Capítulo 15
O prédio era um antigo depósito. Havia um carro na área onde ficava o estacionamento. Sem prédios comerciais nem residenciais por perto, e duas portas de metal que pareciam ser as únicas maneiras de entrar no prédio a não ser que escalassem até as janelas altas próximas ao telhado. Na parte traseira do edifício uma velha rampa de carregamento estava encostada a uma porta grossa de metal estilo garagem. O grupo deles deixou os carros a um quilometro de distância do local e fez o humano caminhar com eles. Pete reclamou a cada passo. Valiant estava pronto para matá-lo, mas Justice não lhe permitia o prazer.
— Só existem dois modos de entrar e sair e há alarmes. — explicou o humano em voz baixa. — Não há câmeras do lado de fora. Eu disse isso. Não sei por que vieram de forma tão sorrateira.
Justice o olhou com raiva.
— Fique calado a não ser que eu diga que abra a boca.
— Tudo bem. — disse o humano. — Que seja assim. Estou ajudando vocês.
Tiger acenou para o time e eles se adiantaram até a frente do lugar enquanto alguns se separaram para chegar aos fundos. Não queriam ser vistos até que invadissem o prédio. Valiant temia que os dois homens lá dentro matassem Tammy e o Espécie macho que tinham prisioneiro se tivessem a chance.
Justice olhou para o humano. 181
— Agiremos rápido. Você vem conosco. Vai abrir as portas rápido e ficar calado. Se tentar qualquer coisa, eu o mato ou deixo que ele faça. — Apontou para Valiant. — Eu seria mais bondoso.
Um rosnado baixo imediatamente emergiu da garganta de Valiant. Ele queria muito ferir o humano por ter tocado em Tammy e ajudado a trazê-la para aquele lugar no meio da floresta. Nem Justice nem o time inteiro de machos salvaria Pete se ela estivesse morta. Passaria por cima deles para matá-lo.
— Eu entendo. — Pete fedia a medo. — Quero todo aquele dinheiro que me prometeu e não precisa continuar me ameaçando. Estou fazendo o que quer. Imunidade, certo? E eu levo os mil em dinheiro?
— Sim. — Justice assentiu. — Nos coloque lá dentro. Vamos.
Eles se moveram como se fossem um. O time se aproximou silenciosamente das portas de entrada. Pete digitou o código, o alarme desligou e ele abriu uma das portas. Oito Novas Espécies fortemente armados e o humano entraram. Ele tinha dado a Justice, Valiant e Tiger o mapa do lugar e eles já sabiam o que esperar. Um dos Novas Espécies agarrou Pete no segundo que eles entraram no prédio e pôs uma faca em sua garganta.
— Não se mova nem faça qualquer som. — o homem rosnou baixo para ele.
Pete piscou e congelou. Manteve a boca firmemente fechada.
Valiant teve que se conter de correr até uma parede divisora que bloqueava a sua visão de onde Tammy deveria estar. Ele farejou o ar e Justice de repente agarrou seu braço, dando um olhar de advertência. Ele assentiu, entendeu a necessidade de proceder com cautela.
Tiger acenou os dedos no ar, dividindo os homens para que se espalhassem e encontrassem os humanos. Assim que o time com Tiger se movimentou, Valiant se moveu. Tammy!
As batidas do seu coração aumentaram quando ele inalou um rastro fraco do cheiro dela. O cheiro doce de medo que ela tinha quase o deixou louco. Rasgou-lhe não ter estado presente no momento para protegê-la daquilo. Quando ele e Justice se moveram em silêncio pelo depósito o cheiro foi ficando mais forte. Eles passaram pela parede divisória e Valiant viu as grades e a frente da cela. Justice de repente estendeu o braço e o agarrou.
— Não o deixe nervoso. Vá devagar e fique calmo. Não sabemos em que condição ele está. Não queremos que a machuque.
Valiant forçou seus instintos a recuarem, sabia o quanto um Nova Espécie aprisionado poderia ser instável, e tinha que se controlar pelo bem de Tammy.
— Eu sei.
O corpo contra o de Tammy ficou tenso. A mão de 927 ficou imóvel em suas costas e de repente ele se levantou. O homem era forte. Ele foi de uma posição sentada para uma de pé com ela nos braços em um instante. Ela fungou e enxugou as lágrimas. Seu olhar seguiu o dele.
— O que foi?
Ele inalou. Ela viu choque em seus olhos. Olhou para ela. 182
— Sinto o cheiro deles.
— De quem?
Ele olhou para as portas da cela.
— Valiant e outro da minha espécie.
A cabeça de Tammy virou para olhar por entre as barras em direção à divisória por onde eles teriam que passar. Seu coração martelou e ela se contorceu nos braços dele.
— Me coloque no chão! Sente o cheiro de Valiant? Tem certeza?
Ele assentiu quando se abaixou, colocando-a de pé. Tammy viu movimento e Valiant entrou em seu campo de visão. Justice estava à sua direita, agarrando seu braço, e os dois estavam vestidos com roupas pretas. Seus cabelos estavam presos. Justice tinha uma arma na mão enquanto Valiant levava uma faca com uma aparência mortal na dele. Tammy correu em direção às grades.
— Valiant!
Bateu nas grades e estendeu os braços para eles. Valiant correu e segurou suas mãos nas dele. A faca caiu no chão quando a tocou. Ele se inclinou para a jaula, abaixou a cabeça e pressionou o rosto no estreito espaço. Seus olhos dourados pareciam molhados de maneira suspeita quando se fixaram aos dela.
— Encontrei você. — A voz dele saiu rouca, engasgada de emoção.
Lágrimas caíram de suas bochechas, mas ela não tentou contê-las.
— Sabia que encontraria.
Ele soltou suas mãos e pôs a mão entre as barras para tocar seu rosto. Enxugou suas lágrimas com o polegar. A outra mão entrou e segurou seu quadril. Ela queria que as grades não os separassem. Queria abraçá-lo, mas não podia.
— Está ferida?
— Estou bem. Só fiquei com medo. — Ela de repente lembrou que não estavam sós. Virou a cabeça o bastante para olhar para dentro da cela, mas não o suficiente para romper o contato com Valiant.
927 continuava de pé onde o havia deixado. Ele olhava para Valiant e Justice com óbvia curiosidade e estupefação. Permanecia totalmente calado e imóvel.
Tammy olhou para Valiant e depois para Justice, que estava próximo em uma posição relaxada, fitando 927.
— Esse é o 927. — Tammy disse baixinho. — 927, este é Valiant e aquele é Justice North. Eu te disse que eles nos encontrariam se tivessem chance.
Justice finalmente falou.
— Eu sou Justice. Antes conhecido como 152. Tiraremos os dois da jaula assim que nossos homens pegarem os dois humanos que os mantiveram presos e trouxerem as chaves. — Justice endireitou os ombros. Seu olhar jamais abandonou 927. — Está livre agora. Estamos aqui para levá-lo para casa, para a nossa gente. Você será parte da família amável e unida que estabelecemos e nunca mais saberá o que é viver preso. Agora é um homem e 183
não será mais conhecido como apenas um número. Terá um novo nome assim que decidir qual será.
Tammy olhou para 927 para ver sua reação. Ele piscou rapidamente quando seus olhos pareceram umedecer e baixou a cabeça até que seu cabelo negro escondeu suas feições. Depois de respirar profundamente algumas vezes ele pareceu conseguir controlar as emoções. Levantou a cabeça e fitou Justice.
— Eu ficaria muito feliz em ter um lar e um nome.
Justice sorriu.
— Ter um lar é uma coisa maravilhosa. Você será feliz conosco e tenho certeza que escolherá um nome perfeito.
Tammy lutou para não chorar quando viu um milagre ocorrer na vida de 927, depois de ser prisioneiro por toda a vida. Ele finalmente conheceria a liberdade. Tammy sorriu e olhou para Valiant. Estendeu a mão e tocou o rosto dele.
— Amo tanto você.
— Também amo muito você, delícia. — Valiant olhou para o homem atrás de Tammy. Ele baixou os olhos para ela e seus traços ficaram tensos. — Ele a machucou de alguma maneira?
— Não.
Valiant relaxou, mas continuou tocando Tammy e ela entendia por que. Os dois estavam gratos por voltarem a estarem juntos. Tiger veio correndo até a parte detrás do depósito, chaves chacoalhando enquanto corria.
— Os dois imbecis estão vivos e algemados. Tenho a chave da jaula. — Ele tirou um anel de chaves de dentro de um dos bolsos de suas vestimentas. Olhou para 927 antes de olhar para Justice.
— Ele é estável? Devo chamar um suporte com um pacote daqueles?
— Não precisa. — Justice aceitou as chaves. — Ela está bem. — Ele foi até a porta. — Vou soltá-los agora.
No segundo em que a porta se abriu, Valiant entrou na cela e agarrou Tammy. Ele a tirou do chão e quase a matou de tanto apertar em um abraço de urso enquanto saía da prisão. Ela não se importou nem um pouco, simplesmente o abraçou forte de volta, e descansou a cabeça no ombro dele para ver o que aconteceria em seguida.
Tiger riu.
— Ele está feliz em vê-la.
Justice sorriu.
— Sim. — Ele voltou a atenção para 927. O homem estava imóvel dentro da cela. Justice entrou devagar na jaula, uma expressão de temor em seu rosto. — Odeio entrar nessas jaulas. Elas trazem tantas lembranças ruins. — Ele parou na entrada. — Está pronto para sair daqui e começar uma nova vida?
927 hesitou.
— Estou mesmo livre disso, de tudo isso? 184
— Sim. Há mais de nós lá fora esperando para te dar as boas-vindas. Iremos ajudá-lo a aprender como viver além dessas grades. Todos tivemos que fazer isso e é meio apavorante no começo. Os humanos nos ajudaram a nos ajustar ao nosso novo modo de vida, mas será mais fácil para você agora que estamos no comando. Levaremos você para casa agora.
927 deu um passo e então outro até sair de sua cela. Ele parou perto de Tammy. Valiant a colocou no chão quando ela o pediu em silêncio. Ela levantou os olhos para o Nova Espécie que poderia tê-la machucado, mas não fez. Sorriu quando ele falou baixinho.
— Você me disse a verdade mesmo.
— Sim. Você está livre. — disse na mesma altura.
Valiant o estudou atentamente e estendeu a mão.
— Obrigado por não machucá-la. Ela é tudo para mim. Meu coração e alma. A razão por eu respirar.
927 olhou para a mão estendida em confusão.
— Apertar as mãos é um costume que nós adotamos dos humanos. — explicou Justice. Ele se adiantou e apertou a mão de Valiant. — Apertamos as mãos dos machos em sinal de respeito.
927 apertou a mão de Valiant.
— Por nada. Eu a tratei como queria que outro tratasse a fêmea de que gostasse. Você deve ser muito feliz por ser tão amado por ela.
Valiant puxou Tammy perto do corpo.
— Nunca fui mais feliz em toda a minha vida.
— Eu sou Tiger. — Ele se aproximou. — Sou chefe de segurança da Reserva. É lá que será o seu lar enquanto se acostuma à liberdade. Vai amar aquele lugar. Há milhas para se correr e todos os cervos que puder caçar. — Tiger sorriu. — Nada mais de grades e há árvores até se perder de vista. O céu é lindo. Beberemos algumas cervejas nojentas e veremos o sol nascer e se pôr. Odiará o gosto da bebida humana, mas beberá porque é uma experiência. — Sorriu outra vez. — Você verá.
927 piscou com força. Mas Tammy viu suas lágrimas antes que ele conseguisse controlar as emoções. Também lutou contra a vontade de chorar. O cara alguma vez viu o sol nascer e se pôr? Já ficou cercado por algo diferente de paredes e grades ou já viu árvores até perder de vista? Sabia a resposta e seu coração simplesmente se partiu.
Mais dois Novas Espécies entraram, parecendo quase temerosos de irritar 927. Cada um deles disse seu nome e se apresentaram para ele. Pareceu um pouco abismado por ver tantos machos Novas Espécies ou poderia ainda apenas ser o choque de ser colocado em liberdade. Tammy entendia. Ela apertou a mão de Valiant e saiu de seu abraço.
— É muita coisa para absorver de uma vez, não é? — Seu olhar encontrou o de 927 quando levantou os olhos para ele.
— Sim. 185
— É normal sentir um pouco de medo, se for o caso, mas tudo vai ficar ótimo. Todos estaremos presentes para ajudar você. Eu sei que é muita coisa, mas vá com calma, dê um passo de cada vez. Todo mundo aqui é seu amigo e se importa com você. — Ela estendeu a mão. — Sairei com você. Pegue a minha mão. Você não está sozinho.
Valiant rugiu. Tammy virou a cabeça e franziu o cenho para ele. Sabia que era possessivo, mas ela devia o bastante a 927 para ajudá-lo numa situação difícil. Ele tinha feito o mesmo por ela. Não queria chatear Valiant, mas queria que ele entendesse.
— Lembra do seu primeiro dia de liberdade? Bem, eu lembro do meu primeiro dia de escola. Era tipo um mundo novo. Sou amiga dele. Vou segurar a sua mão do jeito que a minha mãe segurou a minha e vou levá-lo lá para fora. Eu amo você, então não fique com ciúme. Pertenço completamente a você e estou muito feliz com isso.
Valiant relaxou. Um sorriso partiu seus lábios.
— Escola? Compara ser solto com a escola?
Ela encolheu os ombros.
— Bem, vocês saíram literalmente de um inferno. Eu fiquei presa pelo sistema de educação por treze anos da minha vida. Era uma forma leve de inferno. Não está entendendo a comparação. Era tudo novo e assustador para mim. Minha mãe segurou a minha mão e caminhou comigo até a primeira sala de aula. Ficou por lá até que eu me acostumasse ao lugar. Isso me fez sentir melhor. É a única lembrança que tenho dela. Ele não conhece nenhum de vocês, mas já passou um tempo comigo.
Justice riu.
— Ela está assumindo o papel de mãe para ele.
Tiger piscou para 927.
— Seu sortudo. Você tem uma mãezinha.
927 parecia confuso.
— Uma o quê?
— Ela é protetora com você como se você fosse filho dela. — Valiant suspirou. — Bem-vindo à família, filho.
Os Novas Espécies riram. Tammy franziu o cenho para eles. Desistiu de estender a mão.
— Tudo bem.
927 agarrou sua mão de repente. Ele sorriu para ela.
— Obrigado. Adoraria que fosse comigo.
Tammy sorriu para ele e apertou sua mão. Ela deu um risinho maroto para Valiant e começou a sair do lugar. 927 bem ao seu lado. Tiger e Justice iam na frente. Valiant veio por trás de Tammy e pegou na sua outra mão. Ela olhou para ele, grata por entender. Saíram todos juntos.
Dois Novas Espécies saíram às pressas para trazer os carros utilitários do lugar onde eles os deixaram. Tammy olhou para os três filhos da mãe que estavam algemados com dois 186
Novas Espécies os vigiando. Pete, Mike e o doutor pareciam bem assustados agora que eram eles que estavam à mercê de outros.
Valiant rosnou quando Tammy encarou os três, soltou as mãos de 927 e se aproximou alguns passos dos prisioneiros. A mão de Valiant a impediu segurando seu braço.
— Onde está indo?
Tammy o olhou.
— Só queria falar com eles um segundo. Todos estão algemados e aqueles homens segurando eles não vão soltá-los, certo?
Valiant franziu o cenho.
— Não deveria ter nada a dizer a eles.
Ficou cheia de raiva.
— Não planejo falar com eles. — Conseguiu se desvencilhar dele. Foi até Mike e Pete. Olhou com ódio para os dois. Hesitou por um Segundo antes de chutar Pete com força na canela. Ele praguejou, pulando em uma perna só. Tammy se voltou para Mike e o chutou no saco. Ele dobrou o corpo arfando alto, grunhindo de dor.
Tammy alcançou o doutor, tirou os óculos dele e os jogou. Nem se incomodou em chutá-lo. Quando ela se afastou e virou, achou Valiant olhando-a de boca aberta, seu choque aparente. Encontrou seus olhos, deu de ombros e voltou para o seu lado.
— Estava devendo a eles.
— Sua vadia. — grunhiu Mike, curvado.
Valiant se adiantou e o esmurrou do lado do rosto. Mike atingiu o chão com força e grunhiu. Um rosnado saiu de Valiant.
— Não fale com ela. Tem sorte de não me permitirem te matar porque era o que faria. — Ele virou e voltou para perto de Tammy.
— Obrigada, Valiant. Ele fez um comentário sobre orifícios que eu particularmente não gostei. Meu herói.
Valiant hesitou.
— Quando quiser Tammy. Sente-se melhor agora que os chutou e se desfez da propriedade de um deles?
Tammy hesitou.
— Em um momento me sentirei ótima. — Ela virou e andou rápido até o homem mais velho. — Espero que apodreça no inferno, seu bastardo miserável. Espero que te deem dez anos por cada dia que os atormentou e aquelas pobres mulheres. Você é um monstro vil.
O homem mais velho a olhou com raiva. Os olhos apertados já que ela tinha tirado seus óculos.
— Jamais verei uma prisão.
— Acha que não? — troçou. — Se não uma prisão, vai enfrentar uma pena de morte. 187
— Sei que não vou. Vou fazer um acordo. Sei de muitas coisas.
Justice se aproximou de repente.
— Acha que sim?
— Sou valioso demais para que não façam um acordo. Sei a localização de duas instalações menores onde mais da sua espécie estão.
Justice fez uma pausa.
— Quer imunidade total pela sua informação das suas leis? Posso te dar isso. Eu tenho a autoridade.
Tammy ficou mais do que ultrajada.
— Não pode dar isso a eles.
Justice a olhou.
— Silêncio Tammy. Sei o que estou fazendo. Salvar Novas Espécies é a prioridade.
Ela fechou a boca e ficou lá, fervendo em silêncio. Valiant apertou seu ombro. Ela estudou suas feições relaxadas e compreendeu que ele ficaria muito fulo da vida se houvesse alguma possibilidade de que algum daqueles homens fosse solto para causar mais mal a outras pessoas. Ela entendeu que alguma coisa estava acontecendo que não sabia o que era e que deveria confiar em Justice.
— Sim. — disse o homem mais velho. — Exijo imunidade absoluta de qualquer crime.
— Tudo bem. Levaremos você para a Reserva, você nos dirá tudo o que precisarmos ou queiramos saber e terá imunidade absoluta de ser acusado criminalmente de qualquer crime por parte da sua gente.
— Eu também quero isso. — grunhiu Mike do chão.
— Eu a darei feliz se a informação que compartilhar salvar a vida de mais dos meus. — Justice olhou para ele com o cenho franzido. — É melhor que saiba de algo útil.
Valiant agarrou Tammy e a virou. Ele a afastou dos homens. Tammy estava fervendo de raiva, mas mordeu a língua até que tivessem ido para longe e nem Justice nem os homens capturados pudessem escutá-los.
— Ele vai dar imunidade a eles? Aqueles imbecis simplesmente vão escapar de punição por tudo o que fizeram? — Ela sibilou as palavras para garantir que não fossem ouvidas.
Valiant se inclinou com o rosto a centímetros do seu.
— Justice vai lhes dar exatamente o que pendem. Imunidade com relação ao sistema penitenciário humano. — Os olhos dele brilharam. — Justice saberá de tudo o que eles sabem antes de apresentá-los às leis das Novas Espécies.
Levou alguns segundos para que entendesse. Sua raiva se esvaiu rapidamente.
— Qual é o castigo por sequestrar e serem bastardos maldosos que gostam de torturar pessoas na sua lei?
Valiant trouxe Tammy para os braços, abraçando-a. Os lábios roçaram sua orelha. 188
— Serão presos e eventualmente morrerão. Temos o direito de nos defender e o direito de punir aqueles que se colocam sob as nossas leis. Ao pedirem imunidade da justiça deles, agora nos pertencem. — Ele virou a cabeça, o olhar se fixando propositadamente em Justice North.
— Ele os dará a mesma demonstração de misericórdia que eles deram ao nosso povo.
Tammy estava feliz por ele abraçá-la quando olhou para Justice North. Enquanto estudava o belo líder Nova Espécie, detectou sua raiva e quase teve pena daqueles filhos da mãe. Isso até se lembrar de tudo o que os ouviu dizer desde que os conheceu.
Aquele velho médico fez coisas horríveis com o povo de Valiant por muito, muito tempo. Os dois capangas que o ajudavam tinham apostado vinte dólares no provável estupro ou morte dela. Sua simpatia imediatamente morreu.
— Fico feliz. — admitiu. — Eles merecem.
Valiant rugiu de repente.
— Você está com o cheiro dele.
— De quem?
— 927. — Ele se afastou, franzindo o cenho. — Ele tocou em você? Sinto o cheiro dele em todo lugar. Me falaram que ele dormiu em cima de você. Por quê?
— Estava frio. Ele não me tocou de um jeito sexual Valiant. Eu juro.
Ele se forçou para controlar o temperamento.
— Preciso do meu cheiro de volta em você.
Ela parou, sabendo que ele era esquisito sobre esse negócio do cheiro e provavelmente era difícil para ele sentir o cheiro de outro homem, de saber que outra pessoa a tocou.
— A que distância estamos da Reserva?
— Mais ou menos uma meia hora.
— Ficará tudo bem. Iremos para casa, eu tomarei um banho, e você vai poder me abraçar. Vou ter o seu cheiro de novo antes que se dê conta.
Valiant sacudiu a cabeça. Ele rugiu e se virou para Justice, dizendo.
— Nós vamos dar uma caminhada. Escuto água por perto.
— Os carros chegarão a qualquer minuto. — Justice franziu o cenho.
— Preciso dividir o meu cheiro com ela agora. — exigiu Valiant. — Está me deixando louco sentir o cheiro de outro macho nela.
Justice o encarou por alguns segundos e deu um aceno firme.
— Eu entendo. Mandarei um carro esperar por você. Mas se apresse.
— Obrigado.
Valiant de repente agarrou Tammy e a colocou nos braços. Ele andou rapidamente para a linha de árvores. Ela passou os braços em volta dele e não lutou contra a ação. 189
— O que entra no pacote do “dividir o cheiro” comigo? Valiant, por que estamos adentrando na floresta?
Valiant não respondeu. Eles chegaram a um pequeno riacho não muito longe de onde estavam antes. Ele a colocou no chão e estendeu a mão.
— Me passe as suas roupas.
Seu queixo caiu.
— Quer transar agora? Aqui? Sério? Não estou exatamente no clima para isso.
Ele suspirou.
— Eu quero as suas roupas. Vou jogá-las fora.
— E o que vou usar?
Valiant começou a tirar a própria roupa.
— A minha.
— Isso é mesmo necessário?
— Quer que eu mate 927 pelo cheiro dele em você estar me deixando louco? Primeiro eu fiquei aliviado por você estar bem, mas não posso ficar confinado em um local pouco espaçoso com você por muito tempo sem que isso me deixe irado, Tammy. Você é minha, mas tem o cheiro de outro macho. A ida de carro até a Reserva levará muito tempo para que eu consiga lutar contra a vontade de marcá-la outra vez.
— Merda. Sério?
Ele assentiu. Tirou a camiseta e se abaixou para desamarrar os sapatos.
— Não posso suportar o cheiro de outro macho em você. Está me deixando agitado.
Tammy olhou em volta do lugar, não vendo nada a não ser árvores e água.
— Tudo bem, mas se alguém me ver nua, vou ficar com raiva e com muita, muita vergonha.
Valiant sorriu, tirando a calça.
— Eu bateria nessa pessoa até que sangrasse e arrancaria os seus olhos por olhar para você.
— Engraçadinho.
Tammy tirou a roupa e ficou lá de pé, nua. Valiant não parou de tirar a roupa até que conseguiu ver cada pedacinho do corpo dele. Ela o fitou. O homem a excitava toda vez que ficava pelado, a visão era mais que interessante. Seu olhar se demorou no peitoral e nos braços musculosos.
— Tammy. — rugiu Valiant. — Não me olhe assim a não ser que queira que eu a foda aqui no chão.
Ela forçou o olhar para longe.
— Isso não seria uma boa ideia já que estão esperando por nós. 190
— Lave a sua pele na água. Eu faria isso para você, mas se eu tocá-la, vou querer fazer mais. Muito mais. — ele urrou.
Tammy agiu. A água estava gelada. Lavou o corpo o melhor que podia. Valiant esperou por ela no banco de areia. Ela estremecia forte quando saiu da água. Valiant sorriu para ela, fitando os seus mamilos túrgidos.
— Lindo.
Ela passou os braços por cima dos seios, escondendo-os dos olhos dele. — Não estou excitada. Estou morrendo de frio.
— Desculpe. — Ele riu.
Ele lhe passou a camiseta e a cueca samba-canção para que vestisse. Ainda estavam quentes do corpo dele. Sentia-se como uma criancinha em suas roupas enormes. Valiant só vestia a calça e o sapato. Abriu os braços quando caminhou até ela, abraçou-a forte e começou a se esfregar nela, acarinhando-a com o rosto. Ela riu, passando os braços em volta dele.
— O que está fazendo agora? Isso faz cócegas.
— Devolvendo o meu cheiro a você. Quando estivermos em casa vou tirar essas roupas e marcar cada pedacinho seu.
— Marcar é? O que isso quer dizer?
— Muita esfregação. — rugiu ele. Ele a mudou de posição nos braços. Um debaixo de suas pernas quando a ergueu, o outro lhe apertando forte ao peito.
— Vamos voltar. Justice está esperando.
Tammy fitou sua roupa descartada quando foram saindo. Suspirou. Eu amava aquele top. Fazer o quê. Tinha que admitir que ele provavelmente traria lembranças ruins se insistisse para que não o descartasse daquele jeito na floresta. Ele a carregou de volta ao depósito. Um dos carros esperava. Justice, 927 e Tiger ficaram para trás. Os três prisioneiros e os outros cinco oficiais Novas Espécies tinham ido embora. Justice sorriu para o casal quando eles saíram da floresta.
— Melhor agora, Valiant?
— Muito. — Valiant sorriu para ele. — Ela tem mais o meu cheiro do que o dele.
— É uma coisa bem esquisita. — suspirou Tiger. — Homens com companheiras ficam obcecados que suas mulheres tenham o seu cheiro e o de ninguém mais.
927 assentiu.
— Todos temos companheiras agora? Eu conseguirei uma?
Justice riu.
— Teríamos sorte de achar uma, mas só alguns de nós acharam mulheres para reivindicar. Eu não tenho uma.
— E eu não quero uma. — Tiger parecia horrorizado. — Elas são bonitinhas demais e o sexo regular seria bom, mas quero continuar livre.
— Eu sou livre. — rosnou Valiant. 191
Tiger arqueou a sobrancelha.
— Sério? Quer passar uma semana inteira caçando comigo? Eu sei que ama caçar cervos.
— Não deixaria Tammy sozinha esse tempo todo, mas iria se ela fosse comigo.
Tiger assentiu.
— É disso que estou falando. Antes você teria dito sim em um piscar de olhos. Agora sempre tem que pensar nela antes de tomar uma decisão. Gosto de pensar só em mim.
— O sexo não é regular. — rugiu Valiant. — É incrível, viciante, e vale cada segundo em que eu não estarei caçando cervos com você. Passarei um tempo muito melhor com a minha Tammy.
Justice riu.
— Posso acreditar nisso. Falou bem Valiant. — Ele riu para 927. — Não dê ouvidos a Tiger. Uma companheira seria uma coisa maravilhosa. Tenho certeza que encontrará uma quando for o momento certo.
— Mas você não encontrou uma? Você quer uma companheira? — 927 inclinou a cabeça para o lado para estudar Justice com curiosidade.
Justice hesitou.
— Eu adoraria ter uma companheira, mas ainda não tive tempo de procurar por uma.
— Você é muito ocupado. — concordou 927. — Tammy me explicou o seu trabalho e tudo que faz por nós. — Ele pausou. — Encontrará o lugar de onde eu vim e libertará os outros?
— Sim. — prometeu Justice. — Já estamos trabalhando nisso. Faremos o que for preciso para trazê-los para casa.
— Gostaria de estar presente quando fizer isso.
Justice hesitou.
— Veremos. Primeiro precisamos voltar para a Reserva. Não gostamos de ficar muito longe e normalmente temos um grupo de seguranças humanos conosco. É um time de operações que dirijo. Mas não quisemos que fizessem parte dessa missão porque não tínhamos certeza do que teríamos que fazer para resgatar vocês dois. Não queria que o time ficasse desconfortável ou se sentisse dividido entre a sua lealdade à sua própria espécie e à nossa. Alguns dos humanos que não trabalham para nós sentem ódio e medo dos Espécies. A maioria não, mas os que sentem têm uma tendência a tentar nos matar quando têm a chance. Estamos vulneráveis a um ataque sem mais reforço. Estamos seguros na Reserva, mas nem sempre no mundo lá fora ainda.
927 assentiu.
— Acho que entendo.
Valiant sentou no carro com Tammy no colo. Ele não a soltava, mas ela não se importava em ter os braços dele presos em volta do seu corpo. Ela se colou a ele. Tiger dirigiu com 927 no banco do passageiro. No caminho eles quiseram que ele tivesse a melhor vista do mundo que tinha sido privado de ver. 192
Justice sentou no banco de trás com eles. Ele trouxe o computador e o celular. Tirou os sapatos e a camisa para ficar confortável antes de começar a falar baixo no celular enquanto via algo na tela do laptop. Tammy percebeu que ele nunca parava de trabalhar. Ela virou a cabeça para olhar para frente. 927 tinha um grande sorriso no rosto enquanto olhava, com completa fascinação pelas janelas, para o mundo. Ela sorriu, finalmente voltando sua atenção para Valiant.
— Estou meio que feliz por ter acontecido isso.
Valiant rugiu com uma expressão de horror cruzando suas feições belas.
— Eu não.
— Estava com um pouco de medo de me casar. Você estava tão resolvido a isso e eu sentia que estávamos apressando demais as coisas. Aprendi algo de tudo isso. Quero me casar com você e passar cada dia da minha vida ao seu lado. Até quero ter um bebê. Espero que tenhamos pelo menos três.
Ele riu.
— Só três? Estava pensando em tentarmos ter uns oito.
— Qual é? — ela ofegou. — Oito? Está brincando com a minha cara?
Ele riu.
— Sim. Estava brincando.
— Obrigada. — Ela riu. — Como estava dizendo, não tenho mais medo. Esse pensamento todo de que morreria e o medo de nunca mais ver você realmente me atingiu e me fez ver o quanto eu o amo e o quanto quero que o meu futuro seja ao seu lado.
— Bom. Agora o seu coração, corpo e a sua lei saberão que pertence a mim para sempre.
— Sim. — Correu os dedos pelo braço dele. — E nós nos casaremos na primeira oportunidade que tivermos.
— Amanhã. — falou Justice.
Valiant e Tammy se viraram para olhá-lo e ele sorriu.
— Acabei de ouvir a notícia do meu pessoal. Podemos marcar o casamento de vocês para amanhã se quiserem. Ainda estarei aqui. Eu adiei tudo na minha agenda por alguns dias para ficar disponível enquanto essa crise durasse. Quero estar presente enquanto planejamos a invasão no Colorado.
Valiant sorriu.
— Amanhã é perfeito.
— Amanhã é perfeito. — Concordou Tammy abraçando-o com força. Enterrou o nariz em seu pescoço e ficou lá, colada nele. Teve tanto medo de que jamais o veria outra vez e agora sabia exatamente o que queria. Ele.
Valiant fechou os olhos, respirando o cheiro de Tammy e seus braços se recusavam a soltá-la. Ela estava sentada em seu colo, a salvo, e mais uma vez ele percebeu o fenômeno que era para ele. Todas as coisas que poderiam ter dado errado começaram a passar pela cabeça. 193
Ela poderia ter morrido, o macho recém-liberto sentado na frente poderia ter sido forçado a acasalar com ela e a matá-la.
Quando entraram no prédio os humanos poderiam ter minado a cela com explosivos que poderiam ter detonado. Ela teria morrido antes que chegasse até ela e isso teria destroçado o seu coração...
— Valiant?
Tammy parou seus pensamentos obscuros e ele abriu os olhos para olhar dentro daqueles olhos lindos dela. Os pequenos dedos deslizaram para o seu cabelo e acariciaram sua cabeça.
— Tudo bem. Você parece com tanta raiva, mas eu estou bem. Estou bem aqui com você.
— Nunca me deixe.
Ela sorriu.
— Nunca.
Ele a puxou contra o peito, dando um beijo leve em sua testa, e soube que jamais sobreviveria caso a perdesse.
Isso sim é amor
ResponderExcluirMinha história favorita, amo esse casal queria que eles tivessem um bebe, estou lendo pela terceira vez.
ResponderExcluirEles Tiveram o Noble <3
ExcluirTa escrito numa outra historia sobre o filho deles ?
ExcluirEstá esctito no livro Numbers.Que é a história do927.
ExcluirAinda n achei a historia deles estou louca pra ler, vc poderia me falar como posso achalo em português ?
ExcluirAté agora foi o livro que mais gostei ❤❤❤
ResponderExcluirLendo pela terceira vez e não me canso dele, meu preferido.
ResponderExcluirLivro perfeito👏👏👏😍😍
ResponderExcluirO melhor livro que já li 👌😍😍
ResponderExcluirAin amei ♥
ResponderExcluirMuito bom
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