sábado, 11 de outubro de 2014

Capítulo 16

Capítulo 16 
Tammy franziu a testa para Valiant.
— Não.
Ele a encarou.
— Eu disse a Justice que iria.
— Mas nós vamos nos casar hoje lembra?
Ele franziu o cenho.
— Iremos quando eu voltar. Justice me pediu pessoalmente para que fosse com eles Tammy. Por favor, entenda. Todos devemos muito a Justice. Quando você foi levada, ele fez tudo para trazê-la de volta para mim. Ele pediu e não pude dizer não.
Ela assentiu.
— Estou sendo um pouco mesquinha quando você coloca as coisas nessa perspectiva não estou?
Ele chegou perto dela puxando-a nos braços.
— Não é mesquinho se sentir desapontada por não nos casarmos hoje. Nada nos impedirá amanhã. Vamos em helicópteros para o Colorado daqui à uma hora e devo voltar amanhã de manhã.
Tammy assentiu.
— Tenha cuidado e volte para mim.
— Eu sempre voltarei para você.
— Isso vai ser perigoso?
Valiant hesitou.
— O lugar tem pessoas fortemente armadas. Eles estão com mais de noventa dos nossos Tammy. Espécies iguais a 927. 194

— Entendo. Ele também vai?
— Justice decidiu não leva-lo. O que ele passou ainda está muito recente. Precisamos de controle e das habilidades que adquirimos desde que fomos postos em liberdade. 927 ficou com raiva, mas entendeu. A parte importante é libertar o nosso povo.
— Aquele filho da mãe de médico contou a Justice onde ficam os outros lugares?
— Sim. Eles estão verificando. Nós encontraremos os lugares e libertaremos nosso povo.
— Nós? Você também vai?
Ele hesitou.
— Não. Essa será a minha primeira e única missão. Eu me acalmei desde que conheci você e Justice está preocupado que o lugar possa estar repleto de explosivos. Meus sentidos são mais fortes do que os da maioria dos Espécies e ele precisa da vantagem de me ter nessa missão. O doutor que capturamos não tem certeza se eles armaram bombas ou não nas celas. Planejo cuidar bem de você e esta é a última vez que arriscarei a minha vida. Só preciso fazer isso e sinto que devo a eles o favor por tudo o que fizeram para trazer você de volta para mim. Trabalharei com alguns dos outros da Zona Selvagem que são como eu e têm o mesmo olfato apurado e farei com que se tornem mais estáveis. Desse jeito Justice poderá levá-los quando precisar de ajuda no futuro.
— Explosivos? — Ela se encheu de medo, imaginando ele numa explosão.
— É por isso que preciso ir. Posso sentir o cheiro. Eu ficarei bem.
Ela assentiu.
— Ótimo. Passar uma noite longe de você foi horrível e eu não quero ter que passar por isso de novo.
— Mas outro homem a abraçou. — Ele apontou de maneira ciumenta.
— Estava frio e eu não tinha escolha, de verdade. Havia só uma cama e ele me assustava. Não ia lutar com ele, Valiant. Fiquei muito feliz por não ter quebrado o meu pescoço nem ter tentado me tocar de um jeito ruim.
— Ainda estou com raiva. Odeio que alguém a abrace que não seja eu.
— Eu amo você. Não seja ciumento.
— Sei disso. Ficarei fora por pouco tempo. Voaremos para lá e quando anoitecer, atacaremos.
— Vocês vão sozinhos?
Ele sacudiu a cabeça.
— Não. Eles vão mandar uma força tática especial conosco. Fazem isso com frequência. Justice diz que sabe que os dois times trabalharão juntamente conosco. Ele disse que todos eles são homens bons que foram designados para nos dar assistência. Estão sempre sob as ordens de Justice. Voltarei pela manhã.
— Você me ligará depois que tiver acabado e vai me deixar saber que está tudo bem? Morrerei de preocupação por sua causa.
— Eu ligarei. Justice sempre carrega um telefone com ele. Me foi ordenado que permanecesse ao lado dele.
Tammy suspirou.
— Sim. Ele sempre leva o celular e o laptop.
— Eu preciso ir. — Valiant se inclinou e roçou os lábios nos de Tammy.
Tammy agarrou a camisa dele e o puxou para perto, abrindo a boca dele com a sua para aprofundar o beijo. Língua encontrou língua. Valiant rugiu, puxando-a mais perto. 195

Tammy sorriu internamente. Aquela era uma das coisas que amava em Valiant. Só um beijo e ele já estava pronto para levá-la para a cama. Valiant interrompeu o beijo. Seus olhos estreitos faiscavam.
— Fez isso de propósito.
— Fiz o que de propósito? — Tammy tentou soar inocente.
Valiant pegou sua mão e a colocou na frente da sua calça cargo.
— Isso.
Tammy esfregou o comprimento generoso do seu pênis rígido. Ele grunhiu, pressionando o quadril em sua mão. Tammy agarrou o volume da ereção por cima da calça e alcançou o zíper com a mão livre. Ela o baixou e desabotoou o botão de cima.
— Tammy. — ele rugiu.
— Você tem alguns minutos. — Tammy desceu a calça e a cueca dele. Levantou a sua saia, desceu a calcinha e a tirou.
— Me pegue nos braços.
Valiant agarrou seu quadril, levando-a para o alto em seus braços. Tammy passou as pernas ao redor do quadril nu dele. Seu corpo já estava pronto quando Valiant rapidamente entrou nela. As mãos dele agarraram seu traseiro e arremeteu em sua vagina com força e rapidez. Tammy enfiou o rosto no peito dele, gemendo em voz alta contra a camisa, desejando que fosse a pele dele.
Usou os braços nos ombros dele para ajeitar o ângulo do quadril para roçar nele, garantindo que o membro a penetrasse do jeito que lhe trouxesse mais prazer. Em poucos minutos Tammy gritou seu nome quando o clímax a rasgou por dentro. Valiant urrou quando gozou. Ele segurou seu corpo frouxo e saciado contra o dele.
Tammy riu.
— É assim que devíamos nos despedir sempre.
Valiant riu.
— Eu concordo.
Tammy levantou o rosto, sorrindo para ele.
— Só volte para mim são e salvo.
Valiant roçou a boca na sua outra vez. Ele colocou o nariz contra o seu quando os olhos dos dois se abriram. Eles fitaram um ao outro.
— Tenho tudo pelo que viver. Tenho você. Terei muito cuidado.
A campainha da porta tocou. Valiant suspirou. Ela desprendeu os tornozelos do quadril dele. Valiant a afastou do corpo e a colocou de pé. Tammy riu quando Valiant endireitou as roupas e caminhou para abrir a porta. Ela não precisou se preocupar em endireitar as suas. Sua saia caiu abaixo dos joelhos e escondeu a ausência da calcinha. Tiger estava no corredor.
— Assumo pelo barulhão que ouvi no corredor que vocês já se despediram? — Ele sorriu.
Tammy corou.
— Ouviu aquilo?
— Todos dentro do edifício ouviram. Não vemos a hora de Justice autorizar a ida de vocês para a casa de Valiant quando tudo isso acabar. Lá é bem remoto e longe o bastante para que não saibamos do fato toda vez que vocês transam. — Tiger fitou Valiant. — Está pronto agora que deu um adeus de verdade à sua companheira?
Valiant se abaixou e pegou algo do chão. Ele sorriu. 196

— Agora estou. — Andou até Tammy e lhe passou a calcinha que ela tinha jogado de lado. — Fique com ela enquanto eu estiver fora para que eu possa pensar em rasgá-la quando voltar. Eu te amo.
Tiger riu.
Tammy ignorou Tiger e a vergonha que sofreu. Passou a mão no peitoral de Valiant onde o coração dele batia quando aceitou a calcinha que estendia a ela.
— Eu também te amo. Volte logo para mim.
Ela viu os homens saírem. Não havia mais um oficial a postos do lado de fora da porta. Eles haviam capturado o espião que vendia informações sobre Justice e o que acontecia na Reserva. Todos sabiam que ela pertencia a Valiant, ninguém a incomodaria, e eles confiavam que não iria sair do hotel sem uma escolta porque alguns dos ocupantes da Zona Selvagem poderiam representar perigo para ela já que alguns eram mentalmente instáveis.
Charlie Artzola nunca mais voltaria a ser um problema. Foi isso que lhe disseram. Fechou a porta e a trancou, imaginando por uma fração de segundo se o advogado estava morto. Encolheu os ombros mentalmente. Realmente não se importava com o destino dele contanto que nunca mais causasse problemas. Justice tinha assegurado que não iria.
* * * * *
Já passava da meia-noite quando o telefone tocou. Tammy pulou em cima dele.
— Valiant?
— Como sabia que era eu? — Sua voz grossa parecia divertida.
— Porque ninguém mais me ligaria tão tarde assim e você prometeu que ligaria. Está tudo bem? Como foram as coisas? Pegaram eles? Todo mundo está bem?
— Devagar. — Valiant riu. — Eu estou bem. Tivemos alguns feridos, mas todos irão sobreviver. Resgatamos todos. Eles não nos esperavam já que estava de noite e estavam com poucas armas. Os humanos correram ao invés de tentarem matar o nosso povo antes que pudéssemos chegar até eles.
Tammy exalou de alívio.
— Estava preocupada.
— Eu sei. Obrigado por se importar tanto comigo. Estamos transportando eles para a Reserva nas próximas doze horas. Só temos dois helicópteros e temos que transportar poucos de cada vez. Justice não quer traumatizá-los ainda mais com uma viagem longa de carro e não queremos expô-los ao mundo externo ao tentar fretar um avião. Muitas perguntas e muita burocracia. Vou ficar aqui até o último grupo ser evacuado. Vá para a cama e durma delícia. Devo voltar para casa amanhã na hora do almoço.
— Ok. Estou com saudades.
— Eu também. Te amo.
Tammy desligou triste, sentindo muita falta dele. Daria qualquer coisa para que ele estivesse deitado ao seu lado na cama. Não conseguia acreditar no quanto estava viciada nele. Saiu da cama para usar o banheiro.
A campainha tocou. Tammy franziu o cenho antes de dar uma olhada no relógio, vendo que tinha acabado de passar da meia-noite. Vestiu um robe e andou pelo corredor até a sala de estar. Sentia-se um pouco desconfortável já que sabia que não havia mais um oficial de guarda no corredor externo. Caminhou até a porta e mordeu o lábio. 197

— Quem é?
— É Breeze. Eu trouxe sorvete. Sei que Valiant não está e achei que você não conseguiria dormir. Posso entrar?
Tammy destrancou a porta e a abriu. Sorriu para a morena alta.
— Entre. É muito bom ver você. Disse que tinha sorvete?
Breeze entrou segurando uma bandeja coberta.
— Não qualquer sorvete. Eu trouxe dois sundaes de chocolate. Ellie me ensinou como fazê-los. Eles também têm pedacinhos de brownie. — Sorriu para Tammy de sua altura bem mais generosa. — Tem certeza que não se importa por eu vir tão tarde?
— Não. Estou muito feliz que tenha vindo. Duvido que conseguiria dormir. Valiant acabou de ligar.
— Como foram as coisas? — Breeze depositou a bandeja na mesinha de café e levantou a tampa. Ela sentou no sofá e passou uma colher para Tammy com um guardanapo enrolado nela.
— Ainda não ouvi nada.
— Valiant disse que conseguiram resgatar todos e que está tudo bem. Alguns feridos, mas nada com risco de morte.
— Estou feliz demais de ouvir isso. Preciso arrumar as coisas para recebermos a meia dúzia de mulheres que nos disseram que estavam presas lá.
Tammy hesitou, incerta se cabia ou não perguntar, mas realmente querendo ter alguma utilidade.
— Precisa de ajuda?
— Eu adoraria.
Tammy pegou o seu sundae e o examinou. Arregalou os olhos.
— Muito obrigada. Uau! Isso é simplesmente... Uau! Olhe todo esse chocolate. Isso são nozes?
— Sim.
— Eu amo nozes e brownies. Calda de chocolate que endurece a casquinha quando esfria. — Provou uma colherada. — E raspas de chocolate. Isso é tão bom. Também precisa agradecer a Ellie. — fez uma pausa. — Pode comer chocolate? Valiant diz que faz com que sinta vontade de vomitar.
— Alguns Espécies passam mal e outros não. — Ela sorriu, pegou uma colherada das grandes, o prazer aparente em seu rosto. — Eu amo.
* * * * *
Valiant observava silenciosamente enquanto as seis mulheres passavam por eles sendo guiadas por uma fêmea humana baixinha. Seguiu a mulher com o olhar. Seu cabelo chamava a atenção. Era um vermelho fogo em um rabo de cavalo que caía sobre traseiro. A fêmea humana levou as mulheres Espécies até o helicóptero que aguardava e elas entraram nele. Valiant franziu o cenho. Ele se virou olhando para Tiger.
— Quem era a pequena mulher humana com o cabelo brilhoso?
Tiger olhou para o helicóptero. A mulher estava claramente visível, já que as portas ainda estavam abertas. Ela verificou cada cinto de segurança antes de finalmente se sentar. O piloto fechou a porta lateral e entrou na cabine de pilotagem.
— Aquela é Jessie Dupree. Ela é a fêmea humana que geralmente está presente quando as nossas fêmeas-presente são encontradas. Ela faz parte da força-tarefa humana 198

destinada a nós pelo governo. Ela conforta as nossas mulheres quando são encontradas. Estou surpreso que esteja aqui. Ela normalmente lida apenas com as nossas mulheres que foram vendidas.
— Eu pensaria que ela teria medo das nossas fêmeas. Ela é pequena comparada a elas.
Tiger deu de ombros.
— Eu não sei qual é a dela, mas é a única que os humanos mandam quando localizam uma de nossas fêmeas. Não sei por que ela está aqui já que essas mulheres não foram vendidas, mas ainda estavam cativas com fins de experimentação. Realmente convidamos os humanos para essa missão e eles que exigiram trazê-la junto.
Valiant assentiu.
— Ela vai voar com elas para a Reserva? O resto dos humanos do time dela também vão?
— Não. Apenas ela. Exigiu entregá-las pessoalmente e acomodá-las. Me cansei de discutir com ela e então concordei que poderia ir. Ela é pequena, mas sabe discutir.
— Justice não se importa?
Tiger encolheu os ombros.
— Eu não sei. Ele ainda está lá dentro com o time dos humanos, agradecendo-os pela ajuda e distribuindo gentilezas. Não chegou a conhecê-la e tem sorte disso. Ela é feroz com a boca. Ele pegará o último voo conosco. — Tiger deu uma olhada no relógio. — Quer comer? Os humanos pediram umas pizzas para que todos comessem. O gosto é incrível.
Valiant assentiu.
— Poderia comer. Preciso aprender mais sobre comidas humanas. Não acho que Tammy goste de me ver comer. Notei que ela evita me olhar durante as refeições.
Tiger riu.
— Deixe-me adivinhar. Carne levemente grelhada? É. A maioria dos humanos tem nojo dela. Você vai gostar de pizza. É muito bom. Ela também vai amar. Acho que todos os humanos comem isso do jeito que comemos carne. Deve ser uma exigência nutricional ou algo parecido para eles. — Encolheu os ombros. — Tudo em cima dela é cortado em pedaços ou fatias para ajudá-los por causa dos dentes retos que têm.
Valiant o seguiu.
— Se tivermos um bebê isso deve ser bom para alimentá-lo.
— É. Eles provavelmente só cortam em fatias menores por causa das boquinhas deles.
— Preciso experimentar essa comida. Tammy ficará feliz por eu me preparar para a paternidade.
Tiger bateu em suas costas.
— Você é um bom companheiro, meu chapa.
— Tentarei ser. — Valiant sentia falta de Tammy. Mal podia esperar para voltar para casa, casar com ela e remover sua roupa íntima. Mas não nessa ordem.
* * * * *
Às cinco e dez da manhã o bolso de Breeze zumbiu. As duas mulheres deram um pulo. Elas estavam assistindo um filme de terror na televisão. Tammy riu. Breeze deu um sorriso, enfiando a mão no bolso. De lá tirou o seu celular. 199

— Aqui é Breeze. — Ficou ouvindo. — Estou a caminho agora. Obrigada. — Ela se levantou e sorriu para Tammy quando desligou. — Preciso ir. O helicóptero está há vinte minutos daqui. É o que vem com as nossas mulheres. Arrumamos as coisas para que elas vivam aqui, dentro do hotel. Vai ser uma manhã bem longa para mim. Eu não sei qual é a situação delas. Fui eleita para fazer esse trabalho e não sou muito boa ao lidar com mulheres em choque. Sei que sofri disso quando fui liberta. Não estamos equipados para lidar com mulheres recém-libertas. Normalmente as mandamos para outro lugar, mas isso aconteceu muito rápido e Justice decidiu que elas ficariam mais felizes aqui. Ele provavelmente tem razão. Eu só queria ter mais experiência nisso. Tudo o que tenho são as minhas lembranças do modo com que as humanas cuidaram de mim.
Tammy levantou.
— Ainda quer a minha ajuda? Não me ofereci só para ser educada.
— Você ajudou a fazer a lista do pedido de roupas para elas. Quer ajudar a recebê-las e acomodá-las também?
— Eu iria adorar. Não vou dormir. Já é de manhã. — Tammy sorriu. — Posso ir com você? É melhor do ficar aqui sentada esperando que Valiant volte. Não vou dormir até ele voltar.
— Sim. Eu agradeceria.
— Me dê dois minutos para vestir umas roupas, escovar o cabelo e os dentes.
— Posso usar o seu banheiro?
— Fique à vontade. Tem um banheiro no fim desse corredor. Venha comigo.
Tammy se apressou. Ela colocou um dos suéteres de Valiant que estavam no chão. Parecia limpo o suficiente. Queria carregar o cheiro dele na esperança das mulheres a aceitarem mais facilmente. Vestiu uma calça de algodão preta. Assim que usou o banheiro, escovou os dentes e o cabelo, encontrou-se com Breeze na sala.
Breeze inalou e sorriu.
— Você é esperta.
— O suéter? Pensei nisso no segundo que o vi nas costas da cadeira. Acho que Valiant o usou há uns dois dias atrás. Então ainda consegue sentir o cheiro dele no suéter?
— Está fraco, mas é o bastante. Está com o cheiro dele. Elas saberão que é humana, claro, suas feições mostram o que você é, mas a verão como uma ameaça menor.
— Ótimo. Então, para onde vamos? — Tammy calçou sua sapatilha e pegou a chave do quarto. Ela a meteu na frente do sutiã já que não tinha bolsos e não ia levar uma bolsa.
— Vamos encontrá-las na pista de pouso. Temos uma van esperando para trazê-las para cá.
— As roupas que pedimos já foram colocadas nos quartos delas?
Breeze deu uma risada.
— Sim. Colocaram assim que chegaram. Roupas e comida estarão esperando por elas. Também abasteci cada quarto com produtos de higiene pessoal.
— Parece ótimo. Vamos.
Um bando de Novas Espécies macho que Tammy nunca tinha visto antes rondavam pelo lobby do antigo hotel. Breeze e Tammy saíram do elevador e toda a conversa foi interrompida. Tammy deu alguns passos e então parou quando Breeze o fez.
Tammy olhou para a mulher mais alta.
— O que foi? 200

Breeze de repente rosnou e se virou. Tammy viu um homem se aproximar rapidamente. Mais dois o seguiram. Todos os três Novas Espécies pareciam zangados. Breeze se colocou entre os homens e Tammy.
— O que você quer? — Breeze parecia irritada.
O homem rosnou em resposta.
— Saia da frente.
— Afaste-se. — Breeze rosnou mais forte. — Ela está comigo.
Tammy fitou os três homens de maneira nervosa. Ela percebeu que o ambiente tinha adquirido um silêncio mortal. Tinha que haver ao menos uns trinta Novas Espécies ali, mas nenhum deles falava. Não reconheceu um único rosto quando olhou em volta. Seu olhar retornou para o homem que se comportava de maneira mais agressiva.
— Algum problema? — Tammy franziu o cenho para ele.
— Ela é humana. — Ele mostrou dentes afiados para Tammy se aproximando mais um passo.
Breeze continuou em seu caminho, com as palmas abertas.
— Ela é uma humana que vive aqui com um dos nossos machos. Ela pertence a ele e ele vai te matar de pancada se pensar em respirar de maneira errada na direção dela. Justice North a convidou para morar conosco. Ela é uma de nós apesar de ser humana. Eu percebo, que como Primata, seu olfato não é tão forte, mas ela pertence a ele.
O homem rosnou de novo e o mesmo fizeram os outros dois atrás dele. Tammy pressentiu o perigo. Ela respirou profundamente, tentando acalmar seu medo. Valiant sempre disse que a espécie dele podia sentir o cheiro do medo. Levantou o queixo.
— Acalmem-se. Eu não sou o inimigo. — Estava orgulhosa por sua voz sair forte e não tremer tão forte quando as suas mãos.
— O que está havendo? — 927 perguntou de repente. Ele tinha andado silenciosamente até ficar atrás das duas mulheres.
Tammy se assustou. Olhou para ele e sorriu, se sentindo um pouco aliviada por vê-lo ali.
— Meu palpite é que eles não gostam de mim.
927 rosnou, fulminando os machos com os olhos. Ele se adiantou para ficar ao lado de Breeze. Ela pareceu temerosa quando olhou para o novo macho e seu corpo ficou ainda mais tenso. 927 nem a olhou. Continuou a encarar de maneira desafiadora os três homens.
— Ela é a razão por estarem livres. Dr. Zenlelt a sequestrou e o companheiro dela a seguiu até onde eu estava. Ela não é como os humanos que conhecemos 861. Afaste-se. Ela é da nossa família. — 927 olhou em volta do ambiente, encontrando o olhar curioso de cada homem e elevou a voz. — Ela é da família e é uma amiga.
— Humanos nunca serão da família. — rosnou 861. — Me ofende olhar para ela.
— Supere isso. — rosnou Breeze. — Ela não vai a lugar algum. Ela também vive aqui. Bem como outra mulher humana que é companheira de um dos nossos. Sinta o cheiro dela. Ela pertence a um dos nossos.
861 se aproximou de Breeze e inalou. Ele franziu a testa e se aproximou mais. Ela recuou para impedi-lo de tocar em Tammy. O homem inalou outra vez e retrocedeu.
— Não gosto disso.
— Não tem que gostar. Ela está aqui e nenhum mal será feito a ela. Onde está a sua gratidão? Nós ainda estaríamos trancados dentro das nossas celas se não fosse o amor 201

que o companheiro dela sente e a nossa gente ajudar a encontrá-la. Mostre respeito. — exigiu 927 em um tom brusco.
861 rosnou.
— Nunca para humanos.
Breeze praguejou baixinho e colocou a mão para trás. Os dedos dela agarraram o suéter que Tammy usava e empurraram, movendo Tammy em direção ao elevador. As pisadas pesadas de botas atraiu a atenção de todos quando mais Novas Espécies usando os uniformes pretos da ONE entraram correndo no lobby. Eles acessaram rapidamente os dois homens circulando um ao outro e Tammy viu o que eles enxergavam — os homens iam brigar. 927 a protegeria e defenderia.
— É o primata de vermelho. — disse Breeze em voz alta. — Ele veio atrás da companheira de Valiant.
O homem de vermelho, 861, saltou em cima de 927, e a luta começou. Os oficiais Novas Espécies se apressaram, empurrando todos do caminho. Em segundos eles agarraram 861 e o prenderam imobilizando-o ao chão.
Tammy relaxou. Breeze soltou o seu suéter e ela virou a cabeça, estudando Tammy.
— Você está bem?
— Estou. O que foi isso?
927 se aproximou. Sua mão estava cortada por ter esmurrado o rosto do outro. Um dente afiado havia furado sua pele. Ele parou a alguns centímetros.
— Peço desculpas. Esses homens são do mesmo lugar onde eu ficava confinado. Eles não gostam nem confiam em humanos. Quando se acalmar conversarei com ele de maneira racional.
— Tudo bem. — Tammy suspirou. — Acho que consigo entender isso. — Baixou o olhar para a mão dele. — Quer que eu limpe e faça um curativo nisso?
Um dos oficiais Novas Espécies se aproximou.
— Deixaremos que se acalme e falaremos com ele. — Ele olhou para Tammy. — Está ilesa?
— Estou bem.
Ele inalou.
— Só assustada. — Ele virou e encontrou o olhar de 927. — Obrigado por defendê-la até que conseguíssemos segurá-lo. Deixe-me levá-lo para o centro médico que eles cuidarão do seu ferimento.
927 concordou.
— Claro. — Ele sorriu para Tammy. — Peço desculpas. Falarei com todos eles. Ficará segura de qualquer mal. Também não doeria se Valiant falasse com eles. Ele os intimidará se eu não conseguir.
Breeze riu.
— Ele é bom nisso. Eu sou Breeze. Obrigada pelo suporte aqui.
927 a estudou com cuidado e sorriu.
— Eu sou 927. É um prazer conhecê-la.
O sorriso de Breeze alargou.
— Você é um charme. Também é novo. Venha me procurar se precisar de qualquer ajuda por aqui.
— Irei sim.
O oficial sorriu. 202

— Vamos para o hospital, herói.
Breeze agarrou a mão de Tammy e a guiou para fora do lobby para onde uma van branca aguardava. Um dos oficiais Novas Espécies estava atrás do volante. Breeze se virou para Tammy no segundo que entraram e que fechou a porta.
— Conhece aquele macho? Ele é lindo. E você viu aqueles olhos escuros? — Breeze abanou o rosto. — Preciso trocar a calcinha. Estou mais que molhada. Quando ele escolher um nome precisa ser algo tão sexy e ardente quanto a sua aparência.
Tammy sorriu.
— Assumo que gosta dele, então?
— Acho que definitivamente estou a fim. Acha que ele sente atração por mulheres altas?
— Para mim ele pareceu interessado em você.
— Sério? Vou fazer questão de encontrá-lo depois que dormir um pouco. Quero estar bem descansada quando for procurá-lo.
Em minutos elas alcançaram a pista de pouso. O helicóptero tinha acabado de aterrissar e já estava sendo reabastecido. A porta lateral se abriu quando a van parou e mulheres começaram a descer da aeronave. Tammy ficou na van ao lado de Breeze para recepcionar as novas mulheres. Esperava que nenhuma delas a atacasse. Tammy nunca tinha pensado que alguém a odiaria de cara ou que quisesse machucá-la. 861 com certeza queria.
— Uau! — Sussurrou Tammy, avistando o cabelo vermelho-fogo da mulher que saiu primeiro do helicóptero. — Ela é a menor Nova Espécie que eu já vi. O que acha que foi misturado para sair uma cor de cabelo dessas? Parece que alguém ateou fogo ao cabelo dela com algo muito brilhoso. É lindo.
Breeze riu.
— Ela é uma de vocês. Eu diria que foi misturada com tinta de cabelo. Aquilo não pode ser natural.
— Talvez a calça e a camiseta preta destaquem mais o cabelo dela. — Tammy encolheu os ombros.
Breeze sorriu e também encolheu os dela.
— Podíamos perguntar.
— Não! — Tammy riu. — Nunca pergunte a uma mulher se a cor do cabelo dela é natural nem quantos anos têm. Mulheres humanas ficam super irritadas com isso.
— Sério? — Breeze absorveu aquela informação. — Tentarei me lembrar disso.
A ruiva se aproximou. Ela assentiu e parou ao lado de Breeze. Baixou o olhar e a cabeça. Esperou alguns segundos antes de levantar os olhos.
— Sou Jessie Dupree. Quis escoltar pessoalmente as suas fêmeas até aqui. Sou a representante humana do Governo dos Estados Unidos, parte da força-tarefa humana que faz as buscas e recupera suas fêmeas perdidas. Peço a sua permissão para acompanhá-las até seus novos lares e para ficar para ajudar com a integração delas à sua sociedade. Elas confiam em mim. — Desviou o olhar para Tammy e ela fez uma checagem da sua pessoa varrendo-a com os olhos. A mulher franziu o cenho levemente.
— Não a conheço. Quem a trouxe?
Tammy piscou para ela.
— Valiant.
Breeze riu. 203

— Acha que ela é Nova Espécie, não acha, Jessie Dupree? Ela não é uma Espécie-Presente resgatada. Ela é uma humana, companheira de um dos nossos. Seu nome é Tammy Shasta.
A ruiva com olhos azuis brilhantes piscou e seus olhos se arregalaram.
— Oh. Eu peço desculpas. Tinha a impressão de que nenhum humano vivia na Reserva. Por causa do seu tamanho e da sua falta de marcas faciais assumi que fosse uma das raras Fêmeas-Presente. Algumas foram resgatadas, e até que veja seus dentes ou orelhas, não tem como realmente dizer que não são completamente humanas.
— Valiant me disse o que foi feito a elas. É tão horrível que me deixa com vontade de vomitar. Mas eu sou humana. Desculpe a confusão.
A mulher assentiu. A atenção dela voltou para Breeze.
— Posso ter permissão para ajudá-las a se acomodarem? Eu gostaria muito disso. Sei que elas não são Fêmeas-Presente, mas tenho tempo e sou muito experiente em ajudar suas fêmeas a lidar com a mudança repentina no estilo de vida.
Breeze olhou para Tammy, que deu de ombros.
— Ela tem experiência.
Um sorriso brotou do rosto de Breeze.
— Claro. Eles me colocaram no comando dessa tarefa e para te dizer a verdade, não tenho ideia do que estou fazendo. Não lidamos com esse tipo de coisa. Elas normalmente são enviadas para outro lugar, mas Justice queria que viessem para cá. Nós agradeceríamos a ajuda.
— Obrigada. — Jessie sorriu. Ela era mesmo uma mulher linda no final dos vinte ou começo dos trinta. — Adoraria fazer todo o possível.
Tammy estudou as mulheres Novas Espécies que saíram do helicóptero. Todas eram altas e robustas. Eram musculosas e em excelente forma física. Suas roupas eram de um branco encardido e as calças iguais as que 927 usava. Ela até viu as mesmas costuras grossas nas laterais quando uma delas passou. A mulher olhou para ela e para Breeze, mas ninguém se opôs a sua presença ali.
— O que há com as roupas? Por que todas estão vestidas assim? — Tammy manteve a voz baixa, o olhar em Breeze.
A mulher mais alta mostrou sinais de raiva quando suas narinas se dilataram.
— Nós ficávamos com braços e pernas amarradas às correntes. Era mais fácil para os nossos captores tirar e trocar a nossa roupa com costuras que se abriam. Elas têm velcro que as cola novamente quando se aperta. Isso impedia que tivessem que baixar as nossas calças pelas pernas e tirar as camisas pela cabeça.
A resposta fez com que Tammy se sentisse mal e ela sentiu uma admiração nova e maior devido ao tipo de inferno que os sobreviventes tinham passado. A roupa feia tinha um propósito e não era um bom, pensou. Ela afastou aquelas observações sombrias e tentou parecer amigável para as mulheres libertas.
Todas couberam na van. Tammy sorriu para as mulheres, mas nenhuma devolveu o gesto amigável. Mas cinco das seis mulheres Novas Espécies a fitavam abertamente. Algumas delas pareciam confusas enquanto uma parecia assustada. Duas escondiam suas emoções completamente. Tammy se concentrou na mulher assustada sentada no assento atrás do seu.
— Meu nome é Tammy. É seguro aqui. Vai ficar tudo bem. 204

— Elas estão em choque. — Jessie explicou em voz baixa. — Vai levar alguns dias para absorverem tudo. A vida inteira delas mudou para sempre em uma questão de horas.
Tammy sorriu tristemente para a mulher que ainda a olhava com medo no rosto.
— Vai ficar mesmo tudo bem. Aqui é um lugar ótimo para se viver. Eu moro aqui agora e adoro.
A mulher lambeu os lábios.
— O que você é?
Tammy piscou.
— Humana.
A mulher sacudiu a cabeça.
— Você é mais.
— Oh. — Tammy se mexeu devagar e estendeu o braço. — Está sentindo o cheiro de Valiant. Estou usando o suéter dele. Ele é Nova Espécie e nós moramos juntos.
A mulher a fitou sem expressão.
Jessie falou. — Novas Espécies é como vocês são chamados. Esse é o nome que sua gente escolheu já que vocês todos são misturas de diferentes espécies.
A mulher atrás de Tammy assentiu. Ela hesitou.
— Você mora com um dos nossos?
Tammy assentiu.
— Nós somos… — Ela não soube como explicar.
— Companheiros. Eles se acasalam com exclusividade. — explicou Breeze, vindo em seu resgate. — Eles decidiram ficar juntos até a morte.
A mulher parecia chocada.
— Mas ela é humana.
Breeze sorriu.
— Ela é uma humana boa que nunca feriria um dos nossos. Ela ama Valiant e ele a ama.
As mulheres continuaram encarando Tammy como se ela fosse alguma coisa que não conseguiam entender. Tentou não deixar que aquilo a perturbasse. Ela era algo que elas não esperavam.
— Sente-se como se fosse uma ocupante de um zoológico? — Breeze perguntou e deu uma risada.
Tammy sorriu.
— Só um pouco.
O resto do caminho até o hotel foi feito em silêncio.
* * * * *
O lobby do hotel estava vazio. Tammy ficou aliviada pelos machos terem ido embora, não querendo arriscar outro confronto. Jessie e Breeze falavam baixo sobre as acomodações que as mulheres recém-chegadas receberiam. Tammy notou que as seis mulheres ainda a observavam. No elevador, todas se juntaram e a farejaram. Tentou não se sentir incomodada. Porém, ficou um pouco mais do que aliviada quando as portas do elevador se abriram no quarto andar. 205

Tammy, Breeze e Jessie mostraram às mulheres seus quartos, separadamente, e demonstraram o jeito certo de usar tudo dentro deles. Elas não tinham ideia de como ligar o chuveiro ou encher a banheira. Não sabiam como usar um telefone, como abrir as janelas ou como trancar uma porta.
Horas depois, Tammy, Breeze e Jessie deixaram o quarto andar, cansadas, mas satisfeitas por todas estarem acomodadas.
— Uau! — suspirou Breeze. — Não percebi o pouco que eu sabia quando fui solta.
Jessie assentiu.
— Ao menos todas sabem ler e escrever. Algumas das Fêmeas-Presente nunca foram ensinadas. Diria que só metade delas foi. Depende da idade que tinham quando foram vendidas.
— Isso é tão horrível. — Tammy suspirou, lembrando o que contaram a ela sobre aquelas pobres mulheres.
— Sim. — concordou Jessie. — É sim. Sou eu que vou sempre. Há dois times de Forças Especiais que compõem a força-tarefa que foi montada exclusivamente para trabalhar com a Organização dos Novas Espécies. Todos são homens. A princípio não perceberam que realmente precisavam de uma mulher para ir com eles quando recuperassem as fêmeas Novas Espécies. As duas primeiras vezes que foram sem uma mulher, traumatizaram altamente as fêmeas recuperadas mais do que o necessário. Pense um pouco. Era simplesmente estúpido. Eles nem pensaram no quanto afetaria uma fêmea que era abusada, presa durante anos, e de repente se encontra cercada por duas dúzias de homens vestidos em uniformes operacionais completos, armados até os dentes. — Jessie apertou os dentes e sacudiu a cabeça. — Finalmente me trouxeram. Os caras fazem o trabalho duro e eu cuido das fêmeas.
— Como conseguiu o emprego? — Tammy olhou em volta da cafeteria quando entraram.
Jessie riu.
— Na verdade, foi o meu pai. Ele é um senador apontado para representar as questões dos Novas Espécies em Washington. Me voluntariou quando eles perceberam que podia ser inteligente ter uma mulher presente que não fosse ameaçadora para as mulheres que encontravam. A primeira que contrataram era uma terapeuta. Não deu muito certo. Depois disso, meu pai teve as coisas ao modo dele e eu acabei com o trabalho. Fiquei um pouco irritada no começo já que ele nem me perguntou nada, mas amo o que faço. Infelizmente, há bastante tempo ocioso. Eu queria que mais delas fossem encontradas. Não me importaria em trabalhar oitenta horas por semana se isso significasse que estávamos resgatando mais delas.
— Vocês as encontram com frequência?
Tammy agarrou um prato e começou a enchê-lo de comida do bufê. Pegou alguns donuts e um muffin. Não tinha muita coisa mais àquela hora. A cozinha ainda nem tinha começado a preparar o café da manhã e não iria até as seis, de acordo com um horário na parede. As outras duas mulheres também encheram seus pratos.
— Elas são difíceis de achar. No total, recuperamos vinte e três. Fomos capazes de rastrear outras Fêmeas-Presente que não estavam listadas, mas a maioria não sobreviveu.
Tammy contraiu os músculos involuntariamente.
— Isso é muito triste. 206

— Elas não são como nós. — disse Breeze em voz baixa. Ela encontrou o olhar curioso de Tammy. — São pequenas e incapazes de se defenderem. Foram muito abusadas e são como filhotinhos que foram chutados.
— Oh.
Jessie suspirou.
— É difícil pra os Novas Espécies aceitarem algumas delas porque estão tão traumatizadas que nem conseguem ficar perto de homens no começo. Várias igrejas isoladas com abrigos para mulheres pelo mundo foram legais o bastante para aceitarem algumas delas. Sempre que encontramos uma fêmea especialmente fragilizada a mandamos para lá.
— Elas gritam e choram perto de homens. Saltam e tremem. — A voz de Breeze parecia bem contrariada. — E ver isso nos deixa com muita raiva.
Jessie apertou os dentes.
— Não é culpa delas agirem dessa forma.
Breeze franziu o cenho.
— Não temos raiva delas. Temos raiva por isso ter acontecido com elas e por elas terem sido feitas mais fracas e levadas para longe dos nossos homens que tratavam bem as nossas fêmeas. Sentimos raiva por estarem completamente sozinhas. Era raro vermos outros Espécies a não ser que estivessem acasalando com a gente, mas podíamos sentir o cheiro deles nos humanos que entravam em nossas celas. Era confortador. Elas não tinham isso. Revolta a todos nós saber disso. — Breeze olhou para Jessie. — Nossa raiva nunca é direcionada a elas. Nunca.
— Desculpe. —Jessie suspirou. — Eu vi as reações da sua gente quando trouxe as mulheres. Simplesmente assumi que a raiva era dirigida às Fêmeas-Presente porque choravam e estavam muito assustadas quando via outros de sua espécie. Eu sei que vocês respeitam muito a força e a coragem.
— Respeitamos, mas queremos proteger os mais fracos. Entendemos que são elas quem mais precisam da nossa compaixão.
Tammy terminou o café da manhã.
— Nossa! O sol nasceu. — Seu olhar se perdeu na janela dos fundos da cafeteria.
— Deveria descansar antes de Valiant voltar. — Breeze riu. — Ele vai querer levá-la para a cama, mas não vai permitir que durma. Precisa de todo o sono que puder ter enquanto pode.
Tammy assentiu.
— Nós vamos nos casar hoje.
Jessie engasgou com o café.
— O quê?
Tammy sorriu.
— Vamos nos casar. Ele me pediu e eu aceitei. Ele quer tudo legalmente por escrito e estou feliz com isso.
— Mais uma. — Jessie sorriu. — Então vocês vão ser o segundo casal miscigenado casado. Isso é ótimo. Não foi a minha intenção explodir o café. Só fiquei surpresa.
Breeze riu.
— Espere até ver os dois juntos. Isso vai te surpreender ainda mais. Onde ela é baixa, ele é alto. Ele é um macho enorme... mais de dois metros e pesa mais que cento e dez quilos. 207

Jessie piscou para Tammy, sorrindo.
— Mulher corajosa.
— Ele é um docinho.
Breeze deu uma gargalhada.
— Para ela é um docinho. Nós trememos de medo quando ele está com raiva. Ela ri na cara dele. Só não tenha medo quando ouvir uns barulhos bem altos hoje Jessie. Você vai precisar de um quarto por alguns dias enquanto fica para ajudar com as mulheres. Valiant é misturado com leão. Lembre-se disso.
Jessie parecia confusa.
— O que estou perdendo?
Tammy sabia que suas bochechas estavam quentes de vergonha.
— Ele ruge depois do sexo. Depois disso, estou indo. — Ela acenou. — Espero ver vocês duas no casamento. Venham se puderem.
— Ela estava brincando, certo? — Jessie parecia estupefata.
Breeze riu.
— Não. Não estava. Ela também é uma que você pode dizer que gosta de gritar. Todos sabemos quando eles acasalam. Não vemos a hora que Valiant volte para a casa dele para que possamos dormir sem sermos perturbados.
Tammy grunhiu ao ir embora, grata por não conseguir ouvir mais depois daquilo. Alcançou rapidamente o elevador, feliz que não havia mais machos por perto na área da recepção, e foi direto para a sua suíte.

7 comentários:

  1. Eu queria q pizza fosse uma exigência alimentar 🤣🤣🤣🤣

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    1. Só pensando na cara da Tammy quando o Valiant disser que já aprendeu o que dar de comer para as crias deles: pizza 🍕😋🤣🤣🤣

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  2. Quem te viu e quem te vê, agora Tammy não pode ficar sem dá uma, agora ela que implora, nem que sabia uma rapidinha.Vicio, hein danada?!!!😁

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