Tammy tinha dormido em algum momento, mas acordou quando os brutamontes a soltaram da cama. Eles a arrastaram pelas pernas que mal funcionavam, seu corpo inteiro mole, para enfiá-la em um banheiro. Para sua humilhação, eles se recusaram a dar a ela qualquer privacidade, olhando-a com malícia enquanto usava a instalação. Não tinha escolha. Um deles a ameaçou se não obedecesse.
Eles agarraram seus braços depois e a arrastaram pelos fundos para uma van branca. O sol tinha se posto, assegurando-a que ficou inconsciente por horas, e que não foi lhe dada 147
a oportunidade de fugir. Os dois homens continuaram segurando seus pulsos com força. Eles ameaçaram lhe bater se oferecesse qualquer resistência. Apenas um olhar para a caras deles e ela acreditou piamente no que diziam. Eles tinham olhos frios e trejeitos cruéis.
Eles colocaram uma coleira de metal em sua garganta e a prenderam em uma gaiola grande na traseira da van. A coleira era grossa e tinha uma corrente de uns dois metros presa às barras da gaiola. Ela a olhou com terror. Até mesmo o fato de a colocarem dentro de uma coisa dessas era aterrorizante. Por que precisariam de uma gaiola como aquela e o que normalmente transportavam nela? Tocou as barras grossas de metal, supondo que, qual fosse o seu propósito, ela conseguiria conter quase qualquer coisa.
Um dos homens saiu enquanto o outro permaneceu na traseira da van com ela. Ele acendeu uma luz no teto para olhá-la com um sorrisinho torto. O cara que saiu fechou a porta traseira e então abriu a do motorista, entrou e ligou o carro. Lágrimas encheram seus olhos de medo e de não se sentir bem pela droga que lhe administraram. Estava com dor de cabeça, sua língua um pouco inchada, e as pernas e braços ainda se moviam sem jeito algum.
— Nem se incomode em abrir as torneiras. — disse com zombaria o homem que lhe fazia companhia. — Ninguém dá à mínima se você chorar.
— Por que estão fazendo isso? — Tammy odiava o modo como sua voz tremia. — Quem são vocês?
— Por quê? Porque você gosta de foder com eles. Porque um deles te fodeu e não te matou. É por isso. O doutor para quem trabalhamos está muito interessado em ver se 927 procriará com você. É melhor esperar que ele goste de você. De qualquer modo vai ser divertido de se ver.
O homem na frente riu.
— Duvido que ela vá achar divertido.
O de trás também riu.
— É. Verdade. — Os olhos dele brilhavam de alegria. — Você quer saber o que acontece se aquela besta não lhe rasgar inteira com as garras e jogar os restos do seu corpo para fora da jaula? O doutor vai prendê-la a uma mesa e encher seu organismo de hormônios e drogas para tentar fazer com que se reproduza com aquela fera. Depois, vamos jogá-la lá outra vez com ele para que possa fodê-la novamente. O doutor tem todos os tipos de fórmulas que bolou para tentar fazer com que engravide da besta. Pode levar meses até ele descobrir como obter os resultados que quer.
O motorista riu outra vez.
— Seria muito divertido de ver se ele aceitasse ela. Mas não tenho muita esperança nisso. Ele matou as outras duas que trancamos com ele. A última foi a que eu fodi. Ela era muito gostosa. Quase chorei quando ele quebrou o pescoço dela e a jogou na porta. Talvez devêssemos jogar homens para a besta.
— Ela era gata. — O homem na traseira fechou a cara para Tammy. — Essa daqui é bonitinha, mas não chega nem perto da outra. Ela com certeza não parece uma coelhinha da Playboy. Acho que o doutor está animado por nada. Acho que a besta vai matar essa daqui tão rápido quanto matou a última. 148
— Quem sabe? — O motorista suspirou. — Talvez a teoria do doutor esteja certa e ele vai aceitar essa porque está trepando com um deles e vai ter o cheiro dele. Eles nunca gostaram das mulheres da espécie deles. Ele também tem certeza que tem algo a ver com o olfato deles e a química dos corpos. O que quer que atraia um pode atrair outro. Vamos descobrir em breve.
— Por favor. — implorou Tammy. — Me deixem ir embora. Eu tenho muito se o que querem é dinheiro. — Ela não teve vergonha nenhuma de mentir. — Minha avó morreu e me deixou dois milhões. Vocês podem ficar com tudo se me levarem ao banco.
O cara na traseira a estudou. Tammy assentiu, dando-lhe sua melhor expressão de Pode-confiar-em-mim-estou-falando-super-sério. Já tinha dominado a arte daquela expressão desde que era adolescente e tinha que lidar com a sua avó.
— Eu darei cada centavo, assinarei uma transferência para vocês dois, se me deixarem ir. Eu sei que não devem pagar tanto assim. É o bastante para que os dois se aposentem.
— Nem pense nisso, Mike. — alertou o motorista. — Sabe que não pode gastar dinheiro se estiver morto. O doutor colocaria um preço na sua cabeça e não existe nenhum canto nesta terra em que estaria seguro.
Mike suspirou, deixando de olhá-la.
— Cale a porra da boca, vadia. Não diga mais nenhuma palavra. Não podemos gastar dinheiro no caixão. Se quer implorar e chorar, esqueça isso também. Não conseguimos esse trabalho por causa dos nossos corações moles. — Ele zombou. — Certo Pete?
— Certo. — Pete, o motorista, riu. — Moles. Você é muito engraçado.
— Quanto tempo até chegarmos?
— Uns dez minutos. Queria que ainda estivéssemos no Colorado. Aqui é muito quente. Não sei por que o doutor quis que trouxéssemos o 927 para cá. Devíamos era ter levado ela.
— Ele quis vir para cá. Não me pergunte o motivo. Talvez curta saber o quanto eles estão perto e o quanto nem fazem ideia de que ele está tão próximo deles. — Mike encolheu os ombros. — Talvez queira ficar mais perto para espioná-los enquanto trabalha e não quer ficar voando de lá para cá. Pode ser porque está com medo de que o cheiro dela mude se tivéssemos que levá-la para tão longe. Com certeza não dá para colocá-la num avião. Teríamos que dirigir até lá. Vou odiar o mês que vem quando teremos que transferir mais dez deles para cá.
— Porra. Nem me lembre. Transportar o 927 já foi ruim o bastante. Aquele filho da puta lutou contra as drogas a viagem inteira. Ele entortou um dos cantos da jaula antes que você conseguisse dar outra dose. Eu quase caguei nas calças quando o ouvi se mexendo. Dei uma dose que faria qualquer um apagar por um dia todo, mas ele acordou em menos de cinco horas. Achei que fôssemos ficar sem drogas.
Tammy virou a cabeça para examinar a jaula onde estava. Ela viu que um dos cantos de cima estava um pouco torto. A jaula poderia abrigar facilmente um urso dos grandes. O veículo era uma van comercial de tamanho grande. Sabia disso porque dirigia uma igual no trabalho. A jaula tomava metade da traseira. Ela chutou que a jaula tinha ao menos um 149
metro e oitenta de comprimento e um e meio de largura. As barras eram da grossura de um pulso e ela supôs que 927 era um Nova Espécie forte o bastante para conseguir entortar uma.
Com confusão obscurecendo sua mente, a droga ainda em seu organismo não ajudava, mas a imagem que se formava a deixou com medo e horrorizada. Novas Espécies ganharam nomes quando foram libertos. Apenas um ainda em confinamento teria um número de identificação. Isso queria dizer... Oh meu Deus!
— 927 nunca foi liberto, foi? Ele ainda é propriedade da Mercile? Vocês trabalham para eles, não é?
O brutamontes sorriu para ela, mas não disse nada.
Tinha um pressentimento terrível de que as suas suspeitas estavam corretas. Eles perderam uma instalação onde também faziam testes. Ela leu jornais de não muito tempo atrás sobre mais Novas Espécies que foram descobertos. O doutor para quem trabalhavam tinha que ser um empregado da Mercile e isso significava que aqueles homens também trabalhavam para aquela horrível companhia. Eles tinham feito experiências sem piedade alguma em seres humanos por décadas, fizeram coisas horríveis com eles, e agora tinham lhe sequestrado.
— Vocês não vão sair impunes disso. — Sua voz tremia.
— Ouviu isso, Pete? — Mike sorriu de modo frio. — Vadia, nunca fomos pegos porque somos os melhores.
Pete virou a cabeça para olhar para trás.
— Ao invés de fazer ameaças, deveria estar rezando. É melhor esperar que 927 goste de você. Ele matou outras duas mulheres que demos para que fodesse.
Eles planejavam jogá-la a mercê do Nova Espécie que dobrou aquelas barras. O doutor acreditava que ela não seria morta porque tinha o cheiro de Valiant. As dicas terríveis continuavam se juntando em sua mente.
O doutor achava que, já que Valiant estava atraído por ela, outro Nova Espécie também estaria. Ela não acreditava naquela teoria nem um pouquinho. Valiant só ficou atraído por ela a princípio porque estava ovulando. Não esteve até que passou um tempo com ela e decidiu que queria ficar junto. Eles se apaixonaram, mas por outro lado, ele foi liberto da Mercile, aprendeu que nem todos os humanos eram imbecis cruéis que achavam que os Novas Espécies não eram nada além de animais para se usar e ferir. Para o que estava sendo levada, provavelmente nunca conheceu qualquer tipo de bondade de um ser humano. Isso fez com que fechasse os olhos para lutar com as lágrimas.
Precisava lembrar de alguns fatos se quisesse sobreviver. Eles disseram que queriam transportar mais dez Novas Espécies e que eles viriam do Colorado, onde devia ficar a instalação ilegal. Acalmou-se levemente, forçando a mente a se concentrar naquela informação.
Valiant tentaria encontrá-la, ele não desistiria, e teriam que descobrir que aquele filho da mãe de advogado a levou. Não o viu, então talvez ele tentasse sair do estado. Talvez a polícia o capturasse e o fizesse dizer para onde ela havia sido levada. Ela se apegou àquele pedacinho de esperança. 150
— Não durma. — Mike lhe ordenou. — Estamos quase lá.
Ela abriu os olhos e o fulminou com o olhar.
— Espero que apodreça no inferno.
Ele se inclinou para frente e fechou o punho.
— Quer uma prova do inferno?
— Não. — ordenou Pete da frente. — Você ouviu o que o doutor nos disse antes de ir embora. Não vamos machucar nem tocar nela a não ser que seja absolutamente necessário. Aposto que ela está morrendo de medo e está provocando você para matá-la. Pode culpá-la? — Ele riu. — Eu queria que alguém me matasse.
Mike abaixou o punho e voltou à posição que estava antes.
— É. Eu também iria querer morrer antes que um deles colocasse as mãos em mim. Malditos animais. Quer apostar se ele a mata ou não? Vinte pratas que ela vira torrada.
O motorista hesitou.
— Claro. Aceito a aposta. O doutor é muito inteligente e ele tem certeza que a fera vai fodê-la assim que der uma cheirada nela. Chegamos.
— Ótimo. — Mike deu um sorriso sarcástico para Tammy. — Estamos sob ordens de levá-la diretamente para o 927. O doutor já está aqui, esperando.
A van parou uns minutos depois. Pete saiu e abriu a porta da traseira. Mike engatinhou até um pequeno armário e o abriu. Ele tirou um par de algemas presas a uma corrente de quase dois metros de comprimento. Olhou com raiva para Tammy quando destrancou a jaula e abriu a porta.
— Coloque as mãos para fora.
— Vá para o inferno. — Ela abraçou a cintura, recusando-se a obedecer.
Mike a olhou com mais raiva ainda.
— Faça isso ou eu juro que vai sofrer.
Ela hesitou, sabia que ele se meteria em encrenca se a machucasse, mas acabou estendendo os braços no fim. Poderia lutar, mas perderia. De qualquer forma, eles iriam levá-la aonde quer que quisessem, então ela poderia ir como estava ou sangrando.
Mike prendeu seus pulsos e jogou a corrente na direção de Pete, que a agarrou e a rodou em torno do pulso. Mike não tocou em Tammy, com cuidado de não fazê-lo, quando destravou a corrente prendendo sua coleira à jaula.
— Mexa-se. — Pete ordenou.
Ela teve que se arrastar sentada até a abertura da van. Respirou o ar fresco e saiu. A coleira era pesada em sua garganta. Ela olhou em volta, mas viu apenas um prédio branco com cara de fábrica, com dois pisos. O estacionamento era pequeno e luzes brilhavam forte de cima, o que deixava o lugar tão claro como se fosse dia. Tudo que pôde avistar foram árvores, assegurando-a que o prédio desconhecido ficava em um local remoto.
— Vamos, sua vadia estúpida. — Pete puxou a corrente. As portas duplas de metal eram trancadas com uma fechadura eletrônica. Pete digitou cinco números, bloqueando a 151
sua visão com o corpo para ter certeza que não pudesse ver. A porta apitou e os dois a levaram para dentro do lugar bem iluminado e enorme que parecia ser uma velha recepção.
Não precisava ser um gênio para saber que o prédio tinha sido abandonado quando avistou janelas quebradas na parte de trás da sala ou as camadas de teias de aranha e poeira que cobriam algumas mesas antigas que foram deixadas para trás. Tentou ver qualquer pista que lhe dissesse qual empresa era a dona do lugar, mas não havia nomes nem logotipos nas paredes. Eles a levaram por um corredor escuro com um monte de portas onde não dava para se ver nada que havia dentro e o cheiro de mofo assaltou seu nariz. Eles a deixaram no meio dos dois, segurando as correntes que garantiam que não poderia fugir.
Um rosnado assustador, embora fraco, veio de algum lugar mais à frente. Ela parou e quis sair correndo de lá. Os homens segurando as correntes puxaram com força, prendendo-a no lugar.
Mike riu.
— Ela está um pouco assustada.
— Quem diabos não estaria se tivesse um cérebro? Puxe-a pela frente que vou atrás. Tenho certeza que o doutor já está cansado de esperar.
O olhar de Tammy se ajustou as luzes incandescentes quando entraram em outra seção enorme do prédio, provavelmente um depósito. Chão de concreto e paredes com pelo menos uns quinze metros a receberam. Uma parede foi erguida em algum momento para dividir o lugar em dois, mas não alcançava o teto. Luzes enormes de uns cinco metros cada foram colocadas em intervalos acima dela de um lado ao outro do lugar. Todas tinham sido acesas até que toda aquela claridade quase fez seus os olhos doerem.
— Finalmente chegaram. — o velho de óculos declarou, saindo do outro lado da parede que dividia o ambiente. Era o homem que Tammy viu quando foi retirada do porta-malas. Agora tinha um rosto para o título. Seus olhos verdes gélidos varreram Tammy e então se voltaram para os dois brutamontes que trabalhavam para ele.
— Já estava na hora. Ele está acordado, foi alimentado e eu dei mais dois quilos e meio de carne para ter certeza de que não esteja com fome. Ele não comeu tudo, mas acho que está satisfeito. Já garanti que não haja nada que o deixe irritado. Agora vamos ver se ele cruza com ela.
— Devíamos tirar a roupa dela antes de jogá-la lá dentro? Seria mais um estímulo para que a fodesse.
— Não. — O doutor franziu o cenho para Mike. — Ela estava vivendo com um deles e eu assumo que as roupas têm o seu cheiro. Precisamos preservar o máximo possível na esperança de que a aceite. Só jogue ela lá dentro do modo como combinamos. Juntem-se a mim logo depois na sala de monitoramento. Não quero que ele a mate só por querer a satisfação de ter uma plateia para testemunhar as suas façanhas medonhas.
— Por favor. — Tammy implorou em desespero. — Não façam isso.
Todos os três a ignoraram.
— Aqui vamos nós. — disse Pete, puxando as suas correntes para fazer com que entrasse pela abertura do outro lado da parede. — É melhor rezar para que ele cheire algo que goste em você. 152
Mike riu.
— Vamos descobrir agora mesmo.
Eles passaram por um arco e Tammy prendeu os calcanhares no chão, parando. Alguém colocou no canto uma jaula enorme em frente á parede de concreto. As barras grossas percorriam os quatro lados e o teto. O chão era de metal sólido e ficava por cima do concreto.
Uma única cama de solteiro, somente a armação e o colchão, decoravam a cela juntamente com uma privada em um canto. Essas coisas não prenderam a sua atenção. O macho lá dentro enviou uma onda de terror diretamente ao seu coração. Ele era grande, tinha um cabelo negro selvagem que caía no meio das costas nuas, e estava coberto por uma calça branca encardida com rasgos nas laterais das pernas. A calça era de cós baixo e caía folgada um pouco abaixo dos joelhos. Panturrilhas expostas e musculosas e pés enormes que estavam separados na posição em que estava. Ele virou o corpo inteiro para rosnar para eles, revelando dentes afiados, um nariz achatado, e aquelas maçãs do rosto largas e fortes que todos os Novas Espécies pareciam possuir.
Pete puxou com força a corrente presa aos seus pulsos para fazer com que andasse. Tammy choramingou. Seu olhar se recusava a se desviar quando o Nova Espécie gigante correu furiosamente em direção as grades. Ele as agarrou com as mãos, o que a fez olhar para os seus braços e peitoral musculoso antes dele fazer sons altos, cheirando o ar. Olhos escuros, quase pretos a encontraram.
— Trouxemos uma amiga. — riu Mike.
— Seja bonzinho. — provocou Pete. — Ela é alguém que você pode gostar. Ela gosta muito de passar o tempo com animais. Está fodendo com um da sua espécie. Pegamos essa aqui especialmente para você, 927.
Eles pararam perto da porta da jaula a alguns metros do furioso Nova Espécie que ficou farejando mais uma vez. O peso ao redor do seu pescoço sumiu, a coleira foi retirada, e ela mal notou quando as algemas foram removidas dos seus pulsos. Continuou apavorada e concentrada no Nova Espécie. Eles planejavam colocá-la em sua jaula.
Ele era quase tão alto quanto Valiant. Talvez um ou dois centímetros mais baixo, se fosse dar um palpite. Seus ombros, peitoral maciço e braços musculosos eram bem familiares em tamanho com os de Valiant. Era seu rosto o que a aterrorizava mais.
Um rosnado cruel e baixo soou do fundo de sua garganta quando dentes afiados apareceram. Como Valiant, aquele tinha feições animais mais predominantes do que a maioria dos Novas Espécies. Isso provavelmente influenciava no quanto ele parecia apavorante quando rosnou para ela, mostrando dentes que aparentavam poderem rasgá-la facilmente, sem nenhum esforço. O medo arrepiou a espinha de Tammy e saiu percorrendo todo o resto do corpo.
Tammy percebeu uma coisa quando uma mão a empurrou para frente, pela abertura da jaula. Uma parede de vidro grosso ficava entre o homem rosnando para os seus dois sequestradores e a porta que eles tinham acabado de abrir. O homem atrás do vidro saltou de repente e seu corpo bateu na óbvia barreira de contenção. Um barulho de algo rachando soou e partes do vidro formaram um desenho parecido com uma teia de aranha. 153
— Filho da puta. — chiou Mike. — Rápido. Esse negócio não vai segurar. Ele está muito agressivo hoje.
Pete empurrou Tammy com força, fez com que se desequilibrasse e ela caiu mais para dentro da jaula, mas conseguiu não cair de cara no chão de metal. A porta fechou com força atrás dela e ela se virou, segurando as grades que agora a prendiam ali dentro. Puxou com força, mas a porta não se moveu. Olhou para Mike e Pete, implorando aos dois silenciosamente. Eles se recusaram a sequer dar uma olhada nela quando se viraram e desapareceram na outra metade do depósito às pressas, parecendo incapazes de correrem na velocidade que desejavam. O cabelo da sua nuca se arrepiou.
Sabia por que. Sua respiração aumentou e seus dedos apertavam com tanta força o metal frio que sabia que estavam brancos. Você não pode sair. Vai ter que enfrentá-lo. Talvez possa argumentar com ele. Ela respirou fundo e expirou. Você não tem escolha. Só converse. Não tem nada a perder.
Tammy soltou as grades lentamente e se virou, o medo fazendo seu estômago pesar. Os olhos mais assustadores que já tinha visto a observavam do outro lado, a alguns metros dela. Seu olhar aparentemente negro se estreitou e ele rosnou para ela outra vez. Ela recuou, afastou-se da porta, e se pressionou na grade o mais longe que conseguiu no pouco espaço que havia.
Ele levantou as mãos e olhou para elas. Ela seguiu o olhar dele, desejando instantaneamente que não tivesse olhado. As mãos tinham unhas grossas, similares as de Valiant, mas não foram cortadas. Elas pareciam garras curtas, mas letais que raspavam a parte rachada do vidro. Um pedaço dele caiu, deixando-a saber, que ele poderia chegar até ela. Um grito surgiu, mas ficou preso na sua garganta. Ele raspou o vidro com as unhas novamente. O som foi odioso quando mais pedaços do vidro caíram e bateram no chão de metal.
— Por favor. — implorou Tammy em voz baixa. — Não me machuque. Eu fui sequestrada e trazida até aqui contra a minha vontade. Não sou sua inimiga. Eu não trabalho para as Indústrias Mercile.
O Nova Espécie parou de olhar para as próprias mãos para olhar para ela. Ela só viu indiferença em seu olhar quando seus olhos se encontraram. Ele tirou as mãos do vidro, afastou-se, e ela esperou que suas palavras tivessem significado algo para ele.
Ele de repente se arremessou, o corpo virando no último segundo, e o ombro batendo no vidro. Mais vidro quebrou. Tammy choramingou outra vez e deslizou pelas barras até alcançar o canto alguns centímetros mais longe. Não podia escapar. Ele iria quebrar o vidro e alcançá-la.
Seus joelhos pareceram virar líquido e ela deslizou no chão frio e imperdoável, de bunda. Trouxe os joelhos para perto do corpo de uma forma protetora e passou os braços em volta, abraçando-se. Ele se moveu junto com ela para o outro canto da jaula. Rosnou outra vez.
— Me escute. Por favor. Eu sei muito sobre pessoas como você. Sabe que muitas delas são livres agora? A instalação em que ficavam presos foi invadida pelo governo e eles não estão mais confinados. Eles vivem lá fora, sem grades, sem jaulas. — Sorveu o ar, sabendo que falava pelos cotovelos, mas estava orgulhosa por ao menos poder conseguir 154
falar. Continuou. — Eles se chamam de Novas Espécies. Estão mesmo livres e se eles soubessem onde está viriam para salvá-lo. Você me entende?
Os olhos do homem estreitaram mais e ele parou de rosnar. Mas continuou a olhá-la com raiva. Ela esperou que ele não passasse pelo vidro e simplesmente a matasse num piscar de olhos. Seu falatório pareceu ao menos tê-lo distraído de bater mais no vidro.
— Eu vivo com um da sua espécie. Ele me diz que pertenço a ele o tempo todo. Isso meio que me chateava até que me disse que nunca possuiu nada, que nunca lhe foi permitido se importar com nada, porque isso seria usado contra ele. Ele adotou o nome Valiant. Ele é parte leão. Tem os olhos dourados mais incríveis. Ele me ama e eu o amo. Nós vivemos na Reserva dos Novas Espécies. É um lugar enorme de área florestal e campo aberto. É onde o seu povo vive e trabalha junto para ter vidas melhores. O local é deles e são quem estão no comando de lá.
O homem rosnou para ela, ficando tenso. Ela viu músculos se contraírem quando ele colocou as mãos contra o vidro. Começou a empurrar. O vidro grunhiu e ela ouviu um som de algo se quebrando. Ele iria passar. Só havia menos de um metro e meio entre ela e a barreira. Lutou contra as lágrimas.
— A primeira vez que vi Valiant, ele me assustou. Rosnava do jeito que você está fazendo agora. Nunca tinha visto algo como ele antes. Eu achei que iria me matar, mas não matou. Fui por acidente para o lugar errado e acabei na casa dele. Ele me matou de medo, mas também era o homem mais lindo que já tinha visto. Os olhos dele são incríveis e ele tem uma juba de cabelo meio avermelhado com mechas loiras espalhadas nele. — Sua voz falhou e ela piscou para conter mais lágrimas. — Ele é um pouco maior do que você. Mais alto. Essa é outra razão por ter me assustado. Ele me pegou nos braços, me levou para a sua casa e nós começamos a conversar.
O vidro quebrou mais quando o Nova Espécie continuou a empurrá-lo. Tammy desviou o foco dos olhos dele para a barreira erguida entre os dois. Lascas cortadas tinham se espalhado mais para cima e para baixo, do teto ao chão. Não tinha muito mais tempo antes que cedesse.
— Valiant me disse que sou da família para a sua espécie agora que estou com ele. Eles se chamam assim já que nenhum deles tinha pais ou parentes. Isso quer dizer que eu também sou da sua família. Valiant… — sua voz falhou de emoção e lágrimas quentes deslizaram pelas suas bochechas. — Ele me ama e deve estar apavorado por minha causa agora. Não sabe onde estou. Fui sequestrada da Reserva. Ele virá procurar por mim e nunca vai parar. Por favor, não me mate.
O homem se afastou para estudar o vidro. Tammy parou de falar para observá-lo. Ela abraçou o corpo mais forte, tentando parecer o menor possível enquanto se espremia no canto. Sabia que ele examinava o vidro, procurando pelas partes mais fracas. Suas palavras não pareceram importar e nada que ela disse fez com que quisesse parar de atacar a divisão para machucá-la.
Ele se moveu de repente, recuou um pouco, sua atenção fixa na seção de vidro rachado. Ela prendeu o fôlego quando ele pausou, mas ofegou quando se arremessou para frente. Ele rodou seu corpo enorme no último segundo antes de jogar seu corpo inteiro contra a partição e para o seu horror, ela cedeu. Ele passou por ela em alta velocidade e 155
bateu nas grades a poucos centímetros de onde estava agachada. A seção da parede de vidro por onde ele passou caiu ao chão, por pouco não a atingindo.
Tammy choramingou e levantou a cabeça quando ele se endireitou. Ele girou o ombro que tinha sofrido o maior impacto do vidro e das barras. Alguns arranhões marcavam sua pele, mas a parede tinha quebrado em pedaços grandes, obviamente era algum tipo de vidro de segurança.
Ele se virou para ela, olhando-a com raiva, e rosnou. Deu um passo em sua direção e outro até que poucos centímetros separavam seu corpo de suas pernas.
— Por favor. — ela implorou em voz baixa. — Não faça isso. Estou dizendo a verdade.
Ele abriu as coxas quando se agachou, prendeu-a entre elas, mas não a tocou quando a fungou. Tammy fitou seus olhos apavorantes e escuros, esperando que fosse mais difícil para ele matá-la se ela ficasse olhando para eles. Ela viu uma emoção rolar naquelas profundezas escuras. As mãos dele a alcançaram e agarraram sua camiseta entre os seios, e a puxaram com força do chão quando ele se colocou de pé depressa.
Tammy ouviu o tecido rasgar quando foi forçada a ficar de pé. Ela choramingou novamente. Ele a tinha pela camiseta e usou aquilo para jogá-la contra as grades às suas costas. Ela levantou os olhos para o rosto dele e prendeu os joelhos juntos para evitar desmoronar. Tremia muito quando ele se inclinou para colocar o rosto próximo ao seu.
Olhos negros estreitaram quando continuou a farejá-la. A boca se apertou em uma linha fina e cruel quando parou. Um murmúrio baixo saiu da boca dele, que se encontrava perto demais da sua. Ele a apertou mais até a pele quente tocar seus braços, que ainda abraçavam sua cintura, e a cabeça dele baixou mais. Ele cheirou o seu cabelo, o nariz roçando por cima dele, e bateu com queixo na sua bochecha, empurrando.
Tammy fechou os olhos com força e virou a cabeça. Mesmo que pudesse sentir a respiração morna dele soprar em seu pescoço quando continuou a examinar seu cheiro. Por favor, não rasgue a minha garganta com esses dentes afiados. Ela não conseguiu dizer essas palavras, apavorada demais para falar com as mãos dele nela, e o corpo quase esmagando o seu no metal frio. Os dentes afiados nunca chegaram a tocá-la.
O corpo dele ficou rígido. Seu coração martelava dentro do peito tão forte que começava a doer. Ele se moveu, diminuindo a pressão do peito no dela, até que a sua respiração se acalmasse. Foi preciso cada pedacinho de coragem que possuía para levantar os olhos para ele outra vez quando voltou a virar a cabeça. Ele olhava com raiva para o seu olhar assustado. Recuou e soltou sua camiseta rasgada.
— Quieta.
Ele rosnou a palavra.
Tammy não ousou se mover. Ele a observou atentamente até baixar o olhar pelo seu corpo para estudá-la. Chocou-a quando de repente ficou de joelhos à sua frente, as mãos agarraram seu quadril, e o rosto pressionou a pele entre os seios onde ele havia rasgado a camiseta. Ela sorveu o ar, mas conseguiu não gritar, morrendo de medo de que isso o irritasse. Uma língua quente de repente lambeu a lateral do seu peito e ele rosnou.
Ela parou de respirar, mas a língua dele deixou a sua pele. Respirou de forma fugaz quando ele a fungou e jogou a cabeça para trás. Uma mão soltou seu quadril para agarrar a 156
parte de trás de sua saia, que ele puxou para cima para expor sua barriga. Ele colocou o nariz em sua barriga, mas não doeu. Inalou profundamente enquanto esfregava o rosto mais embaixo, no topo da sua calcinha. Ele fez uma pausa quando chegou no elástico.
Eu não estou morta. Ele não me matou. Isso tem que ser bom, certo? Tentou pensar em algo que dizer, mas decidiu que agora seria o momento de manter a boca fechada.
Isso até o cara abrir as coxas para baixar mais o corpo e de repente pressionar o rosto no vértice de suas pernas.
— Pare!
Suas mãos o alcançaram sem pensar, agarraram os ombros largos dele e empurraram. Ele não cedeu um centímetro, forte e grande demais para se mover.
Ele levantou a cabeça de supetão, a boca aberta para revelar dentes afiados, e rosnou para ela. Tirou as mãos de cima dele como se a tivesse queimado, o terror a atacou com o olhar mortal que lhe deu, e ele abaixou a cabeça novamente.
Colocou o rosto de volta no encontro de suas coxas e cutucou seu sexo com o nariz, cheirando-a lá, como se realmente fosse um cachorro. Jogou a cabeça para trás, olhou para ela e soltou sua camiseta quando se levantou outra vez.
Tammy lutou para não dar um grito quando virou o seu corpo, pressionou o rosto nas barras e começou a cheirar do topo do ombro até as costas. Ele tirou a camiseta do caminho puxando-a para cima. Ela fitou a parede de concreto a centímetros do seu nariz, onde a jaula foi colocada. Ele rosnou algumas vezes quando se abaixou com as mãos mantendo-a no lugar, e ficou de cócoras atrás dela para cheirar até a parte detrás das suas coxas. Pelo menos ele não enterrou o rosto no seu traseiro. Tentou encontrar conforto em ter sido poupada disso.
Ele a virou de volta, olhando-a de uma forma que deixava seus pensamentos e sentimentos um mistério, mas não parecia mais irado. Seu olhar escuro de fato não parecia mais frio nem assustador. De repente, ele estendeu a mão e circulou seu braço, mas o aperto não doeu. Ele na verdade parecia cuidadoso de não machucá-la com sua mãozona.
— Venha. — Sua voz saiu rouca, grossa, mas não era um rosnado nem um rugido.
Ele recuou, puxando-a para fazer com que o seguisse. Ela andou com as pernas moles, incerta do que aconteceria em seguida. Ele recuou mais, puxando-a mais um metro, e virou a cabeça para observar o buraco que fez na partição. Passou por ele, com cuidado de não encostar a pele nas extremidades cortantes, e não lhe deixou escolha a não ser também passar por ela. Seguiu-o timidamente, muito agradecida que não a tivesse matado, até perceber para onde a levava.
O medo fez com que tentasse se desvencilhar daquela mão quando avistou o colchão ali perto.
— Não.
Os olhos escuros se estreitaram de maneira ameaçadora. — Deite, agora.
— Eu pertenço à Valiant. — Não pôde evitar a onda de lágrimas que a cegaram até piscar todas elas de volta. — Por favor, não faça isso. 157
A boca dele se moveu, retorceu dos lados, mas aquela foi a única demonstração de emoção em seu rosto.
— Relaxe. Não montarei você.
Até eu fiquei com medo kkkkk
ResponderExcluirJá tava chorando aqui kkkkkkk
ResponderExcluirEu tbm nossa kkkkkkk
ResponderExcluirMano eu fiquei com um frio na barriga, e os meus olhos já tava lacrimejando , cacessete faz tempo q não leio uma história q mas faz ficar desse jeito kkkkkkk
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ResponderExcluirCaraca .... Fiquei tão tensa aqui lendo. Pensei que a coitada ia ser forçada a cruzar com ele. .. quando vi o final cheguei a soltar uma lágrimas atrevidas. AFF . Quase tive um treco... Graças a Deus até ae deu tudo certo . Vamos ver o que vai dar o resto 🙏😱😕😂
ResponderExcluirTava tendo um ataque já
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