quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Capítulo 5

CAPÍTULO CINCO ÍI
— Fique longe dela. — Brawn rosnou. Laurann Dohner Brawn
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Becca pulou da cama acordada, sabia onde estava e sentou-se. De alguma forma adorme-ceu. Dois homens, nenhum deles era Randy, destrancou a porta da gaiola. Brawn rosnou para eles novamente e ela olhou para ver a maneira que agarrava as barras. Balançava com força, seus bí-ceps tensos pelo esforço de tentar quebrá-las, mas era um esforço em vão.
Um dos homens entrou e franziu a testa. — Levante-se e venha conosco. Você vai se machu-car se lutar contra nós.
— Deixem-na em paz. Levem-me. — Brawn rugiu. — Não toquem na fêmea. Eu vou te matar, te deixar em pedaços, se machucá-la. — O homem em sua jaula ignorou a ameaça.
— Levante, Becca. Esse é o seu nome, não é? Não há motivo para lutar a menos que queira sentir um pouco de dor. — Ela ficou com as pernas trêmulas e olhou para Brawn. Seus olhos esta-vam apertados de raiva quando seus olhares se encontraram.
— Eu vou ficar bem. Acalme-se e poupe sua energia. — Brawn balançou as barras novamen-te.
— Leve-me. Não a machuque.
O imbecil dentro da gaiola, finalmente, lançou-lhe um olhar irritado. — Não é grande coisa. A médica quer examinar a sua namorada e dar-lhe uma injeção. Pare de fazer esse barulho. Odeio sua mistura de gato enorme. Esqueci o quão chato você pode ser. — O homem fora da gaiola bu-fou.
— Os rugidos não são nada fáceis de ouvir.— Olhou para a gaiola mais longe com o macho ainda dormindo na cama. — Estou tão feliz que, finalmente, um caiu. Meus ouvidos estavam san-grando, eu juro.
O guarda agarrou o braço de Becca e a puxou para fora da gaiola fazendo-a tropeçar para frente. Estava com medo enquanto os dois homens a levavam em direção as portas duplas. Temia o que estivesse por trás delas. Um longo corredor se estendia à frente enquanto entravam numa seção desconhecida do porão e parou três portas abaixo à direita, onde uma havia sido deixada aberta. A sala lembrava um consultório médico quando viu a mesa de exame, no centro da sala, uma grande luz ligada a ela, e sua cabeça se virou. Uma mesa estava no canto, coberta de papéis, arquivos e dois computadores. Um dos monitores mostrava a sala com as gaiolas. A médica virou a cadeira para longe dessa visão para abertamente estudar sua vítima.
— Coloque-a sobre a mesa e a amarrem.
— Quem é você? — Becca não lutou quando os homens a empurraram na mesa. — O que você quer?
— Com certeza, doutora Elsa. — Um dos homens assentiu.
A mulher se recusou a responder, ao invés disso apenas se levantou e cruzou os braços sobre o peito. Becca começou a memorizar o rosto magro, o cabelo preto puxado em um coque apertado e o nariz da mulher, longo e fino. Olhou para baixo e notou que a médica estava magérrima, talvez um metro e sessenta em seus sapatos baixos e usava um jaleco branco. Sem anéis decorando os dedos, sem cicatrizes ou tatuagens visíveis. Não tinha marcas distinguíveis além de algumas rugas ao redor de sua boca e olhos, que dizia que sua idade era mais ou menos de cinquenta anos. Olhou tempo suficiente para ter certeza que seria capaz de apontar para a cadela numa fila de reconhe-cimento se fosse necessário após seu resgate. Laurann Dohner Brawn
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Os dois homens de repente ajustaram suas amarras, levantaram-na do chão e bateram suas costas na mesa. Era acolchoado, nenhum papel foi colocado cobrindo a mesa da forma como os médicos de verdade faziam para os exames e o couro barato falso estava rachado de velho. O pâ-nico a golpeou quando começaram a usar tiras de velcro para amarrar os braços para baixo e chu-tou um dos homens que agarrava seu tornozelo, o atingiu no braço e ele a olhou de volta.
— Coloque seus pés no final da mesa.
Prendeu-os dobrados para cima. De forma nenhuma iria permitir que estirassem sua perna a deixando totalmente desamparada. O imbecil a encarou. De repente, ele estendeu a mão e agar-rou sua coxa para cravar seus dedos profundamente em sua carne o suficiente para que realmente ferisse. Ela gritou. Era como se estivesse rasgando a pele de dentro de sua coxa. Abriu as coxas e sua mão a liberou. Um rugido fraco soou, mas ouviu. Brawn. Ele deve ter ouvido ela gritar. A médi-ca riu.
— Ele está zangado. A faça gritar de novo para ver se ele reage, Dean. — Dean agarrou sua coxa e enfiou seus dedos novamente. Desta vez, Becca já esperava. Engasgou e ficou tensa com a dor horrível, mas o desgraçado cravou mais fundo até que não pode mais aguentar a ago-nia. Largou sua coxa quando ela gritou. Outro rugido fraco soou um segundo mais tarde. Doutora Elsa riu.
— Nunca esperei que eles se vinculassem tão bem. — Seu olhar frio examinou Becca. — Obrigada. Agora tenho uma maneira de controlar um deles. Acho que vai fazer qualquer coisa que eu quiser, se usá-la contra ele. — Sorriu amplamente para seus dois capangas.— Olhe para o moni-tor. Ele deve estar enlouquecendo.
Dean virou a cabeça e Becca olhou para o monitor também. Eram imagens ao vivo das gaio-las de cima, onde viu aquelas câmeras. Brawn andava e atacava as barras, mas não se quebra-vam. Rugiu novamente, virou e começou a andar furiosamente. A médica foi a um sistema de mi-crofones pelo monitor.
— Pare com isso ou vou machucar a fêmea. — Alertou. — Sente-se e fique quieto. — Brawn fez uma pausa, levantou a cabeça e olhou para a câmera. Sua raiva era evidente. Recuou, até che-gar à cama, sentou-se rígido e as mãos agarraram as bordas. Continuou olhando para a câmera. A doutora afastou-se do microfone e riu.
— Vou ser danada. Aposto que o gato iria latir se lhe dissesse que iria machucá-la se não o fi-zer. Isso é intrigante. — Acenou com a mão enquanto observava Becca. — Vocês podem nos deixar sozinhas.
— Não acho que seja uma boa ideia. — Dean hesitou. — Devemos ficar no caso de você pre-cisar de nós. Suas pernas não estão amarradas. — A médica encolheu os ombros e andou ao redor da mesa de exame, estudando Becca.
— Qual é seu nome?
— Rebecca.
— Bem, Rebecca, vou colocar um cotonete em sua boca para testá-lo para drogas e tirar uma amostra de seu DNA. Abra a boca e se você me morder um desses homens vai arrancar seus dentes. Você entendeu? Também vou tirar sangue e dar-lhe uma injeção. Estou tentando descobrir Laurann Dohner Brawn
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o que tem de diferente em você que o atraiu. Abaixe seus pés e não me chute. Não tenho senso de humor.
Becca não lutou e abriu a boca para deixá-la esfregar sua bochecha com o cotonete. Se enco-lheu quando a cadela tirou o sangue de seu braço. A injeção no quadril doeu, mas a médica final-mente se afastou.
— Você está tomando algum tipo de anticoncepcional? DIU? Você tem implantes mamá-rios? Toma alguma medicação? Você tem alguma doença? — Apertou os lábios.
— Você quer um exame de corpo inteiro? — A mulher enfiou a mão no bolso da frente para retirar as luvas.
— Não tenho um ultrassom aqui para ver se você têm implantes, mas poderia fazer do meu jeito. Não vai ser confortável, mas os homens podem gostar de te segurar, rasgar suas roupas e apreciar a vista.
— Foda-se. — Becca sussurrou. — Não. Sem implantes mamários ou qualquer outra coisa acrescentada. Não tenho qualquer doença ou tomo remédio. — Fez uma pausa. — Estou total-mente saudável e não estou sob qualquer medicação.
— E pílulas anticoncepcionais? — Dean se aproximou. — Ou aquelas injeções. Minha namo-rada toma desses.
— Você está usando qualquer tipo de anticoncepcional? — A médica, de repente agarrou a camisola de Becca e puxou para suas costelas, expondo seu estômago. Becca engasgou, mas as mãos da mulher estavam em sua pele antes que pudesse reagir. Ficou imóvel, com medo dos ho-mens a machucarem, uma vez que pularam para frente, prontos para agarrá-la se lutasse contra o toque da médica.
— Sem cicatrizes de cirurgias. — As mãos estavam frias quando a mulher abaixou o cós da calcinha em poucos centímetros. — Sem estrias de gestação. — Olhou para Becca. — Acho que você não tem filhos? Você não me respondeu sobre o anticoncepcional.
— Nenhuma criança e não estou tomando nada disso também.
* * * * *
Brawn ficou sentado, mas irritado e preocupado com Becca. Imagens horríveis das coisas que podiam estar sendo feitas com ela encheram sua imaginação. Lembranças vieram à tona do quanto às mulheres Espécies sofreram nas mãos do pessoal da Mercile durante os testes de procriação. As examinavam, às vezes, realizavam cirurgias exploratórias nelas e nem sequer tiveram a decência de drogá-las primeiro para aliviar a dor.
Um rosnado se formou no fundo de sua garganta com a ideia de Becca sofrendo dessa for-ma. Ela não teve anos para construir uma tolerância à dor. Era gentil, doce e se preocupava com seu estado mental. Ele poderia ser capaz de mantê-la viva se tivesse a chance, mas seus captores poderiam matá-la imediatamente. Definitivamente não poderia proteger a mente dela das atroci-dades que poderia ter que suportar. Laurann Dohner Brawn
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Tocou a moeda no bolso e achou que não funcionava, pois a ajuda não havia chegado. No se-gundo em que fez a ligação com um pedido de socorro para Homeland, deveriam ter ativado o dispositivo de rastreamento escondido dentro do metal. A equipe já deveria ter aparecido e atacado, ou melhor ainda, os resgatados antes que fossem escondidos no interior da prisão sub-terrânea. Becca tinha certeza que horas se passaram desde que os sequestraram e isso significava que provavelmente a ajuda não viria.
Os olhos fecharam enquanto pensava nas razões pelas quais sua moeda falhou. Foi testada antes dele ter deixado Homeland por isso não estava com defeito, mas a equipe que os atacou poderiam ter algo para bloquear o sinal. As paredes grossas ao redor dele pareciam ser de concre-to e poderiam bloquear o sinal também. Maldição! Abriu os olhos quando os dois homens abriram as portas por onde levaram Becca mas não a estavam escoltando de volta. Se jogou de joelhos.
— Onde ela está?
— Calma, animal. — Um deles suspirou. — Sua namorada está com a médica. Estamos aqui por ele. — Foram em direção a gaiola com o macho andante que se recusava se acalmar ou falar. O pânico tomou conta de Brawn enquanto se lançava para a parede da gaiola.
— Leve me no lugar dele. Vou cruzar com a humana. Não permita que ele a toque. Iria aca-bar matando-a. — Ambos os homens pararam e olharam um para o outro. Quem falou finalmente olhou para Brawn.
— 919 não vai montar a sua namorada. Ele tem uma para ele. — Seu companheiro riu al-to. — Ela é uma otária também. — Brawn não entendeu a piada e os dois homens riram.
— Onde está Becca? Por que ela gritou? O que você fez com ela? Diga ao humano no coman-do que tenho autoridade para pagar um resgate pelo nosso retorno a Homeland. Todos nós, inclu-indo Becca.
Pararam de rir e o de cabelos escuros mordeu o lábio.
— De quanto dinheiro você está falando?
O ruivo deu um tapa no braço do seu companheiro.
— Cale a boca. — Sussurrou. — Isso não é nem um pouco engraçado. — Seu olhar se ergueu para a câmera. — Ela vai ouvir você, pode levar a sério e você vai acabar com uma bala em seu cérebro burro. — Sua voz se levantou. — Muito engraçado, Greg. Não brinque com o filho da pu-ta. Sei que você está entediado, mas falsas esperanças é a última coisa que ele precisa ago-ra. Vamos fazer o nosso trabalho.
O homem de cabelos escuros abaixou a voz.
— Ela está ocupada e duvido que esteja assistindo a essas câmeras agora. Poderíamos pelo menos ouvi-lo.
— Randy vai matar nós dois. Não conseguem capturar sussurros no áudio, mas estou te di-zendo para não falar com ele agora sobre essa merda. Estamos todos muito envolvidos nessa e a única maneira de sairmos daqui vivos é num avião de carga com destino a algum laboratório do terceiro mundo infernal onde nos farão parecer amadores.
— Diga seu preço. — Brawn sussurrou suavemente. — Poderia ter acesso a milhões. — O ruivo olhou.
— Cala a maldita boca. Estamos todos ferrados. Laurann Dohner Brawn
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— Ele pode dizer isso. Eles têm dinheiro. — Seu amigo sussurrou novamente. — Eu não con-fio em nenhum deles, Mike. Você é o único amigo que me resta. Eles não dão a mínima para nós. — Mike se virou para Greg e agarrou sua camisa. Ele falou baixo, mas Brawn entendeu as palavras facilmente.
— Você quer nos matar? Somos procurados pela polícia, eles vão enfiar uma agulha no nosso braço ou nos prender pelo resto das nossas vidas se formos pegos e a única maneira de sair dessa bagunça é fazer o que Dra Elsa diz. Ela é o cérebro, ela está conseguindo dinheiro para nós e tem as conexões para darmos o fora daqui. Vamos viver na Rússia com novas identidades, achar belas noivas e beber vodka, maldição.
— Dinheiro que nós não vemos. Eles controlam tudo, Mike. Estamos tão fodidos quanto aqueles animais, mas não estamos presos em jaulas. Pelo que sabemos, poderiam colocar uma bala em nossos cérebros quando não formos mais útil ou apenas ir embora sem nós.
— Eles não ousariam. Sabemos muito para nos deixar para trás e Randy não iria matar um de seus homens, a menos que ache que não pode confiar em alguém. Trabalho com ele há muito mais tempo que você. Ele pode ser um sacana, mas é um homem justo com sua equipe. O que importa para ele é lealdade. Estrague tudo e você será morto.
— Merda.— O homem de cabelos escuros passou os dedos pelos cachos compridos.
— Tudo bem. Só estou cansado dessa merda. Só quero chegar à Rússia e começar minha vida do zero.
— Eu também e estamos tão perto. Só precisamos capturar um primata. Você ouviu a Dra. Elsa. Eles querem um conjunto completo, vão pagar o suficiente por eles e vamos finalmente sair desta merda.
— Certo.— O homem acenou com a cabeça. — Eu costumava limpar o chão, maldição! Como diabos isso aconteceu?
— Nós trabalhamos no lugar errado. — Mike murmurou. — Vamos nos preocupar em levar este bastardo para a outra sala sem ele nos matar e levar um dia de cada vez. Vamos chegar à Rús-sia e que se dane, vamos comprar algumas daquelas noivas gostosas que vemos na internet o tem-po todo.
— É.— Greg chegou por trás do Espécie e puxou uma arma de choque da sua cintura. — Va-mos levá-lo.
Brawn não falou enquanto observava os dois humanos se aproximarem da gaiola. Ouviu o su-ficiente para saber que estavam com muito medo para serem atraídos pela promessa de dinhei-ro. Queriam capturar um Espécie primata e se preocupou com os oficiais com o DNA misturado que viajavam entre Homeland e a Reserva. Assistiu com raiva quando atiraram no homem droga-do, ambos o atingiram com volts suficiente para fazê-lo perder a consciência e entraram na cela do 919.
Levantaram o macho pelos membros e foram embora. Disseram que não o estavam levando para montar Becca. Podiam ter mentido, mas duvidava disso. Os humanos eram cruéis, gostavam de infligir dor emocional e teriam zombado dele com esse fato se fosse verdade. Um rosnado rom-peu sua gargantaquando começou a andar nos confinamentos da gaiola. Onde ela está? O que estão fazendo com ela? Por que a força tarefa não nos localizou? Laurann Dohner Brawn
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* * * * *
— Por que ela não está tomando nada se ela é a namorada dele? — Dean parecia confuso.
— Porque não podem engravidar uma fêmea, idiota. — A Doutora Elsa olhou para Becca e balançou a cabeça. — Vê com que tipo de idiotas eu tenho que lidar? Levante-a, Dean. — Ele não foi gentil quando ajudou Becca a sentar-se e a puxou para fora da mesa de exame. Ela estremeceu, se afastou do homem e viu a médica caminhar de volta para sua mesa para olhar para o monitor.
— Você sabe por que ele escolheu você? Alguma vez ele disse por que estava atraído por vo-cê, especificamente?
— Não. — Becca abraçou o peito. A vadia se virou e sorriu friamente.
— Você se importa com ele?
— Sim. — Isso não foi mentira. Não queria que nada acontecesse com Brawn.
— Ótimo. Siga-me.
A médica saiu da sala e Becca a seguiu, os capangas estavam bem no seu pé. Viraram na dire-ção oposta de onde vieram e andou mais para o final do corredor até uma porta fechada. A médica fez uma pausa e olhou para um de seus homens.
— Ele está pronto, Ray?
— Sim. Eles acabaram com ele, está todo amarrado e ele está sacudindo por causa do efeito da arma de choque. — Bateu em seu ouvido. — Ele está seguro. Mike disse que está tudo bem.
Becca não gosto do som disso ou da forma como a médica sorriu, parecendo se divertir com a notícia. A porta se abriu e Randy apareceu. Parecia surpreso ao encontrar alguém do outro lado da porta e mais dois homens estavam ao lado dele.
— Saia do caminho. Vou mostrar para nossos clientes o que fazemos aqui.
Todos os três homens recuaram para permitir o acesso da médica e Becca hesitou tempo su-ficiente para uma mão empurrar suas costas, impulsionado-a ir para frente. Virou a cabeça o sufi-ciente para ver que foi Ray quem fez aquilo. Voltou e parou novamente, sua boca se abriu e um suspiro horrorizado passou por entre seus lábios. O andador, o Nova Espécie da gaiola, foi removi-do. Estava totalmente despido, preso na posição vertical, com braços e pernas abertas, perto da parede de trás e rosnou em voz alta ao vê-los.
Uma luminária estava sobre sua cabeça onde o prenderam. Seus tornozelos estavam presos ao que pareciam ser grandes blocos de concreto com pinos de metal dentro deles. Era muito mus-culoso, não tinha pelos no corpo e seu membro estava ereto. Becca olhou para seu rosto, recusou-se a olhar mais para baixo e ter aquela visão novamente e queria libertá-lo. Dra. Elsa virou-se, deu um passo para bloquear a visão de Becca e sorriu friamente.
— É primitivo, mas eficaz. Tentamos mover o equipamento para suas gaiolas. Teria sido mais fácil amarrá-los nas barras, mas não há tomadas elétricas perto o suficiente. Seriam necessá-rios centenas de metros de cabos de extensão. Isso compromete o equipamento se houver um curto e não podemos nos arriscar.
— Por que você está os ferindo? — Becca sussurrou. — O que você está fazendo com ele? — Uma mão se levantou e a médica apontou o polegar para seu prisioneiro. Laurann Dohner Brawn
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— A culpa é do povo que interferiu com minha pesquisa e da espécie dele. Não tive escolha, uma vez que foram descobertos. Tivemos sorte de sair com três deles e isso foi só porque fomos avisados um pouco antes. Seu namorado tem DNA de gato. Não fui capaz de conseguir um des-ses. Não mesmo. Fiquei empacada somente com cães.
— Dra...— Randy se aproximou. — Por que você está lhe contando essas coisas?
— Cale a boca. — Lançou-lhe um olhar antes de sua mão se abaixar e ela olhou para
Becca. — Preciso de sua ajuda.
— De jeito nenhum.
— Você nem sabe o que eu quero de você.
— Não me importo. A resposta é não. — Becca deu um passo para trás e esbarrou em Ray. Seu corpo avançou para frente para evitar tocá-lo mais uma vez. — Não vou ajudá-la.
— Sou procurada pela polícia e pelo FBI. Perdi tudo. — Raiva se aprofundou na voz da outra mulher. — Eles apreenderam minha casa, meu carro, minha conta bancaria e até mesmo prende-ram meu marido, pensando que ele sabia o que estava acontecendo. Ele não foi uma grande per-da, mas doeu o fato de terem arrastado meus pais para interrogatório. Não vou passar o resto da minha vida na prisão por tentar fazer do mundo um lugar melhor.
— É isso o que você chama o trabalho da Mercile? — O temperamento de Becca se ele-vou. — Você torturou e abusou dos Novas Espécies.Você os manteve em cativeiro em prisões por todas as suas vidas. Como se atreve...
— Oh cale a boca. — A médica disse. — Nossa pesquisa ajudou. E esse é o fator importante neste processo. Pessoas se beneficiaram com a pesquisa que fizemos antes de ser terminada. As cobaias não são realmente pessoas, não foram criadas para viverem fora das instalações de teste e não são diferentes de ratos ou camundongos usados em experimentos.
— Você é louca.— Raiva se apoderou de Becca. — E patética.
— Talvez, mas isso não muda o fato de que você vai me ajudar.
— Nunca. — Becca jurou veemente. — Você não vai se safar dessa.
— Quem vai me impedir? Este deposito foi abandonado há três anos e nada vai me ligar a ele. O primo de Randy costumava trabalhar aqui até que o negócio faliu. Encontrei compradores na Europa que têm certeza de que podem encontrar uma maneira de inseminar artificialmente as mulheres com os espermatozoides deles. — Sacudiu seu polegar por cima do ombro na direção do Espécie contido. — Acreditam que seus cientistas são tão inteligentes que podem descobrir o que nós não descobrimos por anos. — Dean bufou.
— Eles nunca vão reproduzir essas coisas. — A Dra. Elsa o recompensou com um sorriso.
— Eles são inteligentes o suficiente para saber que o esperma morre rapidamente depois de deixar as cobaias caninas. É algum tipo de efeito colateral estranho com sua genética mutante. Não são viáveis por muito tempo depois de serem liberados. — Apontou para um canto. — Você sabe o que são aquelas coisas? — Becca virou a cabeça para estudar uma máquina grande e estranha com pequenos tanques ligados a ela.
— Não.
— É um freezer criogênico. Você está familiarizada com isso? — Becca olhou para a mu-lher. Ela suspirou. Laurann Dohner Brawn
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— Obviamente você não trabalha na área médica. Vou usar palavras simples para você. Os europeus acreditam que se tiverem amostras suficientes, podem encontrar e consertar o que faz com que o esperma morra tão rápido, usariam mães humanas de aluguel para darem a luz a mesti-ços Novas Espécies e lucrarem com isso. Parece haver um mercado negro lá para as pessoas ricas que querem possuí-los.
— Animais de estimação exóticos. — Ray riu. — Eles não sabem o quão maléfico os filhos da puta ficam quando grandes.
— A questão é. — A médica falou mais alto, lançando um olhar para ele e cruzou os braços sobre o peito novamente. — Conseguimos as amostras, as congelamos imediatamente antes de morrerem e nos pagaram por cada um desses tanques. Eles se ofereceram para nos ajudar a con-trabandear as amostras para fora do país, mas não confio neles. Poderiam nos matar, ou simples-mente roubá-los e não posso me dar ao luxo de correr esse risco. Acho que daqui mais três meses terão dinheiro suficiente para nos pagar entre as amostras de esperma e o que me ofereceram para vender as amostras e todos nós poderemos dar o fora daqui para um país sem extradi-ção. Vamos viver bem em outro lugar e nunca nos preocuparemos em sermos trazidos de volta para os Estados Unidos.
— Você é um monstro. — Becca lutou contra o impulso de atacar a cadela só pelo simples prazer de socá-la no rosto. Se alguma vez houve uma mulher que precisasse de um nariz quebrado, a doutora Elsa era ela. — É moralmente errado e você não fez um juramento em algum ponto da sua vida para não fazer nenhum mal? — Aquilo divertiu a médica.
— Provavelmente, mas a questão é, isso é o que estamos fazendo aqui. Os machos precisam ser estimulados para seus espermas serem ativados, precisamos fazer testes com algumas das amostras, pois tem uma morte rápida, uma vez que são retiradas dos tanques. Não receberemos o pagamento a menos que sejam espermatozoides ativos de um macho alterado. — A bílis subiu na garganta de Becca, mas o engoliu. Essas pessoas eram doentes.
— Você está vendendo os espermas deles? — Aquela informação finalmente foi absorvida.
— Sim. Os europeus não acham que eu iria vender as cobaias verdadeiras. Estamos discutin-do os preços e querem um conjunto completo quando comprarem. Infelizmente não tenho isso ainda, mas terei.
— Um conjunto completo?
— Pelo menos um de cada.
— Você tem quatro, incluindo o meu... Namorado — Becca não quis dizer o nome de Brawn, caso não soubessem ainda. Randy avançou mais perto.
— Existem três tipos de cobaias. Cães, gatos e macacos. Nós apenas tínhamos cães até que pegamos o gato. Eles raramente deixam seus zoológicos e nos custou uma fortuna localizar o que estava com você. Tivemos que subornar um guarda no portão para nos avisar quando o bichano estivesse saindo e contratar um piloto para seguir o veículo quando saiu em direção a sua casa. Só precisamos capturar um macaco agora. Então, podemos vendê-los e fazer mais dinheiro.
Foi assim que eles descobriram Brawn. — Qual guarda? — Ela queria um nome. Os Novas Es-pécies tinham alguém que trabalhava para eles que traiu sua confiança. Precisavam descobrir quem era para proteger outra Espécie de ser sequestrada. Laurann Dohner Brawn
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— Quem se importa com o nome dele? — Randy olhou para a médica. — Por que você está contando isso pra ela? Apenas a faça fazer o que quer, ou vamos espancá-la até que ela concorde. — A médica lançou-lhe um olhar irritado.
— Marco está disposto a pagar o triplo, se pudermos dar-lhe amostras sem as drogas presen-tes nelas. Um dos idiotas que trabalha para ele acredita que a droga é um problema. Disse que não é, mas ele está disposto a gastar mais dinheiro de qualquer maneira. Sua ignorância está nos tor-nando mais ricos.
— Maldição. — Isso animou Randy e ele sorriu. — Isso é um monte de dinheiro.— Estudou Becca de perto. — Ah. Você quer que ela o excite para obter as suas coisinhas sem ter que drogá-lo.
— Exatamente.— A médica focou em Becca. — É isso que você fará.
— Inferno que não. — Sussurrou.
— Pegue ela. — A médica ordenou, deixou cair os braços para os lados e se virou. As mãos de Ray fixaram-se ao redor dos cotovelos de Becca dolorosamente e ela não lutou, sabia que era inútil com cinco homens na sala e observou com pavor a médica caminhar para outro canto com um monte de equipamentos médicos estranhos empilhados em carrinhos e mesas.
Um dos homens seguiu a médica e estendeu os braços. Pegou uma caixa e virou-se para se aproximar do Espécie preso. Becca ficou com medo de ver o que planejavam fazer com ele. Seria horrível, sabia disso e fechou os olhos. Se recusou a assistir sua tortura.
Minutos se passaram e um ligeiro zumbido encheu a sala. Suas pálpebras se separaram por curiosidade e realmente queria que não tivesse aberto os olhos. Não entendia por que colocaram um capacete estranho com uma viseira preta que escondia tudo, desde os lábios para cima. Uma correia foi presa sob o queixo, provavelmente para evitar que balançasse e caísse e, pior, viu o que a médica estava fazendo.
A cadela de coração frio puxou alguma máquina que se parecia com um aspirador de pó com anexos na frente do macho contido, entregou o cabo à sua assistente, que imediatamente foi até uma tomada para ligá-lo. Um grosso, volumosos anexo saiu da máquina e para o horror de Becca, a médica o colocou no membro duro do homem. Tiras foram amarradas ao redor de seus quadris para mantê-lo no lugar e o homem rugiu em voz alta em protesto. Seu corpo ficou tenso, os mús-culos incharam enquanto lutava contra as amarras, mas não podia fugir.
— Oh meu Deus. — Implorou Becca. — Pare com isso!
O imbecil que a segurava se inclinou para mais perto, abaixou a cabeça e sua respiração so-prou sua orelha. — É uma sensação boa. Testei em mim mesmo. É um tipo de maquina de mastur-bação chique que simula uma vagina e suga literalmente. Assim que ele atira sua carga é enviado para aquele copo na base da máquina. Despejamos em um cilindro e corremos para os tanques para serem congelados. Muito legal, hein?
Virou sua cabeça na direção de Ray e não pode resistir mais. Sua mão socou sua virilha. Ficou horrorizada ao sentir que ele estava com o pau duro mas cravou as unhas violentamente contra sua calça. Ele gritou de dor e ela se contorceu para se livrar do aperto dele.
Tentou alcançar a pobre vítima, para libertá-lo, mas Randy a alcançou primeiro. Gritou de dor quando agarrou seu cabelo e a puxou de volta, mas se virou e seu punho disparou do jeito que seu Laurann Dohner Brawn
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pai lhe ensinou, cravando no rosto dele. Recuou, levando-a com ele e sua palma aberta voou ne-la. Dor explodiu no lado do rosto de Becca.
Os joelhos dela cederam com o golpe, viu estrelas e mal ouviu o grito da médica para que to-dos parassem. Alguém a agarrou por trás e abriu os olhos. Uma tontura a atacou quando tudo pa-recia girar ao redor dela.
— Não a machuque! — A doutora Elsa gritou a ordem. — Precisamos dela. Eu disse para se-gurá-la, e não bater nela.
— Ela socou meu pau. — Ray xingou. — Essa vadia.
— Cale a boca! — A médica gritou. — Vá colocar gelo no seu cérebro ou melhor ainda, o en-fie em um dos tanques criogênicos de uma vez. Você seria mais inteligente. Não que você o use muito. Randy, bata nela de novo e eu mesma vou atirar em você. Ele não vai ficar excitado se ela estiver toda ensanguentada e machucada. Eu controlo o maldito dinheiro. Lembre-se disso a não ser que ache que pode evitar ser preso sem mim.
Um terceiro homem levantou Becca e puxou suas mãos para trás das costas. A mão dele prendeu seus pulsos como se fossem algemas e se desequilibrava, sentia a dor do golpe que le-vou. Sua bochecha esquerda latejava e lágrimas a cegaram.
— Não estamos o machucando. — A médica falou. — Vê o homem? É o melhor sistema de vídeo. Embora não esteja vendo uma partida de jogo. Colocamos filmes obscenos para ele entrar no clima. Estamos mostrando-lhe uma mulher se masturbando. Ele está apenas furioso, porque sabe que estamos tirando uma amostra dele forçadamente.
— É um estupro. — Becca falou asperamente. — Você é doente.
A outra mulher invadiu sua frente e ficou no espaço visual de Becca, olhando para ela. — Isso é o que vamos fazer com o seu precioso namorado se você não tirar as amostras. Vou drogá-lo, o prender do jeito que 919 está e colocar os óculos de visão nele. Vou obter amostras dele de uma forma ou de outra. — Olhou para o homem que segurava Becca. — Leve-a para aquela mistura felina e deixe-a pensar nisso até estarmos prontos para congelar suas amostras, quando acabar-mos com o 919. — Sorriu para Becca. — É melhor você fazer o que quero para ele não sofrer o mesmo destino deste.
A médica foi em direção ao Espécies e se curvou, ligou um interruptor da máquina na frente dele e outro rosnado de raiva veio do pobre macho. Seu corpo recuou quando a máquina come-çou, seus quadris se contorceram para ficar longe dela, mas as tiras na cintura o impedi-ram. O horror do que estavam fazendo era impensável.
— Vocês todos vão apodrecer no inferno. — Becca jurou, lutando com o bastardo que a se-gurava, mas se recusou a soltá-la quando a forçou a ir para a porta. — Vocês são uns animais!

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