Jessie estava nervosa quando saiu da cabine e ergueu a bolsa de ginástica em seu ombro. A visão de manifestantes que marchavam perto do portão a irritou instantaneamente. Será que não tinham vida? Algo melhor para fazer que perseguir um grupo de pessoas que nunca fizeram nada para eles? Jessie parou ao lado da janela da cabine e entregou ao motorista vinte e três dólares.
— Guarde o troco.
— Obrigado. — Ele deu ré no veículo.
Seu olhar estudou os homens e mulheres quando ela se dirigiu para as portas. A ONE de Homeland era a casa principal das Novas Espécies e também tinham uma enorme área arborizada que compraram e chamaram de Reserva. Ela esteve aqui antes, mas nunca teve que atravessar os portões da frente. Vinha num helicóptero, trazendo fêmeas, que eram prontamente levadas, sem nunca passar da área do heliporto. Agora, ia viver e trabalhar dentro de Homeland. Dizia-se que Justice morava lá em tempo integral e isso significava que provavelmente o veria algumas vezes.
— O que está fazendo aqui? — Era um cara de quarenta e poucos anos, que saiu da linha segurando um cartaz que dizia "Abominações não serão toleradas, adoramos o Senhor." Jessie parou, levantou a cabeça e deu-lhe mais uma vez um olhar crítico.
— O que você está fazendo aqui?
Ele franziu a testa.
— Estou usando meu direito como americano de expressar minha opinião.
Ela encolheu os ombros.
— Estou aqui porque meu traseiro americano quer. — Ela avançou mais 1,5m antes do idiota se mover, pulando no seu caminho. Ela parou, seu corpo ficou tenso e o avaliou como uma ameaça potencial. Ele tinha cerca de cinco centímetros a mais que ela e não estava em boa forma com sua barriga de cerveja e braços flácidos. Ele olhou para a bolsa com os olhos apertados.
— Vai ficar aqui?
— Você é muito inteligente. Sim. É por isso que tenho uma sacola comigo.
Ele franziu o cenho, parecendo mais irritado.
— Não pode ir lá. É um covil do mal.
Jessie sorriu com frieza.
Isso pareceu deixar mais louco o estranho.
— Duvida de mim? Tenho a palavra do Senhor ao meu lado. Ele me disse para vir aqui e que eles saibam que não são bem-vindos na América. Somos um país amante de Deus. Laurann Dohner Justice
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Jessie amava caras como este. Estava ganhando seu dia, quando ela riu.
— Uau! Deus fala com você? Isso é ótimo. Pode dizer-lhe que eu gostaria da paz mundial e Elvis de volta? Sonho com ele se juntando com alguma banda de metal legal. Poderiam fazer alguma música incrível juntos.
O homem ficou de boca aberta, mas finalmente fechou a boca. Seus olhos se arregalaram, enquanto o rosto ficava vermelho.
— Zomba de mim? Zomba de Deus?
— Não. Nunca zombaria de Deus. O que zombo é que você é um idiota que não parece saber disso. Em vez de perder seu tempo aqui, deveria estar resolvendo sua própria vida. Pergunto-me o que Deus tem a dizer sobre julgar os outros? Lembra-se disso? Eu lembro, da escola bíblica. Nunca vi um adesivo que diz que Jesus ou Deus ama você, a menos que... preencha os espaços em branco. Comece uma vida e perceba que, se Deus realmente fala com você, ele tem coisas melhores para dizer e fazer do que perder tempo irritando pessoas boas. Ele fala sobre amor e aceitação, não estupidez e ódio. — Sua atenção se voltou para seu cartaz e depois para ele. — Pode querer tomar algumas aulas já que não parece saber que vírgula deve vir num período. Pode aprender algo como compaixão também enquanto está nisso. Sei que é bom caminhar e tomar ar fresco, mas faça-o num parque, não perturbando pessoas boas que estão tentando melhorar suas vidas. Deve tentar isso algum dia. Pode fazer de você um ser humano decente. Atualmente está fazendo um trabalho de merda aqui.
Jessie se moveu ao redor dele. Ele estava chateado, ofegante e chocado. Jessie avistou dois sorridentes policiais Espécies de onde guardavam a entrada do portão. Estava claro que ouviram cada palavra. Ela manteve as mãos onde pudessem vê-las e tentou parecer ameaçadora enquanto se aproximava. Eles permaneceram do outro lado das portas e estavam fortemente armados.
— Olá. Sou Jessie Dupree. Vou estendeu minha mão para meu bolso da frente e puxar a carteira de motorista lentamente.
Um deles deu permissão. Ela tirou sua licença e a entregou através das grades.
— Justice North falou com o senador Jacob Hills esta manhã e me ofereceu um emprego em Homeland. Não era esperada tão cedo, mas aqui estou eu. — Um deles entregou de volta sua licença. Ele hesitou antes de alcançar algo na parede, fora de sua vista. Pegou uma prancheta e passou o dedo por ela. — Deixe-a entrar. Está na lista.
O segundo oficial destrancou o portão. Jessie entrou, parou e viu a porta trancar atrás dela. O primeiro oficial deu um sorriso educado e indicou que deveria segui-lo. Jessie deu aos manifestantes um aceno antes de sair da vista. As paredes ao redor de Homeland tinham nove metros de altura e corredores acima de onde mais oficiais Espécies patrulhavam.
— É um procedimento padrão verificar sua sacola. Todo mundo tem que ser revistado. Também temos que revistar você. Peço desculpas, mas devido às graves ameaças contra a ONE é necessário. Posso chamar uma policial feminina para te revistar se ficar desconfortável comigo tocando você. Posso ter uma aqui em menos de dez minutos. Temos algumas garrafas de água e refrigerantes Laurann Dohner Justice
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disponíveis para que possa confortavelmente esperar. Entretanto, temos que revistar sua sacola agora. Precisamos ter certeza que não existem quaisquer armas ou bombas nela.
— Entendo. Costumo carregar uma arma, tenho licença, mas não a trago comigo. Sei que não é bom aqui, então a deixei com minha equipe.
O homem piscou.
— Equipe?
— Trabalhei com o Grupo de Trabalho de Recuperação Humano à ONE até esta manhã.
Ele sorriu.
— Não sabia que tinham nenhuma fêmea.
— Eu era a única. — Ela virou o rosto para a parede e abriu as pernas. — Vá em frente e me reviste.
O homem foi eficiente e não fez Jessie querer socá-lo. Suas mãos correram sobre seus seios, mas não pararam, apertaram ou apalparam. Ele se agachou e começou em seus tornozelos e passou as mãos por todo o caminho até em cima. Usou as costas de sua mão para ter certeza que ela não tinha uma arma dentro de sua calcinha. Ele se levantou e voltou. Jessie se virou e olhou para ele.
— Obrigado. Notificamos o escritório da sua chegada e estão enviando um jipe para você, Srta. Dupree.
— É apenas Jessie. Obrigada.
Ele sorriu.
— Sou Flame e meu parceiro lá olhando para os manifestantes é Slash. Obrigado pela diversão quando falou com o homem lá fora. Ele gosta de zombar de nós.
— O prazer foi meu. Quando ele começar de novo é só cantar Elvis e aposto que ele vai calar a boca. — Ela piscou. — É a melhor maneira de lidar com eles. Ficará totalmente irritado, vai saber que é um insulto, mas não vai soar assim para ninguém mais, exceto ele.
O policial riu.
— Vou me lembrar disso e passar para os outros.
— É justo que revide. Tenho certeza que tem passado um inferno aqui. Posso fazer uma pergunta pessoal?
Ele deu de ombros.
— Claro.
— Por que escolheu Flame para seu nome? Poderia entender se tivesse cabelo vermelho, mas o seu só tem reflexos vermelhos.
Ele sorriu.
— Adoro assistir um fogo queimando e muitas vezes passava minhas noites sentado na frente de uma fogueira. O cheiro de lenha é agradável, as chamas são belas e tão animadas.
— Sempre gosto de perguntar. Tem sorte por escolher seus nomes. Fiquei presa com Jessica Marlee Dupree. — Ela balançou a cabeça. — Meus pais disseram que era bonito. Acho que estavam fumando drogas para rimar dois dos meus nomes. Laurann Dohner Justice
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Ele riu.
— É por isso que insisto em ser chamada de Jessie. Ouço alguém me chamar pelo meu nome completo e apenas me encolho. Parece que eu deveria estar cantando velhas músicas country ou algo assim. Você tem significado para seu nome.
— Você é uma alegria para estar ao redor. — Ele sorriu. — Seus pais fizeram a coisa certa.
— Obrigada.
— Realmente vai trabalhar aqui?
— Sim. Não sei o que vou fazer, mas fui despedida da equipa esta manhã. Fui enviad para cá.
Seu sorriso escorregou.
— Quer dizer demitida? Por que a demitiram?
— Levei um tiro. Foi só um arranhão, realmente. Matei três idiotas também, mas eles mereceram. É uma longa história. Foi um bom tiro, mas meu pai é o senador Jacob Hills, e o apavorei. Ele me despediu para se certificar que não estou mais em perigo, ou me coloque numa situação que poderia ter que matar idiotas. — Ela sorriu para suavizar suas palavras. — Acho que ele pensou que estaria mais segura aqui. — Ela estudou as paredes altas e os oficiais Espécies armados patrulhando acima com armas de grande porte. — Posso ver que este lugar é muito seguro.
Flame sorriu.
— Onde levou um tiro?
Ela se virou para mostrar as costas e estendeu a mão em seu cabelo. Em segundos o separou para revelar uma área raspada com cerca de dois centímetros de comprimento e uma polegada de largura coberta com uma bandagem. —Foi só um arranhão. A bala levou algum couro cabeludo, mas, ... — ela soltou o cabelo e se virou para ele. — Lembre-se de sempre usar o colete no plantão. — Ela olhou para ele. — Levei duas rodadas nas costas de um atirador. — Ela apontou para seu colete. —Eles funcionam bem. Tudo que tenho são algumas contusões.
— Surpreendente. — Ele sorriu. — Tem amigos aqui? Trabalhando com a força-tarefa deve ter feito algum.
— Não. Conheci algumas pessoas, mas ninguém que passasse muito tempo. — Exceto Justice. Não o mencionou em voz alta contudo.
— Por que não me liga quando se acomodar? Temos um bar aqui. Adoraria pagar uma cerveja e apresentá-la a todos. Acho que vai fazer um monte de amigos. É muito engraçada.
— Eu gostaria disso. Nunca se tem bastantes amigos.
— Temos uma lista telefônica. Estou listado. Só chamar Flame. Não tenho sobrenome. Não tive razão para escolher um. — Um Jeep conduzido por uma mulher Espécie se aproximou dos portões. Era uma mulher grande, obviamente um protótipo experimental e não uma fêmea-presente. Jessie não tinha muita experiência com as fêmeas, exceto com as que passou algum tempo na Reserva. Gostava muito de Breeze.
— É sua carona. Espero que goste de viver e trabalhar aqui, Jessie. Foi um prazer conhecê-la. Espero pagar uma cerveja em breve. Ligue para mim. — Flame acenou. Laurann Dohner Justice
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Ela agarrou sua bolsa de ginástica e acenou de volta.
— Foi um prazer conhecê-lo também. Vou ligar sobre a cerveja. — Ela foi para o jipe.
A grande fêmea Espécie fez uma careta.
— Humana, venha comigo.
— Olá. Sou Jessie. Você é minha carona?
— Sim. — Ela não parecia feliz. — Sou Midnight. Por favor, suba. — Jessie jogou a bolsa de ginástica no banco detrás e sentou no banco de passageiro. Não colocou seu cinto. Não existiam leis de cinto de segurança nas propriedades Novas Espécies. Não tinham muito tráfego ou problemas de excesso de velocidade. Ela viu principalmente carrinhos de golfe estacionados ao longo da maioria dos estacionamentos. A motorista virou o jipe e olhou para Jessie novamente, obviamente, não feliz por ser atribuída para levá-la a qualquer lugar.
— Não gosta de humanos em geral ou é só comigo? — Jessie manteve o sorriso no lugar.
— Não quero ser rude. — Ela olhou para Jessie com uma aparência mais suave. — Não estou acostumada a lidar com seu tipo e minhas experiências não foram boas.
— Sei. Bem, sou uma espertinha total, mas estou sempre bem com as pessoas, a menos que não sejam bons para mim primeiro. Não acho que está sendo rude. Só gostaria que me desse uma chance antes de decidir não gostar de mim. Tenho a mente aberta sobre você.
Midnight sorriu.
— Estou vendo.
Jessie teve que aprender a quebrar o gelo por toda a sua vida. Como filha de uma figura pública teve que lidar com um monte de desconhecidos em diferentes tipos de cenários. Podia ser mais aberta e franca com Novas Espécies do que com os humanos e gostava disso. Espécies não jogavam ou mentiam facilmente. Eram diretos.
— Então, é você quem vai me dizer onde trabalho, o que faço, onde vou dormir e quando começo? Estou meio no escuro, exceto que tenho um trabalho e vou viver aqui.
Midnight mostrou seu olhar azul para Jessie.
— Supostamente só fui buscá-la e levá-la para um dos chalés. Disseram-me para mostrar a casa, esperar até que esteja pronto e, em seguida, levá-la para o Centro Médico. Não sei de mais nada.
Essas pessoas precisavam de ajuda com seu programa de orientação de trabalho, Jessie decidiu.
— É justo. Será que tenho que viver com alguém ou terei meu próprio quarto?
— Vai ter sua própria casa de campo. Não compartilhamos espaço, a menos que a gente viva no dormitório das mulheres, mas todos temos nossos próprios apartamentos. Partilhamos apenas algumas áreas comuns. São apenas para as Novas Espécies, e aos humanos e visitantes são atribuídas casas. São casas localizadas em áreas seguras e isoladas do resto da população em geral.
Jessie ficou em silêncio, se permitindo absorver a informação. Dentro de áreas seguras e isoladas da população em geral soava bastante sombrio. Midnight não era conversadora e não pareceu se importar com o silêncio que se estendeu entre elas. Jessie olhou ao redor. Laurann Dohner Justice
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Havia muitos prédios sem nomes, mas não tinha mapas para identificá-los. Percebeu que não via quaisquer números em nada, em qualquer coisa. Encolheu os ombros. Deixaram os edifícios e se dirigiram através de um grande parque. Havia toneladas de árvores e um lago obviamente artificial.
— Isso é muito bonito.
Midnight olhou para a água.
— Gosto mais da Reserva. Eles têm um lago muito grande e é muito bonito. Faz quatro semanas que estive lá e quero voltar.
— O que faz lá? É melhor que dirigir os novos funcionários ao redor? — Ela quis dizer isso como uma piada.
— Slade cuida da Reserva, e pediu ajuda das fêmeas enquanto a construção está sendo feita lá. Precisava de ajuda com a segurança, então 20 de nós fomos para lá. Depois que tudo terminou nos trouxeram de volta para cá. Sentimos falta. Isso é bom, mas a Reserva é melhor. Agora vamos negociar turnos para que eu vá por um mês, mas depois vamos nos mudar. Funciona bem e dessa maneira nossas fêmeas serão divididas igualmente entre os dois locais.
— Ser dividida igualmente é importante?
Midnight hesitou.
— Somos muito menos que os homens e eles são protetores conosco. Se algo ruim acontecer num lugar, eles querem ter certeza que nem todas serão mortas. — Ela fez uma pausa. — Recebemos ameaças o tempo todo por seu tipo, de nos explodir e caçar como animais. Faz com que os homens se preocupem conosco e vão dividir nosso número de maneira uniforme.
— Entendo. Os humanos podem ser muito ruins, não podem? — Midnight lançou-lhe um olhar surpreso.
— Conheço as falhas do meu povo. — Jessie deu de ombros. — Alguns de nós são bons, enquanto outros merecem uma bala na cabeça.
A mulher sorriu, mas a Espécie tentou esconder, virando a cabeça para frente para ver a estrada.
— Também estamos aqui porque Justice e o Conselho decidiram que devemos cuidar de todos no nosso povo. Algumas de nossas mulheres não viviam aqui até recentemente, e precisam das mais fortes fêmeas para cuidar delas.
Jessie se moveu em seu assento.
— Quer dizer as fêmeas-presente?
Midnight de repente olhou desconfiada para Jessie, e ela franziu a testa.
— O que sabe sobre elas?
— Na verdade, muito. Até esta manhã fazia parte da equipe que as recuperava e devolvia para serem ajudadas por seu povo.
A mulher pisou duro no freio. Jessie quase bateu no painel do carro. A mulher se virou inteira em seu lugar para enfrentar Jessie, estudando seu cabelo.
— É você! Você é Jessie! — Um sorriso irrompeu no rosto de Midnight. — Tiny e Halfpint conversam sobre você o tempo todo! Todos o fazem, mas, sobretudo as duas. Laurann Dohner Justice
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Jessie se recuperou de quase ser um inseto no interior do para-brisa e empurrou a bunda atrás contra o assento.
— Tiny e Halfpint estão aqui? Sério? O que aconteceu com o retiro de mulheres que estavam vivendo?
— Oh, não as enviamos mais para lá. Tornou-se muito perigoso. Não queremos aquelas bonitas mulheres humanas ou nossas fêmeas feridas. Estavam recebendo ameaças de morte por abrigar Espécies. — Midnight ainda sorria. — Espere até que eu diga a elas que está aqui. Adoram você. Sempre que estão se sentindo assustadas e com medo, pensam em você. É pequena como elas, mas disseram que é feroz. — Midnight olhou para Jessie e seu sorriso escorregou. — Não parece feroz. Parece pequena e meio fraca.
Jessie riu.
— Sou mais forte e mais resistente do que pareço.
Midnight não parecia convencida.
— Vou levá-la para a casa e ao Centro Médico. Vou dizer às fêmeas que salvou que está aqui. Podem querer assar algo. Estão aprendendo e estamos orgulhosas de suas habilidades. — Midnight levantou a bota do freio e acelerou. — Não fira seus sentimentos. — Soou ameaçadora.
Jessie se recostou contra seu assento.
— Não sonharia com isso. Amo assados e adoraria vê-las.
Cerca de duas dezenas de casas realmente bonitas estavam situadas do outro lado do lago. Eram todas de diferentes cores. Jessie esperava ter uma com essa vista. Eram maiores do que pensava que seriam quando ouviu a palavra casa. Realmente não se assemelhavam a casas, mas deu de ombros também. As casas que viu deviam ter cerca de 500 m². Midnight não desacelerou o Jeep quando passaram pelo portão principal das casas.
— Não eram esses os chalés? — Jessie olhou atrás.
— Sim. Disseram-me para levá-la para as outras casas.
— Há mais?
— Essa é a área onde humanos trabalham ou visitam Homeland. Você foi atribuída ao lado das Novas Espécies.
Jessie franziu a testa, voltando a olhar para Midnight.
— Lado das Novas Espécies, tipo apenas Novas Espécies vivem lá?
— Sim. Não sei por quê. Perguntei, mas fui informada para fazê-lo. Então faço. — Chegaram a outro condomínio fechado. Uma guarita com um oficial Espécie em seu uniforme preto esperava. Midnight apertou os freios.
— Esta é a fêmea humana? — O homem olhou para Jessie com curiosidade.
— Sim. — Midnight anunciou. — É ela.
O oficial sorriu.
— Bem-vinda. Sua casa foi preparada e me disseram para dizer que se precisar de alguma coisa é só falar, Sra. Dupree. Ou então a quem estiver aqui de plantão. Alguém sempre estará nos portões. É Laurann Dohner Justice
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só apertar o botão no interior da porta de sua casa para chegar até nós. É claramente identificado. Vai nos deixar saber que precisa de ajuda. — Seu olhar se voltou para Midnight. — É a cor-de-rosa depois da azul escuro. É a mais alta no topo da colina. — Ele apontou.
— Obrigada. — Jessie forçou um sorriso. Por que me colocaram aqui?
O policial abriu o portão eletrônico e ele balançou se abrindo. Midnight passou. Jessie olhou para as casas por onde passavam. Eram semelhantes às casas por onde passaram, e em que todos os humanos viviam. Eram bonitas, casas novas, mas pareciam um pouco maiores que as dos humanos. A comunidade era construída sobre uma colina com vista para Homeland.
Midnight dirigiu até a rua no topo onde uma excepcionalmente grande casa azul escuro ficava longe de todas as outras casas, mas uma cor-de-rosa, um pouco menor ficava ao lado. Um grande quintal estava localizado de cada lado das duas casas, as distanciando das outras da rua.
— É esta. — Midnight apontou. — É grande para uma pessoa.
— Sim. — Jessie estava em choque. — Esperava apenas ser atribuída a um quarto.
Midnight estacionou na garagem e saiu. Jessie saiu mais lentamente. Alcançou a parte de trás e agarrou sua bolsa de ginástica, depois seguiu Midnight até a porta da frente. A chave foi deixada na fechadura. Midnight a pegou e entregou a Jessie.
— Sua. — Midnight empurrou a porta e a abriu.
Jessie entrou. A sala de estar tinha bom tamanho, totalmente mobiliada e uma lareira de pedra cinza. Era charmosa e a adorou. Deixou cair o saco antes de se virar para Midnight novamente.
— Vamos para o Centro Médico.
— Não vai explorar?
— Não. Vou fazer isso mais tarde. Estou morrendo de vontade de saber o que faço agora.
Midnight piscou.
— Tudo bem.
Jessie trancou a porta e guardou a chave. Seguiu Midnight até o jipe. O policial parou na porta delas com uma expressão profunda.
— Há algo de errado?
Midnight deu de ombros.
— Ela disse que vai olhar mais tarde. Quer ir para o trabalho.
Ele estendeu a mão e digitou um código para abrir o portão elétrico.
— Tenha um bom dia.
O Centro Médico estava localizado perto das portas dianteiras. Era um prédio de um andar com uma frente de vidro. Parecia deserto quando Midnight estacionou o jipe no meio-fio. Não havia ninguém na rua também. Jessie saiu.
— Este é o lugar onde eu saio. — Midnight deu um aceno de cabeça. — Aproveite seu trabalho, seja qual for.
— Obrigada. — Jessie hesitou. — Como faço para chegar em casa mais tarde? — Midnight encolheu os ombros. — Não sei. Ninguém me disse para buscá-la. Laurann Dohner Justice
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Ela se despediu e foi embora.
Jessie enfiou as mãos dentro dos bolsos traseiros das calças de brim e viu Midnight desaparecer no jipe virando a esquina. Suspirou. Até agora, isso devia ser um de seus mais estranhos dias. Virou-se, estudando o Centro Médico e abriu as portas de vidro.
Dentro havia cadeiras contra a janela, um longo balcão e atrás do balcão estavam mesas de exame. Estavam abertas para qualquer um ver. As sobrancelhas de Jessie se levantaram. Olhou em torno do quarto, mas não viu ninguém. Avistou portas e corredores sobre o outro lado do balcão.
— Olá! — Jessie não exatamente gritou, mas sabia que alguém devia ouvi-la.
— Venha. — gritou um homem no corredor. Ele parou e olhou para ela.
— Deve ser a Srta. Dupree. Sou Paul, o enfermeiro aqui. O Doutor Ted Treadmont está nos fundos com Bela. Estamos tão felizes que esteja aqui. Odiamos prendê-la, mas estava muito traumatizada pela noite passada. Queremos acordá-la e deixá-la te ver. Pensamos que poderia acalmá-la te ver ao seu lado. Quando acordou esta manhã depois que as drogas passarem, não parava de gritar. Tivemos que sedá-la de novo.
Jessie rodeou o balcão.
— Vou fazer o que posso.
— Obrigado. Ficamos aliviados ao ouvir que estava vindo. Trisha, uh, a Doutora Norbit, está de férias e incapaz de voltar para nos ajudar. Pensamos que uma mulher ajudaria. Consideramos trazer outras Novas Espécies para sentar com ela, mas não queríamos chocá-la mais. A maioria era jovem demais para lembrar muito e quando vissem seu próprio tipo ficariam assustadas. Algumas não parecem diferentes de nós. Só viram humanos, de modo que ver uma Espécie as assusta.
Jessie piscou.
— Nunca pensei nisso. Ainda tenho que encontrar uma mulher que tivesse um espelho em qualquer prisão que esteve confinada.
— É. É um processo de aprendizagem. Vou ficar feliz quando Trisha voltar. Precisaram dela na Reserva há alguns meses.
Paul a levou por um corredor. A última cama no canto era de Bela. Jessie estudou o homem mais velho de cabelos brancos que estava sentado numa cadeira com um laptop em seu colo. Usava óculos e sorriu para Jessie.
— Deve ser a Srta. Dupree. Muito obrigado por ter vindo. Fui informado do que aconteceu na noite passada. — Seu sorriso morreu. — Está tonta? Experimentando náuseas? Dores de cabeça?
— Estou bem. — O foco dela deslizou para Bela.
Jessie percebeu que banharam a frágil fêmea. Seu cabelo estava agora de um belo marrom brilhante. Caía longo, fluindo sobre os ombros e ela parecia pacífica em seu sono. A roupa de cama desta vez estava limpa e ela usava uma camisola com um bonito florido.
Jessie estremeceu pelo tecido. Era bonita no estilo "eu tenho 80 anos de idade e é legal querer se parecer com uma floricultura", mas a última coisa que Bela precisava era se preocupar com senso de moda. Laurann Dohner Justice
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Jessie avançou.
— Pensei que o ferimento fosse pior.
— A maior parte era terra. — Paul balançou a cabeça.
— Ouvi dizer que estava realmente muito mal quando chegou. — Jessie deu-lhe um olhar penetrante. — Você não a limpou? — Ela olhou para o médico, decidindo que parecia um pouco frágil para lidar com esse tipo de trabalho.
— Algumas mulheres do dormitório vieram. — Paul hesitou. — Os homens não estão autorizados a tocar numa delas sem roupa, a menos que seja caso de vida ou morte. Acho que estão com medo. — Ele limpou a garganta. — Você sabe. — Ele sacudiu a cabeça. — Vê a câmera? Instalaram-na para vê-la.
— Estão preocupados que um de vocês vá molestá-la? — Jessie virou, viu a câmera e deu um aceno. Ela virou de costas para ele. — Pode culpá-los? Tenho certeza que são confiáveis, mas essas mulheres já passaram pelo pior abuso.
Paul acenou com a cabeça.
— Disseram que a maior parte era sujeira.
— Ela está bem de saúde, apesar da dieta extremamente pobre e alguns abusos que sofreu. — O Doutor Treadmont suspirou. — Me permitiram a examinar com quatro de suas mulheres presentes. — Ele encontrou os olhos de Jessie. — Foi muito abusada durante anos. Também estava morrendo de fome.
Ela entendeu o que não estava dizendo em voz alta.
— Não encontrei uma ainda que não fosse abusada ou morresse de fome. — Ela se aproximou da cama e levantou a mão de Bela para segurá-la. Parecia delicada e pequena dentro de seu aperto suave. — Sabe qual o meu trabalho exatamente? — Ela olhou para o médico.
Ele deu de ombros.
— Que trabalho? Disseram-me que estava aqui para falar com ela quando acordar. — O homem olhou para o relógio. — O que deve ser em breve. — Ele levantou. — Estarei em meu escritório. Um de nós deve ficar com ela em todos os momentos. — O olhar de Paul encontrou o de Jessie. — Basta dar um grito se precisar de ajuda.
Ele puxou a cadeira vaga para a cama, assim Jessie poderia sentar e ainda segurar a mão de Bela.
— Disseram que é melhor se os homens não estiverem por perto quando falar com ela. Boa sorte.
— Espere. Sabe o que o meu trabalho?
Ele hesitou.
— Só ficar aqui para ela. Quando falar com ela e acalmá-la, sei que vão querer que a apresente a algumas das fêmeas. Só precisam que ela não tenha medo delas. Quando estiver mais estável clinicamente será movida para o dormitório das mulheres.
Grande.
— Então vai chamar alguém para deixá-los saber quando estará pronta para ser apresentada a algumas das mulheres? Laurann Dohner Justice
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Ele apontou para a câmera.
— Tem som e estão monitorando. Fale com a câmera e saberão o que você precisa. — Ele fugiu.
Jessie estudou Bela de perto. Parecia jovem, mas em geral eram mais velhas do que pareciam. Achava que a mulher tinha, provavelmente, vinte e tantos anos. Normalmente, tinha tempo para estudar o perfil dos sequestradores machos envolvidos e saber que tipo de monstro vitimava as mulheres, mas não desta vez. Perguntou-se que tipo de monstro trancou Bela. Estava cega nisso. O que mais importava era Bela passar pelo choque de sua mudança drástica de vida.
Beuaty se agitou e Jessie levantou, segurando a mão da mulher um pouco mais apertado. Olhos castanhos se abriram e Jessie sorriu.
— Oi, Bela. É Jessie. Lembra-se de mim? Estou bem. Como está indo?
O medo foi instantâneo. A mulher ficou tensa e agarrou a mão de Jessie forte. Olhou para Jessie com olhos arregalados, alarmados, antes de parecer se acalmar.
— Pensei que tinha morrido.
— Não. Só tive um ferimento na cabeça. Estou bem. Como está se sentindo?
A mulher hesitou.
— Estou com medo.
Jessie continuou falando com ela, a acalmando, até que o medo da mulher aliviou. Descobriu que Bela ficou com seu captor por um longo tempo. Não conseguia lembrar-se da instalação de teste e não tinha ideia do que era.
Jessie precisava explicar para ela, mas não sabia por onde começar. Não queria contar todos os horrores sobre as Indústrias Mercile e o que fizeram.
Essa era uma história para outra ocasião, quando a mulher estivesse mais forte. Em vez disso gentilmente explicou que havia algumas diferenças físicas entre elas e, em seguida, começou a contar que pessoas como Bela queriam conhecê-la.
— Lembra-se do que eu disse na noite passada? Que iam levá-la para a casa de sua família e estaria a salvo? Bem, você está aqui. — Jessie lançou um olhar para a câmera. — Quero que conheça algumas delas. Algumas mulheres realmente bonitas como você. Virão em breve para conhecer você. — Ela voltou sua atenção para a mulher na cama.
Bela parecia com medo de novo e Jessie tentou acalmá-la.
— Não vão te machucar. Estava com medo de mim quando nos conhecemos, mas não está mais, não é?
— Não. Você é boa.
Jessie sorriu.
— Elas também. Estavam procurando por você. — Jessie ouviu um som suave e virou a cabeça na direção da porta. Sorriu para Halfpint, percebendo que provavelmente estavam esperando no corredor.
Jessie acenou e estudou Bela. Laurann Dohner Justice
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— Esta é Halfpint. Ela era como você, Bela. Ficou presa e machucada. — A voz de Jessie suavizou. — Ela é muito legal e sabe como está se sentindo agora. Esteve onde você está. — Bela olhou para a mulher baixa que timidamente entrou no quarto do hospital e ofegou. Halfpint levantou um pé para voltar atrás, mas Jessie fez um gesto para que ficasse. Bela soltou a mão de Jessie e levou ambas as mãos para seu próprio rosto. Jessie compreendeu.
— Halfpint não é bonita? Assim como você. — Jessie disse suavemente. — Eu disse que você tinha família aqui.
Bela encarou Jessie começando a compreender.
— Sou parecida com ela e não com você?
— Sim. É muito mais bonita do que eu poderia ser. Eu a invejo. Adoraria ter suas maçãs do rosto e olhos bonitos.
Bela sorriu.
— Sério?
— Sim. Porque acha que te chamei de Bela? É linda.
Bela olhou timidamente para Halfpint.
— Você é como eu? Ficou presa também por pessoas, quero dizer?
Halfpint piscou para conter as lágrimas.
— Sim, fiquei. Jessie me achou e me trouxe para casa. Estou livre há um tempo e estou tão feliz aqui. Posso tocar em você? Gostaria de te abraçar.
O olhar de Bela voou para Jessie. Jessie assentiu enquanto recuou e trocou de lugar com Halfpint. Em minutos, as mulheres estavam se abraçando e conversando. Jessie finalmente saiu da sala e viu Tiny escondida no corredor.
— Jessie!
Jessie a abraçou com força. Tiny era outra mulher que salvou que parecia cem por cento saudável e feliz nestes dias.
*****
Justice voltou seu foco para longe da câmara e encontrou Tiger de pé atrás dele sorrindo.
— Gosto da humana. É muito boa com nossa espécie.
— Sim — concordou Justice suavemente. — Jessie é.
O sorriso de Tiger desapareceu.
— Tem certeza que quer que ela viva em nossa área? Nunca tivemos um humano morando lá.
— Jurei a seu pai que ficaria de olho nela e que estaria segura. Não pode estar mais protegida do que vivendo onde está.
Tiger não parecia emocionado.
— Estou feliz por viver algumas casas abaixo dela. Espero que não tenha nenhum hábito estranho. Laurann Dohner Justice
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Justice estudou seu amigo.
— Que tipo de hábitos?
— Não sei. Talvez cozinhe comida malcheirosa ou pior, pode ouvir música alta que odeio.
Justice olhou para a tela de segurança. Jessie permanecia fora do alcance da câmera, agora que deixou o quarto que Bela estava sendo mantida, mas realmente queria que ela voltasse. Desejava olhar para ela, ouvir sua voz, e queria vê-la pessoalmente.
— Envie alguém para buscá-la e levá-la para casa. Ela teve um longo dia. Diga a ela para voltar ao Centro Médico pela manhã. Amanhã pode levar Bela para o dormitório se Ted autorizar. Providencie seu jantar. Não deve cozinhar hoje a noite, após as últimas doze horas que sofreu. Ela gosta de costela.
As sobrancelhas de Tiger se ergueram.
— Como sabe disso?
Justice interiormente estremeceu por revelar tanto.
— Apenas sei. Certifique-se que seja cuidada e bem alimentada. Tenho que fazer algumas chamadas. O governador está exigindo que vá a um evento de caridade no próximo mês e vou aceitar. É pelos direitos dos animais e seria má publicidade recusar, então se prepare para ficar aborrecido.
— Merda. — Tiger gemeu. — Leve Brass.
— Ele vai, mas quero você lá. — Humor curvou os lábios de Justice. — Se tenho que sofrer, você também. A esposa do governador o achou especialmente encantador.
— Ela bateu no meu traseiro!
— Vê? Ela é amigável com as Espécies.
Justice riu, saiu do edifício de segurança de forma rápida e esperava limpar sua agenda o mais rápido possível. Jessie estava em Homeland e queria falar com ela.
ah que inveja da esposa do governador...
ResponderExcluirKkkkkk sim cara
ExcluirKkkkk eu TBM
ResponderExcluirOuche só bater, tinha apalpado também..
ResponderExcluirHahaha muita inveja da mulher do governador mas eu teria apalpado também. Se é para aproveitar então vamos fazer direito!! Hahahah
ResponderExcluirEu concordo se é pra tocar , bora tocar!! Kkkkkk
ExcluirHahaha muita inveja da mulher do governador mas eu teria apalpado também. Se é para aproveitar então vamos fazer direito!! Hahahah
ResponderExcluirEu não só teria passado apalpado ou batido eu teria mordido e seguraria forte😖😍. Ahh vamos lá se é pra aproveitar uma vez que seja Ah vez😌
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