sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Capítulo 05



Capítulo Cinco
Kat estava emocionada que tivessem mais de cinquenta Novas Espécies lotando o bar, ele era maior do que ela esperava. Os NE encheram as mesas ao longo da pista de dança e na sessão mais alta próxima ao bar, alguns até mesmo permaneciam ao redor das escadas. Kat sorriu e falou em voz alta para ter certeza que todos seriam capazes de ouvi-la no fundo da sala.
Eles tinham sido receptivos a ‘cena do crime’ dela com o ‘corpo’ que tinha feito com travesseiros, um cobertor e alguns cintos. Kat queria trazer um dos manequins em tamanho real dos treinamentos de resgate, mas não tinha conseguido adquirir um a tempo. Ela encenou um assalto que deu errado, teria sido legal mostrar a eles como tratar uma cena do crime e coletar evidências.
— Alguma pergunta?
— Por que humanos roubam uns dos outros? – Uma mulher em uma mesa próxima perguntou.
— Por quê? – A pergunta confundiu Kat.
— Eles não compreendem a ganância.
Kat girou, surpresa pela voz de Darkness, ele saiu das sombras atrás do palco e olhou para ela. Darkness vestia uma camisa azul, jeans e um par de botas pretas, os braços musculosos estavam à mostra, ele parecia bem. Seus olhares se encontraram e ele pestanejou.
Ele pisou na pista de dança onde Kat estava e encarou os alunos dela.
— Nós somos gratos pelas coisas que temos, desde que nunca tivemos nada antes. Alguns humanos são profundamente danificados e anseiam o que os outros tem, eles irão roubar e algumas vezes matar para ter isso. Para alguns é uma falta de moral ou orgulho, para outros é um esporte e alguns se tornam viciados em drogas. É um sistema monetário baseado em dinheiro no mundo lá fora, então alguns adquirem esse dinheiro pegando dos outros.
— Oh. – A fêmea assentiu. – Entendi. Isso é triste.
— Sim, é. – Darkness se virou e olhou para Kat.
Ela ficou muda até que outra mulher falou.
— É verdade que alguns machos machucam suas fêmeas e até mesmo as matam?
— Sim. Violência doméstica infelizmente é um crime comum. – Kat se virou e localizou quem havia falado.
— Por quê? – Um macho questionou. – Machos são superiores em força e não há honra em machucar uma fêmea. Elas deveriam ser protegidas.
— Elas poderiam matar o macho se ele atacasse. – Uma das mulheres assobiou do canto. – Por que suas fêmeas não atacam de volta e derrubam os machos? Eu faria isso se um deles me ameaçasse.
As perguntas não eram as que Kat esperava.
— Eles não são como nós. – Darkness comentou. – Os humanos acreditam que machos e fêmeas são completamente iguais. – Ele riu. – Então, eles não valorizam as diferenças ou levam em conta as limitações físicas.
— Iguais? – Um cara no bar disparou. – Machos são fisicamente mais fortes, enquanto fêmeas são mais propensas a ser superiores em estratégias táticas. Todos temos nossas forças, mas não são as mesmas.
— Você quer dizer que vocês machos são impulsivos enquanto que nós levamos tempo para colocar tudo pra fora. – Uma das mulheres riu.
— Exatamente. – Ele gargalhou. – Essa é uma vantagem que vocês tem.
— Não esqueça do sexo. – Uma mulher adicionou e gargalhou. – Temos uma vantagem lá também. – Ela se ergueu e desceu a mão pelo corpo. – Temos o que vocês querem.
Um rosnado soou detrás e Kat ficou surpresa pelo som animalesco.
— Isso foi uma concordância. – Darkness sorriu em resposta e encarou a classe. – Foquem nas técnicas que ela explica no processo das evidências, mas não esperem que ela explique a natureza humana. Precisamos que ela se mude definitivamente para Homeland para cobrir esses tópicos. Os humanos são falhos e os índices de crime são altos. Apenas aceitem que eles não fazem sentido para nós.
— Nem todos os humanos cometem crimes. – Kat se ressentiu das palavras dele.
— Não todos, mas muitos deles. – Ele encolheu os ombros. – Vamos almoçar, a aula está encerrada.
Kat ficou aturdida que Darkness tinha cortado seu pequeno tempo, isso também a aborreceu. Seus estudantes começaram a conversar uns com os outros e ela se aproximou, agarrando o braço de Darkness. Ele olhou para baixo para os dedos dela no antebraço e então encontrou com o olhar de Kat.
— Podemos conversar? – Ela queria uma explicação por ele ter interrompido a aula dela.
— Claro. – Darkness se moveu ao redor do palco. – Aqui atrás, a menos que queira ser ouvida.
Kat o soltou e marchou para trás do palco, Darkness a seguiu e ela se virou para ele quando tiveram privacidade.
— O que foi aquilo?
— Salvando sua bunda. Pensou realmente que eles não iriam questionar o porquê que um humano rouba outro por algo tão pequeno quanto uma carteira quando você planejou essa cena?
Kat olhou para Darkness, incerta de como responder.
— Não está mais em seu mundo, Espécies não roubam outro Espécie. Ensine a eles algo que realmente usem. Eles não resolverão um homicídio como aquele aqui.
— Tudo bem. Que tipos de crimes você enfrenta? – Kat tentou controlar o temperamento.
— A maior parte disso acontece nos portões. Nós passamos aquelas investigações para a força-tarefa humana.
— Então, por que estou aqui?
— Culpe seu CSI. Isso deixou meu povo curioso sobre humanos e aquelas são as reações que você irá ver frequentemente deles. Eles vão querer que você explique por que humanos são tão fodidos. Boa sorte com isso.
— Você também é humano, a maior parte.
Darkness deu um passo para frente e Kat recuou, encontrando uma parede lá. Ele ergueu os braços e colocou uma palma da mão em cada lado de Kat, prendendo-a no lugar.
— Não somos como você, nunca se esqueça disso. Sabe como fomos criados?
— Indústrias Mercile.
— Eles selecionaram doadores humanos por características físicas e atributos mentais, usaram eles para criarem embriões e então fizeram uma mistura com DNA de animais específicos, manipulando isso para criar o que desejavam. Eles selecionavam toda a
merda ou matavam qualquer criança nascida com defeitos ou falhas que não podiam ser consertadas. Nascemos de mães de aluguel. Elas apenas carregaram os fetos e não deram uma porra sobre nada, exceto para o dinheiro que eles pagaram. Nossa infância foi passada acorrentadas nas paredes enquanto eles enfiavam drogas em nossas veias ou abaixo de nossas gargantas para beneficiar o seu mundo. Não tivemos pais ou pessoas que davam uma merda sobre nós, a menos que fosse um dos doutores que dependia de nós para ganhar qualquer resultado que quisesse. Nessa situação, eles nos protegiam contra a morte ou abusos severos, mas apenas até que o estudo estivesse terminado. Inferno, ter uma cama real e a habilidade de ver a luz do sol é um tesouro para nós. Não somos como você.
— Não quis dizer isso desse jeito. Quis dizer que vocês são fisicamente como nós, a maior parte. – O coração de Kat doía por ele e pelos outros.
— Sério? – Darkness se aproximou, pegando no rosto de Kat, e abriu a boca.
A mostra das presas não a assustou aquela altura, Kat podia contar que Darkness estava com raiva e queria neutralizar a situação.
— Percebi que você é diferente também.
— Eu posso carregar duzentos e vinte e seis quilos sem realmente me esforçar. – Ele murmurou. – Posso lidar com dor que iria deixar os do seu tipo gritando e provavelmente desmaiando. Olha para seu lado. Vê aquela borda de três metros? Posso alcança-la sem o uso de uma escada. Você não tem ideia do que podemos fazer porque não publicamos isso, nosso tipo ainda tem medo de vocês. – Darkness a cheirou. – Meus sentidos não são tão bons quanto de um canino, mas são de longe melhor do que seus humanos comuns. Posso dizer que xampu, condicionador e sabonete você usou essa manhã. Posso até mesmo identificar que tipo de sabão em pó você compra, seu creme dental. – Inclinou a cabeça e a cutucou de lado. – Pare de usar perfume, isso não é agradável para nós. Você borrifou um pouco disso em seu pescoço. – Darkness ergueu a cabeça. – Posso cheirar um pouco de suas emoções se elas fossem fortes. Medo. Desejo. Inferno, até mesmo raiva. Pode fazer algo assim?
— Não. – Kat olhou nos olhos dele.
— Então pare de dizer que somos iguais.
— Você é parte humano, no entanto. Uma versão melhorada geneticamente, mas...
Darkness se moveu tão rápido e Kat arquejou quando ele agarrou os quadris dela e a ergueu do chão, ela se encontrou flutuando um metro do chão até que eles estavam com
o rosto no mesmo nível. Suas mãos automaticamente seguraram no topo dos ombros dele.
— Não somos iguais. Aqui está uma lição, professora.
Darkness rosnou e seu peito vibrou contra o dela. O baixo e perigoso som enviou arrepios pela espinha de Kat e a cor dos olhos dele parecia mais escura. Isso poderia ser um jogo de luz, desde que eles estavam longe das janelas, mas Darkness parecia assustador. O coração de Kat disparou e ela imaginou se ele planejava machuca-la.
— Tente lutar comigo. – Ele rosnou.
— Eu não vou. – Kat sabia que ele estava tentando provoca-la, mas não era tão burra. O corpo de Darkness era tão duro e sólido quanto á parede a suas costas. Isso não seria uma luta que ela ganharia.
— Exatamente. – O rosnado parou e as vibrações cessaram. A voz de Darkness baixou até um sussurro rouco. – Nunca acredite que somos criaturas amenas que poderiam se conformar com sua forma de vida. Temos uma sessão inteira na Reserva que é cheia de exemplos falhos do que acontece quando idiotas tentam fazer animais de estimação que não pretendem ser mansos. Eles vivem conosco por uma razão, tire a venda dos olhos. Temos mais em comum com animais resgatados dos circos do que com você.
Darkness puxou os quadris de Kat para mais perto e pressionou a virilha contra as coxas dela, a forma rígida da ereção dele não podia ser confundida com mais nada. A maioria das mulheres iria implorar para ser colocada para baixo ou pedir para que ele se acalmasse. Kat pensou que ele era um pouco sexy quando era hostil.
— Não somos tão diferentes, no entanto. – Kat diminuiu o aperto nos ombros de Darkness e correu os dedos para o peito dele. – Você me quer. Um ex-animal do circo não estaria ostentando uma ereção por me ter tão perto.
— Porra. – Os olhos de Darkness se arregalaram e ele assobiou.
O som que ele fez lembrou Kat de um enorme gato chateado.
— Lamento que seu plano de me intimidar e amedrontar não esteja funcionando. – Ela não sentia nem um pouco, no entanto. – Espera que eu me derrame em lágrimas?
O pequeno rosnado que veio dos lábios separados de Darkness foi sexy, Kat gostou do jeito que ele olhou para seus seios antes de encontrar seu olhar novamente. Ela traçou as palmas das mãos para cima, para curvar os dedos no topo dos ombros deles.
— Você se sente como um homem para mim. Isso nos faz compatível como pessoas.
— Não. – Darkness murmurou.
— Não o quê?
— Me provoque.
— Estou apenas constatando o óbvio. – Kat estava tentada a fazer isso. – Você pode continuar negando que somos compatíveis, mas seu corpo não acredita no que sua boca está dizendo.
O aperto dele nela se suavizou e Kat escorregou pelo corpo dele. Darkness se afastou no segundo que os pés dela tocaram o chão para soltá-la completamente.
— Ensine a eles os truques que seu povo usa para mentir e enganar nossos oficiais, é assim que você pode ser útil. Rusty me contou o que você fez com sua bolsa. Mostre tudo o que sabe. Amanhã diga a eles sobre as armas que eles não conhecem ainda.
— Okay. – Ela gostou da sugestão.
— Não adoce os humanos também. Não lidamos com os bons, na maior parte. Diga a eles sobre os piores de seu tipo.
— Me ressinto disso. Nem todos os humanos são criminosos.
— Você dirigiu através dos nossos portões, viu os protestantes?
— Vi os simpatizantes também.
— Acredita que todos eles estão lá com boas intenções? – Darkness inclinou a cabeça, olhando profundamente dentro dos olhos dela. – O que o seu treinamento fala sobre aqueles que tentam parecer inofensivos, quando de fato eles são um perigo para a ONE?
Kat engoliu com força, sentindo que a pergunta era direcionada a ela. Darkness era esperto, no entanto, e ela não iria ameaça-lo de outro jeito.
— É possível que alguns estejam fingindo ser amigáveis para espionar os que realmente são ou para ganhar a confiança dos seus oficiais, na esperança de que eles sejam capazes de lançar um ataque efetivo.
— Exatamente, ensine isso a eles.
— Apenas não quero deixar eles com a impressão de que todas as pessoas são ruins. Você já parece pensar desse jeito.
— Supostamente seu trabalho aqui é nos ajudar a aprender como nos proteger mais efetivamente.
— Supostamente? – Ele continuava suspeitando dela? Kat estudou os olhos escuros, mas Darkness não deixou nenhuma emoção neles.
— Não confio em ninguém. Cometi o erro uma vez e aprendi, é como tenho sobrevivido.
Kat imaginava quem o tinha traído, algo que ele tinha dito quando estavam na sala de interrogatório puxou em sua memória.
— Uma mulher?
— Eu disse isso? – Ele fez uma careta.
Kat deveria apenas deixar isso para lá, mas não podia. Havia algo sobre Darkness que a fazia querer saber mais sobre ele.
— Você disse algo sobre fingir que eu era alguém para efetivamente fazer seu trabalho. Tive a impressão que significava uma mulher, você disse que era uma fêmea do seu passado.
— Você leu muito nisso.
— Li? – Não estava convencida. Ele era bom, no entanto, mantendo seu tom inalterado.
Darkness se aproximou um pouco e virou a cabeça para olhar para Kat.
— Deixe-me de dar um pequeno conselho, doçura. Você é muito curiosa, mas suas habilidades de observação são um pouco refinadas para seus antecedentes. Vou olhar isso.
Darkness saiu e virou na lateral da área do bar. Kat abraçou os quadris e descansou contra a parede, respirando profundamente algumas vezes. Era um aviso, pleno e simples. Darkness suspeitava que ela não era quem dizia ser, ele tinha um ponto também. Ela era treinada do jeito que uma técnica de laboratório de crimes não seria, eles eram peritos em determinar datas e cenas, mas em se derramar em observações comportamentais ou verbais e pistas.
— Ah, inferno. – Ela murmurou.
Ela se afastou da parede e deixou os braços cair para os lados, Kat caminhou para fora dos fundos do palco, forçou um sorriso e olhou ao redor do cômodo. Darkness não estava em lugar nenhum para ser encontrado, mas muitos Nova Espécie pareciam
querer a atenção dela, o que indicava que eles queriam conversar. Era hora de ser sociável.
— Oi. – Ela manteve a voz alegre.
— Eu tenho uma pergunta.
— Pergunte.
* * * * *
Darkness bateu os punhos no saco de areia sem se conter, a corda que mantinha isso suspenso rangeu. O saco se afastou e voltou. Ele socou seu punho esquerdo nele. A parte superior do saco se rasgou do gancho e o pesado conteúdo bateu no chão uns cinco metros à frente.
— Isso foi impressionante, mas não deveria quebrar nosso equipamento.
Darkness travou o maxilar e girou vagarosamente para olhar Bluebird. Ela era a última pessoa com quem queria falar, além de Kat.
— Olá. – Ela olhou para o saco e então para ele. – Isso é um monte de frustração. Há algo que eu possa fazer para ajudar?
— Estou bem.
— Eu estava na aula mais cedo, vi você pegar nossa professora atrás do palco. Eu estava curiosa, então me arrastei para frente o suficiente para ver o que estava acontecendo. Você a quer.
— Como chegou a essa conclusão? Ela precisava ser instruída no seu ensinar aos Espécies e estava irritada com minha intervenção durante a aula. – Darkness não gostou de ser espionado.
— Você nunca me prendeu na parede quando conversamos.
— Você é esperta o suficiente para não me insultar.
— Então isso ia fazer você colocar as mãos em mim? – Bluebird arqueou uma sobrancelha.
— Não quero compartilhar sexo. Disse a você para não levar isso de modo pessoal.
— Sou uma cuidadora. É minha natureza, parece. Eu lido com machos danificados com problemas com raiva.
— Eu não sou um problema.
— O equipamento poderia dizer outra coisa se pudesse falar. Imagino que ele estaria chorando agora, ou pelo menos gritando ai. – Ela olhou na direção do saco e sorriu.
— Suponho que estaria. – O senso de humor de Bluebird o pegou, Darkness sorriu de volta, relaxando um pouco.
— Estou atraída por você. Chame isso de uma falha em minha natureza, mas toda vez que vejo machos muito agressivos, isso me deixa ligada.
— Todos nós somos agressivos.
— Verdade, mas você é mais do que os outros. Talvez eu tenha perdido o senso de perigo que me deparo com um macho que não tem suas emoções sob controle.
— Estou no controle.
— Agora. – O sorriso dela desapareceu. – Você está no topo. Te vejo mais de perto que os outros machos porque quero você. Falta pouco para você quebrar.
— Nunca permitiria que isso acontecesse.
— Apenas te insultei, mas você não me colocou contra a parede.
— Está me testando?
— Estou apenas provando o que eu disse. Você sente algo pela professora.
— Tudo bem. Estou atraído por ela, mas nunca iria agir. – Bluebird o tinha irritado.
— Por que não? Não a vejo chorando ou gritando por ajuda quando poderia ter. Isso implica que ela não liga ter suas mãos nela.
—Pense nos seus próprios problemas.
— Tudo bem. – Bluebird deu um passo atrás. – Sabe que não tem que falar com ela durante o sexo. Ela será a única aqui por um tempo, a menos que você pedir que ela fique. Não vejo isso acontecendo desde que eu estava trabalhando no dia que ela chegou, ambos sabemos que ela não é quem finge ser. Você nunca mostrou interesse por uma fêmea antes, deveria tirar vantagem disso.
— Usá-la? – Darkness não gostava do conceito.
— Humanos nos usaram. – Bluebird deu de ombros. – Está caminhando em uma linha fina, Darkness. Não me importo quão durão você é, todo mundo tem um ponto de
ruptura. Não preciso dizer a você qual é. – Ela pausou. – Talvez eu tenha. Você está danificado, por suas próprias palavras. Você evita nossas fêmeas, mas ela não é uma de nós. Ela não terá nenhuma expectativa, se é isso com o que está preocupado.
Darkness fez uma careta.
— Não quero dizer preocupações sexuais, tenho certeza que você está qualificado. Nós esperamos sermos tratados de uma certa forma, mas ela não iria saber disso. – Bluebird parecia apreciar a visão do copo dele. – Você está cheio de frustração sexual, posso pegar isso de uma milha de distância. – Ela olhou nos seus olhos. – Se livrar de um pouco disso nela e aliviar a pressão, você está prestes a ferver. Ela é perfeita para isso. Você sabe que não pode confiar nela e ela está jogando. Acho que você é mestre nisso também.
Bluebird se virou sem mais uma palavra e saiu andando. Darkness travou os dentes e girou, querendo socar o saco novamente. Esse permanecia no chão, danificado.
— Porra.
Bluebird tinha um ponto. Alguns dele, realmente. Ele estava sexualmente frustrado. Kat não era nada como as fêmeas Espécie e também não era uma humana inocente. Tinha vindo a Homeland com uma agenda oculta. Um individuo altamente treinado nunca ia levar o sexo de modo pessoal quando estava em um trabalho. Darkness não poderia ferir os sentimentos dela e Kat não iria esperar nenhum compromisso.
Eu poderia tê-la. Seu pau saltou para a vida e isso o chateou. Era uma questão de orgulho. Nunca iria cair em uma armadilha novamente, tinha custado muito a ele.
Darkness deixou o centro de treinamento e retornou para o chalé, após um banho rápido ele se sentou na cama com o laptop aberto. Ele viu Kat na casa ao lado, ela fez uma sanduiche para o jantar e comeu no bar.
Sua fascinação por ela não era saudável. Ela era o exato tipo de fêmea que mais precisava evitar. Isso o frustrava porque ela era o única que tinha pegado seu interesse. Por que não podia ter criado uma obsessão com uma humana inofensiva?
A resposta veio rapidamente. Ele teria destruído alguma fêmea de coração suave com seu jeito frio. Elas iriam querer estar com um macho que podia sentir e demonstrar emoções, ele mantinha tudo dentro dele, onde era seguro. As memórias apareceram, mas ele as escondeu de volta. Apenas traria dor relembrar a única fêmea que ele tinha permitido chegar perto dele, ela o enganara e o preço tinha sido alto demais. Lição aprendida.
Seu celular tocou e o atendeu cegamente.
— Darkness.
— Como você está?
— Bem. – Ele rosnou baixo.
— Ouvi que você destruiu um pobre saco hoje. – Fury pausou. – O que ele fez a você?
— Não tem nada melhor para fazer com seu tempo? Acho que Ellie e sua prole iriam gostar de você falando com eles.
— Estou preocupado com você.
— Pare.
— Não posso ajudar assim. – Fury rosnou de volta. – Queria que não fosse assim, mas esses são os fatos.
— Estou bem, acertei no maldito com muita força. Fim da história.
— Essa fêmea está te pegando. Quer que eu a designe para outra pessoa?
Darkness estava tentado.
— Pensa que é o único que tem experiência aqui? Há algumas coisas que não sabe sobre mim.
Darkness viu Kat se erguer da cadeira e começar a lavar os pratos, ele manteve o olhar na tela, mas estava curioso sobre a observação de Fury.
— Como o quê?
— Eu odeie Ellie uma vez. Acreditei que ela tinha me traído.
— Aquela fêmea é tão apaixonada por você que não vou comprar isso. – Aquilo realmente divertiu Darkness. – Ela também é muito fácil de ler. Ela é tão perigosa quando um gatinho.
— Ela trabalhou para Mercile.
— Estou sabendo. Ela estava lá para providenciar as evidências que explodiu a coisa toda e nos libertou.
— Um técnico veio pra mim e entrou na minha cela. Ele... – Fury clareou a garganta. – Ele fez coisas ruins e ia fazer piores.
— Eles eram idiotas.
— Ele me atacou sexualmente. – Fury rosnou.
Darkness fechou os olhos e se recostou, dor explodindo no peito. Essa foi uma coisa que nunca tinha sido sujeitado. Um forte senso de compaixão se ergueu nele pelo que Fury tinha sofrido.
— Sinto muito.
— Ellie chegou e o espancou até a morte com a maleta de testes dela.
— Ellie? – Aquilo surpreendeu Darkness e ele abriu os olhos.
— Ellie. – Fury confirmou. – Ela o matou e então fez com que parecesse que eu tinha feito aquilo antes que as drogas paralisantes que ele me deu fizessem efeito. Ela tinha sido doce comigo até aquele momento, mas enquanto fui deixado lá indefeso, percebendo o que ela havia feito, me senti traído.
— Não posso acreditar que ela fez isso. Quero dizer, você estava errado, certo? Nenhuma fêmea é mais amável que ela é com você.
— Ela tinha conseguido evidências naquele dia que ela necessitava para salvar todos nós. Ela tinha certeza que eu não seria morto pelo crime e tinha que me culpar, eles a teriam matado se soubessem que ela tinha tirado a vida do macho. Eu não entendi aquilo até que muito mais tarde. Eu a ataquei de primeira quando Homeland foi aberta, foi a primeira vez que a vi desde o incidente. Eu não pude deixar isso para lá até mesmo depois de descobrir a verdade. Ela tinha visto o que o macho tinha feito comigo, foi uma coisa de orgulho e raiva. Eu nunca tive a chance de fazer o macho pagar, ela se tornou um alvo para mim.
— Eu entendo. – Darkness entendia.
— Me tornei obcecado ao ponto de seguir e sequestra-la. Eu a levei para minha casa.
— Você a feriu? – Darkness estremeceu. – Não consigo ver você fazendo isso. Você ama a fêmea.
— Eu estava fodido. – Fury admitiu. – Eu a tinha presa na minha cama, mas não pude seguir os pensamentos com todas as coisas horríveis que queria fazer. Felizmente. Continuo acordando suado em algumas noites, imaginando as horríveis consequências se tivesse permitido que a raiva tomasse controle. Ela é minha vida. Eu a teria perdido para sempre.
— Estou feliz que você ganhou o controle de suas emoções.
— Eu também. – Fury puxou respirações curtas. – Kathryn Decker provavelmente relembre a você sobre a fêmea que te traiu.
— Elas não se parecem em nada. – Darkness ergueu o laptop das pernas e se levantou rapidamente. – Você está fora da linha com esse comentário.
— Ela está aqui com pretensões falsas por uma razão desconhecida. Você está atraído por ela, mas sabe que ela vai nos trair de algum jeito. Estamos esperando isso. Isso pode fazer você relembrar o passado, diga-me se estou errado sem mentir.
— Tudo bem. Tenho tido problemas com o passado, mas sei que ela não é Galina. Tive a habilidade de ter minha vingança com ela.
— Nunca me contou essa parte.
Darkness queria jogar o telefone na parede e quebra-lo em centenas de pedaços.
— Ela está morta. – Ele deixou por isso mesmo.
— Você a matou?
— Não quero falar sobre isso. – Darkness travou o maxilar e girou, andando pelo quarto pequeno.
— Não estou julgando você. Somos irmãos. – Fury murmurou. – Você fez o que tinha que fazer.
— Compartilhamos o mesmo DNA humano. Isso não nos faz irmãos.
— Isso fica mais fácil para você se disser isso? – Fury rosnou. – Nós somos irmãos, nem todos nós fomos mortos. Eu continuo aqui.
— Esta bem, boa noite. Tenho um trabalho a fazer. – Ele desligou e resistiu a esmagar o telefone.
Isso tocou apenas alguns segundos depois, ele olhou para baixo e viu o nome. Darkness usou o polegar para desligar, não queria falar novamente com Fury. Não enquanto estivesse de mau humor, ele estivera tentando há dias. Precisava ficar calmo, Fury tinha ficado sob a sua pele. Darkness olhou para baixo, para o telefone um minuto depois e viu a mensagem que tinha sido deixada, ele ligou e discou para a Segurança.
— Estou enviando a vocês as noticias do chalé da humana, vou dar uma corrida. Estarei de volta em quarenta minutos.
— Bom negócio. – O macho anunciou. – Estamos prontos para o final.
Darkness desligou e digitou os comandos. Kat sentada no sofá, assistindo jornal. Ela estava obviamente fora do inferno que ele se sentia. Ele mandou as noticias e bateu o laptop fechado. Precisava correr e gastar sua energia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário