quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Capítulo 4

CAPÍTULO QUATRO 
ÍLaurann Dohner Brawn
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Becca sentiu a esperança de que talvez a polícia chegasse e salvasse o dia, até que foi empurrada para dentro de uma van preta estacionada na entrada da casa de Mel e Tina. Viu um adesivo bran-co do logotipo de segurança em todo o lado dela. Eram inteligentes, os policiais provavelmente não iriam pará-los, imaginando que estavam ali para responder a um alarme silencioso. Seu oti-mismo morreu.
Randy a empurrou para dentro da traseira bem iluminado da van e foi direto para uma gran-de cela. Sentou em algo quente. Brawn estava esparramado sob ela, não se movia, os olhos fecha-dos. Um som alto atrás dela a fez saltar quando a porta da gaiola bateu fechado-a, trancando-os juntos.
Becca viu homens se agrupando na metade da frente da van de porte comercial. A parte do motorista e do passageiro se abriu para admitir mais dois homens. Eram sete no total. O rosto do motorista não estava coberto e tinha certeza que, da parte de trás de sua cabeça, era o idiota que baleou Tina. Se virou para olhar para trás.
— Vamos sair, pessoal. — Riu. — Isso foi dinheiro fácil. — O motor foi ligado e a van seguiu adiante, a levando embora. Risadas soaram na van depois que um dos homens fechou uma cortina da frente para que pudessem manter as luzes acesas sem ninguém vê-los.
— Bem, não para Smitty. — Mais risadas. — Ele era um idiota de qualquer maneira.
— Talvez devêssemos ter levado o corpo dele conosco.
— Não. Irá confundir a polícia. Ele tem uma lista de roubos.
Becca não podia identificar quem estava falando pois estavam com boca coberta. Moveu seu corpo para aliviar o seu peso de Brawn. A gaiola era grande, projetada para um animal grande, mas não grande o suficiente para mantê-la sem pressionar contra ele um pouco. Se acomodou no chão da gaiola em seu traseiro e inclinou-se contra seu peito. Estudou o rosto com preocupação e colo-cou dois dedos em seu pescoço para sentir o pulso fraco, mas constante.
— Vê? Deve ser amor. Ela o está tocando. — Outro riu.
— Não me importaria se ela me tocasse.
— Eu também não.
Becca ignorou enquanto tirava o cabelo de Brawn de cima da sua testa depois de perceber um arranhão acima de sua sobrancelha. Não era profundo, não sangrou muito e deslizou os dedos pelos seus cabelos para sentir se tinha feridas escondidas. Percebeu a textura sedosa quando o examinou, mas não encontrou quaisquer sinais de traumatismo craniano.
— Acha que ela vai transar com ele? — Alguns deles riram.
— Bem, se não for com ele, talvez um deles. — Mais risadas.
— Acho que vou ser monitor voluntário quando voltarmos. Quero ver se o Doutor vai colocá-los para transarem. — Riram mais.
Becca rangeu os dentes e olhou para cima. Olhou para as cabeças viradas em seu caminho e encontrou os olhos dos homens a observando, uma vez que removeram seus óculos enquanto cui-dava de Brawn.
— Vocês cometeram o pior erro de suas vidas. Meu pai vai caçar e matar todos os envolvi-dos, então espero que gastem o seu dinheiro rápido. — Um deles riu. Laurann Dohner Brawn
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— E quem é seu papai, bonitinha?
— Ele mora na maior casa da propriedade que você acabou de invadir e odeia mercenários. — Disse isso para ver se respondiam. Precisava de respostas e cada palavra poderia ser uma pista para o tipo de bagunça que estava lidando.
— Odeio te desanimar, mas ninguém irá te encontrar no buraco onde vai ficar. Seu pai esta-va, provavelmente, encolhido embaixo da cama, quando ouviu os tiros. Todos os idiotas conversam com seus filhos. — Mais risadas.
Becca não sabia por que esses homens queriam Brawn e não tinha certeza por que não a ma-taram. Obviamente não tinham escrúpulos em matar pessoas inocentes já que Tina estava mor-ta. Alívio a percorreu porque descobriu algo com certeza. Seu pai chegaria na casa às oito da ma-nhã para pegar Brawn. Ele estava vivo.
Tim Oberto moveria o céu e o inferno para encontrar sua única filha. Poderia levar tempo, mas iria. Rastreava e descobria Novas Espécies que estavam sendo mantidos em cativeiro. Seu olhar desceu para Brawn. Parecia diferente dormindo, vulnerável e menos intimidante. Seu pai e sua equipe viriam para ela e Brawn. Só tinha de mantê-los vivos por algum tempo. Vai demorar horas? Dias? Semanas? Lutou contra as lágrimas, se recusou a dar àqueles imbecis a satisfação de vê-la assim, mas não era fácil. Poderiam sobreviver horas, dias ou semanas? E se meu pai nunca nos encontrar?
Empurrou o pensamento para longe. Ele era bom no que fazia. Havia um corpo morto em seu quarto e enquanto os homens que os sequestraram pensavam que deixando ele lá iria confundir os políciais, seria uma pista para seu pai. Faria mais do que uma verificação de anteceden-tes. Despedaçaria a historia do homem morto até encontrar todos os imbecis dessa van e iria fazê-los falar e revelar o que aconteceu com ela.
— Alguém ligou para a cadela para deixá-la ciente que temos o macho e pegamos a sua na-morada? Talvez recebamos um bônus.
— Eu liguei. — A voz de Randy era reconhecível. — Ela está animada. Realmente queria uma cobaia sem as drogas. Acha que as drogas vai arruinar o experimento. Acredita que pode ser a chave para o sucesso. Foi o mais feliz que já ouvi.
— Talvez ela devesse subir em uma das jaulas com um dos machos. Ela é uma vadia horrível e estaria apavorado demais para não fazer o que ela quer.
— Ela é muito seca para fazer qualquer coisa molhada. — Um deles riu. — Ou pode ter pen-sado nisso. Sei que se me olhasse e dissesse para eu abaixar minhas calças preferiria comer a mi-nha arma, mas ficaria apavorado demais para recusar. Eu ficaria duro de medo. — Risadas surgi-ram na van. Um deles bateu no painel da van.
— Imaginem a cadela se curvando. — Caiu na gargalhada.
— Que tal imaginá-la se inclinando na frente do 358? Quem seria mais aterrorizante de ver? Ele indo para ela ou para seu rosto?
— Esqueçam o rosto da Dra. Elsa. Você gostaria de vê-la nua? Ainda bem que eu pulei o jan-tar. — Riram.
— Imaginem ela falando safadeza. Ou pior, tendo um pirralho? Não me importo quem transe com aquela vadia, mas será o bebê mais feio se for parecido com ela. Laurann Dohner Brawn
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Estavam todos rindo, mas Becca sentia medo. Quem quer que fosse a Dra. Elsa, não era apreciada pelos homens que controlava. As coisas que diziam dava-lhe informações, embora man-tivesse seu olhar em Brawn, esperando que continuassem falando. Quanto mais dissessem, mais aprendia. Número 358 era uma pessoa. A todos os Novas Espécies foram dados números em vez de nomes quando estavam como cobaias nas instalações da Mercile.
Adivinhou que o número era para ser atribuído a Brawn, o que significava que os idiotas fo-ram atrás dele. Se sabem o seu número de laboratório, então ... merda. Devem trabalhar para as Indústrias Mercile com certeza. Esse tipo de informação era altamente secreta. Seu pai não poderia mesmo obter autorização. Também disse que a equipe do Mercile incendiou os seus registros mé-dicos e destruíram os computadores na invasão, quando obtiveram mandados de busca para en-contrar os Novas Espécies.
Por que a Mercile quer Brawn vivo? Fazia mais sentido se só quiserem matá-lo. A ONE que-brou a empresa com processos mensais tentando destruí-los financeiramente. Para cada Nova Es-pécie encontrada e recuperada, outra ação judicial e acusações criminais eram movidos contra eles e mais prisões eram feitas.
A Organização dos Novas Espécie foi inteligente. Estavam se certificando que a Mercile nunca se recuperasse o suficiente para reiniciar suas pesquisas.
— Ei! — Um dos homens gritou.
Becca saiu de seus pensamentos para olhar para cima. Um deles chegou mais perto, olhando para ela com olhos azuis estreitos.
— Você vai querer se afastar. Temos que sedá-lo novamente. Dra. Elsa quer você acordada e alerta quando chegarmos lá. Além disso, uma aplicação desta merda e você morre de uma overdo-se.
O homem apontou a arma e Becca se afastou tão longe de Brawn quanto pode. Arrancou o dardo dele e jogou para trás no segundo em que escondeu a área com seu corpo quando se incli-nou contra ele novamente na tentativa de impedir de ter uma dose completa do tranquilizante.
Atiraram nele mais algumas vezes com o passar do tempo. Os removia tão rapidamente quanto possível, sem despertar suspeita e ficou preocupada. Iriam matá-lo com uma overdo-se. Tentou convencê-los a parar, mas se recusaram a ouvir. O pulso manteve-se estável e apertou os ouvidos em seu coração, se tranquilizou por continuar a bater com força em seu ouvido. Seu corpo grande a manteve quente enquanto os quilômetros passavam, levando-a longe de casa.
O medo foi instantâneo quando a van finalmente parou e o motor morreu. Sentou-se e sen-tiu dor. As barras da gaiola sob a seu traseiro fazia com que doesse e depois de nenhum movimen-to por um tempo prolongado. A sensação de alfinetes e agulhas espalharam-se por um lado de seu traseiro até o quadril. Os homens saíram da van para deixá-la sozinha com Brawn.
Estendeu a mão em seu rosto, em concha e o esfregou. — Brawn? Você pode me ou-vir? Acorde! — Se certificou de manter a voz baixa. Nem sequer se mexeu e se assustou quando as portas da van foram abertas atrás dela. Sua mão esquerda largou o rosto de Brawn enquanto se virava para olhar os cinco homens que se aproximaram da porta da gaiola. Um destrancou e a es-cancarou. Retirou uma arma de dardos e apontou para seu peito.
— Saia. — Ordenou. Laurann Dohner Brawn
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Teve que lutar contra a rigidez de seu corpo para se mover. Ela saiu e seus pés descalços to-caram o concreto, frio e duro. Olhou para a grande sala que lembrava um deposito com teto super alto e vigas metálicas expostas. Havia um pequeno número de grandes janelas perto do teto dos lados. Uma mão agarrou seu braço e a conduziu longe da van. Virou a cabeça para ver os quatro homens levantarem Brawn por cada um dos seus membros. Pendia enquanto o seguravam e seu longo cabelo se arrastava no chão e o levou em direção a uma escada do outro lado da sala. Ver Brawn, um homem de seu tamanho, indefeso desse jeito, fez Becca sentir medo. Engoliu seco e perguntou que tipo de inferno iria enfrentar.
O homem agarrando seu braço deu um empurrão forte, a forçando seguir Brawn e apressou o passo. Não queria perdê-lo de vista. As escadas eram largas e de metal, os levando para uma quase escuridão abaixo. Seu olhar brilhou quando olhou para cima, para as janelas. A visão do sol lhe assegurou que havia viajado por pelo menos três horas e meia.
A claustrofobia a atacava enquanto passavam por pelo menos três escadarias escuras, indo mais fundo nas entranhas do deposito. Apenas algumas lâmpadas iluminavam o caminho para po-der ver os passos. O ar ficou notavelmente mais frio em cada parada. Odiava isso, aumentava seu medo, mas Brawn mantinha-se à vista.
O nível mais baixo acabou em duas portas grandes de metal que os homens abriram carre-gando Brawn entre eles. A visão que encontrou o olhar de Becca a fez tremer subitamente. A sala era grande, mas bem clara, longas luzes pendiam do teto. Mostravam duas gaiolas grandes clara-mente no centro da sala e três metros separavam uma da outra. As coisas eram enormes, algo que deveria ser encontrado em um zoológico, em vez de no porão de um deposito e o homem agar-rando seu braço puxou mais forte.
— Mova-se. — Teve uma visão melhor da sala quando entrou pela porta dupla. Outras gaio-las foram construídas ao longo das paredes e ficou horrorizada ao ver alguns habitantes dentro delas. Alguém estava deitado em uma cama, enquanto outro homem passeava no comprimento das barras. Sua cabeça se virou e ela engasgou, identificando o rosto de um Nova Espécie. Tinham mais deles. Aquela percepção a deixou fria. Paredes de concreto separavam as celas ao longo das paredes, que eram maiores do que aqueles da sala do meio e muito mais longas.
O homem que a segurava a levou a uma gaiola, abriu a porta e a jogou para dentro. Deixou a porta bater e a trancou lá. Brawn foi despejado dentro da segunda gaiola à sua direita, seu corpo foi colocado numa cama quando o jogaram na cela e os quatro homens saíram. Não só trancaram a porta, mas usaram correntes para envolver algumas seções com fechaduras robustas por garantia.
Os sequestradores removeram suas máscaras enquanto caminhavam para fora da vista atra-vés de um conjunto de portas duplas perto da que tinha entrado. O silêncio na sala enorme era assustador, absoluto e virou-se para estudar sua prisão. Uma cama estreita havia sido colocada, uma privada removível estava no canto e cobertores dobrados foram deixados sobre a cama lon-ga. Olhou para o chão de metal sob seus pés, levantou o queixo para olhar para as barras de cima e lutou contra as lágrimas. Pense, permaneça calma. Essas ordens silenciosas ajudaram enquanto cuidadosamente observava o ambiente além das grades.
Não foi difícil detectar as câmeras destinadas em sua direção uma vez que examinou o te-to. Eram de modelos maiores, voltadas para a segurança ao ar livre e uma parede de concreto blo-Laurann Dohner Brawn
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queava sua visão do que quer que estivesse por trás de sua prisão. Não era tão alto, talvez três metros de divisão, mas mais do que suficiente para manter sua curiosidade sobre o que não podia ver.
Suas mãos agarraram as barras grossas e frias e as estudou. Não mostrava sinais de ferrugem nas juntas e duvidou que já estiveram do lado de fora para serem expostas ao mau tem-po. Avançou para a porta, viu que a brecha era quase inexistente e que foi bem construída. A placa de metal cobria a secção longe o suficiente para tornar impossível a aproximação ao redor dela e tentar arrombar a fechadura. A parte interna da fechadura da porta foi totalmente fechada, sem qualquer acesso para chaves. Isso lhe disse uma coisa, com certeza não foram projetadas para animais. Um arrepio cortou sua espinha.
Becca se aproximou o mais perto que pôde da gaiola de Brawn, olhando para a sua forma de bruços. Seu peito subia e descia, assegurando-lhe que ainda vivia. As drogas que o dosaram a pre-ocupava. Não conseguia entender como alguém não teria uma overdose com aquela quantidade de tranquilizantes.
— Brawn? — Limpou a garganta. — Por favor, acorde! Você pode me ouvir? — Um rosnado surgiu do outro lado da sala, virou a cabeça naquela direção para ver que um homem se moveu para o canto da cela, agarrou a barras e olhou para ela. Tinha longos cabelos negros até a sua cin-tura, um volume selvagem de sedosos fios, mas não conseguia distinguir a cor de seus olhos. Ape-nas a forma deles e os lábios cheios e maçãs do rosto pronunciadas e maças do rosto largas a asse-guraram de seu DNA alterado.
— Sou Becca — Saiu, na esperança de que fale com ela. — Há quanto tempo você está aqui? — Rosnou de novo, um som assustador bem profundo. Não era exatamente o tipo falante, deci-diu. E não era nem mesmo amigável. Mas não estava prestes a desistir. Quanto mais informações conseguisse maiores seriam as chances de descobrir uma maneira de sair do pesadelo que estava vivendo.
— Você pode falar? — Largou as barras e tocou o peito. — Becca. — Apontou para ele. — Qual é seu nome? — Girou se afastando, rosnou e continuou andando. Desistiu de imediato tentar descobrir alguma coisa com ele, mas estudou suas roupas, usava calça branca larga, com costuras grossas dos lados e isso é tudo o que usava. Seu peito era enorme, os braços musculosos e seus dedos mostravam as garras.
Algo parecia tê-lo agitado do jeito que andava para frente e para trás. Seu foco voltou a Brawn.
— Brawn! — Sua voz aumentou bastante. — Acorde, maldição! — Seu braço se contraiu, deu-lhe esperança e apertou firmemente às barras. — Brawn? Abra seus olhos agora mes-mo! Estou preocupada com você. Você foi muito drogado e precisa combatê-la. Você pode me ou-vir? É Becca. Lembra-se de mim? Nós vivemos juntos. Brawn!
Estava lento quando rolou, e caiu direto para fora da cama e estremeceu quando seu corpo grande se esparramou no chão de metal. Isso pareceu despertá-lo enquanto rosnava, se empurrou para cima com os braços e os olhos abertos. Fúria torceu traços normalmente bonitos enquanto olhava para as barras e ergueu o queixo para ver o teto da gaiola. Cada músculo pareceu contor-cer-se com a tensão. Laurann Dohner Brawn
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— Brawn? — Becca suavizou sua voz. — Você está bem? — Girou a cabeça em sua direção, confusão aparecia em seu rosto. A raiva diminuiu e ele empalideceu.
— Não.
— Fomos atacados. Você se lembra? — Se levantou devagar, esfregou em algumas das mar-cas dos dardos que havia levado nas coxas e olhou a seu redor. Seu olhar parou nas gaiolas do ou-tro lado da sala onde os dois outros presos eram mantidos. Moveu-se rápido, atingiu o lado das barras e rosnou para o homem que caminhava.
O outro homem o ignorou, continuou andando o comprimento de sua gaiola e Brawn fungou bem alto. — Maldição.
— O quê? — Ele virou a cabeça.
— Estamos com sérios problemas.
— Não brinca! — Mordeu o lábio e olhou para as câmeras. — Eles estão nos observando. — Ele seguiu seu olhar e virou em seu caminho, foi para o canto mais próximo de sua gaiola e estudou seu corpo lentamente.
— Você está machucada? Eles te drogaram também?
— Não. Acho que são da Mercile. — Sussurrou essa parte. — Ouvi o suficiente para saber que estão trabalhando para alguma médica e sabem seu número. Isso é confidencial, certo?
— Meu número?
— 358.
— Esse não sou eu. — Olhou para o Espécie andante. — Talvez seja ele.
Brawn olhou para o outro homem antes de olhar para Becca. — Posso cheirar drogas pesa-das no quarto e suspeito que esteja drogado. Já senti esses cheiros de produtos químicos antes e ele está mentalmente apagado se estiver vindo dele. Ele falou com você, alguma coisa?
— Não. Resmungou um pouco, mas sem palavras. Tentei perguntar-lhe quanto tempo estava aqui, mas só começou a andar novamente. Faz isso desde que chegamos.
— Quanto tempo estive apagado?
— Cerca de quatro horas, meu melhor palpite, mas pode ter sido mais. Vi a luz do sol quando nos trouxeram até aqui. Ficamos na van por pelo menos, três horas e meia, porque é o tempo que levaria até o sol nascer, quando fomos atacados. Nos trouxeram até aqui em uma van comercial com um logotipo de segurança, mas tenho quase certeza que não trabalham para essa empre-sa. Dei uma boa olhada e pude ver que era um daqueles adesivos de ímã afixado e uma empresa verdadeira seria pintado.
— Nós estamos em sérios apuros.
— Você acha? — Olhou boquiaberta para ele um pouco. — O que eu não consigo entender é por que nos quer vivos. Os funcionários de Mercile não querem você morto? Vocês enchem a em-presa de processos e meu pai disse que estão rastreando todos os que trabalharam na empresa para mostrar as fotos das vítimas para tentarem identificar os que abusaram de seu povo. — Ele cheirou o ar.
— Espero que minha memória esteja errada.
— O que significa isso? — Hesitou. Laurann Dohner Brawn
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— Sinto o cheiro da droga que usavam para os experimentos de reprodução. — Os joelhos enfraqueceram.
— O que significa isso?
— Eles desenvolveram uma droga altamente estimulante para nos forçar a ter desejo sexual e nos dosava quando nos recusávamos a montar em nossas mulheres e às vezes quando tentavam descobrir por que não éramos capazes de engravidar nossas fêmeas. O quarto cheira a ela e isso é muito ruim.
Oh merda.
— Não vejo nenhuma de suas mulheres. Há o homem dormindo na cama e ele. — Olhou para o que andava que não diminuía o ritmo dentro de sua cela.
— Sinto o cheiro de outro macho dos Espécies, pelo menos doze diferentes machos humanos e duas fêmeas humanas. Você é um delas.
Aquilo era seriamente preocupante. Becca sabia que o médico para quem os mercenários trabalhavam era uma mulher de modo que apenas a deixou no lado errado das barras da jaula. O sangue drenou de seu rosto com os fatos.
— Você não acha que eles me trouxeram aqui para ... Você sabe. — Lentamente sussurrou as palavras seguintes, esperava que entendesse depois de levantar as mãos para cobrir seu perfil das câmeras. — Eles acham que eu sou sua namorada.
Brawn girou afastando-se com um rosnado, obviamente capaz de ler lábios. Caminhou até a porta da gaiola, estudou-a e deu-lhe um chute com o pé descalço. Becca estremeceu, sabia que tinha doido e o metal não se moveu. Levantou a perna, esfregou os dedos dos pés e rosnou nova-mente. Largou a perna, girou e voltou para o canto mais próximo a ela.
— Farei tudo o que eu puder para protegê-la. — Jurou suavemente. — Você precisa confiar em mim.
— Confio. — Falava sério. Não o conhecia por muito tempo, mas era um homem bom. — Nós vamos ser encontrados. — Não queria contar-lhe sobre o corpo morto ou como seu pai iria utilizá-lo para resgatar o passado do homem, com muito medo que as câmeras pegassem suas pala-vras. Não queria que esses idiotas fossem alertados. — Nada vai impedi-los.— Ele balançou a cabe-ça.
— Cuidado com o que diz. — Aquele conselho foi inútil porque já havia imaginado is-so. Brawn olhou para ela e respirou fundo.
— Não estava drogado com a droga de procriação. Esta é uma boa notícia.
As portas duplas por onde os homens haviam saído de repente foram abertas. O som ecoou na sala grande e Becca ficou boquiaberta com a visão de quatro homens empurrando uma maca através da abertura. Um homem Nova Espécie grande estava amarrado nela. Seus olhos estavam fechados, mas sua herança era aparente em seu tamanho muscular. Tornou-se mais evidente quando os imbecis se aproximaram. As maçãs do rosto e lábios cheios denunciavam seu tamanho e Brawn fungou fortemente quando passavam por suas gaiolas e sumiram de vista por trás do mu-ro de concreto por trás deles. As rodas da maca pararam pouco tempo depois.
Um bom minuto se passou antes da porta da gaiola bater sendo fechada. O som era distinto o suficiente para Becca ter certeza e correntes se sacudiram. Estavam, obviamente, trancando sua Laurann Dohner Brawn
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porta da maneira que fizeram com a de Brawn. Os quatro rapazes voltaram, menos o Espécie e a maca. Um deles parou para olhar para Brawn.
— Você é o próximo, idiota.
Conhecia aquela voz. Era Randy, aquele que feriu em sua casa, o líder dos mercenários. Viu o curativo perto de seu ouvido enquanto voltou sua atenção para ela.
— Depois você cadela. Vou ter um grande prazer em te ver sofrer.
— Por que estamos aqui? — Brawn manteve a voz baixa.
Um sorriso curvou os lábios do bastardo, e agarrou seus quadris.
— A doutora queria carne fresca, mas sua namorada foi um bônus. — Randy deu um pas-so mais para perto, mas permaneceu uns bons três metros de distância da gaiola de Brawn.
— Você sabe o que vai acontecer. Não temos nenhuma fêmea, não fomos capazes de pegar nenhuma delas quando fomos invadidos, por isso ela serve. — Seu sorriso aumentou. — Espero que goste de bichanos tanto quanto você. — Ergueu a mão e apontou para o Nova Espécie andan-te. — Ele vai ser o primeiro e depois você fica com ela.
Brawn rugiu, saltou em direção ao lado da gaiola e agarrou-a. — Ele vai matá-la.
— Ainda melhor. — Randy tocou seu curativo. — Essa vadia tentou explodir meus mio-los. Vou gostar de ouvir seus gritos. — Girou, marcharam para longe e seus três capangas segui-ram-no.
Becca tremeu. Não era uma idiota e poderia preencher os espaços em branco. Brawn se re-cusou a olhar para ela e, em vez disso olhou para as portas duplas que se fecharam atrás dos ho-mens. Se afastou do lado da gaiola para sentar-se pesadamente em sua cama. Suas pernas não queriam mais segurar seu peso. Seu olhar percorreu a sala para o macho do Espécie ainda agita-do. Terror tomou conta dela. O homem nem conseguia falar e no mínimo não parecia amigá-vel . Iria matá-la com certeza se fosse jogada em sua gaiola para algum experimento de procriação.
— Becca? — Virou a cabeça com o tom estridente de Brawn. Olhou para ele, seu olhar lindo sombrio.
— Eu sei. Drogas de procriação, sou a única mulher aqui e aquele homem ali está fora de controle, certo?
— Ouça-me. — Brawn respirou fundo e agarrou as barras. — Não lute, se colocá-la com o macho. Ele vai ser agressivo no começo, mas se você resistir, ele vai... — Sua voz foi sumindo.
— Me matar?
Brawn se recusou a desviar o olhar dela. — Sim.
Lágrimas quentes encheram seus olhos e as piscou de volta.
— Ele está drogado e é doloroso. Seu corpo está em chamas, a necessidade de montar uma mulher tirou sua sanidade e ele vai se arrepender quando o efeito passar. — A triste nota encheu sua voz. — Eu sei disso.— Becca abraçou o peito.
— Você já tomou isso antes, não foi?
— Não tive escolha. Me usavam para testes de procriação. Somente duas das cinco instala-ções descobertas usavam essa droga. — Se agachou. — Não me lembro de nada, mas sei que com-partilhei sexo com uma fêmea quando as drogas saíram do meu sistema. Nunca senti o cheiro de Laurann Dohner Brawn
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sangue em meu corpo e espero nunca ter machucado uma das nossas mulheres. Nenhuma delas me disse nada depois que fomos libertados, mas podiam querer me poupar da culpa.
Lembranças da conversa que tiveram sobre como ele gostava de sexo a fez tremer. Não era uma mulher Nova Espécie ou projetada para ser mais forte do que a média. Era uma simples hu-mana, nem mesmo uma em forma e duvidava que sobrevivesse a uma rodada de sexo com um Nova Espécie drogado mesmo se não lutasse.
— Becca?
Percebeu que estava olhando para baixo quando levantou seu olhar para Brawn.
— Sou durona, sou uma sobrevivente. — Sugou o ar. — E vamos ser encontrados. — A raiva fez sua voz ficar mais forte. — Alguém vai morrer. — Olhou para as portas duplas. — Um monte deles.
— O macho não quer te machucar ou te forçar.
Olhou de volta para ele, evitou olhar para o homem que ainda andava em sua cela e a aterro-rizava.
— Ele é uma vitima também. Entendi. Não se preocupe, não é o sangue dele que quero ver derramado.
— Eles vão nos achar. — A voz dele se aprofundou num rosnado. — Confie em mim.
Agradecia seu otimismo. Seu pai era bom no seu trabalho e deixaram um corpo para trás pa-ra a investigação. Tinha fé no seu pai e em sua equipe. Gostavam dela e fariam qualquer coisa para resgatá-la.
— Tenho direito sobre o homem com o curativo. Quero eu mesma matar aquele filho de uma puta. — As sobrancelhas de Brawn se arquearam.
— Quando nos encontrarem. — Esclareceu. — Você segura aquele pedaço de merda e bato nele por algum tempo. Tudo bem? Pegarei emprestado uma das armas da equipe e atirarei nele após ouvi-lo gritar o suficiente para me fazer sentir melhor por qualquer coisa que acontecer comi-go.
— Você é violenta. — Entortou os lábios. — Gosto disso.
— Circunstancias extremas. Ou darei um chute nos ovos dele, ou entortá-lo num formato de uma bola e chorar. Prefiro a primeira opção.
— Becca?
Olhou em seus olhos.
— Seremos encontrados. — Sinceridade brilhava ali. — Juro.
Assentiu, esperando que fosse antes de começarem os testes de procriação.

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