domingo, 2 de novembro de 2014

Prólogo

Prólogo 
O passado
Dia 159 depois que o primeiro Nova Espécie foi libertado.
Joy tentou relaxar na cadeira, mas a preocupação pelo seu cliente a incomodava. Olhou no relógio, notando que ele estava atrasado novamente. Minutos passavam enquanto sua raiva crescia. Era a quarta sessão seguida que 466 faltava. Fez isto de propósito. Sabia que estaria enfurecido pelo o que ela fez por vingança, mas ele a deixou sem escolha.
O som alto de um rosnado ameaçador a assustou. Seu olhar voou para a porta um segundo antes dela ser escancarada. O 466 pairava no corredor, seu rico cabelo marrom estava bagunçado como se o tivesse secado de cabeça para baixo com um secador para dar aquele volume. Raiva mostrou-se em seu olhar escuro e estreitado. Ela achou que ele foi a fonte do barulho.
Ele foi empurrado para frente quando um dos guardas entrou no escritório atrás de seu cliente.
— Aqui está ele. Não estava feliz, mas nós o pegamos. — O homem atirou um olhar feio para 466. — Quatro de seus homens o convenceram a vir, ou nós teríamos que arrastar o traseiro dele para cá em correntes. Ele queria lutar comigo.
Estremeceu.
— Por favor, sente-se 466.
— Parece que eu não tenho escolha. — Caminhou até a cadeira na frente de sua mesa e soltou o grande corpo com força suficiente para fazer a mobília gemer. — Tanta coisa para dizer que estamos livres.
— A terapia foi acordada pelo seu povo e o meu. Isto é para ajudar você.
Ele cruzou seus braços musculosos em seu tórax grande, uma aparência chateada em suas características bonitas enquanto olhava fixamente para ela.
— Se você diz, mas eu não desejo estar aqui. Você fala, eu escuto, mas termine isso rápido.
— O importante da terapia é você conversar comigo. Expor seus sentimentos fará esta experiência bem sucedida.
Ele a considerou com aqueles olhos marrons dele. Eram bonitos, estranhos, ainda assim chamavam sua atenção toda vez. E tinha cílios tão longos. Mexeu-se em sua cadeira e cruzou seus próprios braços.
— Eu não quero competir com você novamente pra ver quem encara mais. Nós dois sabemos que você ganhará. Você sempre ganha. — Suspirou. — Sinto muito que tive que ordenar que o trouxessem aqui, mas você tem que vir para estas sessões. 4

Silenciosamente continuou a olhá-la. Ele era um mestre em deixá-la desconfortável. 466 tinha um modo de olhar para ela como se pudesse ler sua mente. De todos os sobreviventes que aconselhou, ele era sua maior preocupação. Não tinha nenhuma ideia de seu estado emocional, como estava se ajustando com seu novo ambiente, ou até se ele tentou se entrosar.
— Ouvi que você não está aprendendo nenhum esporte.
Ele piscou.
— Você está passando tempo demais sozinho e está fugindo dos guardas e se afastando muito do motel. Você tem que saber o quanto isto é perigoso.
Ele não disse nada.
— Eles estão aqui para proteger você. Eles não podem fazer seu trabalho se você não se comportar. Este é um local seguro. Você tem que ficar onde é seguro. E se alguém te ver? Os repórteres desceriam na área para procurar pelo seu povo.
Ele bocejou e continuou a observá-la. A frustração de Joy subiu. Ela tinha tanta paciência e 466 estava sempre a pressionando. Ele podia fazer um santo enlouquecer e, infelizmente, ela não era perfeita nem de perto. Foi uma decisão emocionalmente desgastante fazer o trabalho no meio do deserto neste local secreto. Teve de se afastar de todo mundo que conhecia, e lidar com alguém que não apreciava seus sacrifícios começou a irritá-la.
Ela se debruçou e pôs suas mãos abertas na mesa.
— Tudo bem. Obviamente quatro sessões por semana comigo não está te ajudando muito.
Seus lábios cheios curvaram para cima e estava certa de que era felicidade que brilhou em seus olhos, a primeira que já viu. Isso fez seu temperamento ficar tão quente que podia visualizar o sangue fervendo.
— Finalmente concordamos. Sem mais sessões. — Descruzou seus braços e pareceu pronto para partir. Seu traseiro deixou a cadeira à medida que ela falava.
— Não tão rápido.
Sentou de volta devagar, mas o sorriso morreu enquanto seu olhar endurecia.
— Estou aumentando o número de sessões para sete dias por semana. — Isso teve uma reação de raiva. Gostou um pouco de ver isto já que ele parecia gostar de fazer de sua vida um inferno. Era sua vez de sorrir.
— Você vai conversar comigo, 466. Estou tentando fazer meu trabalho e vou te ajudar, você queira ou não. Nós passaremos mais tempo juntos até que você se sinta confortável para se abrir comigo. Eu quero saber por que você é antissocial com seu próprio povo, o que você tem contra aprender a praticar esportes, e como você está se ajustando a vida fora da instalação de teste. Eu não posso te liberar dando uma fixa limpa até que nós cubramos todos esses fundamentos. — Debruçou-se de volta. — Não é como se todas essas sessões adicionais fossem acabar com sua vida social. Você não tem uma.
— Você realmente não forçaria mais sessões. Eu te deixo infeliz e você não gosta de mim.
Sua suposição a surpreendeu. 5

— Eu não repugno você. Eu não te conheço muito bem porque você não conversa comigo. Além disso, isto é irrelevante.
Ele girou a cabeça para dar um olhar ameaçador para o guarda parado na porta.
— Faça-o partir.
O guarda bufou.
— Isso não vai acontecer. Você conhece o procedimento.
466 olhava fixamente para ela e relaxou em sua cadeira.
— Você acha que eu vou te matar?
Perguntou-se às vezes se ele a odiava. Era óbvio que se ressentia da terapia exigida, mas não acreditava que atacaria uma mulher. Não viu quaisquer indícios de que fosse cruel e não exibia propensões de ser um tirano.
— Não.
— Você quer que eu fale?
— Isso seria uma mudança boa. Sim.
— Faça o guarda sair. Eu não vou me abrir para ninguém, além de você. Li sobre sigilo do paciente. Eu quero isto.
Suas sobrancelhas curvaram em surpresa.
— Todos os guardas juraram manter nossas sessões privadas. Ele não tem permissão para repetir qualquer coisa que ouvir. Ele está presente porque sou uma mulher. É para nossa proteção mútua.
— Você acha que vou te matar. — Franziu a testa. — Ou você acha que te levantarei, rasgarei suas roupas e te montarei contra a parede? — Sorriu maliciosamente enquanto o olhar abaixava pelo seu corpo. — Uma referência a uma história sobre pescaria que aprendi no último mês da viagem obrigatória me veio em mente, eu te jogaria para trás por ser muito pequena. Não seria divertido para mim. Você quebraria se eu fodesse algo tão frágil.
— Olhe o que você fala e mostre algum respeito. — o guarda ordenou, dando um passo ameaçador para frente.
Joy estava um pouco desconcertada pelas palavras cruas de 466, mas era o máximo que já o ouviu dizer de uma vez. Ergueu sua mão para impedir o guarda de interferir novamente. Colocou a palma aberta em sua mesa.
— Deixe-nos. — Olhou para o guarda.
— De jeito nenhum, Dra. Yards, este cara é instável.
— Ele está conversando pelo menos. Saia. Você pode esperar na recepção.
466 obviamente tentou esconder sua surpresa, mas falhou. Controlou suas características depressa, e recuperou sua expressão composta.
— Você a ouvirá gritar se eu atacar. Saia.
O guarda agitou a cabeça.
Irritação queimou dentro de Joy. Havia só alguns guardas no Setor Quatro, mas eles nunca recebiam ordens bem.
— Este é meu escritório e o modo como conduzo as sessões é minha decisão. Feche a porta no caminho para fora e espere no corredor abaixo. Você ficará perto o suficiente para chegar aqui se houver algum problema. Está é uma ordem direta, não um pedido. 6

— Certo. — O guarda girou, saiu e fechou a porta atrás dele.
Joy estudou 466.
— Estamos a sós agora. Converse comigo. Por que você não pratica esportes?
Ele piscou algumas vezes enquanto o silêncio estirava.
— Você disse que conversaria se nós estivéssemos sozinhos. Nós estamos. Você não me enrole como o tipo de homem que volta atrás em sua palavra.
— Como você saberia?
— Eu converso com muitos Novas Espécies. Eles são muito orgulhosos e respeitam honestidade.
Suas mãos largaram os braços da cadeira e cruzou os braços no peito novamente.
— Eles não me interessam. Essa é uma coisa humana e eu não sou. — Seus olhos estreitaram. — Eu também não sou um homem. Eu sou macho.
— Você é um humano híbrido.
— Eu sou um animal em forma humana.
Ela sempre achou fascinante como Novas Espécies se diferenciavam de humanos. As linhas estavam firmemente desenhadas dentro de suas mentes. Isso ajudou a entendê-los um pouco melhor. 466 era até mais inflexível que a maioria dos Espécies.
466 tinha problemas de ressentimento e isso era saudável, considerando que foi prisioneiro por sua vida inteira depois de ser criado com DNA misturado por uma companhia farmacêutica que usou seu povo como cobaia de pesquisas. As indústrias Mercile de alguma maneira conseguiram fundir genética animal e humana em indivíduos vivos.
— É por isso que você recusou escolher um novo nome e ao invés disso manteve seu número?
— Eu pareço com um Doug, Thomas, ou Carl para você? — Uma sobrancelha se ergueu. — Eu pareço normal?
Pegou a dor que relampejou em seus olhos e a fez sofrer com ele. Também partiu seu coração e a horrorizou quando ouviu as histórias que os sobreviventes compartilharam sobre como foram tratados nas Indústrias Mercile. Ninguém merecia as vidas infernais que levaram até serem descobertos e salvos. Nenhuma compaixão, nem mesmo pena foi mostrada a eles. Eram números sem direitos humanos. Ratos de laboratório.
O olhar viajou pelas suas características. Havia diferenças leves que sempre o deixaria separadamente de humanos comuns. Os ossos faciais eram mais pronunciados nas bochechas e queixos dos Novas Espécies. Seus narizes também pareciam mais largos e um pouco achatados do que o normal. Muitos deles tinham lábios mais cheios e dentes como presas. As formas de seus olhos podiam refletir uma ancestralidade de animal distinto.
466 tinha uma atração áspera sobre ele, mas sempre chamaria atenção se tentasse andar por aí na sociedade. Todo mundo notaria que ele não era muito “normal”. Interiormente estremeceu, lembrando-se do debate que teve com seu chefe na primeira semana depois que ela chegou. Tinha sido mais do que uma discussão esquentada. Eles discutiram a probabilidade de oferecer cirurgia plástica para as vítimas. 7

Joy defendeu a posição de que iria apenas traumatiza-los mais. Seu chefe acreditava que os ajudaria a se entrosar na sociedade se tivessem a oportunidade de mudar suas aparências.
Eu estava errada? Mordeu o lábio. Talvez oferecer-lhes a chance de corrigir um pouco de suas anomalias faciais devia ser uma opção. Apenas acreditava que eles já foram mexidos o suficiente. Também pareceu, de alguma maneira, ofensivo para ela. Ninguém devia ter que mudar sua aparecia para se entrosar na sociedade. Claro, não cabia a ela tomar essas decisões. Isso estava muito acima de seu papel. Não traria isto para quaisquer das vítimas até que alguém decidir se era apropriado. 466 e seus outros clientes eram atraentes, até bonitos, para ela. Eles eram únicos e especiais, perfeitos apenas do jeito que eram.
— Bem, pareço? — Sua voz afundou, tirando-a de seus pensamentos. — Você pode ver me chamar de Tom em vez de 466?
— Não, e estou supondo que você seja de uma forma de espécie canina. Isso pode fazer com que fique afastado dos outros, mas não acredito que isto seja uma coisa ruim.
Ele pareceu surpreso novamente.
— Estou impressionado que você não esteja mentindo para mim negando que sou diferente.
— Eu não sou uma grande fã de mentiras. Sou uma psicóloga. Estou aqui para aconselhar você. Eu lido com verdades e emoções. Mentir e fazer joguinhos só te machucaria. Quero ajudar. Você já considerou ter um nome? Alguns do seu povo escolheram nomes que não são comuns. Nomes que refletem emoções com as quais se identificam ou coisas que descobrem que amam. Você é mais que somente um número.
Ele encolheu os ombros.
Ele é. Escondeu o sorriso que ameaçava ir à superfície, animada que finalmente se abriu um pouco. Em quatro meses ele colocou uma muralha nela em toda tentativa. Ela até mudou a hora de suas sessões para o último compromisso do dia já que não queria impedi-lo se ele decidisse conversar.
— O que você está sentindo?
— Irritado. Eu gostaria de deixar de vir aqui.
— O que você faria se não estivesse aqui neste momento?
Hesitou.
— Você quer a verdade?
— Eu estava sendo honesta quando disse que eu não sou uma grande fã de mentiras.
— Certo. Eu provavelmente estaria em meu quarto assistindo mais daqueles vídeos pornográficos na internet e liberando um pouco da… tensão.
Suas bochechas aqueceram, mas se recusou a mostrar embaraço. Assuntos sexuais não eram sua especialidade, mas não iria recuar do tópico.
— Você libera a tensão frequentemente? Isso ajuda um pouco em seus problemas de agressividade?
— Como você sabe que tenho algum problema? 8

— Você tem um chip em seu ombro, parece evitar interação com a maior parte das pessoas aqui, e eu fui informada que tentou começar algumas brigas com os guardas. Sai de seu caminho para afrontá-los apesar de saber que eles não teriam chance contra você. Você é fisicamente superior.
Seu orgulho foi fácil de ler.
— Eu sei.
Isso disse mais sobre ele e gostou que tivesse autoestima. Era um passo promissor em direção à recuperação.
— Você tentou boxe? Alguns de seus homens gostam. É uma grande saída para liberar a raiva.
Ergueu sua cabeça.
— Essa não é a minha ideia de me divertir.
O que interessa a você então? Verei o que posso fazer se você souber de algo que poderia funcionar. Sei que todo mundo tem internet e acesso a TV a cabo, assim você pode aprender muito mais sobre o mundo lá fora.
— Duvido que você ia querer dar o que eu quero.
— Você não saberá a menos que pergunte.
— Está certo. — Deu um sorriso autêntico. — Fêmeas. Eu gostaria de pegar em algo, mas não seria em um saco de peso.
Não devia ter ficado chocada pela sua resposta, mas para alguém que recusou conversar com ela por tanto tempo, ele parecia no intento de dizer coisas para deixá-la desconfortável. Suspeitou que fosse de propósito.
— Há bastante mulheres ao seu redor, 466. Noventa por cento do pessoal são fêmeas e algumas mulheres Novas Espécies vivem aqui.
— Noventa por cento das fêmeas humanas estão grávidas ou acabaram de ter bebês. Seu pessoal sabe que nunca as atacaríamos então as mandam para cá para trabalhar conosco. Nossas fêmeas não querem ser tocadas. Não há ninguém para foder.
Ela ficou completamente sem palavras.
Ele se debruçou para frente para olhar para ela, ainda sorridente, e de repente ficou de pé. Ela se jogou de volta em sua cadeira, um pouco temerosa com ele de pé. Eles estavam sozinhos. Não acreditava que ele a machucaria, mas pareceu querer fazê-la se contorcer. Ele estava fazendo isso muito bem.
Ele cheirou enquanto se abaixava, colocou as mãos na mesa há centímetros de sua própria mão e suavemente rosnou.
— Você não tem nenhum macho em sua vida e não está grávida.
Engoliu com dificuldade.
— Você não sabe nada sobre minha vida pessoal. Por favor, sente-se.
— Posso cheirar tudo sobre você. — Olhou profundamente em seus olhos. — Você não usa mais aquele fedor que chamou de perfume e trocou para sabonete orgânico.
— Fui informada que irrita sua sensação de cheiro.
— Você fez sexo esta manhã, mas estava sozinha. Você assiste pornografia em seu quarto, Dra. Yards? Usa seus dedos ou possui alguns daqueles brinquedos de sexo que eu vi? 9

Sentiu o sangue drenar de seu rosto. Como ele sabe isto? Outro pensamento a atingiu e tirou as mãos da mesa. Todo cliente que vi hoje pode dizer que me masturbei? Aquela suposição era desconcertante. Estava mortificada e esperava que ele estivesse blefando.
— Por favor, se sente e pare de tentar me provocar para te liberar cedo da sessão.
— Onde está sua honestidade agora? — Ele se debruçou em direção a ela e lentamente inalou. — Eu. Posso. Cheirar. Você. — Um grunhido suave veio do funda de sua garganta. — Me deixa um pouco louco e selvagem. Você sabe o que eu quero fazer sobre isto?
— Não. Por favor, sente-se.
Seus olhos eram bonitos tão de perto, só alguns centímetros dela. Eles a lembravam de chocolate derretido com uma pitada de ouro misturado. As pupilas pareceram estreitar enquanto a olhava. Rosnou novamente e chegou muito mais perto até que podia sentir o cheiro dele. Ele carregava um cheiro rico, masculino com algo familiar que podia identificar, recentemente tomou café.
— Eu quero te deitar nesta mesa, nua, e lamber entre suas coxas abertas, que estará abraçando meu rosto, até que você implore para eu te tomar. Eu te viraria em seu estômago e te curvaria na minha frente aqui mesmo. — Seu dedo bateu a superfície de madeira de sua mesa. — Eu iria te foder até que nós dois não pudéssemos caminhar, pensar, ou falar.
Suas mãos tremiam em seu colo e as apertou. Desejou que sua cadeira tivesse rodas assim ela podia se afastar dele e da mesa. Desejar não funcionou. Seu coração acelerou e a ideia dele fazendo isso fez coisas estranhas, engraçadas na parte mais baixa da sua barriga.
— Seria tão bom para nós dois. Você quer me ajudar? Tire suas roupas. Este é o único modo que você me fará sentir melhor pelas coisas que sofri.
Agarrou-se a sua última frase como uma pessoa se afogando que era ela, admitindo que o achou extremamente atraente. Ela tinha olhos, ele era um espécime perfeito de músculos e pele bronzeada, todo dividido em seu corpo de um metro e noventa.
— Sexo não é a resposta. Conversar sobre seus problemas é.
— Eu conversarei enquanto te foder. Estou certo que terei muito a dizer sobre o quão bom você parecerá.
Forçou o olhar até suas mãos. Elas eram grandes e sabia que havia calos nos dedos, nas pontas de seus polegares, e em suas palmas. A maior parte dos sobreviventes tinha essa anomalia e notou em outras sessões que ele a tinha também. Perguntou-se qual a sensação de suas mãos em sua pele. Áspera? Boa? Ou como lixa? Estava tentada a descobrir.
— Por favor, sente-se 466. — Olhou para cima até olhar diretamente em seus olhos. — Eu pedirei ao guarda para retornar.
Ele agitou a cabeça, mas se endireitou e retornou a sua cadeira. Respirou mais fácil quando ele se sentou. Mas uma vez cruzou os braços no peito e franziu a testa. 10

— Eu não sou de fazer sexo a três. Eu sei que isso é popular entre humanos, mas me enoja. Nós broxamos com o cheiro de outros machos em fêmeas e eu teria que estrangula-lo se ele tocasse em você.
Sua boca caiu aberta.
— Não é por isso que eu o chamaria! — Selou seus lábios e franziu a testa de volta para ele. — Você sabe disto. Está se divertindo brincando comigo?
Ele sorriu.
— Você não me permitirá te tocar. — Lambeu os lábios de propósito mostrando a língua. — Da próxima vez que você se engajar em fazer sexo sozinha lembre-se de mim porque eu estarei fazendo o mesmo. — Diversão relampejou em seus olhos. — Assim que eu sair daqui estou indo para meu quarto. — Suas pernas abriram um pouco e endireitou seu traseiro na cadeira. — Eu já estou duro.
Seu olhar desceu antes de poder impedir a reação. O contorno do pênis era claro dentro da calça de moletom que ele vestia. A maioria dos Novas Espécies odiava qualquer forma de roupa íntima pelo que lhe disseram, e sem elas era óbvio que 466 não estava mentindo. Ofegou pelo seu tamanho grande e ele riu.
Olhou em seu rosto.
— Isto é totalmente inapropriado. Eu vejo que você precisa retomar a aula sobre o que dizer para as pessoas e o que não dizer. Lembra dos 101 Modos?
— Eu sei a diferença. — Manteve o sorriso no lugar. — Nós falamos a verdade aqui, de acordo com você, e é isso que estou fazendo. Vou para meu quarto e...
— Eu entendo. — o cortou. — Sou sua terapeuta e existe uma coisa chamada ética. Você pode parar de ter esses pensamentos sobre mim porque nós não podemos jamais ter uma relação física.
Isso matou sua diversão.
— Por que não?
— Eu fiz um juramento e você é meu cliente. Você precisa da minha ajuda e isso significa não se aproveitar. Você está em um estado frágil.
Ele jogou sua cabeça para trás e riu depois abaixou o queixo e abriu os braços bem abertos.
— Eu pareço fraco para você? Não poderia me machucar se tentasse. — Desceu as mãos e agarrou os braços da cadeira. — Você poderia morder, arranhar, lutar comigo, e ficar tão selvagem quanto quisesse durante o sexo. Eu apreciaria. Eu estaria mais preocupado com você se machucar.
— Você pode ir. Eu te verei amanhã. — A sessão não iria progredir com sexo como o tópico.
Ele não se moveu.
— Eu disse que você pode ir 466.
Ele respirou fundo e soltou.
— Você sabe como ser totalmente sincera?
— Sim. — Temia responder, perguntando-se o que ele estava aprontando agora.
— Você me deixaria te montar se não fosse minha psiquiatra?
— Eu não te conheço bem o suficiente para responder isto. Eu também não sou uma psiquiatra. Eu sou uma doutora. Nós preferimos esse título. 11

— Você está se esquivando.
— É perfeitamente sincero. Eu não faço sexo casual. — Não devia estar dizendo a ele qualquer coisa pessoal, mas ele não era exatamente um cliente comum. Em nenhuma parte na escola tinha homens metade fera que foram criados por uma companhia sem ética. — Eu nunca fiz sexo com alguém que eu não estivesse apaixonada.
— Você nunca compartilhou sexo? — A descrença em seu rosto era quase cômica.
— Eu já fiz. Não sou virgem.
— Ele morreu?
— Quem?
— O homem que você amou. Ele foi morto?
— Não.
— Eu não entendo. — Ele se debruçou para frente, olhando genuinamente confuso.
— O que confunde você?
— Você está me dizendo mentiras.
— Eu não estou.
— Você disse que só compartilhou sexo com o macho que você ama.
— Isto é verdade.
— Você não carrega seu cheiro. Onde ele está?
— Eu não sei exatamente onde meus ex-namorados estão. Eu não converso mais com nenhum deles. É comum cessar toda a comunicação quando uma relação termina.
Seu olhar alargou e ficou de pé.
— Namorados?
Algo o deixou aflito, mas não sabia como suas respostas causaram essa reação.
— Eu tive quatro namorados sérios em minha vida.
Ele rosnou.
— O que está errado?
— Amor é para sempre. — Ele deu um olhar repugnado. — Você não tem nenhuma ideia do que o amor é Joy.
Ela o viu voar de seu escritório com as mãos fechadas furiosamente em seus lados. Podia apenas ver a porta aberta depois que ele foi embora.
Levantou-se e ficou ciente que seu corpo reagiu a ele. Os seios estavam hipersensíveis com o movimento dentro do sutiã e precisava mudar sua calcinha para uma seca.
— Caramba. — murmurou e fechou os olhos. Essa deve ter sido a sessão mais estranha que ela já teve. Debruçou-se para pegar o telefone celular da gaveta de cima da mesa, rolou pelos números, e apertou o que ela queria.
— Dra. Megan Green. — uma voz alegre respondeu.
— Oi, Meg, é Joy.
— O que está errado? — Imediatamente preocupação encheu a voz da mulher.
— Você tem tempo para uma sessão por telefone? 12

— Sempre. Espere e deixe-me fechar a porta do quarto. Estou em casa e um dos meus inquilinos de quarto também está. Qual é o problema?
— Estou atraída por um cliente. A terapeuta precisa ser aconselhada. — Riu nervosamente da piada pobre. — Merda. Você nunca acha que pode acontecer com você.
— Gostoso hum?
— Massivamente. Ele acabou de me dizer o que queria fazer comigo e tenho que admitir, não é algo que eu vou esquecer tão cedo.
— O que ele quis fazer?
— Isso não importa. A questão é, ele é muito atraente e ele está severamente danificado.
— Merda. Leve dois e pague por um. Eu quero o número dele se dirigir uma motocicleta já que não é um dos meus.
— Cale a boca. Isto não é algo para se brincar. — Debruçou-se contra a mesa. — Pior, eu acho que ele é um romântico. Ele acredita que amor é para sempre.
Meg ficou muda por uns bons cinco segundos.
— Largue seu emprego hoje. Você pode trabalhar aqui. Existe sempre uma vaga para uma terapeuta importante.
— Isto não é engraçado.
— Eu não estou brincando. Corra baby. Quantas sessões por mês você tem com ele?
Os ombros de Joy afundaram.
— Acabei de mudar seu horário para sessões diárias. Ele passou por um trauma severo.
— Acho que tenho uma cópia do seu currículo. Darei para meu chefe de manhã. Você pode ficar com um quarto desocupado até achar um lugar para morar. Um dos meus inquilinos de quarto se mudou com o namorado e não podia ser em uma hora melhor. Esperarei você em duas semanas quando seu anúncio entrar em vigor.
— Não posso fazer isto. Eu me comprometi com este trabalho por um longo tempo. Iria traumatizar mais clientes se partisse.
— Eles podem contratar outra pessoa. Você é boa, mas também existem muitos outros profissionais. Você não quer mexer com isto. Você podia perder sua licença, até enfrentar processo, e ser multada no mínimo.
— Eu não vou agir, droga. É por isso que eu estou ligando para você.
— Você vai se foder se não largar este sujeito e eu quero dizer isso do jeito real e metafórico. Você quer meu conselho? É esse. Saia.
Joy fechou os olhos enquanto sua situação era absorvida.
— Ótimo. 13

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