Capítulo Doze
Bela mordeu seu lábio e tentou o telefone celular novamente. Suas mãos tremiam tanto que discou o contato pré-programado errado algumas vezes. A arma de fogo parecia fria e estranha, descansando em cima da sua coxa curvada. A cabeça de Shadow estava apoiada em sua outra coxa quando se sentou no chão da sala de estar. Enfrentou a porta, preparando-se para atirar em qualquer um que passasse.
Os números certos apareceram e colocou o telefone em sua orelha depois de apertar o botão de ligar. Tocou três vezes antes de uma voz familiar responder.
— Ei Bela. E aí?
— Ajude-nos. — Bela falou, tentando conter os soluços.
Breeze ficou muda por segundos.
— Bela? O que você disse? O que está de errado?
— Ajude-nos. — Sua voz saiu mais firme e fungou. — Shadow está machucado. Ele não acorda. Sua cabeça está sangrando. — A emoção a sufocou. — Tenho uma arma. — Olhou fixamente para ela. — Um homem atacou. Torrent.
— O que? — Breeze rosnou. — Onde vocês estão?
— Na cabana. — Bela começou a chorar, incapaz de parar. — Ele atacou. Eu mordi e bati nele. Está do lado de fora, mas não foi embora. Ainda está lá fora.
— Acalme-se. — Breeze ordenou. — Estou a caminho do Controle. Enviarei ajuda para você.
— Venha. — Bela forçou suas emoções para trás, tentando fazer como Breeze ordenou.
— O que aconteceu? Estou correndo, mas ainda posso conversar com você.
Bela respirou profundamente algumas vezes para empurrar de volta as lágrimas que ameaçavam descontrolá-la.
— Shadow e eu estávamos na cama quando Torrent atacou. Ele jogou Shadow pela janela do segundo andar e o machucou. Ele não acorda. — Olhou para o rosto dele, sua mão livre acariciando sua bochecha. — Não sei o que fazer.
— Você! — Breeze gritou para alguém. — Dê-me seu rádio. — Sua respiração diminuiu a velocidade lentamente. — Espere Bela. Fique na linha comigo.
Bela assentiu, mas percebeu que sua amiga não podia ver. Podia ouvir o que estava acontecendo pelo celular.
— Conecte-me com a Reserva. — Breeze ordenou. — Isto é uma emergência.
— Tenho uma arma. — Bela não estava certa se já havia mencionado aquele fato ou não, desorientada pelo seu medo.
— Merda. Não toque nela. — Breeze ordenou. — Você nunca foi exposta a uma arma antes.
Isso era verdade. Ela as viu na televisão e com alguns oficiais carregando-as, mas foi a primeira vez que interagia com uma de verdade. Bela olhou para a porta, certa de ter ouvido algo na varanda.
— Acho que ele está voltando.
— Quem?
— Torrent. 102
Bela removeu sua mão de Shadow cuidadosamente para agarrar a arma pesada. Tremendo, ergueu-a com ambas as mãos, apontou para frente da cabana, e mirou na porta. Suas orelhas esticaram certa de ter ouvido a madeira estalar. Apertou o gatilho.
O barulho afiado machucou suas orelhas, e ficou apavorada quando a arma empurrou dolorosamente em sua mão, mas esperou que o buraco que apareceu na parede afugentasse o homem. O toque em seus ouvidos a impediu de saber se ele fugiu ou não, mas sua audição se recuperou depressa. Tudo o que podia detectar enquanto se esticava para escutar novamente, era sua própria respiração lenta e a respiração estável de Shadow.
— Bela! — Breeze gritou no telefone.
Ela colocou-o em sua orelha novamente.
— Acho que talvez tenha assustado Torrent.
— Merda! Espere. — A voz de Breeze ficou mais severa. — Quem fala é Breeze de Homeland. Envie uma equipe para a cabana onde a Fêmea Presente foi enviada. Agora mesmo! Torrent os atacou. O macho que a protegeu está inconsciente e Bela precisa de ajuda. Pausou. — Não, isto não é uma piada ou um teste. Envie as fêmeas primeiro. Entendeu? Ela tem uma arma.
Bela abaixou a arma para colocá-la no chão onde poderia ter fácil acesso. Era pesada e seu pulso doía depois do disparo. Foi tão alto, mas Shadow nem sequer se mexeu, isso só provou o quão ferido devia estar.
Esfregou a mão em seu rosto, enxugando o sangue. O cheiro encheu seus sentidos. Breeze começou a falar, mas não com ela.
— Isso mesmo. Torrent atacou. Não me pergunte por quê. Como vou saber? Não estou lá. Mande minhas fêmeas para aquela cabana agora mesmo para proteger Bela, e envie suporte médico com elas! — Breeze rosnou e sua voz ficou mais alta. — A ajuda está indo, Bela. Você me ouve? Eles devem estar com você logo.
— Quero você.
— Estou muito longe para alcançá-la rápido. Leva tempo para chamar os pilotos e deixar o helicóptero preparado, mas irei assim que puder. Nossas fêmeas estão a caminho até você. Não atire nelas. Apenas coloque a arma no chão antes que machuque alguém. O que aconteceu?
Mais lágrimas deslizaram pelas suas bochechas enquanto as piscava para acariciar Shadow, sem se importar que seu sangue manchasse seu cabelo quando deslizou seus dedos por eles. Podia sentir um grande inchaço e se preocupou.
— Estávamos na cama e Torrent veio do nada. Ele apenas lançou Shadow pela janela. — Ela fungou. — Eu o ataquei. — Ainda estava atordoada por ter feito isso.
— Shadow?
— Torrent. — Sua voz quebrou. — Ataquei Torrent. Pensei que tivesse matado Shadow.
— Não sei. — Breeze disse a alguém, sua voz estava fraca. — Você ouviu o que eu disse. Preciso de um voo para a Reserva agora mesmo. Corra para o Controle para dizer-lhes o que está acontecendo. Faça-os ligarem para a Reserva para ter certeza que minhas ordens estão sendo seguidas. — Silvou um palavrão. — Bela, Shadow está respirando?
— Sim.
— Você o arrastou de onde ele caiu?
— Não. Desci os degraus para alcançá-lo, mas ele estava entrando pela porta.
— Então Shadow está bem?
— Não. Estava machucado e depois eles lutaram. Shadow mal podia ficar em pé, mas eles estavam batendo um no outro e rolando no chão. Ataquei Torrent por detrás e o atingi na cabeça. 103
Diga-me o que fazer. — O pânico surgiu novamente. — Tranquei a porta. Depois peguei o telefone e a arma lá de cima. — Deu um suspiro irregular. — Shadow não acorda, mas está respirando.
— Deveria ter ido com você. — Bela podia adivinhar que Breeze estava correndo novamente, a prova disso era sua respiração ofegante. — Nossas fêmeas estão indo até você e levarão um médico. Ele ou ela ajudará Shadow. Vou despedaçar Torrent. Ele disse por que atacou?
Uma memória veio á tona.
— Ele disse que estava me protegendo de Shadow.
— O que você dois estavam fazendo quando isto aconteceu?
— Fazendo sexo.
— Filho da puta.
Bela concordou com aquela opinião. Mais lágrimas quentes encheram seus olhos. Tinha sido maravilhoso, mas depois tudo se transformou num pesadelo. De repente Shadow se mexeu e a esperança de que estivesse bem aumentou. Seus olhos abriram enquanto se debruçava sobre ele. Seus olhos azuis eram uma visão bem-vinda, mas a confusão neles não era.
— Bela?
— Estou aqui.
Raiva transformou suas características e ele rosnou, sentando-se tão rápido que quase bateu sua cabeça na dela. Ela mal evitou a colisão jogando-se para trás. Um gemido alto veio dele e uma mão alcançou sua testa, enquanto ele balançava um pouco.
— Calma. Estamos seguros. — Ela soltou o telefone e agarrou seus ombros, tentando pará-lo. — A ajuda está vindo.
O recinto girava enquanto Shadow buscava pela ameaça. Sua vista estava ruim. Sua cabeça também, pela sensação de umidade que encontrou nas pontas dos dedos, quando tocou o lugar mais dolorido e localizou uma inchação dolorosa. O conhecimento do que aconteceu bateu em sua mente junto com a dor pulsante. A fúria o agarrou. Estava tão focado em Bela que não ouviu o macho se mover por trás dele até que foi atacado.
Virou sua cabeça e viu sangue na boca delicada de Bela. Não era sua imaginação. Quando aterrissou com força lá fora e conseguiu ficar em pé cambaleando para alcançar Bela, ela estava nua e correndo em direção à porta aberta à medida que entrava, mas viu vermelho em seu rosto antes dela colidir em seu corpo. Mal conseguia manter ambos na vertical. Depois Torrent veio atrás dela.
Ele rosnou forçando-se a desviar o olha para caçar o macho.
— Onde ele está?
— Está do lado de fora. Tranquei a porta. — Suas mãos acariciaram seus braços depois seu tórax. — A ajuda está vindo. Você me ouviu?
A ameaça imediata não estava presente. Focou-se nela, se torcendo para agarrar Bela. Ambos estavam nus, mas aquele fato mal foi registrado. Estava muito preocupado que estivesse machucada. Ele agarrou sua mandíbula, procurando pelo dano, mas só viu sangue em seus lábios e queixo.
— Abra.
— O que?
— Abra a boca. Você está sangrando.
— Não é meu sangue.
Isso deixou o perplexo.
— De quem é? 104
— Eu o mordi.
Ela mordeu Torrent. Ele rosnou. Mataria o macho.
— Ele machucou você? — Cheirou ruidosamente, mas seus sentidos estavam confusos. Tudo o que podia detectar era sangue.
Ela balançou a cabeça.
— Ele estava muito disposto a lutar com você. — Lágrimas encheram seus olhos. — Eu o ataquei.
Shadow olhou para seu corpo nu, mas não viu quaisquer outros danos. Não devia estar apenas sofrendo com a vista prejudicada, estava ouvindo coisas também.
— O que você disse?
Seu queixo levantou.
— Eu o ataquei duas vezes. Lá em cima depois que te jogou pela janela, e novamente quando ele estava batendo em você.
Ela olhou para o lado e ele seguiu seu olhar. Um ferro da lareira estava no chão há alguns centímetros de distância, o final dele estava dobrado ligeiramente. Chocado, voltou sua atenção para ela.
— Bateu nele com isto?
Ela assentiu com as mãos ainda vagando por seu braço e peito.
— Atrás da cabeça. Você está bem? — Sua voz tremeu. — Você não acordava.
Provavelmente teve uma concussão. Não estava certo se desmaiou quando aterrissou, mas sabia que bateu a cabeça no caminho para fora da janela, ou talvez na extremidade do telhado quando rolou dele para cair no chão. Os punhos de Torrent atingindo seu rosto não ajudaram em nada, mas estava muito atordoado para ser efetivo contra o ataque do macho quando lutaram.
Shadow teve que permitir que as palavras de Bela realmente fossem absorvidas. A imagem dela lutando com um macho estava além de sua compreensão. Apenas não conseguia imaginar isto. Ela era muito pequena para entrar em um confronto violento. As Fêmeas Presente fugiam da violência em vez de iniciá-la. Um horrível pensamento o atingiu.
— Ele tentou montá-la? Tocar em você? — Sua voz aprofundou em um grunhido. Estalaria o pescoço do macho se tivesse tentado.
— Não.
— Sinto tanto.
Estava agradecido que ela não foi sexualmente tocada pelo macho, mas também sentia outras emoções. Culpa e vergonha misturava-se fortemente, deixando um gosto tão amargo em sua boca, quanto o sangue do corte dentro de sua bochecha. Falhou em proteger Bela. Ficou distraído pelo seu corpo sensual e o quão bom era enquanto a montava. Sua guarda desceu o suficiente para permitir que outro macho penetrasse em seu quarto. Não sentiu o perigo até que mãos ásperas o agarraram e voou pelo ar. Depois caindo.
— Pelo que? — Uma de suas mãos deixou o peito para acariciar seu rosto.
Não podia mais olhar para ela, então virou a cabeça.
— Não devia ter acontecido.
— O sexo?
A dor em sua voz era clara o suficiente para chocá-lo, e voltou sua atenção para ela. Definitivamente parecia emocionalmente perturbada por acreditar que ele rejeitou o que compartilharam.
— Não. Eu falhei com você. 105
— Você foi maravilhoso.
As sobrancelhas dele ergueram-se rapidamente.
— Permiti que um macho nos atacasse, a atacasse. Você estava em perigo, mas não consegui protegê-la. Teve que defender-se sozinha.
— Oh. Pensei que estava falando sobre o que fizemos em sua cama. — Ela continuou a acariciar seu rosto. — Estávamos ambos distraídos. Ele é o culpado.
O som de motores penetrou nas paredes da cabana.
— Vá colocar suas roupas. — Ele olhou abertamente para seus seios. — Agora. A ajuda chegou e mais machos entrarão.
— Não quero deixá-lo.
Ele rosnou e se afastou do toque dela. A dor transpassou sua cabeça com o movimento acentuado.
— Faça isto. — Não queria que ninguém a visse nua. Ela era muito tentadora e atraente. — Estou bem.
Não estava e sabia disto. Ele já estaria do lado de fora caçando Torrent para matá-lo por ter posto Bela em perigo se as pernas aguentassem seu peso. Pontos dançavam na frente de seus olhos e se sentiu debilitado com a agonia dentro de sua cabeça. Sofreu concussões antes e conhecia os sinais. A náusea irritava, mas se recusou a ficar enjoado na frente de Bela. Não poderia ter mais vergonha adicionada à lista crescente que sentia.
Remorso e indecisão passaram pelo rosto dela, mas relutantemente seguiu suas ordens ficando de pé. Ele a viu ir, incapaz de desviar o olhar de seu pequeno traseiro enquanto subia os degraus dois de cada vez devido a pressa para retornar para ele. Sabia que era por isso que se apressava. A fé dela na habilidade dele em fornecer segurança estava tão danificada quanto sua cabeça.
Olhou para seu corpo quando ela estava longe de vista e gemeu. Não tinha nenhuma roupa para cobrir sua nudez, e nenhuma força para se levantar. De jeito nenhum pediria ajuda a Bela. Nunca se perdoaria por permitir que o ataque acontecesse.
As vozes do lado de fora eram fracas, mas sua audição aguda captou as palavras.
— Torrent. — uma fêmea silvou. — O que você fez? Se sente ou mandarei um dos membros do conselho bater em você.
— Eu… hã. Inferno. Estou sentando, Creek. Jaded, você e Bestial não me olhem assim. Isto não é o que parece.
— O que está acontecendo? — O macho soou furioso enquanto rosnava. — Você atacou uma Fêmea Presente? Que diabo você estava pensando?
— Vim para ensiná-los a nadar. — Torrent pausou. — Ouvi barulhos e entrei na cabana para descobrir o que estava acontecendo. Shadow estava montando uma Fêmea Presente. O que deveria presumir? Pensei que a estava salvando, mas estou tendo minhas dúvidas agora.
— Eles estão aqui para criar um vinculo. — A fêmea soou menos irritada. — Ninguém disse isso a você? Ela estava curiosa sobre o macho. Eles foram enviados para cá para ver se ela queria compartilhar sexo com ele.
— Merda. — Torrent gemeu. — Ninguém me disse isto. Apenas o vi em cima dela e pensei que estava sendo forçada.
— Ela mostrou um interesse naquele macho e se ressentiu em ser protegida da atenção dele. — Bestial anunciou. — Breeze enviou a Presente para cá assim eles poderiam passar algum tempo sozinhos, para dar-lhes a oportunidade de ver se gostariam de compartilhar sexo. 106
— Todo mundo foi informado. — Creek protestou. — Tivemos uma reunião sobre isto quando soubemos que estavam de visita.
— Não estava aqui. — Torrent protestou. — Tive que coletar aquele filhote de lobo com minha equipe e tive que pegar um filhote de leão. Estive fora muitas vezes.
— Merda. — Jaded gemeu. — Deixe Creek lidar com isto. Leve o médico para dentro com você. Nós esperaremos aqui fora.
Shadow lutou para ficar de pé quando pararam de conversar, e cambaleou um pouco quando a sala girou. Ele parou, deu algumas respirações profundas e foi até a janela perto da porta. Agarrou a cortina, rasgou-a da barra e embrulhou-a ao redor da cintura.
Alguém entrou na varanda na mesma hora que ele alcançou a porta e destrancou-a. Abriu-a e teve de se apoiar fortemente contra o batente para ficar de pé. Torrent não atacou para levar Bela. Isso enfraqueceu um pouco sua ira, mas ainda estava furioso pelo que aconteceu.
A alta fêmea vestia calça jeans e uma camiseta em vez do equipamento de Segurança da ONE. Seu cabelo marrom longo estava puxado para trás em um rabo-de-cavalo, e seu olhar escuro o varreu da cabeça aos pés.
— Pobrezinho.
Shadow estremeceu. Ele devia parecer horrível e patético para conseguir aquela resposta de uma fêmea. O macho humano carregando um kit médico hesitou atrás dela. Shadow afastou o olhar para ver a cena. Quatro Jipes estavam estacionados na frente da cabana e dois membros do conselho chegaram com a fêmea e o médico. Torrent estava sentado na grama na frente deles. Os olhos azuis frios do macho viraram em sua direção e seguraram sua atenção.
— Sinto muito. — Torrent declarou. — Pensei… bem, ela é uma Presente. Ninguém me disse que tinha permissão para tocá-la. Você estava muito chateado quando eu te vi da última vez, e pensei que poderia ter perdido o controle.
— Sobre o que estão falando? O que aconteceu? — Creek colocou as mãos na cintura, olhando entre eles. — O que mais aconteceu aqui?
O humano limpou sua garganta.
— Posso me aproximar dele? Ele é um residente da Zona Selvagem? Você precisa derrubá-lo antes dele ser tratado? — Saiu de detrás da fêmea. — Estou aqui para cuidar de seus ferimentos. Você está sangrando. Não sou o inimigo ou estou aqui para machucá-lo.
— Não sou um residente ou um selvagem. — Shadow rosnou, mas suavizou seu tom. — Apenas com raiva, mas pode se aproximar. Trabalhei com humanos durante algum tempo. — Atirou um olhar para Torrent. — Você podia ter perguntado o que estava acontecendo antes de me jogar da janela.
A fêmea chegou mais perto, eficazmente bloqueou sua visão do macho que o atacou. Avançou em sua direção, e ele imediatamente recuou afastando-se, e quase caiu de bunda quando largou o batente da porta. Ela engasgou, recuando. O médico tentou dar a volta por ela, mas ela agarrou o braço de Shadow.
— O que está errado com você? Ela mostrou suas presas, parecendo cautelosa. — Não ataque.
— Você não pode me tocar. — Ele endireitou seu corpo segurando o batente da porta novamente, e esperou pelo mundo parar de girar enquanto a visão se ajustava.
— Você precisa ser tratado. — Ela chegou mais perto e tentou tocá-lo novamente.
Ele rosnou.
— Você não. Não acho que Bela iria querer outra fêmea colocando suas mãos em mim. 107
Seus olhos arregalaram em surpresa, mas depois sorriu.
— Certo. — Andou para o lado. — Ele é todo seu, Mike.
O médico avançou com determinação.
— Você caiu de uma janela?
— Fui jogado. — Shadow voltou para dentro da casa e se debruçou fortemente contra a parede. — Bati minha cabeça no caminho. Fui esmurrado algumas vezes no rosto também. Estou bem certo que tenho uma concussão.
— Sou Mike. — O humano abaixou sua maleta, se curvou e abriu-a. — Pode se sentar? Você é bem alto e preciso examinar sua cabeça.
Shadow apenas deslizou pela parede para se sentar no chão, com cuidado para manter a cortina ao redor da cintura, já que podia sentir que a fêmea pairava na entrada. Olhou para os degraus enquanto se esticava para ouvir qualquer movimento de cima. Bela ainda estava lá. Começou a se preocupar. Não devia levar tanto tempo para vestir algo e retornar para ele. Ela poderia estar se escondendo do humano.
Permaneceu quieto enquanto Mike o examinava, ligeiramente rosnou quando o médico tocou em sua cabeça dolorida, achando o inchaço. O médico usou uma pequena luz brilhante para examinar seus olhos, verificando as respostas das suas pupilas. O macho suspirou.
— Preciso levar você para o Centro Médico. Acho que está certo sobre o choque, mas precisamos que um médico faça algumas radiografias para ver o que está acontecendo dentro do seu crânio. Está tonto? Com náuseas? Com dor?
— Tudo isso. — Shadow admitiu suavemente. — Creek?
A fêmea entrou na cabana.
— Pode por favor, ir checar Bela?
— Ela está ferida?
— Não. — Olhou para Mike, depois para ela. — Não queria insultar o humano, mas ele poderia ser a razão de Bela não retornar ao andar de baixo.
Ela pareceu entender.
— Certo. Ele é homem e humano.
Mike suspirou.
— Certo. Ela é Presente. Estou levando-o para o Centro Médico.
— Não deixarei Bela. — Shadow balançou a cabeça, mas gemeu da dor que isto causou.
— Eu a protegerei. — Creek jurou. — Precisa de tratamento. Ela estará segura e dois membros do conselho estão em cena. Eles ficarão do lado de fora. Não precisa se preocupar com nada a não ser melhorar.
Shadow não queria partir, mas sabia que seria estúpido não ver um médico. Sua cabeça martelava e temeu que vomitasse.
— Bela! — Levantou a voz. — Voltarei logo. Uma fêmea está aqui. Quer ficar com ela ou ir comigo?
Mal ouviu a resposta.
— Eu ficarei.
Seu olhar procurou nos degraus, mas não a viu. Estava em algum lugar próxima à entrada do andar de cima. Mais culpa mexeu dentro dele. Ela nem sequer confiava nele para protegê-la contra um médico humano.
— Eu cuido disso. — Creek prometeu. Pena lampejou em seus olhos, provando que pôde ler suas emoções. — Apenas vá e retorne quando puder. 108
Assistiu a Espécie alta subir lentamente pelos degraus. Ela pausou no topo e ele soube onde Bela estava escondida quando localizou o olhar de Creek.
Tadinho do shadow. O cara foi jogado do segundo andar e ainda se sente culpado por não "conseguir" proteger a Bela 😩😔
ResponderExcluirTalvez seja pedir demais mas seria bem legal se a Bela fizesse amizade com o Mike ou outro homem humano, seria fofinho ver ela superar essa barreira e ter um amigo
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