segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Capítulo 016


CAPÍTULO 16 Í
Breeze passeou pelo quarto, lançando olhares para Jessie e cerrou os punhos.
— Faz mais sentido agora. Justice é muito inteligente. — Fez uma pausa. — Agora entendo. Mudou você para esta casa para mantê-la ao lado dele. Todos se perguntavam por que colocaria uma humana aqui. Todos vivem na aldeia humana, exceto Ellie que vive com Fury. Disseram que era porque Justice é próximo de seu pai e queria você no lugar mais seguro de Homeland. Estas casas são guardadas e protegidas mais que quaisquer outras.
— Eu sei.
— Ele mora ao lado e pode entrar aqui sem ninguém saber.
Jessie assentiu.
— Eu sei.
Breeze se virou para ela.
— Ele é tão inteligente. Hoje à noite... — Breeze pôs a mão sobre a boca antes de deixá-la cair do lado. — Não estava preocupado com sua segurança ou por estar num bar com nossa espécie. Estava com ciúmes. Estava furioso por você estar lá e dançando com Flame.
— Sei disso também.
O olhar de Breeze se estreitou.
— Ele estava tão furioso Jessie. Poderia ter conseguido que Flame fosse morto quando concordou em dançar com ele e foi por isso que o impediu de trazê-la para casa. Possessividade num dos nossos homens é perigosa, mas a avisei disso.
— Justice estava com Kit. Não temos compromissos. Parei de vê-lo há duas semanas.
— Viu sua raiva?
— Viu as mãos de Kit por ele todo e o jeito como o estava tocando?
— Bom ponto. — Breeze sentou. — Pobre Jessie.
— Não vai contar a ninguém, certo? Por favor, não.
— Não vou fazer qualquer coisa que prejudique Justice. Agora tudo faz sentido. Ele não é estúpido. Ele é Justice North.
F
A boca de Breeze se suavizou num sorriso.
— Não. Apenas faz sentido porque não a reivindicou e escondeu que estava com você. Ele nos representa para seu mundo e todos olham para ele. É muito respeitado e apreciado por tudo que faz. — O sorriso de Breeze desapareceu e tristeza encheu seu olhar. — Ficar com uma humana poderia prejudicá-lo de muitas maneiras, Jessie.
Seus ombros caíram.
— Eu sei. Entendi. De verdade. Lembro que a imprensa foi à loucura quando Ellie e Fury se casaram. Foi um circo e todos os grupos de ódio apareceram em talk shows bradando sobre o quão Laurann Dohner Justice
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errado era ficarem juntos. Fury e Ellie são apenas pessoas normais que ninguém conhecia até então. Justice é...
— Justice North. Todo mundo conhece seu rosto e nome. — Breeze estendeu a mão e apertou o joelho de Jessie em apoio. — Vai ser uma grande notícia quando ele tomar uma companheira, não importa quem seja. Seria mais aceito em ambos os mundos se fosse uma da minha espécie. É o esperado.
— Eu sei. — Novas lágrimas encheram seus olhos. — Não está dizendo nada que me choque.
Breeze hesitou.
— Me disse seus segredos. Posso te contar um dos nossos? Tem que jurar sobre sua vida nunca contar Jessie. Isso é muito sério. Está com muita dor, mas precisa saber outra razão pela qual Justice estaria tão determinado a tomar uma da minha espécie como companheira em vez de você.
— Eu juro. O que é?
— Sabe muito sobre nós, mas sabe que não podemos ter filhos?
— Sim. Não me importo com isso. Voluntariamente desisti de ter uma família para ficar com ele.
— Jessie, se Justice a tomasse como companheira, teria que se preocupar com algo que está acontecendo que poderia revelar um dos nossos segredos mais temidos. Temos que nos proteger que certas coisas cheguem lá. Justice está à vista do público o tempo todo e você também estaria, como sua companheira. Não haveria como esconder esse segredo para sempre com vocês dois. Nossos outros casais mistos podem ser escondidos e ninguém fará perguntas em seu mundo. Será mais difícil com Ellie e Fury, mas a notícia deles está esquecida o suficiente desde que se casaram. Também nunca precisam deixar Homeland ou falar com humanos, se não quiserem.
— Não entendo. Por que os casais mistos tem que ficar escondidos?
O olhar de Breeze cruzou com o de Jessie.
— Jure pela sua vida que nunca vai revelar o que vou dizer. Colocaria muitas vidas em perigo.
— Juro.
Breeze se moveu na cama.
— Lembra quando eu disse que ia para casa, porque Ellie tinha novidades para compartilhar comigo?
— Sim.
— Ela está grávida.
O choque rasgou Jessie.
— Como?
— Teve relações com seu companheiro depois de uma cirurgia para corrigir uma Trompa de Falópio bloqueada. A impedia de uma gravidez bem sucedida, mas agora está tudo certo.
— Mas...
— As fêmeas humanas e machos Espécies podem conceber um bebê juntos. Descobrimos isso por acaso, quando uma de suas fêmeas ficou grávida por um de nossos homens. Nós os escondemos dos humanos, mas o bebê já nasceu. Nossos genes mutantes são dominantes e o bebê parece Laurann Dohner Justice
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totalmente Espécie. Achamos que todas as crianças nascidas de casais mistos será. Se seu mundo descobrir...
— Oh Deus! — Jessie cambaleou de choque. — Esses fanáticos grupos de ódio ficariam loucos. Têm certeza que um dia vocês ficarão velhos e todos vão morrer. Têm apostas em curso quando o último de vocês vai morrer, como jogos de morte que alguns dementes fazem com celebridades. São idiotas como esses.
— Sim. Se Justice tiver uma companheira humana, esse segredo seria descoberto quando ficasse grávida. — Breeze hesitou. — Nossos médicos estão tentando descobrir por que não podemos engravidar... é um problema feminino obviamente, não com nossos homens. O sistema reprodutor feminino é muito mais complicado e não temos certeza se algum dia vão descobrir. Esperamos que um dia isso seja possível, já que todas queremos filhos. Gostaria de ter um filho também se Justice a tomasse como companheira. Ele teria que escolher. Seria difícil para mim resistir a ter um filho, se pudesse. Ele não conseguiria esconder você ou a criança, porque, como sua companheira, todo mundo notaria se não estivesse ao seu lado. Esperamos que com o tempo, esses grupos de ódio se dissolvam e todos aceitem nossa existência, mas agora não seria um bom momento para deixar que o mundo saiba que há crianças Espécies. Estamos aterrorizados que se tornem alvos e devemos protegê-los a todo custo. Elas são nosso futuro.
Jessie fechou os olhos, a dor queimando através dela e a magnitude da posição da Justice nunca foi mais clara.
— Eu entendo. Ele nunca poderá ficar comigo.
— Estaria arriscando muito. Não apenas colocando sua vida em perigo, mas a sua própria e dos bebês. Qualquer uma da sua espécie que acasalou ou venha a acasalar com nossos homens representaria a possibilidade da criação de mais de nós. Os grupos de ódio fariam tudo para impedir isso.
— Entendo. — Seu coração estava partido. Tinha esperança que ele sentisse sua falta, mudasse de ideia, mas agora estava quebrada em pedaços. Não era paranoico. Ela subestimou o perigo. — Está realmente acabado entre nós.
— Quer se mudar para o dormitório das mulheres, Jessie? Estar ao lado dele é muito difícil?
— Tenho que pensar sobre isso.
— Nunca estive apaixonada, mas deve ser uma tortura.
Uma risada borbulhou de Jessie.
— Sim. Essa é a palavra perfeita para descrever isso.
— Justice não leva Kit a sério. Às vezes, a leva para dançar ou compartilhar sexo se estiverem interessados. Nunca vê ninguém mais que de vez em quando. Isso ajuda você? Se montar em Kit esta noite será apenas sexo. Você é a fêmea que colocou perto de sua casa e com quem dormiu numa cama. Nunca pediu a uma fêmea fazer isso antes. Teria ouvido falar sobre isso, e para ser honesta, teriam concordado em permitir que Justice tirasse um pouco da sua liberdade. É bem respeitado e Laurann Dohner Justice
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qualquer mulher ficaria honrada se ele a quisesse perto dele. Ele sente isso por você. Sabe disso e deveria estar confortada.
Tudo que Jessie sentia era uma crua e terrível dor angustiante.
— Preciso de outra bebida.
— Vou acompanhá-la. Odeio álcool, mas vamos sofrer juntas.
— Você é uma grande amiga. Obrigada.
— Só estou triste por ter se apaixonado por Justice. Flame seria uma escolha melhor e poderia tê-lo como companheiro.
*****
Justice passeava pela sala de estar na Reserva. Memórias de Jessie o assombravam. Sempre ficava na mesma suíte do hotel quando o visitava, era considerado sua segunda casa e seu olhar permanecia no sofá onde ela lhe deu uma massagem.
Sentia falta dela. Era uma dor constante, que nunca desaparecia, uma dor que magoava seu coração e uma profunda tristeza que não o deixava. Jessie Dupree mudou sua vida e tentar esquecê-la parecia impossível. Amaldiçoou, passou os dedos pelo cabelo e odiou a vida.
A tela do computador acendeu e ele sentou na beira do sofá, perto do local exato que estava quando Jessie pôs as mãos sobre ele. Cerrou os dentes.
A notícia corrente era a história de um homem Espécie se casando com uma humana. Não sabiam os nomes de Valiant ou Tammy, mas isso não impediu a mídia impressa ou televisiva.
Leu relatório após relatório de ameaças de morte telefônicas recebidas, algumas cópias de relatórios de incidentes tanto na porta de Homeland como na Reserva quando os manifestantes ficaram turbulentos depois de ouvir sobre o casamento e, finalmente, o nível de avaliação da equipe que a força-tarefa humana enviou. Estavam em alerta máximo para um ataque.
O celular tocou e ele o arrancou, abriu e apertou contra seu ouvido.
— Justice aqui.
— Desculpe ligar tão tarde. — Brass disse e suspirou. — Já estava dormindo? Sei que chegou apenas uma hora atrás e tem reunião na primeira hora da manhã.
— Ainda estava acordado. O que está errado?
A hesitação por parte do outro macho o deixou tenso. Devia ser muito ruim para Brass não querer compartilhar a informação ou chamá-lo naquela hora tardia.
— Diga-me. Vou imaginar muito pior.
— Duvido. Sua reunião foi mudada e virão aqui para seu escritório, em vez de você ir ao deles. Miles Eron chamou, seus escritórios foram invadidos e apesar de não terem acesso aos nossos arquivos, claramente era sua intenção.
Uma dor de cabeça se formava e Justice se inclinou para trás, com a mão livre esfregando a testa. Laurann Dohner Justice
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— Como sabem disso? Talvez fosse apenas um crime humano.
— Miles disse que mantém todas as nossas informações trancadas num cofre e não foram capazes de abrir, mas grafitaram as paredes. Eram dirigidas contra nós.
— O que diziam?
— Apenas o de sempre e como estão com raiva que Miles e sua empresa trabalhem para nós. Ele disse que o dano foi mínimo, mas tem medo que você vindo haja risco para sua segurança. Está vindo aqui em vez disso.
— Droga.
— Eram humanos que nos odeiam ou abutres procurando os nomes de Valiant e Tammy. Alguns de nossos funcionários relataram que alguns paparazzi vieram às portas para oferecer dinheiro para obter informações sobre o casal. Têm sido muito assediados durante todo o dia e à noite. Estão golpeando. Não estranharia se invadissem os escritórios de Miles e fizessem parecer um grupo de ódio. Ele concordou comigo e assim colocou a polícia para investigar uma vez que o dano não foi tanto e nada foi roubado. Queriam o cofre como se soubessem onde procurar.
— Só o que precisávamos.
— Também tenho outra questão.
— Ótimo. O que mais está errado?
— Tivemos duas violações na Reserva. Foram pegos antes de escalar as paredes, mas chegaram ao topo antes que fossem presos. Um deles tinha uma câmera e é conhecido por seu registro na polícia por invasão para tirar fotos de celebridades para vender aos tabloides. O segundo homem estava armado e bradava sobre matar a mulher que desonrava a si mesma, permitindo que um ministro a casasse diante de Deus. Tivemos ambos transferidos para o xerife local. Um vai para a cadeia, enquanto o outro está sendo enviado a um hospital para avaliação mental.
— É só isso?
— Sim.
Justice suspirou alto, pensando em Jessie novamente. Aquele homem com uma arma poderia vir atrás dela se alguém descobrisse que estavam se vendo. Só mostrava que ficar com ele a colocava em perigo demais. Sentir sua falta poderia rasgá-lo, mas estava a salvo, pelo menos.
— Justice?
— Estou aqui.
— Miles irá encontrá-lo em seu escritório aqui às nove horas. Sinto muito por incomodá-lo.
— É meu trabalho.
— Boa noite e tente dormir um pouco.
— Você também.
Desligou e olhou para o local onde Jessie sentou na parte de trás do sofá.
Seus olhos se fecharam e permitiu que a dor o apertasse. Os dedos se fecharam mais fortes ao redor do telefone. O desejo de ligar para sua casa era tão forte que quase cedeu, mas só tornaria as coisas mais difíceis. Falaria com ela amanhã depois que voltasse para Homeland. Faria isso antes do Laurann Dohner Justice
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evento na noite de amanhã no bar, que foi planejado para ajudar na interação de Espécies com humanos.
A decisão a ser tomada era sobre se devia tê-la vivendo na casa ao lado da sua. Era tentador demais estar tão próximo dela, mas a ideia de Jessie em qualquer outro lugar era muito difícil de considerar. Podia não ser capaz de ficar com ela, mas saber que estava tão perto tinha que ser suficiente.
Ele se levantou, desligou tudo e foi para a cama. Duvidava que fosse dormir.
Os pensamentos estavam divididos entre a segurança do seu povo e o fato que desejava uma ruiva de cabelos compridos esperando entre seus lençóis.
Imagens encheram sua cabeça do que faria a Jessie se estivesse ali. A tocaria e beijaria cada centímetro do seu corpo. O pênis se contraiu apenas por considerar a possibilidade. Jurou que quase podia sentir o cheiro dela. Cheirou o quarto, com a certeza que o cheiro dela na verdade há muito desapareceu. Nenhum traço persistia. Estava tudo em sua cabeça.
Alguns homens que se acasalaram relatavam estar obcecados pela necessidade de ficar perto de suas companheiras. Parou em seco a caminho para o banheiro. Oh, Deus! Ela não é minha companheira. Pare com isso! Não vá por aí! Já é ruim o suficiente sem esses pensamentos loucos.
Entrou no banheiro, acendeu a luz e agarrou o balcão para se inclinar para frente. Olhou profundamente em seus olhos, sua aparência tão diferente dos humanos e um lembrete constante que a vida lhe entregara desafios difíceis.
Se qualquer outro homem quisesse tomar uma humana como companheira, ele fortemente o apoiaria. Alegremente lidaria com as dores de cabeça que surgissem pela precipitação. Traçaria a melhor maneira de lidar com as ameaças que surgissem e lidaria com elas. Não se importava com os desafios — a vida seria mais simples sem eles, mas não se coibia de batalhas.
É claro que não era sua mulher que colocava em perigo. Jessie não seria a única com um alvo em suas costas, estaria expondo todos, e jurou fazer tudo em seu poder para tornar a vida mais fácil para as Espécies. A raiva apertou seus braços na beira do balcão e ele rachou sob suas mãos fortes. Olhou para baixo, viu o estrago, suavemente amaldiçoou e o liberou.
Tudo que tocava parecia quebrar quando pensava em Jessie. Sua mandíbula apertou e um grunhido ameaçou subir.
— Nem por ela, nem por mim. Não vou colocar a mulher que amo em perigo.
*****
Três cervejas depois Jessie sabia que passou de bêbada para além de profundamente bombardeada.
Breeze tomou um pacote de seis de cerveja sozinha e bebeu mais uma garrafa de vinho que encontrou enterrada no fundo da geladeira. Breeze estudou Jessie.
— Estive pensando. Laurann Dohner Justice
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— Não posso levantar.
Breeze riu.
— Devagar. Justice merece você. É maravilhosa e merece um homem bom como seu companheiro. Ele deve ter uma chance e você também. Talvez seu mundo não seja tão contrário à ideia como Justice pensa. Para a maior parte, levaram isso muito bem quando Ellie e Fury se casaram. Foi acidentado no início, mas sua espécie os amou depois que Fury quase morreu protegendo Ellie. Talvez, um dia, descubram sobre nossas crianças e não seja desagradável. Quem realmente poderia odiar um bebezinho bonito? Você e Justice merecem ficar juntos e serem felizes.
— Ele não pensa assim e não gosto da parte sobre Fury quase morrer. Não quero Justice sendo alvejado.
— Nossos homens são teimosos às vezes, e seguem seus caminhos. Não veem a razão quando deveriam. Devemos fazê-lo ver que devia ficar com você apesar de causar alguns problemas.
Breeze balançou enquanto Jessie a olhava, mas com certeza era sua visão e não a mulher oscilando.
— Não acho que isso vá acontecer. Ele não escuta muito bem.
— Há uma festa amanhã à noite no bar onde fomos hoje dançar. Vou te convidar, Jessie. Vai se vestir e mostrar que Justice não pode ignorá-la.
Jessie riu e quase caiu da cadeira. Agarrou a mesa para se manter de pé.
Uma mão perdida bateu em sua coxa.
— Jessie? Olhe para mim.
Jessie o fez.
— Qual de vocês? Há duas.
Breeze se sacudiu com o riso. Isso fez Jessie se sentir doente e ela gemeu.
— Não se preocupe. Vou cuidar de tudo. Vamos fazer Justice perceber que é a fêmea para ele. Não vai chorar mais.
— O que isso significa?
Breeze pareceu pensativa.
— Espero que não seja tímida.
— Tímida? — Jessie sofreu um ataque de tontura. Tentou se mover em seu assento, mas caiu de novo.
Breeze riu quando pegou Jessie antes de atingir o chão.
— Calma. — ela riu, levantando-a e jogando-a sobre seu ombro. Breeze a levou para seu quarto e a jogou na cama. — Agora vamos ver se possui alguma coisa sexy. — Se aproximou do armário, com um olhar determinado no rosto. Laurann Dohner Justice
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