Capítulo Sete
A pequena mão na dele o lembrou de que Bela esperava que a guiasse. Observou o macho Espécie partir, e não perdeu as formas escuras que o rastreava por ambos os lados. O cheiro dos lobos era forte o suficiente para estimar que houvesse pelo menos meia dúzia ou mais.
Shadow lutou para controlar seu temperamento enquanto forçou o ar a entrar e sair de seus pulmões. A raiva era uma emoção forte. Ninguém o advertiu sobre a perigosa vida selvagem que podia prejudicá-los. Claro que isso vinha em segundo plano, para o fato de que a fêmea deixou a cabana. Outro macho teve que salvá-la. Todas as coisas que podiam ter acontecido quase o enviou a um acesso de raiva.
— Shadow?
Ela sussurrar seu nome não ajudou. Acordou com o som de um grito fraco, sabia que era ela e que não estava na cabana. Abriu a janela, deslizou do telhado e caiu sobre o chão duro. O desespero e o medo pela segurança dela exaltaram seus sentidos, enquanto entrava na floresta seguindo seu cheiro.
Seus pés estavam sangrando, mas ignorou a dor. Ele virou, encarando-a.
— Teve sorte que aqueles lobos não te despedaçaram, ou aquele macho não a machucou. Você entende?
Olhos escuros se arregalaram e ela empalideceu.
— Sim. Não sabia que haveria algum perigo. Ninguém me disse. Fui advertida apenas sobre os residentes, e você disse que demarcou a área e que era seguro!
Ele olhou para seu corpo e para suas pernas nuas. A grande camisola que vestia quase brilhava na escuridão. Ela poderia também ter vestido um grande cartaz que dizia “venham me pegar” para quaisquer predadores por milhas.
— Não fale e não tenha medo. — ele advertiu antes de largar sua mão e curvar-se.
Ela ofegou quando ele agarrou seus quadris e a empurrou, até que sua barriga bateu em seu ombro. Um braço enganchou ao redor da sua cintura e a agarrou pelas costas. Endireitou-se, ajustado-a suavemente onde a pendurava através do seu corpo e seguiu em direção à cabana.
— Shadow?
— Silêncio. — rosnou. — Você o ouviu. Leões, tigres, e ursos estão aqui. Você já atraiu os lobos.
Ele não teve nenhum problema em achar à cabana e a deixar na varanda. A porta estava trancada.
— Fique aí.
Ele teve que subir até o telhado, entrar pela janela aberta e correr para o andar de baixo para destrancar a porta. Bela não se moveu um centímetro. Ele apenas a pegou em seus braços, virou-se e entrou. Chutou a porta que fechou atrás deles e livrou uma das mão para trancar as fechaduras. Recusou-se a olhar para o rosto dela enquanto a levava até o banheiro e suavemente a colocava no balcão.
— Não se mova. — Sabia que seu tom era severo, mas ainda batalhava com a raiva. Ela deixou a cabana sem ele e queria gritar.
— Você está sangrando! 58
Olhou para o chão azulejado e notou as pegadas sangrentas.
— É. Isso acontece quando se salta do segundo andar pela janela e corre pela floresta de noite sem sapatos. — Ele ligou o chuveiro e apenas entrou com sua boxer. — Não converse comigo agora.
A água fria ajudou a enfraquecer a dor enquanto se agrupava ao redor de seus pés, lavando o suor e o fedor do próprio medo de seu corpo. Tudo o que conseguia pensar enquanto corria para achá-la, é que podia estar muito atrasado. Um macho podia tê-la traumatizado ou um animal tê-la despedaçado. O tempo permitiu que suas emoções se tranquilizassem e foi quando fechou a água.
Seu olhar encontrou o dela. As lágrimas inundavam seus olhos e ainda parecia mais pálida que o normal. Agarrou uma toalha e começou a secar sua pele o melhor que pôde, com o short molhado. Limpou a garganta, tentando manter suas emoções fora da voz.
— Não deixe a cabana sem mim. — Pausou para surtir efeito. — Você entende?
— Sim.
Não queria apavorá-la, mas o medo era muito melhor que a morte, ou ser forçada a confrontar um macho excitado com a mentalidade de um animal.
— Percebe o quão pequena você é? O quão impotente?
Os braços dela se cruzaram no peito e empurraram seus seios juntos, dando-lhe uma boa visão dos montes suaves em baixo do tecido. Isto o deixou ainda mais raivoso.
— Sim.
— Não acho que percebeu.
Jogou a toalha no chão e avançou. O jeito que ela engasgou e se encolheu quase foi o suficiente para pará-lo, mas tinha adrenalina demais bombeando por suas veias para por um fim na sua necessidade de ensiná-la algo que poderia salvar sua vida. Suas mãos apoiaram no balcão em cada lado dela, enquanto se debruçava até que a cabeça dela descansou contra a parede. Ela não tinha nenhum lugar para ir para evitá-lo enquanto ele invadia seu espaço. Medo lampejava em seus olhos enquanto sua respiração aumentava.
— Podia fazer qualquer coisa com você, Bela. Não conseguiria me parar. — Ele aproximou o rosto até que seus narizes esfregassem. — Bata-me. Empurre-me. — Sua voz aprofundou. — Acha que poderia ganhar?
— Não. — ela sussurrou.
Olhou profundamente nos olhos dela e sentiu-se como um completo bastardo. Ela estava genuinamente com medo. Novos impulsos o golpearam e ele resistiu. Queria beijá-la e pôr suas mãos por toda parte de seu corpo. Recuou alguns centímetros.
— Você teve sorte de que aquele macho parecia manso. Poderia tê-la levado. Estaria dentro de um quarto com ele em vez de estar comigo. Ele não estaria aproximando-se deste jeito de você para provar um argumento. Eu poderia não te achar. Rastreamento não é minha melhor habilidade. Tem alguma ideia de que tipos de imagens de pesadelos passaram pela minha cabeça enquanto procurava por você? Ouvi seu grito e acreditei que te encontraria morta ou não te acharia.
Inspirou e expirou até que controlou seu desejo de dar mais lições, apenas por uma desculpa de tocá-la. Ele queria. Seu pênis começou a endurecer, mas o ignorou apesar do algodão molhado deixá-lo desconfortavelmente notável.
— Sinto muito.
— Teve sorte de estar segura agora. Confiei que tivesse o bom senso de me ajudar a mantê-la fora de perigo. Aprendi minha lição. — Ele soltou o balcão e recuou. — Espero que aprenda a sua. 59
Tire a roupa e tome banho. Conseguirei algo limpo para você vestir e colocarei em sua cama. Chame-me no segundo que estiver decente. Nós não acabamos.
Virou-se, saiu para o quarto dela e fechou a porta entre eles para dar-lhe privacidade. Ele pausou, escutando. A respiração irregular dela o fez se sentir pior. Achou que ela lutava contra o desejo de chorar, mas finalmente a água ligou.
Sua mala estava empacotada com coisas femininas que não se sentiu confortável mexendo, mas localizou uma camisola semelhante a que ela vestia quando se conheceram. Tinha alças minúsculas nos ombros e o algodão suave era muito fino. Ele o soltou na cama e usou o corredor para entrar em seu próprio quarto. Levou apenas segundos para trocar a cueca molhada por uma seca. Cuidaria de seus pés depois. Os cortes não estavam ruins, mas ficariam doloridos por alguns dias até que curassem totalmente.
Não podia permitir que Bela se livrasse do que fez. Da próxima vez poderia não alcançá-la a tempo, ou o macho poderia não ser civilizado o suficiente para ser tão educado. Ela precisava entender os perigos. As fêmeas no dormitório a mimaram demais, mas não era culpa dela. Era assim que as Fêmeas Presente eram tratadas.
— Droga. — falou.
Bela se secou e checou ambos os pés. Havia um pouco de dano em um calcanhar, mas teve sorte. Shadow não podia dizer o mesmo. Usou sua toalha úmida para limpar as pegadas sangrentas. Estava cheia de remorso e vergonha. Ele machucou-se porque fez uma coisa impensada. Pior, ele a viu chorar. A última coisa que queria era parecer mais fraca do que Shadow já acreditava que fosse.
Isto pareceu tão inofensivo no momento. Queria apenas ir lá fora, nunca achou que realmente seria perigoso. Shadow marcou a área e Espécies não machucam outro Espécie. Todos os homens a evitavam. Era uma coisa boa que estivesse errada sobre isto, considerando que Torrent salvou sua vida.
Abriu a porta do quarto e foi um choque quando Shadow estancou encarando-a. Ela o ouviu em seu quarto e pensou que seria seguro vestir-se depressa. Cobriu seus seios nus com as mãos e se retorceu, tentando esconder a parte de baixo.
— Merda. — Ele virou. — Desculpe. Não achei que sairia nua.
— Pensei que estava em seu quarto.
— Sua camisola está na cama.
Arremessou-se para ela e colocou-a por cima da cabeça. Em sua pressa as alças não quiseram ajustar-se em seus braços, enquanto emaranhavam com seu cabelo molhado. As coisas não podiam ficar pior. Ele estava bravo e acabou de vê-la nua. Arrastou a camisola para baixo depois de se desenrolar olhou fixamente para as costas largas dele.
— Estou decente. — O calor ainda aquecia seu rosto quando ele virou-se de frente novamente. — Desculpe. — Acho que não foi isto que Breeze quis dizer quando disse para mostrar-lhe meu corpo nu. De jeito nenhum iria pedir para fazer sexo com ele agora. Não havia como perder a raiva refletida em seus olhos, quando ousou encontrar o olhar direto dele. — Realmente sinto muito.
— Estive pensado.
Medo a agarrou.
— Quer que eu retorne a Homeland? Estraguei isso, não é? — Abraçou a cintura, um hábito que odiava, mas não conseguia parar.
Ele olhou para o seio dela e depois afastou o olhar. 60
— Não.
O sentimento de enjoou piorou.
— Vai chamar outra pessoa para ficar comigo? — Ela o queria, não um homem diferente vivendo com ela.
Ele agitou a cabeça.
— Dormirei aqui no chão. Desse jeito não ficará tentada a dar mais passeios sozinha, já que terá que passar por cima de mim para fazer isso. Não vai sair da minha vista a menos que eu esteja tomando banho.
Suas palavras foram absorvidas e ela ficou despedaçada entre a dor e a raiva. Ele não se ofereceu para compartilhar a cama dela preferindo o chão. Aquela rejeição machucou-a profundamente. A parte onde pensou que poderia cometer o mesmo erro duas vezes, insultava sua inteligência. Não era uma completa idiota.
Ela caminhou até a janela para olhar a vista, mas só viu seu próprio reflexo já que a luz no quarto deixou impossível ver qualquer outra coisa. Seu cabelo caia como uma massa molhada por cima dos ambos. Não era surpresa que não queria dormir com ela. Ela parecia um rato afogado. Pior, se sentia como um rato. Um rato assustado e tímido.
— Essas são as novas regras.
— São? — Sua raiva cresceu. Estava cansada de lhe dizerem o que fazer e o que não fazer. Estava livre e queria o direito de fazer como lhe agradasse, do jeito que todos os outros Espécies faziam. Ela o enfrentou. — Então está decidido? É o final? Nenhuma discussão entre nós primeiro?
Seus olhos estreitaram.
— O que isso quer dizer?
— Disse que sentia muito. Nenhum de nós sabia que havia animais perigosos lá fora. Fui lá fora tomar um pouco de ar fresco, mas queria ver o rio. Sei que fez xixi nas árvores para demarcar a área, para manter os outros homens afastados. Sou uma Presente então nenhum deles se aproximará de mim de qualquer forma. Sou uma leprosa em nossa sociedade ou como se fosse.
— Uma o que?
— Você não lê? Eu leio. É alguém com uma doença de pele contagiosa. É chamado hanseníase. Assim é como sou tratada. É como se tivesse isso e alguém pudesse pegar de mim se chegarem muito perto.
— Machos evitam você por respeito e preocupação por seu bem-estar.
Estava cheia de ouvir isso. Todo mundo estava tentando ser tão protetor que talvez pudessem também embrulhá-la em uma bolha, e trancá-la dentro de um quarto. Não era justo e não era certo. Ela não era Tiny ou Halfpint e estava cansada de ser igualada a elas.
— Isto é um monte de merda.
As sobrancelhas dele levantaram-se rapidamente.
— Isso significa besteira. Ninguém me perguntou se eu queria ser etiquetada com esse título ou tratada do modo como tenho sido. Apenas quero uma vida normal. Sou intitulada das mesmas coisas que qualquer Espécie.
— Você foi abusada.
Ele está brincando? Sua raiva ferveu.
— Você também.
Ele empalideceu ligeiramente.
— Não é a mesma coisa. As coisas feitas comigo não quebraram meu espírito. 61
— Não estou quebrada também. — Ele estava realmente irritando-a. — Você acha que não ouvi as histórias de alguns do nosso povo? Ouvi. Algumas das mulheres foram estupradas por guardas enquanto estavam na Mercile. Seu tamanho e força as salvaram às vezes, mas nem sempre. Só um homem me machucou e sei que podia ter sido muito pior.
— Não vejo como.
— Posso te dizer. Halfpint e Tiny não querem ser tocadas nunca mais. Elas estão quebradas por dentro ao ponto dos homens as apavorarem. Elas querem ser protegidas e se manter afastadas de todo mundo que tem um pau. Não posso nem imaginar algumas das coisas horríveis da qual sobreviveram. Não foi um piquenique para mim, mas o Mestre não era nenhum louco depravado por sexo.
— Ele não era seu Mestre. — Shadow rosnou. — Nunca mais o chame disso novamente.
— É o único nome que tenho para chamá-lo. Poderia chamá-lo de canalha ou imbecil, mas você entendeu. Era um homem velho e provavelmente poderia ter lutado com ele, mas sabia quantas coisas piores poderiam acontecer se eu fizesse isso.
Ele franziu a testa.
— Explique.
— Os guardas, Shadow. Ele era a única coisa que os impedia de me estuprar. Pagava-lhes para tomarem conta de mim, e manter suas mãos para si mesmos. Não que eles mantivessem suas bocas fechadas. Nunca tive dúvidas do que queriam fazer comigo, porque frequentemente falavam sobre isto. Tentaram me subornar para permitir-lhes fazerem coisas nojentas em troca de mais comida, e uma promessa de que não os denunciaria. Estive muito faminta em minha vida, mas nunca tanto assim. Tive as palavras para usar como arma. Isto é tudo que já ousei ter.
— Palavras?
— Como ameaçar denunciá-los se me tocassem.
— Ele tocou em você.
— Sim, tocou. Também não foi bom. Eu era um objeto para ele em vez de uma pessoa. Sabia disto. Sentia isto. Eu era algo que ele possuía. Ele me vestia com roupas bonitas, assim podia me admirar como se eu fosse uma daquelas pinturas que tinha no andar de cima. Tenho cicatrizes emocionais, certo, mas me senti sortuda depois que passei um tempo com as outras Fêmeas Presente e ouvi suas horríveis histórias. E, além disso, cresci lá. Não conheci pessoas vivendo de qualquer outro modo. Foi traumático e assustador, mas era normal para mim. Não sabia que existia qualquer outra coisa fora isso.
Ele ficou boquiaberto para ela.
— Você sabe o que Halfpint sofreu? O homem que a possuiu exibia sua mulher meio animal e os deixava tocá-la. — Lágrimas encheram seus olhos só de pensar no pesadelo infernal que sua amiga sofreu. — Ele se sentava em uma cadeira e os assistia fazerem o que queriam. Havia apenas uma regra. Não podiam contundi-la ou deixar marcas. Ele gostava dela com uma boa aparência.
Shadow rosnou.
— Tiny foi entregue a um sujeito que era afim de coisas que me deixaram enjoada. Nunca permitirá que um homem a toque novamente. Ela prefere morrer. Nem quero repetir as coisas que falou. Fez-me sentir culpada por me lamentar. A pessoa que me teve só me forçou a aceitá-lo em meu corpo. Doía e foi sem emoção, mas não me bateu ou me humilhou fazendo isto na frente de outros. Não me fez dizer que amava as coisas que fazia com meu corpo. Nunca estava amarrada enquanto me forçava a recebê-lo em minha boca ou… — Ficou quieta, tentando controlar suas emoções furiosas. 62
Shadow olhava fixamente para o chão, suas mãos fechadas aos seus lados. Ela se acalmou.
— Recuso-me a permitir que meu passado arruíne meu futuro. Não sou fisicamente tão forte quanto às outras mulheres, mas também não estou quebrada por dentro. Estou curando. Recuso-me a fazer nada menos. Quanto mais aprendo, mais sou agradecida. Você entende?
Ele olhou para cima.
— Sim.
— Sinto vergonha às vezes por não lutar. — Foi sua vez de olhar fixamente para o chão. — Fiz tudo o que ele pedia porque estava com muito medo de que parasse de me proteger dos guardas. Ficava apavorada que morresse quando adoecia, pois não haveria como impedi-los.
Silêncio se prolongou entre eles.
— Devemos dormir. Shadow caminhou para o corredor. — Vou pegar meu travesseiro para dormir no chão aqui no corredor.
— Pensei que fosse dormir no meu quarto.
Pausou, de costas para ela.
— O corredor é melhor. Fico mais distante de você.
Ai.
— Faria isso se eu fosse Rusty ou Kit? Dormiria no chão? Aprendi a não deixar a cabana sem você. Estou ciente de todos os perigos agora. Não precisa ser minha baba como se eu fosse uma criança. Não sou.
Seu olhar saltou para seus seios.
— Estou mais que ciente disto.
A frequência cardíaca dela aumentou. Não precisava perguntar-lhe o que quis dizer com isto. A atenção dele em seu seio deixou o significado claro. Ele deu-lhe as costas, mas não partiu.
— Pode dormir em seu quarto em vez do chão. Dou minha palavra, nunca mais farei qualquer coisa assim novamente. Pedirei a você para me levar para o rio da próxima vez.
— Por que fez isto? — Ele olhou para trás.
— Ir para o rio? Caminhei para o lado de fora para conseguir ar e o ouvi. Estava curiosa. Pensei que estava dormindo e não achei que isto fosse grande coisa. Posso distinguir formas bem o suficiente para pensar que pudesse encontrá-lo sem cair em um buraco ou na água.
Ele passou os dedos pelo cabelo, quebrando o contato visual.
— Tudo bem. Aceitarei sua promessa.
— Obrigada.
Ele hesitou.
— Não, não me ofereceria para dormir no chão com as outras fêmeas Espécies. Você não é como elas.
— Sou menos, certo? Fraca? Talvez inútil? — Kit lhe disse que os homens viam as Fêmeas Presente desse modo.
— Olhe para mim.
Ele virou.
— O que?
— Sou apenas uma mulher, Shadow. Estou ficando mais forte todo dia, e recuso-me a ser trancada dentro de uma caixa, enquanto você e todo mundo joga a chave fora. Posso não ser tão fisicamente apta como as nossas mulheres, mas isso não me faz menos. Seu queixo subiu. — Sou tímida e menos propensa a ser brutalmente direta, mas me dê um tempo. Quero uma vida normal e isso é algo que vou ter que ganhar, a fim de ser tratada igual por aqui, não é? 63
Um grunhido suave saiu dele.
— Quer ser tratada do jeito que elas são?
— Sim.
Seu olhar a percorreu lentamente, olhando cada centímetro.
— Não deveria dizer isto agora. Você não sabe muito sobre os machos Espécies, não é?
— O que isso quer dizer?
— Acabei de te ver nua e está exigindo que eu a veja como se fosse qualquer outra fêmea Espécie. Suavemente rosnou. — Tenha cuidado com o que deseja Bela.
Seu coração acelerou enquanto olhavam fixamente um para o outro. Olhou para baixo pelo corpo dele, e notou pela primeira vez que seu short formava uma tenda com o pau semiereto. Ficou surpresa pelo seu estado excitado. Estavam discutindo, mas isto pareceu excitá-lo. Isso não fazia nenhum sentido para ela.
— Boa noite. — Ele saiu de sua visão para retornar ao quarto.
Bela hesitou então correu atrás dele antes de perder a coragem.
— Shadow.
Ele virou, um grunhido baixo passando por seus lábios separados.
— O que?
— Conte-me mais sobre os homens Espécies.
Seus olhos arregalaram e suas mãos esticaram até agarrar o topo do batente da porta do seu quarto.
— Agora não.
— Você disse que não sei muito sobre homens Espécies. Diga-me o que acha que eu deveria entender sobre eles.
Ele pareceu estar estudando seu rosto antes de falar.
— Você não pode ser tão inocente.
A explosão de temperamento ainda abasteceu sua coragem.
— Você está atraído por mim?
— Sabe que estou. — Olhou para baixo para a evidência. — É óbvio. Não há como esconder nesta boxer.
Bela seguiu seu olhar e ficou um pouco boquiaberta com a vista do pênis de Shadow empurrando contra o material. O contorno era grosso, grande e intimidador. Não estava certa como não notou sua condição até que o mencionou. Mas ele tinha olhos tão bonitos que a distraíam. E seu peito nu e os ombros largos. Toda respiração que dava a fazia apreciar a visão de ambos. Havia tanto sobre ele que achava fascinante.
Shadow não faria nenhuma das coisas que o Mestre fez. Estava disposta a confiar nele, ainda que ele não estivesse tão certo de sua convicção. Primeiro, entretanto, precisava descobrir se era tão resistente em ficarem mais íntimos porque ela era uma Fêmea Presente, ou era resultado de seus traumas. Sua boca dizia uma coisa, mas seu corpo mostrava interesse.
— Você quer dormir comigo? — Não podia acreditar que acabou de soltar essa pergunta, mas ficaria com o olhar fixo no teto a noite toda se repreendendo por ser uma covarde. — Pensei que estava bravo. Estou confusa. Não entendo como pôde ter essa reação não gostando de mim.
— Estou furioso. — Ele continuava apertando a madeira da porta firmemente. — Tenho todos os tipos de coisas acontecendo dentro de mim.
— Que tipos de coisas?
Seu peito levantou enquanto sugava o ar antes de exalar lentamente. 64
— Não a desprezo. Esse é o problema. Podia ter sido morta pelos lobos ou levada pelo outro macho. Isso desperta certos instintos dentro de mim.
— Que tipo?
Ele fechou seus olhos e virou a cabeça para o lado para descansar sua testa contra o lado interno de seu braço, a frustração bem clara em seu rosto.
— Estou tentando entender. — ela suavemente explicou. — Não é minha culpa que fui mantida afastada dos homens Espécies e não sei tanto sobre você.
Sua cabeça virou na direção dela, seus olhos abriram.
— Sou um macho, não um homem.
— Eu te disse, estou trabalhando nessa coisa de linguagem.
— Você disse. — Ele largou o batente da porta e deu alguns passos hesitantes para frente, enquanto suas mãos abaixavam ao seu lado.
Ela não retrocedeu, entretanto parte dela queria. Ele era grande e estava quase nu, mas era Shadow. Surpreendeu-a quando de repente ele caiu de joelhos na frente dela, deixando seus rostos quase na mesma altura. Olhou profundamente nos olhos dela, enquanto suavemente encaixava seus quadris dentro de seu alcance. Ficou sem palavras apesar de querer saber o que ele estava fazendo.
— Explicarei. — ele falou.
Ela assentiu, recusando-se a desviar o olhar dele.
— É minha para proteger. Sei em minha mente que você não me pertence, mas meus impulsos dizem o contrário. Outro macho chegou muito perto, e sei o que poderia ter feito com você. Isto me deixa meio louco por dentro.
— O que acha que ele teria feito comigo?
Uma sobrancelha loira curvou.
— Está certa que quer a verdade?
Nitidamente assentiu.
— Ele teria tirado sua roupa e te seduzido. Teria te montado quando estivesse disposta a aceitá-lo. Sua voz aprofundou. — Teria te virado e pegado você por trás. Isso significa sexo.
— Breeze disse para dizer a um homem para me pegar de frente, por causa do meu passado.
Ele ligeiramente empalideceu.
— Por quê?
— Era assim que… — Pausou, lembrando que ele odiava o termo “Mestre”. — O canalha fazia comigo. Ele sempre me pegava por trás, assim não tinha que me olhar e saber que me causava dor.
Shadow pendurou sua cabeça até que sua testa quase descansou contra o topo de sua camisola. Sua respiração quente abanava o material fino entre seus seios. Ela só hesitou por um segundo, antes de estender a mão e lentamente escovar seus dedos pelo cabelo curto.
— Como aquilo machucava? — Seu tom era áspero.
— Não entendo.
Ele continuou com sua cabeça abaixada.
— Era apenas porque você é pequena e ele estava dentro de você que era doloroso, ou era porque não o queria e não estava molhada?
Ele foi direto o suficiente para surpreendê-la. Também queria ser sincera com ele.
— Não sei. Não queria que fizesse aquilo e apenas doía.
Ele tirou uma mão de seu quadril, e deslizou um braço em volta de sua cintura, abraçando-a. 65
— Alguma vez foi bom? Nem uma vez?
— Não. — Talvez houvesse algo de errado com ela. Não considerou isso até este momento.
Ele finalmente ergueu a cabeça e ela olhou fixamente em seus olhos novamente.
— Nunca?
— Não.
— Ele acariciava você? Disse que nunca te beijou. Ele tentou te excitar?
— Ele agarrava meus quadris e me dizia para ficar quieta. Isto é tudo.
Raiva lampejou em seu olhar antes que desviasse o olhar.
— Apenas te forçava de joelhos quando a pegava?
— Mais ou menos. Curvava-me no final da cama e agarrava a grade. Era uma cama estreita.
Um grunhido a assustou. Foi um som alto, perigoso.
— Não. — ele falou, segurando o olhar dela novamente. — Não sou ele.
— Sei disso.
— Você está curiosa sobre sexo, e quer saber como seria se um macho que quisesse te tocasse?
Suas bochechas estavam queimando agora, e queria se esconder de seu olhar intenso, mas respondeu honestamente apesar disto.
— Sim.
— Por quê?
— Não entendo a pergunta.
— Por que quer que um macho te toque depois de ter sido machucada?
Tentou colocar seus sentimentos em palavras.
— Não queria a princípio, entretanto comecei a ouvir as outras mulheres que vivem ao meu lado quando homens as visitavam. Elas continuamente convidam mais deles para seus apartamentos. Invejei-as porque soavam tão diferente de que conhecia. Os sons eram de prazer, não dor. Elas gostavam. Quero apenas saber como é ter alguém me tocando desse jeito. Não posso explicar melhor que isso. Gostei de tê-lo me abraçando na noite que passamos juntos.
— Não sou o macho certo para isso.
— Você não me quer. — Isso doeu. — Está tudo bem.
— Quero você. Estou dizendo apenas a verdade. Evito as fêmeas.
— É por causa de que fizeram com você? Fez com que odiasse as mulheres?
— Não, não odeio. Tenho medo que perca o controle se tiver uma retrospectiva. Tenho pesadelos.
— O que exatamente fizeram com você?
Ele não respondeu e pensou que não iria, até que deu uma respirada irregular.
— Eles me deram drogas de procriação e colocaram coisas em cima dos meus olhos para me forçar a assistir vídeos de mulheres humanas tocando em si mesmas. Deixava meu pau duro, porque sou macho e as drogas me excitavam muito. A dor lampejou em seus olhos bonitos. — Colocavam meu pênis em uma máquina que me estimulava a lançar minha semente.
— Roubavam seu sêmen para vender. — Lembrou-se dele lhe dizendo isso.
— Doía muito, e até depois que minha semente era tirada não paravam. Drogaram-me o suficiente para me deixar irracional, assim eu sofria. Comecei a associar dor e humilhação ao ver um corpo feminino. Progredi um pouco desde que fui libertado. A forma feminina me excita agora, mas a ideia de completar a ação me faz hesitar.
Bela continuou a acariciar seu cabelo com as pontas dos dedos. 66
— Isto fez com que se sentisse desse jeito, quando saí do banheiro agora sem minha toalha?
O braço ao redor de sua cintura apertou lentamente.
— Não.
— Como isto o fez se sentir?
Suavemente rosnou e abaixou seu foco para seu seio.
— Com medo, mas queria você.
— Como possivelmente posso assustá-lo? — Espantou-a que dissesse isto.
Ele olhou para cima e segurou o olhar dela.
— Você é menor que eu, e me preocupo em ser muito rude se puser minhas mãos em você.
— Está me tocando agora e está sendo muito gentil. — Ela engoliu com dificuldade. — Talvez pudéssemos ajudar um ao outro a nos recuperar do nosso passado.
— Como?
Seu coração martelava de medo, mas queria Shadow.
— Venha para a cama comigo.
Meu casal favorito 💖
ResponderExcluirEsse casal ❤️ não tem como, é o meu preferido até agora 🥰😩🤧
ResponderExcluirItiiiii, mal começou e já estou amando a evolução dos dois
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