sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Capítulo 01


CAPÍTULO 1 Í
— Você realmente não vai comer isto, não é? — Lauren curvou seu lábio, olhando fixamente com fascinação horrorizada, para o que continha no prato da sua amiga. — Parece que alguém massacrou uma salada com todo esse verde e vermelho.
Sua melhor amiga Amanda, riu. — É a tendência de dieta mais recente. Parece horrível, mas devo perder nove quilos por mês se comer isso todo dia.
Lauren empurrou uma mecha perdida de cabelo loiro para trás da orelha. — Perderia isso tudo também se tivesse que tentar me sufocar engolindo esse lixo. Eu não comeria. Suspirou. — Sei tudo sobre dietas e acho que tentei todas. Confie em mim, isso não vai funcionar. O único modo que posso perder alguns quilos é bebendo água e me exercitando até que não possa respirar.
— Você só precisa perder treze quilos. Amanda fez beicinho. — Eu preciso perder duas vezes isso. Esta salada de espinafre e aquela coisa de molho quente devem funcionar. Quero estar em forma novamente.
— Você e eu, ambas já temos formas. Lauren piscou. — Redonda é uma forma. Olhe, estou cansada de ser infeliz, porque minha bunda não entra na mesma calça jeans que vestia quando tinha quatorze anos, e tenho adoráveis pneuzinhos. Aprecio comer e detesto ficar faminta. É uma droga estar com fome o tempo todo. Aquelas dietas acabavam me deixando extremamente triste, faminta, e deprimida. Apontou para o hambúrguer em seu prato, e usou a outra mão para empurrá-lo mais para perto de sua amiga. — Dê uma mordida. Você sabe que você realmente quer. Coma uma batata frita. Viva um pouco e salve-se da miséria. Você apreciará minha comida mais do que a sua.
— Ninguém me chamou para sair em dois meses, Lauren. Dois meses inteiros. Você tem seios grandes, cabelos longos, e bonitos olhos azuis a seu favor. E você é pequena. Você é atraente para homens até com peso em excesso.
— Sim. Os homens simplesmente estão arrombando minha porta. Bufou. — Só não devo estar em casa quando fazem isso. Ninguém continua lá quando saio para trabalhar. Eles têm que ser carpinteiros qualificados, porque são maravilhosos em consertar qualquer dano que fizeram para entrar.
— Aquele homem te chamou para sair semana passada e ele era atraente.
— Atraente? Ele me lembrou de uma marionete com seu cabelo vermelho crespo e as sobrancelhas juntas.
— Pelo menos alguém te chamou para sair. Amanda suspirou. — Adoraria alguém do tipo marionete. Você poderia levá-lo para casa e guardá-lo. Aposto que ele é do tipo que gosta de um aconchego.
Lauren agitou sua cabeça em desgosto. — Imagine transar com alguém que te lembra um desenho animado infantil. Poupe-me. Não quis ficar com ele ou levá-lo para casa. Além disso, ele era um tanto quanto estranho. Tinha uma relação esquisita com a mãe. Ela me ligou cinco vezes para me dizer que seu filho era um homem agradável, e que eu devia namorá-lo. Tive medo que me convidassem para jantar, e que morassem próximos a alguma casa distante em uma colina que ficava ao lado de um motel arrepiante.
— Engraçado. Amanda hesitou antes de enfiar uma batata frita em sua boca. —Ele era atraente, naquele filme. Que pena que era um assassino armado com facas. Quero dizer, ah qual é. Apunhalar a garota pelada no chuveiro ou transar com ela? Rolou seus olhos. — Que desperdício. 9

— Preocupo-me com você. Lauren comentou, sorrindo para suavizar suas palavras.
Seus olhos marrons brilharam em diversão. — Não me importaria com um psicopata se fosse me apunhalar de um modo sensual com uma grande parte do corpo.
— Você é doente. Lauren riu. — Você...
Seu telefone tocou. Gemendo agarrou sua bolsa debaixo de sua cadeira. Um olhar em seu identificador de chamadas a fez estremecer. — Aqui é Lauren. O que foi, Mel?
Lauren escutou sua chefe e fechou seus olhos. — Hoje à noite? Por que não pede para outra pessoa... Pausou. — Mas estou no meio do jantar com uma amiga minha. Não posso talvez... Calou a boca e friccionou seus dentes. — Mas não pode ir no meu lugar por que... Estava ficando brava. — Tudo bem. Certo. Eu irei. Tá certo. Adeus. Desligou. Lauren empurrou o telefonar de volta para dentro de sua bolsa e parou, dando a sua amiga um olhar lamentável. — Tenho que ir.
— Sério? O sorriso de Amanda enfraqueceu. — Agora? O que a cadela de sua chefe quer?
Lauren colocou uma nota de dez dólares na mesa e agarrou seu casaco da parte de trás da cadeira. — Parece que um dos agentes teve uma emergência. Tenho que mostrar um edifício na área do Parque Industrial imediatamente. Algum peixão está lá fora querendo fazer uma visita hoje à noite. Disse que é tão importante que vou ser demitida se não for. Ela não pôde encontrá-lo por causa de seus planos. Acho que os meus não significam nada. Deus, odeio aquela bruxa.
— Droga. Bem, vá. Talvez venda esse lugar e poderemos fazer uma viagem para algum lugar legal, por sua conta. Sempre quis ir para a Jamaica.
— Sim. Com minha sorte é apenas algum sujeito que estava entediado, com nada para fazer numa sexta-feira à noite, e decidiu gastar meu tempo. Ligarei para você amanhã. Ainda vamos ver um filme?
— Sim. Boa sorte. Assine um contrato imobiliário. Amanda comeu outra batata frita.
— Atraente. Lauren acenou e saiu em direção ao seu carro.
* * * * *
Lauren olhou em seu GPS pela quinta vez, dez minutos mais tarde, e xingou enquanto olhava as ruas vazias. Teve um pressentimento ruim em mostrar a propriedade após o horário. O Parque Industrial estava praticamente abandonado, uma vez que a maioria do comércio fechava durante a noite ou eram armazéns. Era uma mulher solteira indo encontrar um homem estranho, em uma área pouco conhecida a noite. Fez o retorno quando a voz computadorizada ordenou.
Um caro carro esporte vermelho estava parado no estacionamento vazio, quando Lauren parou seu carro ao lado dele. Hesitou antes de sair do carro. Todo pedacinho de bom senso lhe dizia para fugir. Gritava “péssima ideia”, mas perderia seu emprego se não conseguisse se enfiar lá dentro, e mostrar o lugar. Seus dedos agarraram suas chaves e seu dedo polegar bateu no botão de destrancar a porta.
O edifício era enorme, semelhante a dúzias de outros no quarteirão, e a velha placa de negócio declarava que tinha sido uma companhia de transporte que não estava familiarizada. Seus sapatos de salto alto clicavam ruidosamente no pavimento, quando abordava as portas duplas. A caixa de chave estava no chão, aberta. Mordeu seu lábio.
Apenas agentes imobiliários tinham a combinação para abri-la e conseguir as chaves, mas alguém obviamente deu-as para o Sr. Herbert. Isso a fez repugnar seu colega de trabalho ainda mais. O imbecil que deveria mostrar a propriedade obviamente traiu a confiança do vendedor. Era um enorme não, não. Usavam a mesma combinação em todas as propriedades que representavam, 10

inclusive casas que as pessoas ainda moravam. Se o Sr. Herbert fosse um pervertido ou um ladrão, ele agora tinha acesso a muitas propriedades. Silenciosamente jurou ter uma conversa com sua chefe sobre isto.
As portas estavam destrancadas quando as testou, e um lado facilmente abriu. Não era mais um mistério que o suposto cliente tenha ido embora. Ele não esperou até que chegasse para fazer uma excursão pelo lugar, mas já tinha entrado no armazém. Entrou, olhou em volta da área de recepção estéril, e limpou a garganta.
— Olá? Falou em voz alta. Olhava para um corredor escuro. — Sr. Herbert?
Andou na escuridão e virou a cabeça para procurar o interruptor. As luzes de fora da área do estacionamento não se estendiam para essa seção do edifício. O alívio foi imediato quando achou o interruptor e pôde ver a sala. O Sr. Herbert não estava lá, mas as portas duplas que levavam para o corredor ao que parecia ser escritórios estavam escancaradas.
— Sr. Herbert? Gritou o nome do homem mais alto.
Nenhuma resposta.
— Droga. Não gosto disto. Sussurrou.
Uma pequena parte dela era contra encontrar um estranho em um edifício vazio. Não era estúpida. O Sr. Herbert poderia ser um estuprador ou um assassino. Era seu trabalho encontrar clientes, os guiar pelas propriedades vazias. A comissão deste bebê, entretanto…
Aquela perspectiva a impulsionou a ir mais fundo no corredor escuro, a caça de outro painel de interruptores. As luzes no corredor piscaram e ligaram quando as achou. Seu olhar viajou pelo longo comprimento das portas dos escritórios abertas em ambos os lados, e pareceu ter fim numa parte do armazém do edifício, julgando pelas portas duplas volumosas. Onde diabos está este sujeito?
— Sr. Herbert?
Entrou no corredor com o pavor corroendo por seu estômago. Uma a uma pausou nas entradas abertas e percorreu os vazios escritórios escuros com um olhar extenso. O sentimento de que algo estava errado apenas intensificou. Correria e fugiria se não estivesse desesperada para fazer a venda.
Lauren alcançou o fim do corredor sem achar o cara. Queria ir para casa, não queria estar lá, e aquela voz interna a persuadia para que retornasse ao seu carro. As luzes não estavam ligadas, o que a fez pensar por que um comprador vagaria na escuridão de boa vontade. Quem faria isto? Ligar as luzes não é um instinto básico? De jeito nenhum caminharia no estranho prédio as cegas.
Olhou fixamente para as volumosas portas duplas de metal e seu coração acelerou. O aluguel estava atrasado, tinha o pagamento do carro, e menos de dois mil em seu nome. Estaria em sérios problemas se não ganhasse dinheiro nas próximas semanas. Ficar sem teto não era seu objetivo quando entrou na escola. O comprador estava em algum lugar, ele destrancou a porta e o carro esporte deveria ser dele.
E se ele tropeçou? Podia estar machucado e as luzes podiam ter um temporizador. Olhou para as vigas iluminadas e sabia que ia entrar em pânico, se de repente ficasse na escuridão se as luzes desligassem.
— Muitos filmes de terror. Isto é o que ganha em assisti-los. Agarrou uma das maçanetas, pausou, e notou sua mão tremula. — Você certamente se sentirá como uma bosta, se este homem teve um ataque cardíaco e estiver morrendo lá, enquanto está sendo uma covarde.
A conversa estimulante ajudou.
Lauren endireitou seus ombros e agarrou a maçaneta de metal fria. Torceu-a facilmente e empurrou fortemente. A porta abriu para revelar a escuridão e um ar gelado. Um calafrio percorreu 11

sua espinha quando parou.
— Sr. Herbert? Abaixou a voz para murmurar — Responda-me. É melhor você ter tido um ataque cardíaco ou algo para explicar, por que está me assustando pra cacete não me respondendo. Deus sabe que estou prestes a ter um.
O olhar pausou no interruptor dentro da seção do armazém e moveu-se rapidamente para ele. Faria uma caminhada rápida para ver se o cliente estava lá, e posteriormente fugiria.
Quase o alcançou quando a escuridão total fechou ao redor dela, e a porta bateu fortemente atrás dela. Ofegou e congelou. Seus olhos arregalaram, mas não podia ver nada. Arrepios pinicavam sua pele e esperava sinceramente que não tivesse um ataque cardíaco.
Acalme-se! Forçou-se a respirar. As portas provavelmente são pesadas e fecham assim. Acenda as luzes! Maldita Amanda e sua conversa de assassinos em série.
Achou a parede com suas mãos frenéticas, esfregou as pontas do dedo ao longo da superfície lisa, e finalmente tocou os interruptores. Os ligou e rezou para que funcionassem. Um leve zumbido a assustou, mas as luzes clarearam a sala enquanto chamejavam rapidamente um pouco, mas ligaram. Oh, graças a Deus!
Virou sua cabeça para olhar fixamente para o vasto armazém. Tinha de ter uns quinze metros de altura, do chão de concreto até as vigas de metal do teto. O antigo dono deixou grandes containers de metal lá dentro, que bloqueavam sua visão das grandes seções, mas podia ver partes da parede da parte de trás, para julgar que tinha de ter uns bons cento e oitenta metros de comprimento e provavelmente cento e cinquenta metros de largura. Lauren franziu a testa enquanto olhava para os quatro pedaços enferrujados de sucata — containers de transporte semelhantes aqueles que via deixando o porto em navios de carga.
Por que o dono não os removeu? Isto parece ruim para uma venda. Realmente não estava familiarizada com a propriedade. Estava na lista de Brent Thort. Brevemente perguntou-se qual era a grande emergência que Brent teve, que o fez desistir do Sr. Herbert. Se o potencial comprador perguntasse sobre aqueles containers não teria uma resposta.
Está no contrato que o dono irá removê-los ou o edifício vai ser vendido com aqueles enormes bebês? Droga. Lauren agarrou sua bolsa, pronta para ligar para sua chefe, para perguntar se alguma vez encontrou o esquivo comprador.
— Sr. Herbert! Gritou com toda sua força.
Um movimento a fez arquejar. O homem que saiu detrás do recipiente se vestia todo de preto. O coração de Lauren martelava e ela endureceu. O medo não percorreu sua espinha. Sacudiu como um relâmpago de seus sapatos até seu cérebro.
Estava vestido de maneira errada para dirigir o carro esporte luxuoso lá fora. Definitivamente não parecia com o Sr. Herbert. Era um homem grande e a lembrava uma mistura de ninja, com a roupa toda preta, e um soldado com o colete volumoso à prova de bala. O material preto escondia todo o homem, exceto sua garganta e a cabeça bronzeada. O cabelo preto eriçado também dava a impressão que era militar, mas os óculos escuros não combinavam com a roupa. Não podia ver seus olhos de jeito nenhum.
Lentamente ele caminhou em sua direção, fechando a distância enquanto ficava lá congelada. Aproveitou o tempo para ver mais detalhes do estranho. Tinha ombros largos e sua camisa estava esticada firmemente em cima dos bíceps espessos, volumosos. Seu medo cresceu mais. Gritava “ex-condenado” para ela. Teve um vizinho com braços quase daquele tamanho, e ele disse que levantar pesos era a única coisa que aliviava o tédio, enquanto servia nove anos por assalto à mão armada.
Lauren engoliu com dificuldade. Seu vizinho a assustava pra caramba, mas este sujeito era 12

dez vezes pior. Olhou para baixo para as botas pretas e encarou-as abertamente desde que suas pernas ainda se recusavam a funcionar. Definitivamente militar. Seu primo estava na Marinha e o viu polir suas botas alguns meses atrás, enquanto visitava uma tia. As volumosas botas de valentão eram quase exatamente a mesma daquelas que viu.
Quem quer que fosse, apostava que não era o Sr. Herbert. Sabia daquilo, mas esperava estar errada. Finalmente recuou e quase tropeçou. Lutou contra um grito de terror. O olhar localizou as duas armas de fogo presas em suas coxas, uma visão que tinha perdido até que seu cérebro começou a funcionar melhor.
Um suave choramingo escapou de seus lábios separados. O homem vestia calça cargo preta, que tinham bolsos ao longo de ambas às pernas. Ele não só tinha armas de fogo, como tinha uma grande faca amarrada em uma coxa também. Seu olhar apavorado caiu sobre suas mãos com luvas. Estavam abertas ao seu lado e a lembrou de algo como o velho oeste, enquanto se preparavam para brigar, quase como se estivesse prestes a atirar em alguém, estilo pistoleiro.
— Você é o Sr. Herbert? Odiou a rachadura que ouviu em sua voz.
O homem parou e ergueu sua cabeça ligeiramente. Sua boca trançou uma linha apertada, aparentando raiva ou confusão. Desejou que não estivesse usando óculos, assim podia ver seus olhos. Sua estrutura óssea era pronunciada—maçãs do rosto fortes, lábios cheios e um masculino queixo quadrado. Retrocedeu outro passo enquanto o silêncio estendia-se entre eles.
Algo se moveu no canto de sua vista e jogou sua cabeça naquela direção. Outro homem saiu por detrás de um segundo recipiente. Ele era loiro, alto, enorme, e se vestia como o primeiro sujeito. O resto de sua aparência não foi registrado por Lauren. Tudo o que via além do básico era a grande arma que agarrava com ambas as mãos. Parecia uma malévola escopeta.
Oh Santo Deus. Lauren entrou em pânico, perdeu totalmente a calma, e virou. Correu direito para as portas e cambaleou o suficiente para quase cair de bunda. Seus dedos freneticamente agarraram a barra que abriria a porta, e deu um empurrão poderoso. A coisa, entretanto não abriu. Lançou seu ombro contra a porta, enquanto empurrava freneticamente a barra novamente, mas não se moveu.
— Não! Chutou a porta trancada e machucou seus dedos do pé no processo, mas não estava disposta a desistir. Dois pavorosos homens estavam atrás dela. — Abra. Droga abra! Gritou, mas aquilo não a deixou sair.
Seu coração acelerou e ofegou depois, e ela desistiu. As portas não a deixariam passar e estava presa. Seus dedos largaram a barra e lentamente virou-se para enfrentar os dois homens, que provavelmente eram psicopatas que tinham como alvo corretores de imóveis.
Os homens permaneceram na mesma posição e vislumbrou entre as figuras de preto. O loiro também usava óculos escuros. Ele abaixou a grande arma de fogo, apontando mais para o chão do que nela. Foi o único lado bom que pôde achar.
Lauren lembrou-se de sua bolsa que oscilava de seu braço. Seu olhar foi arremessado entre os dois homens em terror absoluto, antes de freneticamente procurar por outra porta. Não viu nenhuma. Sua mão deslizou até sua bolsa, esfregou sobre as chaves de seu carro presa lá, e seu cérebro começou a funcionar.
Botão do pânico. Eu tenho um! Seu dedo polegar roçou o teclado quadrado e empurrou o botão. Ao longe, embora abafado, o alarme do carro começou a gritar em rápidas explosões. Engolia com dificuldade. Talvez chame a atenção de… alguém. A área em torno do edifício é um deserto. Droga. Sua mão foi em direção à ponta de sua bolsa e para seu celular.
— Desligue isso.
Um dos homens ordenou em uma voz estranha e profunda. — Agora. 13

Lauren olhou para o loiro que falou. Estava segurando a arma próxima a seus quadris, mas podia facilmente apontar para ela novamente. Não olhou para seu rosto já que a arma mantinha sua total atenção. Ele vai atirar em mim? Eles são estupradores? Pior? Oh Deus! Sua mente gritou. Pior poderia ser muito ruim.
O alarme do seu carro de repente parou e o choque atravessou Lauren. Não tinha movido seu dedo para desligá-lo. Outra pessoa deveria ter feito isto, o que significava que existia mais deles. Apertou suas costas contra a porta, empurrando-a com seu peso e rezou para que se movesse. Queria fugir do pior modo.
— Onde ele está? O loiro perguntou.
— Quem? A palavra quase não conseguiu sair. Sua garganta parecia fechada como se seu coração estivesse dentro dela.
O homem loiro trocou a arma, agarrando-a com uma mão e lentamente avançando. Estava com o olhar erguido em seu rosto, não podia deixar de perceber sua testa franzida, ou que estava vindo diretamente para ela.
— Afaste-se de mim. A voz de Lauren ficou mais forte, mais alta. — Pare aí mesmo. Não sei quem é você, mas quero ir embora.
O loiro continuou vindo. O coração de Lauren acelerou dolorosamente. O desejo de gritar aumentou em sua garganta, seus lábios se separaram, mas nada saiu.
— Onde ele está? O loiro parou apenas a alguns centímetros de distancia.
Lauren notou que ele era bem mais alto do que ela, e a fez se sentir pequena. Isso o colocava a um metro e noventa e oito de altura. Seus ombros eram bem largos e os músculos inchavam embaixo de sua roupa preta. O olhar dela não podia penetrar naqueles óculos pretos para ver seus olhos. Isto era inquietante e o fazia uma figura muito mais assustadora para se confrontar.
Focou em seu rosto, vendo as altas maçãs do rosto e a mandíbula quadrada. Achou que tinha uma abundância de testosterona, de quão masculinos eram seus traços. Sua voz a lembrou de um cascalho—profunda, áspera, e arenosa. Abaixou o olhar para a arma agarrada á sua mão direita e não conseguia desviar da coisa assustadora. Faria qualquer coisa que eles dissessem, apenas para sobreviver ao pesadelo que viva.
— Quem? O Sr. Herbert? Eu não sei. Estava procurando por ele. Conseguiu sussurrar. Esperava que a ouvissem. — Por favor. Quero sair agora.
O silêncio se esticou e finalmente tirou seu enfoque da arma para olhar para seu rosto. Seus lábios cheios foram retorcidos para baixo, e linhas apareciam nas extremidades. Notou seu estranho nariz pela primeira vez. Não era exatamente chato, mas tinha uma aparência de achatado, como se tivesse levado muitos golpes no rosto.
—Ele atende pelo nome de Brent Thort. Onde diabos ele está? Não perguntarei amavelmente novamente.
Surpresa, Lauren sabia que ficou boquiaberta. — Você está procurando por Brent?
Olhou para o loiro e o outro sujeito assustador. Não gostava de Brent, mas estes homens estavam seriamente armados e perigosos. Seu parceiro de trabalho era espalhafatoso, um machista imbecil. Ele chegou ao ponto de ser ofensivo com todas as mulheres, com suas rudes observações, mas de repente teve um pressentimento de que tinha problemas com jogos. Estes eram dois coletores de pagamentos de algum apostador profissional ilegal? A cor drenou de seu rosto. Ou talvez Brent estivesse envolvido com drogas. Dirigia um carro realmente bom e se gabava sobre todas as mulheres que pegava. Qualquer mulher que dormisse com ele de propósito, tinha que estar sendo paga para fazer isso. Era bonito, mas isto era apenas superficial no caso dele. 14

Isso explicava por que Lauren estava presa dentro de um armazém com bandidos. Esperavam por Brent. Estudou o homem assustador na frente dela, e pôde ver que era os músculos contratado do pior tipo de criminoso. Oh merda! Apareci no lugar de Brent. Um pouco de seu terror aliviou, mas não muito. Teriam que deixar-me ir, esperava, agora que perceberam que sua armadilha pegou alguém inocente.
— Uma emergência surgiu. Minha chefe me ligou para mostrar à propriedade em vez de Brent. Estava orgulhosa de sua voz ter soado mais normal. — Posso ir agora? Obviamente não está interessado em comprar o edifício, certo?
O loiro apertou a boca em uma linha firme. Sua mão lentamente ergueu para sua orelha, para tocar em seu lóbulo. — Diga novamente. Não consegui entender. Existe interferência por causa do aço aqui em algumas partes.
O homem de cabelos escuros moveu-se adiante, e Lauren se apertou mais contra a porta. Todo o terror retornou enquanto se focava nele. Os homens podiam quase ser gêmeos em tamanho. Eram ambos mais altos que ela, ombros largos, e musculosos. Não podia ver seus olhos de jeito nenhum, por causa dos óculos escuros, mas sentiu que olhava fixamente para ela também. Não tentou fazer contato visual desde que seria inútil. Seu olhar foi para o chão de concreto enquanto começava a rezar. Por favor, os faça me deixarem ir. Por favor, Deus.
— Lauren Henderson.
Lauren olhou para o de cabelos escuros que disse seu nome. Ele virou sua cabeça para olhar para o outro homem. Encolheu os ombros.
— Meu microfone está bom. Lauren Henderson é o nome dela. Ela trabalha na mesma companhia que nosso alvo.
O loiro virou a cabeça e Lauren olhou fixamente para os óculos escuros. Engoliu novamente e assentiu. — Trabalho com Brent, mas não o conheço bem.
O fato de que estavam chamando Brent de alvo, não era um bom sinal para ela ou para seu colega de trabalho. Seus joelhos se agitaram quase tanto quanto suas mãos. Alvo significa que foram provavelmente contratados como capangas. Jesus! Em que diabos Brent se meteu?
— Ela é a namorada dele. O de cabelo escuro tinha uma voz profunda também, mas não soava como cascalho.
— Não estou namorando aquele verme. Juro. Não estou namorando ninguém. Tinha que convencê-los ou poderiam decidir machucá-la em vez de Brent. — Nem gosto dele. Ele é um idiota.
Dois pares de óculos escuros estavam apontados em sua direção, e os sentia a observando. Rapidamente teve a impressão de que não estavam acreditando nela, enquanto os dois franziram a testa. Segundos se passaram com uma lentidão excruciante.
— Vamos ser racionais, certo? Forçou o ar em seus pulmões. — Olhem para mim. Vocês conhecem Brent? Ele gosta de mulheres magras e altas. E não sou assim. Ele vai para bares o tempo todo, mas eu nem bebo.
Sabia que estava balbuciando, mas não se importava. Não queria que quebrassem suas pernas, como uma advertência para um namorado que nem tinha. — Nem ao menos gosto do cara. Ele é rude e nós não nos damos bem. Ele foi trabalhar na semana passada mostrando fotos em seu celular de mulheres com a bunda de fora, e disse algumas coisas ruins quando lhe disse que não gostava disso. Não gosto do cara e ele não gosta de mim. Não sou, quase gritando as palavras agora, — sua namorada ou sua amiga! Sou apenas uma idiota que respondeu ao telefona quando sua chefe ligou, e realmente veio até aqui para mostrar esta propriedade. Fechou sua boca.
— Eles estão dormindo juntos. Este foi o de cabelo escuro. — Nós conhecemos Bill. Sua boca trançou um sorriso e dentes brancos relampejaram. 15

O loiro assentiu. — Sim. Nós conhecemos.
— Não estou dormindo com ele. Lauren estava chocada. — Olá? Você não me ouviu? Não sou o tipo dele e esteja certo de que ele não é o meu! Levou segundos para perceber que chamaram Brent por outro nome, mas provavelmente seguiam muitos alvos. Tinha sido um deslize. E também não ia corrigir o erro deles. — Tenho padrões.
— O tipo de Bill tem peitos e você tem. O loiro soou divertido.
— Não durmo com ninguém há muito tempo. Acredite-me. Lauren gaguejou com pressa. — Não dormiria com aquele imbecil. Ele é safado e um porco. Não estou namorando ninguém há quase um ano. Realmente falo sério. Não gosto de Brent, Bill, ou qualquer que seja seu nome.
O sorriso do de cabelo escuro morreu. — Quase um ano, A-ha? Agora sei que está mentindo.
Ela agitou a cabeça. — Isto é a verdade. Não o tocaria nem com uma estaca de três metros, e não gostamos um do outro. Nós até nem conversamos a menos que seja para discutir. Não sei o que você quer com ele e não me importo. Por favor, posso ir agora? Por favor? Se vocês acham que eu o advertiria ou algo do tipo, não iria. Juro. Podem ficar com ele. Levem-no, por favor. Ele é um imbecil de quem estou certa que merece ter suas pernas quebradas, ou qualquer coisa que precisarem fazer para conseguir seu dinheiro. Às vezes desejava poder machucá-lo, então façam isso. Por favor, posso ir agora?
O loiro mordeu o lábio. — Quem você pensa que nós somos?
Seu coração batia forte enquanto olhava fixamente nos óculos escuros. — Cobradores de dividas?
O outro riu. — Você pensa que somos… Ele riu mais alto. Virou sua cabeça em direção ao homem loiro. — Ela pensa que fomos contratados para bater nele, como naqueles filmes que assistimos.
O loiro sorriu. — Não me importaria de quebrar os ossos de Bill. Ele nos deve muito.
O homem de cabelo escuro assentiu. — Eu faria isto de graça.
Lauren empurrou mais fortemente a porta em suas costas, mas ela não se moveu. — Posso, por favor, por favor, ir agora? Todos nós concordamos que Brent é um monte de bosta. Pense em mim como uma líder de torcida. Vá time, e o atacam! Dê-lhe um M.U.R.R.O.
Dois pares de óculos escuros balançaram em sua direção e seus sorrisos morreram. O homem de cabelo escuro se moveu. — Não. Alcançou Lauren. — Você vem conosco.
Ela viu uma mão com luva agarrar seu braço e pulou para frente. Empurrou o loiro, o surpreendendo pelo ataque, e o empurrou com tudo o que pôde. O homem tropeçou para trás e Lauren arremessou-se em direção aos containers. Uma vez que conseguiu chegar lá, se escondeu atrás de um, largou seus sapatos e os agarrou. Endireitou-se quando o loiro quase se esmagou contra ela enquanto dobrava o canto.
O medo à fez virar e fugir novamente, até que quase colidiu com o de cabelos escuros que vinha pelo outro lado do recipiente. Seus corpos deixaram de se tocar por meros centímetros. Um grito agudo de terror saiu de sua boca.
Com o instinto, Lauren lançou um de seus sapatos de salto alto no rosto do homem. Isso lhe deu o benefício se esquivar de suas mãos, que ele teve que usar para proteger seu rosto. Correu para a parte de trás do armazém, segurou suas chaves em uma mão e seu sapato restante na outra.
— Deixem-me em paz! Gritou.
A visão de uma porta na parte de trás a fez correr mais rápido. A esperança deflagrando de que pudesse sair do armazém viva, mas uma respiração pesada soou direitamente em sua bunda. Um deles estava aproximando-se dela rapidamente. Ela gritou apavorada, e ignorou o chão frio de 16

concreto que machucava seus pés nus.
Não diminuiu a velocidade, sabia que era um luxo que não podia dispor, e soltou os itens em suas mãos. Realmente esperava que o assassino tropeçasse neles. Suas palmas abertas esmagaram fortemente a porta, esperava que batendo a tranca da barra a forçasse a se abrir, quando seu corpo fosse empurrado contra ela também. A dor explodiu em seu tórax e na lateral de seu rosto, quando a porta não se moveu. De repente pode simpatizar-se com um inseto batendo num pára-brisa, já que sentiu que tinha sobrevivido ao forte impacto, de estar em voo e batendo num objeto sólido.
Duas grandes mãos agarraram na parte superior de seus braços, e conseguiu sugar ar suficiente para soltar um grito agudo. Ainda agarrando a barra, sacudiu-a com toda sua aterrorizada força. A porta não se moveu e ainda se achava presa. Retorcia-se, tentado soltar-se daquelas mãos. Ele se recusava a solta-la e ela olhou para cima, para ver que era o de cabelos escuros que a pegou. Seu pé chutava freneticamente, tentando acertar sua canela.
— Pare. Rosnou a palavra, um som assustador que a fez entrar ainda mais em pânico.
Lauren chutou novamente, mas errou. O homem podia mover-se depressa e evitou seu pé com facilidade. Embora encostasse no material de suas calças com seus dedos do pé. Ele xingou antes de virar Lauren de costas de frente para porta, e a empurrou contra a parede ao lado dele, forte o suficiente para arrancar a respiração de seus pulmões.
Uma de suas mãos deixou seu braço, e segurou na parte de trás de sua cabeça. Ele largou seu braço e essa mão empurrou com força contra suas costas, a prendendo firmemente contra a parede. Lutou, mas ele era muito forte.
— Parada. Exigiu. — Antes que se machuque. Não quero machucá-la.
Lauren parou de lutar enquanto ficava aparente que cada movimento trazia dor. Seus seios pareciam esmagados e era realmente desconfortável. As lágrimas a cegavam da dor de seus cabelos sendo puxados. Fechou seus olhos, tentando acalmar sua respiração irregular. O forte aperto em seu cabelo aliviou até que não fosse mais doloroso, mas ainda não podia virar a cabeça.
— Onde está Brent?
— Eu não sei. Já disse isso. Só trabalho com o cara.
O homem de cabelos escuros suspirou. — Você está mentindo.
— Não estou mentindo.
— Você acabou de dizer que não namora há um ano. Isso foi uma mentira.
Queria olhar para ele, mas não podia virar a cabeça sem que ele arrancasse seus cabelos no processo. — Isso não era uma mentira. Não estive em um relacionamento por todo esse tempo.
— Você apenas faz sexo com os homens? Quantas vezes permitiu que Bill a tocasse?
— Você quer dizer Brent? Nunca dormi com ele! Não faço esse tipo de coisa. Estou dizendo a verdade. Você pode ligar para minha chefe. Ela deve saber onde Brent está. Darei o número dela. O nome dela é...
— Pare. Ordenou cortando-a. — Obviamente não vai desistir tão facilmente. Teremos de fazê-la mudar de ideia.
A porta próxima a eles se abriu. A esperança saltou de dentro de Lauren que a ajuda tivesse chegado, mas um olhar para quem entrou só fez seu medo crescer. O homem careca estava vestido exatamente como os outros homens que a confrontaram. Mantinha a porta aberta enquanto franzia a testa, encontrando seu olhar, e seus frios olhos azuis estreitaram.
Ele não usava óculos escuros, mas de repente desejou que usasse. Nunca viu olhos como esses antes. A forma deles era estranha e estavam gelados, sem emoção. Um arrepio atravessou sua espinha. Seu olhar fixo pareceu ficar muito mais frio, deixando-a trêmula, até que levou seu olhar para o grande matador atrás dela. Isto quebrou o feitiço e ela olhou em seu rosto. Era muito 17

estranho, mas não teve tempo de estudá-lo para descobrir o que estava errado.
— Nós precisamos sair agora. Nossas escoltas estão nervosas sobre isto e ameaçaram fazer ligações. Amarrem-na e vamos embora.
Fechou seus olhos novamente. Amarrar-me? Como se fossem me matar e enrolar meu corpo dentro de um tapete? Queria gritar, talvez chorar, mas certamente não queria morrer. A mão segurando suas costas, agarrou o material de sua camisa. Usou para arrastá-la para longe da porta e forçá-la a se mover. Continuou segurando seu cabelo também, um insulto duplo, e sabia que não podia fugir de seu captor.
— Caminhe pelo corredor e não lute. Odiaria machuca-la, mas o farei se não seguir minhas ordens. Caminhará ou terei de bater em você, apagá-la, e te carregar.
Estavam a levando para algum lugar e não podia escapar. O matador que a segurava era enorme, uma real monstruosidade de músculos. Teria lutado para escapar de seu agarre em sua camisa, mas agarrar seu coque foi genial.
— Por favor? Lauren não era de implorar.
— Silêncio. Abaixou sua voz quando se debruçou para pôr seus lábios mais próximos de sua orelha. — Nenhum dano acontecerá a você se cooperar. Tem minha palavra.
A palavra de um assassino contratado. Sim. Isto é reconfortante. Tentou não choramingar, com medo que puxasse seu cabelo apenas pela chatice disso. Não iria soltá-la independentemente do que dissesse.
O estacionamento na parte de trás estava mais escuro que o da frente. Existiam menos luzes fixas mais adiante, mas foi fácil chegar até o grande furgão preto sem marca comercial, estacionado a três metros da porta. A porta lateral estava aberta, e foi conduzida e seu cabelo foi finalmente solto.
— Entre.
Subiu por detrás do furgão, não vendo outra escolha, e ele a manteve presa até que a ajeitou em direção ao fundo. Não podia ver muito sem luzes interiores, mas não tentou escapar. Ele ficou muito perto, seu punho manteve um aperto firme em sua camisa, e desmoronou de bunda enquanto ele pareceu feliz onde ela parou.
A porta dianteira do passageiro abriu. Olhou nessa direção e viu a cabeça escura de um motorista usando um boné preto. O homem careca subiu no banco do passageiro. Virou o olhar fixamente para os dois de óculos escuros.
— Fechem a porta e vamos. Ele enviou alguém em seu lugar, mas conseguiremos respostas dela.
Não sei de nada! Embora Lauren continuasse com seus lábios fechados. Eles obviamente não iriam acreditar. Realmente odiava Brent agora.
— Enviaremos uma equipe para seu condomínio. O loiro suspirou. — É tudo o que podemos fazer. Alguém deve tê-lo avisado. Embora ele não tenha certeza desde que a enviou.
O homem de cabelos escuros que ainda a segurando disse, — Isso ou quis que nos livrássemos dela para ele. Pausou. — Fêmea, você não esteve recentemente grávida, não é?
Chocada, Lauren virou a cabeça. Não podia vê-lo agora que as portas se fecharam, mas sabia onde estava. — Não. Continuo dizendo a você, nunca dormi com Brent, quero dizer Bill, ou qualquer que seja o nome como o chamam. Nunca.
— Vamos retornar, o homem de cabelos escuros rugiu. — Nós a faremos falar uma vez que voltemos à sede. Pausou. — Diga a Brass que ela é nossa única pista.
Lauren encheu-se de medo e terror. 18

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