles precisassem mover alguém para dentro ou fora de Homeland escondido.
— Eu não te reconheci nessas roupas, Moon. — True era um macho que foi roubado por alguns dos empregados da Mercile antes da instalação ter sido invadida para libertar os Espécies. Ele foi localizado mais tarde e recuperado com uma dúzia de outros. — Isto é uma motocicleta? — Estudou a máquina entre as coxas de Moon. — Eu nunca vi uma a não ser na televisão.
— Harley as ama e cada um de nós mantém uma aqui. Ele tem cinco delas em sua casa na Reserva.
— É bonita. — O macho caminhou em torno da moto, admiração em seu olhar. — É difícil dirigir com apenas duas rodas?
— Eu sugeriria aprender em uma moto de trilha na Reserva primeiro. Foi isso que nós fizemos.
O macho sorriu quando pausou na frente dele novamente.
— Eu não irei para lá durante algum tempo. Fui atribuído para começar a trabalhar com a força tarefa logo.
— Eu lembro. Você vai nas missões de salvamento com eles para poder fazer o primeiro contato com os Espécie.
— Eu gosto dos humanos da força.
— Trey ficou impressionado com sua habilidade de lidar com a aversão a humanos quando treinou com eles. Ele te recomendou para o trabalho.
— Eles não são nossos inimigos. — Sua voz aprofundou. — Eu só tenho um problema com as pessoas que prejudicam outros que não podem lutar de volta.
— Estou contente que você está se ajustando tão bem. Abra o portão.
O macho não se moveu.
— Por quê?
— Eu vou patrulhar. — Empurrou o capacete, odiando a mentira. — É algo que eu faço de vez em quando.
— Espécies não deixam Homeland sem uma escolta completa.
Ele sabia das regras.
— Dê uma boa olhada em mim. O capacete cobre meu rosto e o vidro é pintado. Você pode ver meu rosto através dele, até com sua visão?
True chegou mais perto, olhando atentamente para ele.
— Não.
— Exatamente. — Flexionou suas mãos enluvadas nos guidões. — Cada centímetro de mim está coberto. Eu parecerei humano. É um ótimo disfarce. — Esperou que o macho aceitasse uma ordem direta dele, mas True não era ingênuo. — Ninguém sabe que nós compramos a casa do outro lado deste portão. Eu sairei da estrada como 146

se eu fosse um humano vivendo lá. Às vezes nós patrulhamos do lado de fora dos nossos muros.
— Ninguém me informou disto.
— Nem todos sabem sobre a localização deste portão também. — Esperou que isso cessasse o assunto. — Abra o portão. Eu voltarei pelo portão principal. Os humanos vendo não pensarão nada de uma moto entrando, mas poderiam ter suspeitas se uma saísse.
— Eu preciso contatar alguém para ter permissão.
— Você está desperdiçando tempo. — Moon rosnou para mostrar a ele desgosto e frustração. Precisava ir atrás de Joy. — Abra o portão agora. Esta é uma ordem direta.
True franziu a testa.
— Você escolheu este local porque esperou que eu não soubesse o procedimento, não é? Eu não sou ingênuo. Eles teriam me informado se você fosse vir aqui. Você quer deixar Homeland sem ninguém saber disto. Por quê?
Merda! Moon sabia que seu plano falhou. Ele podia atacar o macho e ir, mas deixaria o local desprotegido. Teria que derrubar True para passar por ele. Não arriscaria uma invasão em Homeland.
— Você esteve doente. — True chegou mais perto. — Você está experimentando instabilidade? Eu fui informado que você estava completamente recuperado. — Seu tom suavizou. — Diga-me o problema e eu farei o que quer que eu possa para ajudar. Você quer sair porque você está se sentindo preso?
Os ombros de Moon caíram. O nível de remorso em tentar enganar aumentou.
— Eu me desculpo. Esperei que você não me questionasse. Eu não tenho permissão para sair.
— Você deseja ir caçar as pessoas que machucaram você? Eu entendo se você fizer isso, mas a força tarefa não teve qualquer pista ainda. Eu sou amigo de alguns deles e seríamos informados se eles estivessem se preparando para uma missão. Indo lá fora cegamente não fará nenhum bem.
— Não é por isso que eu quero sair. — Ele era um mentiroso ruim e não tentou novamente.
True estendeu a mão e agarrou seu antebraço coberto de couro.
— Você quis se libertar. Homeland é grande, mas você está provavelmente se sentindo contido dentro de nossos muros. Por que você não pede para ser enviado para a Reserva? Talvez alguns dias na Zona Selvagem com alguns dos residentes te fará algum bem.
Moon estendeu a mão para cima no segundo que True o largou e arrancou seu capacete.
— Minha fêmea está lá fora. Ela partiu e eu quero tê-la de volta.
Surpresa arregalou as olhos de True.
— Ela é humana. Já ouviu falar do termo “pés frios”? Harley acredita que ela sofreu um ataque disso quando ela percebeu que eu quero acasalar com ela. Eu a deixei na habitação humana, mas descobri que ela tinha ido embora. Eles verificaram no portão principal que ela deixou naquela direção.
True balançou a cabeça. 147

— Eu não conheço esse termo, mas quer dizer que ela estava assustada e fugiu?
— Sim.
— Isto é chato. — O macho recuou alguns centímetros. — Como você a achará?
— Eu procurei seu endereço. Eles fizeram uma pesquisa completa antes deles mandarem buscá-la depois que eu fui drogado. Eu estive fora com a equipe da força tarefa o suficiente para conhecer suas leis de transito. Eu quero falar com ela e a convencê-la a voltar para casa comigo.
— Você está certo que ela é sua companheira?
— Bem certo. Eu estou dizendo mentiras e quebrando regras tentando vê-la.
— Você acredita que ela sente profundamente por você?
Moon assentiu nitidamente.
— Sim.
— Meu turno termina às seis da manhã. — Agarrou seu cinto e retirou sua arma, oferecendo-a a Moon. — Pegue. Você pode precisar disto. Ouvi que o mundo lá fora é bem perigoso.
Moon estava muito surpreso para se mover.
— Eu me importei com uma humana uma vez. Eu poderia ter feito algo realmente tolo se fosse me dada chance de ficar com ela. Eu estava errado sobre ela ser uma boa fêmea então não funcionou para mim. Boa sorte, Moon. Volte antes do meu turno acabar, assim eu posso te colocar para dentro. Nós dois estaremos em apuros se descobrirem que deixei você ir.
Gratidão finalmente atravessou seu choque. Ele aceitou a arma, enfiou no cós de sua calça jeans, e fechou o zíper de sua jaqueta.
— Obrigado.
— Seja cuidadoso. Não esqueça, meu turno termina às seis. Às vezes eles vêm cinco ou dez minutos mais cedo.
— Obrigado. Te devo um enorme favor.
— Pegue sua fêmea e seja feliz. Desejo isso para você.
Moon empurrou o capacete de volta enquanto True destrancou o portão, abrindo a partição sólida que se assemelhava ao tijolo do outro lado para combinar com o resto da parede. Ligou o motor e lentamente empurrou para frente. Atirou ao macho um olhar agradecido que ele não podia ver pelo vidro tingido enquanto entrava no quintal da casa ao lado, sem ligar o farol até que alcançou a rua residencial.
Estava entrando no mundo lá fora para achar Joy. Ele fez isto! 148

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