Valiant enterrou o rosto no colchão da pequena cama. Inalou profundamente, e lutou contra a vontade de rugir.
— Minha Tammy esteve aqui. Eles a acorrentaram e ela estava muito assustada. Também estou sentindo um cheiro estranho misturado ao suor dela. Eles a drogaram com alguma coisa. O cheiro está fraco, mas presente.
Tiger examinou as algemas ainda presas às grades de metal da cabeceira e dos pés da cama. Ele não viu nem sentiu o cheiro de sangue ali.
— Vamos encontrá-la.
Justice concordou.
— Nós viemos pela floresta então não fomos avistados. Alguém vai voltar. As coisas deles ainda estão aqui.
Tiger assentiu para os cinco homens lá dentro.
— Podemos ficar de tocaia.
Valiant se moveu, subiu na cama e pressionou o nariz no colchão outra vez. O cheiro de Tammy estava lá. O cheiro do seu terror era mais forte ali. Ele não queria sair com medo que o cheiro sumisse. Tinha que encontrá-la. Sentiu Justice e Tiger observando-o.
Justice suspirou.
— Isso ajuda?
— Um pouco. — Valiant admitiu em voz baixa. — Não quero mais viver se não a encontrarmos. — Virou a cabeça para encarar os homens.
Tiger fez uma cara feia e Valiant entendeu o motivo. Todos sabiam que aquilo aconteceu algumas vezes com os Novas Espécies nas instalações de experimentos. Eles perdiam a esperança e simplesmente paravam de comer. Permitiam que seus corpos morressem. Nunca achou que seria capaz de abdicar da vida uma vez que fosse solto. Mas se recusava a se arrepender de ter se apaixonado por Tammy.
— Espero nunca me apaixonar se perder uma mulher significar que eu também perca a vontade de viver — murmurou Tiger.
— Vamos esperar que o macho para quem ela foi levada não a machuque. — disse Justice. — Ele sentirá o seu cheiro nela a não ser que tenha tomado um banho e mudado de roupa depois que a deixou.
Ele sacudiu a cabeça.
— Não tomou. Ela já tinha se vestido quando eu saí. Eu a abracei e o meu cheiro está nela inteira. Ele não poderá deixar de senti-lo.
— Ótimo. — Justice voltou sua atenção para Tiger. — Ainda há mais Espécies prisioneiros da Mercile. Precisamos encontrá-los e conseguiremos isso se a acharmos.
Tiger levantou o celular. 166
— Vou subir e dizer aos outros. Tentaremos descobrir quem comprou ou alugou esta casa. Talvez estejam usando o mesmo nome ou os mesmos fundos para pagar o lugar em que Tammy está presa. Duvido que Zenlelt seja o nome verdadeiro dele. Armaram para que Charlie Artzola acabasse morto. Lidam com Novas Espécies que nunca souberam o que é liberdade. Tenho certeza que acharam que nos comportaríamos do mesmo modo e o mataríamos instantaneamente. Eles lhe deram a arma que apagou Flame e tinham que saber que ele iria sobreviver. Não consigo entender por que não atiraram logo no advogado, ao invés de mandá-lo de volta para nós, com vida.
Justice rosnou.
— Mercile gosta de fazer com que pareçamos perigosos e instáveis para os humanos para justificar o que fizeram conosco. Eles provavelmente acharam que mataríamos o bastardo com humanos como testemunhas por perto. Isso ou eles simplesmente pensam que somos estúpidos e que valia o risco de deixá-lo com vida para não desperdiçar a oportunidade de manter um contato lá dentro se caíssemos nas mentiras dele. Morro de medo de tentar descobrir o tamanho da traição dele e a quantidade de informações que passou adiante.
Tiger olhou para Valiant.
— Sinto muito, cara. Vamos trazê-la de volta.
Valiant não conseguia falar. A emoção o engasgava. Justice se virou para sussurrar algo para Tiger, que mesmo assim ouviu as palavras.
— Ele é tão feroz. Vê-lo assim parte o meu coração. Faça as ligações logo e ordene que nossos homens se escondam. Com sorte, eles voltarão aqui. Não sei mais o que fazer.
* * * * *
— Acordem. — uma voz gritou perto da orelha de Tammy.
— Eles vieram nos alimentar. Fique na cama e não se aproxime das barras.
Tammy abriu os olhos de repente. Encontrou o olhar de 927 quando ele saiu de cima dela. Ele se levantou, colocando o corpo entre a porta da cela e ela. Tammy sentou e notou com um pouco de preocupação que a parede de vidro quebrado havia desaparecido, mas que os restos dela continuavam no chão de metal. Como que eu não acordei quando o resto caiu?
Sua atenção foi para cima quando ouviu um ruído e viu um pequeno espaço aberto no teto da jaula. A abertura cortava toda a jaula onde o vidro esteve. Ouviu um barulho mais alto, um chiado de motor e outra parede de vidro foi levantava por algum tipo de guindaste do outro lado do depósito.
Ficou de boca aberta, observando quando ela foi posicionada acima da jaula, alinhada com a abertura e baixada lentamente. Olhou-a em choque. Obviamente as paredes de vidro eram removíveis por cima e o quebrado foi trocado. Um novo deslizou até o chão para separar a cela da porta. 167
O Nova Espécie de costas para ela ficou tenso e rosnou alto. Tammy percebeu que ele fez isso na tentativa de protegê-la. Parecia uma grande melhora do que ter certeza de que a mataria quando foi jogada na jaula com ele. Ao invés disso ele a abraçou enquanto ela dormia e não a machucou. Gratidão com relação a ele e esperança de que Valiant e os Novas Espécies da Reserva fossem encontrá-la a encheram. Só precisava continuar viva.
— Não montou ela. — Pete se aproximou da jaula. — Por que não? Gosta de homens, 927? O doutor disse para deixá-la aí dentro e que a sua natureza eventualmente faria com que a fodesse. Aquela coisa do cheiro deve ter funcionado já que está interessado nela. Acho que vocês não se importam em dividir, hein?
Mike ridicularizou.
— Se colocá-la de quatro dá no mesmo que foder com um homem.
— Um cu é tão bom quanto outro. Só feche os olhos e finja que ela é o Mike.
— Ei, isso não tem graça. Não faça com que ele tenha fantasias comigo de quatro. Não quero que me olhe desse jeito.
Pete riu.
— Melhor que ele pense em você desse jeito do que em mim. E nós somos os únicos que ele vê a não ser que queira contar com o doutor. Ninguém iria querer fodê-lo.
— Verdade. — Mike riu. Ele abriu a cela e colocou uma bandeja enorme no chão, junto com uma caixa. — Vem pegar. — Ele bateu a porta com força e os dois foram embora. Um minuto depois o barulho soou outra vez. A partição de vidro começou a subir. 927 relaxou e se virou para encontrar o olhar de Tammy.
— Eu vou lá. Pode usar o vaso que não vou olhar.
Ela assentiu.
— Obrigada.
Não havia privacidade dentro da jaula. Olhou para 927. Ele tinha caminhado até a porta da cela e olhado além, mantendo as costas para ela. O vaso era só aquilo, um portátil que foi acoplado no metal com canos que iam pelas paredes e se perdiam de vista.
Havia papel higiênico em cima da tampa. Tammy se apressou e o usou. Havia uma ducha e um tipo de ralo incrustado no metal próximo ao vaso, no chão. Ela lavou as mãos em cima dele. Era parecido com ligar a mangueira do jardim, só apontar o jato fraco para o buraco e pronto. Aquele tinha que ser o único jeito que ele possuía para se limpar. Era desumano.
— Já acabei. Obrigada.
927 se virou e assentiu. Ele pegou a caixa prateada e a carregou para a cama. 927 apontou para o chão quando sentou lá, indicando que ela deveria sentar ao seu lado. Ele usou a cama de mesa. Ela fez careta quando ele abriu a tampa para revelar a comida. Só tinha comida “estilo Valiant”. Dava para ver que não estava muito cozida. Eles trouxeram bifes cortados em tiras, apenas grelhados, em um prato cheio de sangue.
Ela sentou.
— Não posso comer isso. Está muito cru. 168
Ele franziu o cenho para ela.
— Você comerá. Precisa de forças. Precisa comer pelo menos um.
Fez outra careta, mas sabia que ele tinha razão. Não comia há muito tempo e sua barriga doía de fome. Ele pegou um pedaço de carne e lhe passou. Suas mãos tremiam quando pegou a ponta da carne, com cuidado para não deixar o sangue pingar em suas roupas.
Ele levantou outro pedaço e prendeu os olhos nos dela. Mostrou como enfiar os dentes nela e puxar para cortar a carne. Ela tentou, mas a carne era muito dura e seus dentes não eram tão afiados quanto os dele. Teve que lutar para não vomitar ao sentir o gosto de sangue. A carne pingava em sua boca quando ela mordia, tentando rasgá-la sem sucesso. Tentou mordê-la, mas já que ela era tão dura e grossa, acabou desistindo.
— Não consigo comer. Nem consigo arrancar um pedaço. Só consigo roê-la.
Ele estendeu a mão e usou os dedos para abrir seus lábios, a articulação de um empurrando seus dentes para abri-los também. Tammy abriu a boca para inspeção. Ele franziu o cenho. A ponta do dedo correu a ponta dos seus dentes antes que explorasse os de trás. Ele tirou o dedo.
— São retos demais. Por que a sua espécie permite que alguém cerre os seus dentes? Eles são inúteis.
— Eles crescem assim. Não precisamos rasgar as coisas com os dentes. Usamos garfos e facas.
Ele tirou a carne dos seus dedos. Abriu a boca e rasgou um pequeno pedaço do bife e passou para ela. Ela hesitou e o pegou. Que bom que eu não sou maníaca com germes, hã? Contraiu os músculos do rosto quando comeu o pequeno pedaço de carne ensanguentada. Ele rasgou outro pedaço pequeno e colocou na bandeja em frente a ela. Usou os dentes e continuou rasgando pequenas tiras, fazendo uma pilha.
— Obrigada. — sussurrou.
Nunca em um milhão de anos ela acharia que ia comer carne crua e agradecer a um homem por usar seus dentes afiados para rasgá-la em pedaços pequenos o bastante para que mastigasse e engolisse. Também nunca acreditou que teria tanta fome que não vomitaria em qualquer uma das hipóteses.
Tammy não conseguiu comer tudo. O que não comeu 927 fez. Ele comia mais do que Valiant. Pegou a bandeja vazia e foi até a porta da cela. Virou a bandeja e a empurrou para fora. Quando ela caiu a pancada foi tão forte que Tammy estremeceu. Ele voltou e abriu a garrafa térmica. Cheirou antes de passar para Tammy.
— É seguro. Às vezes colocam drogas na minha bebida, mas sinto o cheiro delas.
Ela sorriu para ele depois de apreciar a água gelada e a devolveu. Ele bebeu enquanto a observava. Seu sorriso sumiu devido à expressão estranha que escureceu os olhos dele e fez com que a estudasse com uma intensidade muito grande para o seu conforto.
— O que foi?
— Você é atraente. Seu cheiro é doce. 169
Um sentimento ruim fez com que ficasse nervosa.
— Valiant disse que quando eu estou com medo fico com esse cheiro. Desde ontem ando morrendo de medo.
Ele hesitou.
— Você pertence a esse Valiant?
Ela assentiu.
— Nós vamos nos casar.
— Casar? O que é isso?
Considerou suas palavras.
— É uma cerimônia que sela a nossa união até o dia que morrermos em meu mundo. Ele quer se casar comigo para garantir que as leis dos humanos reconheça que pertenço a ele.
Ele assentiu.
— Mas você já pertence a ele?
— Sim.
Ele rosnou baixo.
— Isso é uma pena. Eu quero você.
Ela se afastou dele, sentindo medo.
— Não.
Ele franziu o cenho.
— Eu disse que era uma pena. Não entende isso?
— Eu pertenço a Valiant.
— Mantenha a voz baixa ou eles nos escutarão. Eu sei. Eu concordo.
Seu coração voltou ao normal.
— Estava com medo que não se importasse por ser dele. Do jeito que disse foi como se… fosse me atacar de qualquer maneira.
Ele encolheu os ombros.
— Eu iria querer que ele a protegesse se você fosse minha e fosse levada para longe de mim para ser dada a outro. Eu o mataria se ele a montasse. Não forçarei um acasalamento com você, Tammy. Posso desejar, mas posso me controlar. Minha mente governa o meu corpo.
Que bom.
— Eu só espero que esse Valiant venha logo. — Ele ficou de pé. — Seu cheiro é bom demais. Faz muito tempo desde que permiti ao meu corpo a necessidade de acasalar. Tempo demais para ficar tão perto assim de você.
Aquilo deixou Tammy desconfortável outra vez. Quase soava como uma ameaça. Como se ele a avisasse que seu controle não duraria muito tempo. Mordeu o lábio. 170
— O que faz aqui para se manter ocupado?
Ele deu de ombros.
— Eu fico forte.
Ela olhou ao redor da cela. Havia o colchão e o vaso sanitário. A pequena ducha e o ralo no chão eram as únicas coisas. Ela não tinha ideia do que ele estava falando.
— Deve ficar muito entediado.
— Entediado?
Tentou pensar em um jeito de explicar a palavra para ele.
— Não tem o que fazer.
— Eu fico forte. — Ele foi até o chão do lado dela e começou a fazer abdominais. Ela viu seus músculos contraírem e esticarem enquanto ele levantava e descia com rapidez. Ele eventualmente parou e olhou para a parede. Correu até a grade, virou-se e jogou o corpo nela. Fez isso algumas vezes, trocando de ombro. Ela fitou as grades e notou que tinham curvado levemente, quase imperceptivelmente, e ela não teria notado se não tivesse procurado enxergar alguma coisa.
Ele parou de fazer aquilo e caminhou para frente da cela. Agarrou as barras e fez abdominais de pé. Finalmente se virou e voltou-se para o centro da jaula. Agachou-se de repente e pulou alto. Seus dedos seguraram as grades do teto, seu corpo a mais de um metro do chão e ela viu em espanto quando ele fez exercícios de barra fixa. Ele pareceu fazê-los por uma eternidade até o suor cair pelo seu corpo. Ele soltou as barras e aterrissou graciosamente nos pés descalços. Virou e olhou para ela.
— Eu fico forte.
Não era de se admirar que todos os Novas Espécies homens eram enormes e musculosos. Não era mais um mistério como eles conseguiam ser tão musculosos e em forma se isso era tudo o que faziam em todos aqueles anos presos em suas celas.
Ela assentiu.
— Eu vi.
— Me banho agora. Você pode se virar.
Ela virou. Deu as costas para a área com a ducha. Ouviu a água escorrer e o som estranho de velcro. Queria olhar para ver o que era, mas não virou. Ele queria tomar banho e até ela conhecia as definições deles de algo que não poderia ser muito diferente. O som de água escorrendo demorou um pouco. Ouviu aquele ruído de velcro outra vez.
— Estou coberto.
Tammy virou, ainda sentada no chão, e encarou 927. Ele tinha lavado o corpo e o cabelo estava molhado. Ela o viu colocar algo detrás do vaso quando se abaixou.
— O que colocou detrás do… — Ela apontou.
Ele se endireitou.
— Sabão e desodorante. — Ele os levantou e mostrou. O sabão ficava amarrado a uma pequena corda e tinham lhe dado um desodorante pra viagem. — Eles nos dão isso 171
para que nos limpemos e não fiquemos com mau cheiro. Não gostamos dos cheiros ruins dos nossos corpos. Nos deixam irritados.
— Ao menos eles te dão produtos de higiene. Acho que isso é bom.
— Eles não limpam as nossas celas. Nós os mataríamos se chegassem tão perto.
— Entendo. — Os imbecis que a trouxeram para lá não queriam ter que limpar a cela se ele não tivesse a habilidade de usar o banheiro de maneira decente.
Ele veio para perto e sentou na sua frente.
— Me fale sobre os Novas Espécies. Me fale tudo.
Tammy respirou fundo. Ela começou a contar a ele tudo o que sabia desde a época que passou a acompanhar as notícias. 927 a olhava com interesse. Ele sorriu bastante. Continuou a falar.
* * * * *
— Alguém está vindo. — alertou baixinho uma voz no rádio.
Valiant saltou da cama e viu Justice e Tiger se levantarem do chão onde estavam descansando. Os homens saíram da área de visão da porta da frente. Justice deu um olhar firme para Valiant.
— Não os mate nem afete a habilidade que tem de falarem. Eles sabem onde Tammy está.
— Sei disso. — Rosnou baixo Valiant. — Ninguém a quer de volta mais do que eu.
— Eu sei. Mas vejo a sua raiva meu amigo. E entendo. Eu iria querer destruí-los se alguém levasse a minha mulher… seu eu tivesse uma. Só estou te lembrando caso não esteja pensando muito claro. Precisamos que nos digam onde ela está.
— Ela nem é a minha mulher e eu ainda quero matá-los. — suspirou Tiger. — Eles trabalham para a Mercile, levaram uma das nossas mulheres, e têm que morrer por isso.
— Silêncio. — Valiant sussurrou de repente. — Ouço um veículo se aproximando.
Um motor desligou e uma porta bateu do lado de fora. Um homem veio pela entrada da frente, as passadas leves e as chaves chacoalhando. O humano que entrou era um homem de vinte e poucos anos. Ele usava uma roupa branca, similar às dos técnicos das instalações, e Valiant conteve um rosnado para continuar o silêncio.
O humano pendurou as chaves na parede e fechou a porta com força. Levantou os braços quando esticou o torso, bocejou e se virou. Levou uns cinco passos para perceber que não estava sozinho. Ele congelou.
Valiant, Tiger e Justice se espalharam em volta do homem no segundo em que saíram dos seus esconderijos na outra sala. Terror envolveu imediatamente o rosto do humano e o fedor exalou dele.
— Tomei no cu. — ele falou.
Tiger grunhiu. 172
— Não fomos nós. Você não faz o nosso tipo.
O homem empalideceu.
— O que vocês querem?
Valiant rosnou.
— Sabe o que queremos. Onde está a minha mulher?
O homem começou a tremer e a suar quando olhou para Valiant. Seu olhar varreu o Nova Espécie da cabeça aos pés.
— Merda.
— Onde Tammy está? — Justice rugiu atrás do humano. — Fale logo porque meu amigo quer fazer você gritar e sangrar. A cama tem o cheiro forte do medo da mulher dele. Ele está com muita raiva.
A boca do humano se moveu, mas nada saiu dela. Valiant rugiu, o som encheu a sala, e ele avançou. O humano virou-se rapidamente para fugir, perdeu o equilíbrio e caiu no chão de pavor. Um grito agudo saiu de sua garganta quando Valiant se agachou e o segurou pelos braços, garantindo que suas unhas se enterrassem dolorosamente neles.
— Onde está a minha Tammy? — rosnou as palavras. Ele puxou a parte de cima do corpo do homem para mais perto dos dentes afiados.
— No depósito. — ele soluçou. — Ela está no depósito.
— Solte-o. — rosnou Justice. — Não o mate. Ele vai nos dizer onde fica esse depósito. Não vai humano?
O homem olhou desesperado para Justice. Ele assentiu, aterrorizado.
— Vou sim. Só o afaste de mim.
Valiant o soltou e recuou. Tremia de raiva. A vontade de matar quase o deixava louco. Aquele era o humano que levou Tammy até um depósito para ser jogada a um Nova Espécie para uma experiência de reprodução. Foi preciso tudo o que tinha dentro de si para evitar que saltasse e rasgasse a garganta dele.
— Ela ainda está viva? — Tiger se aproximou para intimidar.
— Estava quando saí há pouco. 927 não a fodeu nem a matou.
Justice se moveu, bloqueando Valiant quando ele deu um passo na direção do humano no chão. Justice sacudiu a cabeça.
— Controle-se.
— Estou controlado. — rosnou Valiant.
Justice voltou seu olhar furioso para o humano.
— Qual é o seu nome?
— Pete.
Justice piscou. 173
— Você vai nos levar até esse depósito. Qual é a segurança de lá? Quantos guardas protegem o lugar? As armas que têm são pesadas?
Pete o fitou.
— Quer saber quantos homens estão guardando o lugar? Nenhum. Somos só eu, Mike e o doutor.
Tiger rugiu.
— Mentira. Eles nunca deixariam uma instalação de experimentos com apenas três homens de guarda.
Pete virou os olhos apavorados para o homem com olhos de gato que o olhava com desprezo.
— Não é uma instalação. Acabamos de trazer ele da instalação do Colorado. O doutor queria trazer mais deles, mas temos que esperar quando mais homens ficarem disponíveis para construir mais celas para contê-los. No momento só temos esse e nós três conseguimos lidar com ele.
— Você vai nos levar lá, mas primeiro vai nos dizer onde fica localizada essa instalação do Colorado. — Exigiu Justice. — E vai dizer agora.
Valiant rugiu outra vez. O homem no chão assentiu em desespero, seu olhar apavorado preso a Valiant.
— Eu falo. Tudo o que vocês quiserem. Só fiquem longe de mim. — Ele balbuciou um endereço.
Justice deu uma olhada em Tiger. Ele assentiu e pegou celular no bolso de trás da calça. Deu o endereço à pessoa com quem falava. Fez uma pausa.
— Quantos Novas Espécies são mantidos lá? Como é a segurança?
O homem fechou a boca.
— Eles vão me matar.
Justice rosnou e bateu as mãos. Os homens que estavam na parte de cima desceram e cercaram o humano encolhido de medo. Pete fitou os oito Novas Espécies fechando um círculo em volta dele. O cheiro do seu medo ficou tão forte que Valiant quase conseguiu sentir o gosto.
— Você fala ou nós começamos com os seus dedos dos pés e das mãos. É incrível quantos ossos podem ser quebrados antes que o choque comece a matar um homem. — Rosnou Justice, aproximando-se mais. — Responda às minhas perguntas.
— Não faça isso. — exalou Pete. — Porra. Se afastem. Deve haver oitenta e dois machos e seis fêmeas lá, a não ser que alguns deles tenham sido removidos na última semana quando saímos de lá. A segurança é apertada. — Ele parou.
— Continue falando. — rosnou Valiant. — Para onde seriam levados? Onde ficam as outras instalações?
— Não é assim. — sibilou o homem. — Quando a primeira instalação de experimentos foi invadida, as pessoas entraram em pânico. Nós achamos um prédio abandonado e levamos alguns meses para preparar a nova locação para abriga-los. Todos 174
estavam mortos de medo que a nossa instalação fosse descoberta, queríamos sair de lá o mais rápido possível, mas leva tempo para se construir celas fortes para manter a gente de vocês presa. Nós os levamos para o endereço que te dei e às vezes nós emprestamos alguns para alguns dos médicos que não foram presos. Eu não tenho nada a ver com isso e não sei de nada a não ser que às vezes um punhado deles desaparece, mas depois são devolvidos. Vai ter que falar com o doutor para saber para onde vão e quem fica com eles. Ele é quem está no comando. Nada é feito sem o consentimento dele. Seu nome é Adam Zenlelt.
— Quantos guardas têm lá? Onde está a nossa gente.
— Eles são mantidos no subterrâneo, segundo andar. Costumava ser um estacionamento, mas fecharam para abrigar os bastardos. Geralmente têm uns doze guardas no andar de cima, e talvez uns seis no de baixo. Não conheço todos os médicos nem os outros funcionários, mas acho que são uns vinte no lugar em cada turno.
— Está equipado com explosivos? — rosnou Tiger.
Pete encolheu os ombros.
— Não tenho nem ideia. Não sou da segurança. Sou apenas o assistente do doutor. Eu e Mike somos os músculos. Isso é tudo. Nós cuidamos do 927 e de qualquer outra cobaia com a qual o doutor trabalhe pessoalmente.
— E Tammy? — Valiant se aproximou, atirando farpas com o olhar. — Me conte tudo.
O homem engoliu em seco.
— Nós a colocamos na cela com o 927. Ele matou as duas últimas que colocamos com ele. Simplesmente as matou. Ele é louco. Não matava as vadias de vocês, mas mata as normais, como eu. — Ele calou a boca. — Não foi o que eu quis dizer. Sabe como é. Ele atravessou uma partição que tínhamos colocado para afastá-lo quando abrimos a porta da cela. Ele a farejou bastante e ela tagarelou sem parar para tentar convencê-lo a não matá-la. Ele só a levou para a cama e ficou deitado com ela. Quando eu saí ele estava alimentando ela, e inferno, ele rasgou a carne para ela. Foi mais que esquisito. Se ele usa os dentes para cortar pedaços de carne que ela possa comer, se dorme com ela, então você também pensaria que a foderia. Achamos que ele é gay.
— Ele dormiu com ela? — Rosnou Valiant.
O homem fez uma careta.
— Bem, é meio frio à noite e não lhe damos cobertores.
— Calma. — Justice ordenou a Valiant. — Ele não acasalou com ela. — Fixou o olhar em Pete. — Certo?
O homem sacudiu a cabeça.
— Eu te disse. Achamos que ele é gay.
— O que isso quer dizer? — Tiger franziu o cenho.
O homem no chão hesitou.
— Achamos que ele gosta de homens. Ela não é um. Ele não transa com ela.
Tiger riu. 175
— Acha que por que ele não acasala com ela sente atração física por homens? — Sacudiu a cabeça. — Já passou pela sua cabeça que ele pode não gostar de forçar as mulheres? — Seu sorriso morreu e ele rosnou. — Essa coisa doentia de querer estuprar mulheres pertence a vocês, não a nós.
— Bem, eu nunca agarrei uma mulher e quebrei o pescoço dela, mas ele sim. — Pete apontou. — Duas delas e confie em mim, elas eram lindas. Teria transado com elas em um piscar de olhos se alguém as jogasse em cima de mim. Ele nem falou nada antes de matá-las. — Pete estalou os dedos. — Foi desse jeito.
Justice franziu o cenho, seu olhar pausando em cada um dos homens da sala.
Tiger praguejou em voz baixa.
— Ou ele enlouqueceu ou tem boas razões para matar fêmeas indefesas. Iremos descobrir.
Justice ficou com a expressão fechada. Voltou toda sua atenção para o prisioneiro.
— Pete? Vamos dar um passeio de carro. Você nos levará para onde levou Tammy.
— Farei isso. Não tenho escolha. Mas fiquem longe.
Justice acenou com a mão para que seus homens recuassem. Pete se levantou com as pernas bambas. Ele olhou para Justice, que obviamente estava no comando.
— Eu quero imunidade para não ser processado em uma corte por sequestro e o que mais os tiras me acusarem. Me prometa isso e eu mesmo levo vocês dirigindo até 927.
Justice piscou algumas vezes antes de um sorriso lento se espalhar pelas suas feições.
— Eu juro que te darei a imunidade das suas leis. O trato está fechado. Leve-nos para a mulher e para o Nova Espécie agora.
O homem olhou para Justice.
— Pode fazer isso, não é? Me dar imunidade?
O sorriso de Justice morreu e seus olhos estreitaram.
— Eu sou a lei dos Novas Espécies. Eu sou Justice. Posso te dar o que eu quiser. Este é um assunto dos Espécies que não envolve as suas leis até eu disser que envolve. Te dou minha palavra como Justice North que seus tiras não o mandarão para a prisão se nos ajudar. Agora vamos.
O homem assentiu.
— Claro. Eu não quero ir para a prisão. É só um trabalho com um bom salário. Também vou precisar de um pouco de dinheiro, só para me ajudar a recomeçar. Quero mil em dinheiro.
Justice estava sério. Ele sacudiu a cabeça em um aceno.
— Feito. Vai receber o dinheiro depois que pegarmos a mulher de volta, verificar que a instalação do Colorado fica mesmo onde você disse e nosso pessoal estiver lá.
Pete sorriu, aparentando estar menos assustado.
— Entendo. Vamos. Não fica muito longe daqui. 176
* * * * *
Tammy riu.
— Não. Eu não sou deficiente. Existem muitas mulheres do meu tamanho.
927 assentiu.
— Não foi minha intenção ofendê-la se eu impliquei que você tem imperfeições físicas.
— Não me ofendi. Vi algumas das suas mulheres e elas são muito altas. Entendo por que pensaria assim. Eu sou baixa para o padrão normal. Eu...
927 se moveu de repente, cortando suas palavras. Ele ficou de pé em um segundo e segurou Tammy. Ofegou quando aquelas mãos agarram seus braços e ela foi colocada de pé. Acabou atrás do homem imenso. Ele ficou tenso e rosnou para a porta da cela.
O homem mais velho e Mike caminharam até a cela. Tammy teve um vislumbre deles antes que 927 a empurrasse para trás e usasse uma das mãos para mantê-la atrás dele. Ele era largo e alto demais para que conseguisse espiar. Outro rosnado forte e horripilante emergiu de sua garganta.
— Vejo que gosta dela. — O velho riu. — Precisa acasalar com ela, 927. — A voz do homem endureceu. — Vou fazer com que Mike pegue a arma e a mate se não acasalar.
Medo rasgou Tammy. Por que eles fariam isso?
— É. — riu Mike. — Vê essa arma? Boom! O doutor está cansado de esperar enquanto você corteja a vadia. Só ponha ela de quatro e encontre o buraco certo. Não deve ser muito difícil. Sei que gosta de homens, mas é só fingir.
— Já chega! — suspirou o velho. — Eu continuo dizendo a vocês que ele não é homossexual. Já acasalou com fêmeas do tipo dele no passado. É com fêmeas inalteradas que ele tem problemas.
— Talvez percebeu que sente atração por homens. Acontece. Eu tinha um primo que saiu do armário aos trinta e poucos. Ele casou com uma mulher e eles tiveram quatro filhos antes dele contar a ela.
O velho suspirou mais alto.
— 927. Ou acasale com ela ou saia da frente e permita que Mike a mate. Simples assim. Você parece gostar dela e tenho certeza que vai acasalar. Está fazendo isso só para me irritar. Eu entendo isso, mas a minha paciência já está no fim. Já perdi tempo demais.
— Terá que atirar em mim primeiro. — Alertou 927, sua voz se tornando um rosnado assustador.
Houve silêncio. O velho finalmente falou.
— Soltarei um gás na sua cela e quando você apagar a pegaremos. Odiaria isso porque teria que fazer um pedido do gás, mas posso consegui-lo até o fim do dia. Acasale com ela ou saia da frente. 177
— Use o gás. — rosnou 927.
O terror de Tammy foi instantâneo.
— Gás? — Ela ofegou.
927 virou a cabeça e olhou para ela.
— Quer acasalar comigo? Eles a levarão de mim depois e você ficará viva até que ele decida que já teve o que quer. Vão amarrá-la e machucá-la. Fazem isso com as nossas fêmeas. Elas gritam e choram. Às vezes eles as levam para que outros machos acasalem com elas e começa tudo de novo. É essa a vida que você deseja?
Ela sacudiu a cabeça. Definitivamente não.
Ele assentiu.
— Quer que eu saia da frente e deixe que ele atire em você? Toda sua esperança já morreu?
Ela sacudiu a cabeça outra vez.
— Não estou pronta para morrer.
— Eles terão que usar um gás em nós. Levará tempo. — ele sussurrou.
Tammy olhou nos seus olhos e assentiu.
— Gás.
927 lhe deu um sorriso e virou. Com o rosto sério, disse.
— Peça o seu gás. É o único modo que vai conseguir tirá-la de mim.
— Porra. — grunhiu Mike. — Deixe atirar nele doutor. Tenho certeza que consigo evitar os órgãos vitais. Ele vai se recuperar.
— Era só um blefe para fazer com que acasalasse com ela. Drogaremos a sua comida. Ele terá que comer ou beber a certa altura. Feche a água da cela dele. Assim que ele ingerir as drogas será forçado a acasalar com ela. Não quero perturbar esse experimento, mas ele é teimoso demais. Teremos que usar as drogas reprodutoras. Talvez possamos conseguir que acasale com ela fora do efeito das drogas depois que já tiver acasalado uma vez.
— Por que não usamos o gás neles, forçamos ele a gozar e injetamos na vadia se quer ver se do forno dela sai um cachorrinho?
— Eu já tentei explicar isso. — O velho suspirou. — Os testamos há dez anos. O esperma é diferente do nosso. Descobrimos que durante o sexo a quantidade de esperma deles é alta, mas só se estiverem excitados. Quando é manipulado manualmente, se forçarmos o esperma, a contagem cai substancialmente. Também tem um período de vida bem mais curto. Morre rapidamente, quase em um minuto, e até conseguirmos descobrir se isso é pela exposição ao oxigênio ou se é um problema de temperatura, não podemos resolver a questão de forma eficaz. Perdemos muito do nosso equipamento quando abandonamos a instalação. Preciso que ele acasale com ela naturalmente, pois pode haver uma chance de sucesso.
— Por que não funcionou com as vadias animais? 178
— As fêmeas não produzem óvulos viáveis. Só os machos que têm a habilidade de reproduzir. Preciso fazer umas ligações para pedir as drogas que preciso e ver como estamos com as transferências. Os homens vêm amanhã para aumentarmos o espaço e adicionar mais quatro celas. Se esse não acasalar com ela, talvez os outros o façam.
Mike riu.
— Uau! Vai fazer com que ela transe com cinco deles? Acha que ela vai sobreviver?
— Não sei. Depende se os outros quatro vão matá-la ou não. Esse trabalho é importante.
— Quem se importa se eles podem procriar?
O velho hesitou.
— Perdemos a habilidade de fazermos mais deles há muito tempo. Não fomos capazes de replicar o que a médica que os criou fez. Toda tentativa falhou. É mais rápido lidar com os problemas reprodutores deles do que começar do zero e tentar replicar o modo como foram criados. Tentamos isso por anos e não conseguimos. Se você gosta de receber o seu salário temos que descobrir isso. Quando a Mercile foi descoberta, todos os bens foram congelados. Quase acabamos com o dinheiro que transferimos antes daquilo acontecer. Temos que recorrer a maneiras mais criativas de fazer dinheiro com eles e descobrir isso é uma prioridade.
— Eles não vão sair mais fracos se forem gerados com vadias normais?
— Não. Eles têm os genes agressivos e dominantes, cada um deles. Virão completamente iguais ao modo que os fizemos se conseguirmos procriá-los com humanas.
— Legal.
— Legal se conseguirmos resolver o problema e fazer com que esse aí a engravide. Seremos capazes de procriar nossos machos restantes com mulheres normais e obtermos centenas de novos produtos no primeiro ano. Pense na margem de lucro e na rapidez em que conseguiremos substituir os que foram perdidos. Aprendemos muito com o passar dos anos e não cometeremos os mesmos erros com os novos. Os recém-nascidos serão treinados desde o nascimento a obedecerem as nossas ordens.
— Super legal.
— É mais uma questão de sobrevivência. Todos somos procurados pela polícia e a menos que queira fugir para algum país de terceiro mundo para vender bugiganga para turistas, é melhor se apressar para fazer com que dê certo. Isso vai manter o seu salário mensal.
— Porra. — Mike parecia sério. — Eu não sabia que as coisas estavam tão desesperadoras assim.
— Vamos deixá-los enquanto faço as ligações. Talvez acasale com ela logo. Ele não usa uma fêmea já faz um bom tempo. Foi outra razão para escolhê-lo. Sua resistência tem que estar baixa.
Tammy tentou escutar, mas não conseguiu mais ouvi-los. Observou 927 com cuidado. O corpo dele finalmente relaxou e ele soltou o seu braço, virando-a para olhá-la.
— Você está com medo. — Ele inalou. — Não permitiria que a levassem. 179
— Foi por causa do que disseram. — Ela o fitou, horrorizada. — Eles querem que tenhamos filhos que possam treinar para obedecê-los? E o que significa produto?
Ela sabia a resposta, mas era horrível demais para contemplar, só precisava que fosse confirmada.
— Nós somos produtos. Já ouvi isso antes. Primeiro surgimos para ajudá-los a criarem drogas que testaram em nossos corpos. Agora sempre falam que precisam de dinheiro e que querem nos forçar a lutar por eles. Eu até os ouvi dizer que querem nos vender. E os ouvi planejando criar mais de nós, mais novos, que não conhecem a crueldade deles. Acham que podem enganar os mais novos e fazer com que se tornem o que nos recusamos a ser.
— Isso é horrível. — E mal. Vil. Doentio. Cruel. Parou antes de começar a praguejar.
— É por isso que não tive escolha no que fiz com as mulheres. Eu vi o que fizeram com as nossas por anos, tentando forçar seus corpos a procriarem. Vocês não conseguiriam sobreviver dentro de suas mentes e o corpo mais fraco de vocês não aguentaria. Nossas fêmeas são mais fortes.
— Aquela parte era verdade? Que você matou as outras que eles trouxeram? Achei que estavam tentando me assustar.
Ele hesitou.
— Elas gritaram quando me viram e ficaram aterrorizadas. Choravam e gritavam. Enlouqueceram ao me ver. Eu sabia que elas não sobreviveriam a uma procriação, nem seriam fortes o bastante para enfrentar os experimentos. Elas seriam passadas de cela em cela do jeito que as nossas mulheres foram durante esses testes. Piorou recentemente e eles se concentraram nisso. Faziam nossas fêmeas acasalarem com oito ou nove de nós. Nós recusamos sempre que elas se recusaram. A maioria das nossas mulheres ficou muito triste, mas tentamos mantê-las fortes. Ao menos era um tipo de contato, e nos tratávamos bem. Nossas fêmeas têm vidas difíceis. Foi uma benção eu ter matado as mulheres sem lhes causar dor. O sofrimento delas seria muitíssimo maior durante todos os momentos de suas vidas. Nossas mulheres contaram o que foi feito com elas durante os experimentos que os médicos fizeram em seus corpos quando não estavam conosco. — Ele estremeceu. — Eles teriam matado as mulheres de qualquer jeito se elas conseguissem sobreviver aos testes de reprodução. Eu iria preferir morrer. Foi rápido e indolor. Foi bondade matá-las antes que fossem torturadas a ponto de enlouquecerem.
— É isso que me aguarda?
Ele assentiu amargamente.
— Você é mais forte. Não gritou nem chorou alto quando a trouxeram. Colocou-se em um canto e conversou comigo. Disse coisas que me fizeram saber que poderia ser forte o bastante para sobreviver e eu percebi que era sincera. Você deve sobreviver e dar ao seu Valiant tempo para encontrá-la. Não vou machucá-la nem ameaçá-la e a tratarei tão bem quanto às fêmeas da minha espécie se eles nos fizerem acasalar. Você precisa sobreviver aos experimentos quando eles a torturarem. Precisa fazer o que fez comigo quando a levarem para os outros machos. Precisa falar com eles e não gritar. Nossas fêmeas sobrevivem a isso porque nós lhes damos conforto. Eu irei confortá-la, Tammy. 180
Tammy quis chorar, mas lutou contra as lágrimas. O homem estava muito calmo, contando-lhe que tipo de inferno poderia ser obrigada a suportar. 927 se aproximou devagar. Tammy não protestou quando ele a levantou nos braços, caminhou até a cama e sentou com ela em seu colo. Seus braços a abraçaram forte contra o corpo quente.
— Eu a protegerei em sua fraqueza. Chore pequena dos olhos bonitos. Você foi muito corajosa. Irei segurá-la e saberá que estou aqui.
— Obrigada. — Tammy abandonou a pequena fração de controle que ainda restava. Colou-se ao homem que a abraçava e chorou baixo em seu peito.
Eles iriam fazer com que ele acasalasse com ela e também planejavam trazer mais Novas Espécies para jogá-la a mercê deles. Levariam seu bebê como se fosse um filhote de cachorro ou de gato se obtivessem sucesso. Provavelmente a manteriam acasalando até que não tivesse mais uso e a matassem. Quantos bebês eles levarão dos meus braços antes que isso termine?
Tammy tomou uma decisão enquanto chorava. Seria forte, faria o que fosse preciso, mas lutaria pela própria vida. Valiant a encontraria. Talvez não agora, mas eventualmente. Só precisava rezar para que não engravidasse se o pior acontecesse. Não queria dar aqueles imbecis um bebê indefeso para atormentarem.
Em pensar que isso acontece na vida real quantas mulheres são traficadas e tem seus bebês tirado dos seus braços
ResponderExcluirÉ triste mas é a verdade...
ExcluirDá até uma angústia só de pensar
ExcluirDd
ResponderExcluir