Está tudo dando errado! Bela piscou de volta as lágrimas de frustração, por sua falta de sucesso em atrair Shadow para levá-la para a cama. De propósito tropeçou e caiu contra seu peito, enquanto ele preparava a comida na cozinha. Ofereceu-se para ajudar apenas para ter a oportunidade de colocar o plano em funcionamento. Ele deveria ter olhado para ela, seus olhares se fundiriam, e então ele plantaria um beijo nela. Ao invés disso endireitou-se imediatamente e se desculpou por estar em seu caminho.
O jantar romântico deles acabou sendo um fracasso. Ele evitou olhá-la o tempo inteiro que estavam acomodados próximo um ao outro no bar. Pegou uma revista sobre armas, declarando que estava pesquisando. A única conversa que compartilharam foi sobre a nova medida de segurança que a ONE estava tomando. Explicou detalhes sobre seu equipamento de monitoramento mais recente.
Toda vez que tentava dirigir o tema para o romance, Shadow ficava agitado. Seu rosto enrubesceu, e isto foi um tanto quanto atraente, enquanto gaguejava as palavras. Aparentemente, não ficava confortável discutindo qualquer coisa pessoal. O jantar terminou e sabia que relaxariam na sala de estar posteriormente.
Isso fez Bela parecer incapaz como mulher. Essa habilidade natural de paquerar com homens parecia totalmente deficiente no seu caso. Embora autopiedade não fosse seu estilo, em relação a sua falta de semelhança com uma vida normal, até ela ser libertada. Apenas teria que descobrir como despertar seu interesse em fazer sexo.
O fogo na lareira estava aceso, mas em vez de se sentar ao lado dela no sofá, onde deixou bastante espaço, ele se sentou em uma cadeira do outro lado da sala.
— Pode se sentar ao meu lado. — insinuou, imaginando se inclinar contra ele e se aninhar ao seu lado.
— Estou bem aqui. — Bocejou. — Estou cansado e não quero adormecer. O sofá é muito almofadado para mim.
As chamas seguraram seu olhar, mas não sua atenção. Isso estava no homem à sua esquerda. Do canto de seu olho, o viu cruzar os tornozelos. As botas volumosas que usava pareciam desconfortáveis. Deu-lhe uma ideia enquanto mexia seu corpo para olhá-lo.
— Quer que eu remova suas botas? Posso fazer isso para você. — Viu um filme onde a esposa fez isso para seu marido, quando voltou para casa do trabalho. Ele a beijou posteriormente agradecido. — Não seria nenhum problema. 50
— Sou capaz de removê-las eu mesmo. Tirarei-as antes de ir para a cama. — Ele franziu a testa. — Não sou um macho fraco.
— Não disse que você era. Só queria ser gentil.
— Você é. — A cabeça dele inclinou para trás e ele olhou fixamente para o teto.
Seguindo seu olhar, não viu nada de interessante nas vigas de madeira. Ele parecia fascinado. O vento lá fora esbofeteava o lado da cabana e sacudia as janelas. Shadow respondeu saltando de pé, imediatamente alerta.
— Fique aí. Vou lá fora patrulhar.
— Não é nada. — Não queria que ele partisse.
Ele parou na porta, finalmente encontrando seu olhar.
— Está tarde. Devemos nos preparar para dormir quando retornar. Vá na frente para seu quarto. Voltarei logo e apago o fogo.
Ela começou a dizer-lhe que era muito cedo — pouco depois das oito — mas ele se foi antes que pudesse falar. A porta fechou e uma grande decepção foi tudo o que lhe restou. Teria recebido um zero se fosse avaliada nas habilidades de “fazer um homem desejá-la”.
— Droga. — murmurou, sabendo que estava remetendo ao palavreado humano, entretanto, continuou tentando quebrar esse hábito. — Merda. Porra. Que se dane. — ela continuou, caminhando. Espécies eram difíceis de lidar. Os homens humanos sempre a pediam para ser legal com eles. Os guardas sempre estavam interessados nela, mas Shadow parecia imune. Isso a confundiu e a perturbou.
Foi para o andar de cima para pegar o telefone de sua bolsa. Ligou para Breeze. A Espécie respondeu no primeiro toque.
— Está tudo bem?
— Não.
— Ele fez algo errado? — Um grunhido ressonou na linha. — Baterei nele.
— Caí em cima dele, mas apenas me pôs de volta em pé. Convidei-o para se sentar ao meu lado, mas escolheu uma assento do outro lado da sala. Por que isso não está funcionando? Não acho que ele me queira. Estava certa que essas táticas provocariam uma resposta.
A pausa foi longa.
— Você o que?
— Caí sobre ele acreditando que ficaria tentado a me beijar, mas não ficou.
— Eu te disse o que fazer. Remova sua roupa e diga a ele para compartilhar sexo com você.
— Não sou tão corajosa. — Bela ergueu a cabeça, escutando a porta no andar de baixo, para certificar-se que ele não tinha retornado e escutado sua conversa. — Não acho que retribua meu interesse.
— Ele é macho e respira. — Breeze riu. — Ele apenas não está tendo noção exata do que quer dele. Precisa ser mais agressiva.
— Não sou você. — Odiou o modo como se sentiu ao admitir isto, como se tivesse perdido algo essencial, mas não podia negar ser um pouco tímida. — Congelo quando considero algo tão grande, e se ele me rejeitar? Ficaria envergonhada. Não conseguiria enfrentá-lo e estamos compartilhando uma casa.
— Quer que ligue para contar a ele? Faria isto facilmente. Tenho o número do telefone celular dele.
— Não! Queria apenas um conselho. 51
— Eu te dei um. Tire a roupa. Diga-lhe para remover suas roupas. Isso é tudo que vai custar, Bela. Ele não a rejeitará. Ele não tem nenhuma fêmea em sua vida.
— Você não poderia apenas me dizer como deixá-lo interessado em mim sem mostrar meu corpo primeiro?
— Você podia dizer-lhe que deseja compartilhar sexo. Isso clareia qualquer confusão.
— Estou procurando por uma abordagem mais aprazível.
— Foi isto o que aprendeu com os humanos? É incrível que façam sexo. — Breeze ficou muda por um momento. — Não sou uma perita nisto. Tentei iniciar sexo com um humano e ele não respondeu como esperado. Que tal se tirarmos Shadow e o substituímos por um membro da força tarefa? Talvez um macho humano fosse mais adequado para você.
O conceito de permitir que alguém exceto Shadow a tocasse, matou qualquer desejo que teve em descobrir o que acontecia entre duas pessoas durante o sexo consensual.
— Não. Eu o quero.
— Você está certa? Posso fazer alguns telefonemas.
— Quero Shadow.
— Ele é o único macho com que passou um tempo. Poderá gostar de outro. Posso enviar alguns deles até aí. Embora tivessem que movê-la para o hotel. De jeito nenhum Valiant iria lidar com os residentes da Zona Selvagem se cheirassem humanos. Eu posso...
— Esqueça o que perguntei. Descobrirei isto sozinha. Não envie ninguém.
— Está bem. Ligue-me a qualquer hora.
— Obrigada.
Bela terminou a ligação e escondeu o telefone. Endireitou-se para ouvir a porta, enquanto rapidamente ficava nua e colocava uma camisola. Um barulho leve embaixo a assegurou do retorno de Shadow. O olhar estava fixo na soleira aberta, na expectativa de vê-lo subindo as escadas. Não foi uma longa espera.
Ele pausou na entrada e olhou para seu corpo. Sabia que a camisola azul pálido não era sensual. Não possuía nada que pudesse ser considerado assim pelos padrões de ninguém, mas tinha um decote baixo. A ONE pagou por tudo que possuía, e compraram tudo on-line. Neste caso era uma enorme camisola que caia até seus joelhos, três vezes maior, e os braços eram longos o suficiente para alcançar seus cotovelos.
— Boa noite. Estarei bem no quarto ao lado. — Ele afastou o olhar. — Quer a porta fechada?
— Não. Prefiro aberta.
— Pode dormir à vontade. Nada entrará sem que eu ouça. — Virou-se pronto para se afastar.
— Shadow?
Ele pausou, virou a cabeça e olhou fixamente para ela.
— Sim?
Seus nervos a fizeram se sentir um pouco enjoada. Estava na ponta da língua para pedir-lhe para que compartilhasse seu quarto. Sua frequência cardíaca aumentou e um caroço pareceu se formar no centro de sua garganta, bloqueando a fala.
— Boa noite, Bela.
Ele se foi. Não ouviu a porta de seu quarto fechar, e se perguntou se tinha deixado aberta também. Seus ombros afundaram por perder sua chance de convidá-lo para dormir em sua cama. A luz apareceu debaixo da porta do banheiro que compartilhavam, deixando-a saber, que ele estava lá. A água, um momento mais tarde surgiu. 52
Sentou-se na cama olhando fixamente para a rachadura minúscula ao longo da parte inferior da porta do banheiro. A porta do chuveiro rangeu. A lembrança da maior parte do seu corpo nu escondido apenas pela bandeira veio à tona. Shadow tinha um corpo grande, todo musculoso e corpulento. Seu cabelo não demoraria muito para lavar já que era tão curto.
A disposição do banheiro se reproduziu em sua mente, e ela focou-se na parte onde ele estaria em pé debaixo do jato d’água. O desejo de se juntar a ele era forte. Breeze ou Rutsy apenas entrariam lá, tirariam a roupa, e entrariam no box com ele. Elas teriam a coragem de arrastar as mãos na pele dele, e dizer-lhe para fazer qualquer coisa que quisesse.
Bela se sentou quieta. Estava vivendo sozinha com um homem que queria, mas não podia se convencer a agir corajosamente. Isso a fez se sentir como uma grande covarde. A água cessou, ele abriu a porta do chuveiro e ela imaginou-o usando uma toalha para se secar. A luz desligou e o silêncio reinou dentro da cabana.
Shadow se esticou na cama e olhou para o teto. Escolheu dormir com um dos pares de cuecas boxer, que seus amigos humanos da força tarefa lhe deram, ao invés de estar nu. Odiava vestir qualquer roupa enquanto dormia, mas a entrada para o corredor estava iluminada pelo quarto de Bela. Ela não desligou a luz. Isto o deixou perguntando-se o que estaria fazendo lá.
Estava muito quieto na cabana, nenhum som de vida além do vento esbofeteando a estrutura ocasionalmente. O dormitório para onde se mudou recentemente sempre tinha um pouco de barulho. Os machos falando nos corredores, ou portas fechando em algum lugar. Um de seus vizinhos gostava de jogar vídeo game um pouco alto. Foi bem-vindo depois do silêncio imponente de viver no porão da sede da força tarefa. Sentia falta de Wrath e desejou que pudesse ligar para ele.
Seu melhor amigo e sua companheira tinham acabado de se mudar para uma casa em Homeland. Precisavam de tempo para se adaptar e não quis atrapalhá-los. Não estava tarde então não precisava se preocupar que perturbasse seu sono, mas sabia que esperaram ansiosamente para passar um tempo sozinhos. Privacidade não era algo que tiveram muito em seu antigo aposento.
Virou-se de lado, olhando para o corredor. Devia voltar a Homeland para se familiarizar com seus novos deveres. Viver entre tantos Espécies foi agradável. Eles o receberam de braços abertos e começou a fazer mais amigos. Então Bela decidiu correr na chuva.
Não podia lamentar conhecê-la, mas se ressentiu do modo que foi manipulado para se tornar uma cobaia. Jurou nunca permitir que isso acontecesse novamente. O fato de que pudesse envolver qualquer coisa sexual, realmente o deixava de mau humor. Ninguém considerou seus sentimentos. Não queria fazer parte de ser cobaia de ninguém.
É isso que sou, silenciosamente admitiu. Gastou muitas horas se familiarizando com os Novas Espécies e suas realizações, durante quase metade do ano vivendo com a força tarefa. Eles lhe deram acesso a todas as informações que quis sobre seu povo. As Fêmeas Presente foram um dos tópicos que leu. Era considerado que qualquer contato sexual com um macho, danificaria seu estado emocional já delicado. Elas foram criadas mais fracas de propósito, para serem mais fáceis de controlar e menos improváveis de lutar.
Um brilho de suor apareceu inesperadamente em seu corpo, embora tivesse acabado de tomar um banho frio. A ideia de tocar Bela o deixou com tesão. O conhecimento de que várias coisas poderiam dar errado se iniciasse sexo com ela, não só esfriou seu sangue, como abasteceu seus medos de compartilhar sexo. Poderia chegar nela muito agressivamente, porque negou seu desejo de tocar em uma fêmea. 53
Seu pau começou a endurecer só de pensar nela debaixo dele. A memória dela naquela camisola molhada grudada contra sua pele, não escondendo nada dele, foi à coisa mais sedutora que já viu. Alcançou abaixo, agarrando seu pau pelo seu short e o ajustou para uma posição mais confortável. Pausou antes de largá-lo, tentado a cuidar do desejo de gozar. Tornou-se um perito em masturbação para cumprir suas necessidades sexuais.
Faça isto, persuadiu-se. Diminuiria um pouco o seu desejo de caminhar para o quarto ao lado, para buscar a companhia dela. Seus dedos acariciaram e seus olhos se fecharam. A sensação do algodão roçando contra a cabeça do seu pau era um pouco irritante, mas ainda era bom. Endureceu ainda mais e suas bolas começaram a doer.
Imaginou Bela em sua mente, seus grandes olhos escuros olhando-o fixamente com confiança, e mordeu de volta um grunhido, enquanto soltava o pau para agarrar o travesseiro. Ela ficaria apavorada se o visse nu. Pior, a paciência não era sua característica mais forte. Podia pegá-la muito rápido ou muito severamente. Sabia que ainda não tinha entorpecido sua ânsia por ela. A habilidade de enfrentar seus medos parecia um pouco com uma lição, em comparação ao desejo quente queimando pelo seu corpo.
Culpa, admitiu. Cobiçava ir atrás da delicada fêmea. Ela dormiu em seu peito e a segurou. Os instintos protetores eram uma parte de sua genética, mas sentiu algo muito mais pessoal quando acordaram ouvindo alguém se aproximando do abrigo. Queria matar qualquer um que fosse uma ameaça para sua Bela. O estado meio adormecido de sua mente poderia ter respondido como a possessividade que o agarrava, mas não ia mentir para si mesmo. Esta não foi à razão ou a causa. Ela deu-lhe sua confiança e queria mantê-la ao seu lado.
Foi assim que acabou aqui, repreendeu-se. Brass o lembrou que outro macho poderia machucá-la sem querer, e teria feito qualquer coisa para prevenir isto. Ainda que significasse se deitar de lado com um pau duro, suando em frustração, olhando para a lâmpada no corredor, enquanto imaginava o que ela estaria fazendo no quarto ao lado.
A luz debaixo da porta do banheiro apareceu de repente, e ele se endireitou para ouvir todos os movimentos dela. Um sorriso curvou seus lábios quando a torneira da pia apareceu, e momentos mais tarde a descarga. Ela era tímida até mesmo quando cuidava de suas necessidades. Isso enfraqueceu a diversão. Ela camuflou propositalmente sua ida ao banheiro, então o que faria se estivesse nua debaixo de um macho que pretendia familiarizar-se muito mais pessoalmente com seu corpo?
A torneira fechou e a luz apagou, quando ela deixou o outro cômodo para retornar ao quarto. O corredor escureceu também, mas ela não fechou a porta. Teria ouvido se tivesse fechado. Respirou pela boca e tentou relaxar. Amanhã seria um longo dia, mas com moderação. Não seria fácil. Ele já estava em seu limite e só passaram poucas horas juntos. Inscrevi-me para uma nova tortura, querendo o que não posso ter.
* * * * *
Bela desistiu de dormir. Uma boa hora deve ter se passado e sua inquietação só piorou. Empurrou as coberturas e se levantou saindo da cama. Andou nas pontas dos pés pelo chão, e saiu do quarto fazendo uma pausa. Sua audição não era tão boa quanto à maioria dos Espécies, mas era melhor do que das pessoas normais. O som da respiração lenta, fixa assegurou-lhe que não tinha despertado Shadow. 54
Os degraus não rangeram enquanto rastejava por eles, e seguia em direção à porta da parte de trás. A área seria segura e apenas queria um pouco de ar fresco. A porta foi fácil de destrancar pelo que sentiu, e um vento morno explodiu nela no segundo que a abriu. Era agradável em sua pele enquanto saia para a varanda. A porta fechou silenciosamente atrás dela.
Era um espaço pequeno com um pequeno telhado, mas não ficou lá. Três passos a levaram para uma área gramada que era macia debaixo de seus dedos. O barulho do rio era fraco, atiçando seu senso de curiosidade.
Não foi difícil de distinguir as formas escuras das árvores, enquanto seguia o som da água se movendo. A densidade das árvores diluíra e de repente estava em um aterro olhando por cima da negritude com apenas alguns reflexos de luar refletidos. Sorriu orgulhosa por tê-lo achado sozinha. Um olhar ao redor e achou um tronco caído bom para se sentar.
Um uivo a assustou. Seu coração acelerou enquanto se levantava imediatamente temerosa. Estava muito perto e ela virou estudando a escuridão cuidadosamente. Algo se movia à sua esquerda, um ramo estalou e um grunhido baixo surgiu.
— Shadow? — Sussurrou seu nome, com medo de falar muito ruidosamente. Realmente esperou que fosse ele. Novas Espécies faziam isso quando estavam bravos, e imaginou que estaria furioso se tivesse acordado e descoberto que tinha saído. — É você?
Alguma outra coisa se moveu a sua direita e ela jogou sua cabeça nesta direção. Uma forma escura rastejava mais para perto por detrás de uma árvore. Era grande, mas abaixado no chão. A menos que Shadow estivesse de quatro, não era ele. Recuou lentamente, apavorada. Outro grunhido veio de sua direita, e olhou nesta direção para localizar outra forma grande e baixa entre dois arbustos rastejando mais perto.
— Shadow? — Sua voz aumentou ligeiramente. Queria gritar seu nome, mas o medo restringiu seus pulmões.
Um cheiro alcançou seu nariz enquanto começava a ofegar. Sangue fresco era o que estava sentindo se tivesse que adivinhar. Isso não predisse nada de bom. Outro cheiro veio com ele. Identificou-o dos tempos que acariciou alguns dos cães de guarda que os oficiais Espécies às vezes levavam para o dormitório das mulheres.
— Cachorrinhos bonzinhos. — cantarolou, recuando mais. Tinha de estar perto da margem do rio. — Onde estão os oficiais que levam vocês para passear?
Um deles saiu ao luar o suficiente para que conseguisse olhar bem para ele, e ela gemeu. Não estava usando a coleira da ONE nem parecia ser amigável. Mostrou suas presas e rosnou para ela.
— Merda. — respirou, reconhecendo um lobo quando via um.
O outro rondou chegando mais perto, vindo até ela pelo lado. Rosnou também e se abaixou um pouco, provavelmente se preparando para lançar seu corpo nela. Eles a estavam perseguindo e ela era a presa deles. Seus instintos gritaram. Perigo.
Ninguém a advertiu sobre lobos selvagens correndo em torno da floresta. Recuou, cambaleando, mas recuperou o equilíbrio, olhou para trás e percebeu que estava sem espaço. Podia saltar na água, rezar para que os lobos não a seguissem, mas não sabia nadar. A queda d’água não era longe, talvez um metro pelo rio denso, mas não tinha nenhuma ideia o quão fundo seria.
— Calma. — sussurrou, virando para enfrentá-los. Respirando profundamente, tentou deixar sua voz trêmula estável. — Parados! — O tom firme a deixou orgulhosa.
Eles chegaram mais perto, ambos rosnaram baixo e profundo. Vão me atacar. Podia sentir o perigo como se fosse um cheiro que pudesse inalar. Os dois ficaram tensos, seus grandes corpos 55
peludos abaixaram-se lentamente de frente em preparação, mas outro uivo assustador perfurou a noite.
Os dois viraram a cabeça em direção de onde veio o uivo. Bela permitiu que seus instintos assumissem o comando, e correu sem parar pela beira do rio. Correu o mais rápido que pôde, ignorando a dor em seus pés nus.
Estavam em perseguição. Suas respirações difíceis e corpos pesados esmagando folhas e ramos a asseguraram disto. Não tinha certeza em que direção a cabana estava, mas continuou se movendo evitando árvores e arbustos. Uma boa ingestão de ar e um grito finalmente irromperam.
Os lobos estavam se aproximando dela, muito depressa para que pudesse ser mais rápida, apesar da vantagem de seus genes alterados. O rio não era uma opção, mas viu um galho baixo adiante. O desespero a fez tentar saltar por ele e uma casca áspera rasgou suas palmas. Não era forte o suficiente para se manter pendurada e colidiu no chão duro de barriga.
Enrolou-se em uma bola, a única coisa que sobrou para fazer, esperando que os lobos a despedaçassem. Seus braços cobriram o rosto e as palmas cobriram as orelhas. Algo grande aterrissou ao lado dela e ela choramingou.
— Não! — A voz masculina era alta e brutalmente severa.
Um fardo pesado apertou contra seu traseiro. Bela queria chorar quando uma mão apertou seu ombro para mantê-la na posição. Os rosnados dos lobos estavam perto, mas Shadow não se separou dela. Estava usando seu corpo para protegê-la.
— Vão. — rosnou. — Achem coelhos.
Um dos lobos ganiu.
— Vão!
Eles retrocederam, colidindo pela floresta ruidosamente. A mão sobre ela deixou seu ombro e o peso que se debruçava contra seu traseiro se moveu. Ele estava respirando fortemente. Os olhos de Bela encheram-se de lágrimas quentes, e soube o quão perto chegou de morrer.
— Você está segura. — A voz saiu menos animalesca e uma nova descarga de medo a percorreu. Este não era Shadow.
Lentamente moveu seus braços, espiando, e distinguiu a forma de um homem abaixado alguns centímetros de distância. Ele era grande.
— Eles se foram, ele a informou, seu tom suavizando. — Não tenha medo. Ele moveu-se devagar, oferecendo-lhe a mão. — Aceite. Deixe-me ajudá-la. Não está em perigo.
— Bela! — Shadow gritou seu nome.
O sujeito próximo a ela virou a cabeça e rosnou.
Ela ofegou.
— Shadow! Estou aqui!
Isso levou o homem a voltar seu foco de volta para ela.
— Ele devia cuidar melhor de você. Pegue minha mão. O chão está frio e quero ter certeza que não está machucada. Não sinto cheiro de sangue. Eu os estava seguindo quando começaram a agir estranhamente. Apenas não sabia que era você que queriam caçar.
Ele não atacou, então um pouco do medo aliviou.
— Quem é você?
A mão afastou-se.
— Torrent. Você é a Fêmea Presente. Por que está aqui fora sozinha? Podia ter sido jantar para aquela matilha de lobos. 56
— Saí de fininho. — admitiu. — Shadow não sabia. Achei que seria seguro se ficasse perto da cabana.
— Bela! — Shadow estava muito perto e segundos mais tarde correu para o lado dela. Aterrissou a centímetros, de cócoras, rosnando para o homem.
— Saia de perto dela.
Torrent recuou lentamente.
— Eu a salvei de uma matilha de lobos. — Soou bravo. — Você precisa tomar conta dela melhor. Não é apenas dos Espécies residentes que ela precisa ser protegida. Temos muitos animais selvagens correndo soltos. Eles não te advertiram?
— Não. — A voz de Shadow estava ainda rouca.
— Nós temos tigres, leões, ursos, e lobos vagando pela Zona Selvagem. Oferecemos abrigo para eles aqui na Reserva, quando os humanos os acham muito perigosos. Preferimos lidar com esses animais a vê-los destruídos. O outro homem abaixou-se também. — Sou Torrent. Ele pausou. — Alguém deveria ter lhe dito sobre eles, Shadow. — Olhou para Bela. — Ela admitiu ter saído de fininho. Previna isso no futuro. Foi pura sorte eu ter saído hoje à noite. Acabei de trazer um novo lobo, e descobri que a matilha farejava atrás de algo. Era ela. Localizei-os enquanto caçavam para ter certeza que não estavam atrás de um dos nossos outros animais resgatados.
Bela se sentou, espanando a sujeira. Shadow se levantou e ofereceu lhe a mão. Ela pegou e foi suavemente puxada em pé. Ele continuou segurando-a.
— Você trouxe um novo lobo para cá?
Torrent suspirou.
— Os humanos às vezes pegam animais selvagens, acreditando fazê-los de animais de estimação. Eles os abandonam ou os levam para abrigos quando percebem que não podem ser domesticados. Começamos um programa para aceitar esses marcados para a morte. Os residentes precisaram de algo para fazer e gostam de cuidar deles. Sou o enviado para pegá-los e libertá-los aqui na Reserva. É o meu trabalho. Hoje à noite dirigi para pegar um filhote de lobo resgatado de um dono abusivo. Sabia que uma das fêmeas lobos cuidaria dele. Ele é bastante jovem.
— Obrigado. — Shadow curvou a cabeça enquanto o outro Espécie se endireitava. — Bela não sairá sozinha novamente. Ele virou-se para olhar para ela. — Você está machucada?
— Estou bem.
Ele cheirou ruidosamente.
— Você está apavorada.
— Eles estavam me perseguindo. Pensei que teria que saltar no rio, mas não sei nadar.
— Você precisa aprender. — Torrent limpou a garganta. — Deixarei vocês agora. Vou checar o filhote e ter certeza que a matilha retornou ao seu território. Pedirei a alguns dos nossos machos para manter um cuidado maior sobre eles, para ter certeza que não retornaram a esta área enquanto estiver de visita. Pausou. — Ensine-a a nadar. Todos os animais aqui estão muito bem alimentados para desperdiçarem seu tempo entrando no rio para ir buscar sua comida. Ela estaria protegida deles se entrasse na água.
A mão de Shadow apertou um pouco mais.
— Também não sei nadar.
Torrent hesitou.
— Retornarei amanhã depois de almoço e ensinarei a vocês dois. Está é uma habilidade necessária. — Virou-se e caminhou para a escuridão. Um lobo uivou ao longe. 57
Eita poha vai com tudo belazinha kkkk
ResponderExcluirSo um pouquinho mais de coragem bela Vai ser tudo de bom
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