CAPÍTULO 7 Í
Justice severamente ajustou a gravata pela centésima vez enquanto olhava para sua equipe de segurança. Os humanos olhavam para eles quando entravam no saguão do hospital, mas não era incomum.
Seis grandes homens Espécies, todos vestidos em uniformes pretos, mas o que estava de terno chamava mais atenção. Justice passou as mãos nervosas abaixo de sua jaqueta cinza escura quando parou na frente do balcão das enfermeiras. A fêmea levantou o queixo e sua boca abriu, quase competindo com seus olhos arregalados.
Tentou não intimidar a mulher, falando num tom suave.
— Estamos aqui para ver Jessie Dupree. Foi trazida como uma vítima de tiroteio. — A mulher estalou a boca fechada e engoliu em seco.
— É Nova Espécie, não é?
Justice se absteve de rosnar e mostrar as presas. Não queria conversar com a enfermeira. Não queria brincar de 20 perguntas. Jessie ainda estava viva, tanto quanto sabia e queria chegar ao seu lado antes que fosse tarde demais. Tiger ficou tenso ao seu lado e estendeu a mão para colocá-la sobre o balcão.
— Isto é urgente — Tiger suavemente rosnou. — Responda, por favor, ao Sr. North e lembre-se de ser profissional.
Justice normalmente teria se encolhido, mas hoje à noite não se importava se um de seus homens fosse brusco. Queria a cooperação da mulher, independentemente de como conseguisse.
— Sim. Como disse, estamos aqui para ver Jessie Dupree.
A enfermeira olhou para o computador, digitou as informações e deu-lhes instruções no final do corredor para uma sala de espera. Não se afastaram 3 metros da mesa antes de ouvirem a mulher no telefone dizendo a alguém que um grupo de Novas Espécies de aparência assustadora estavam no hospital.
— Acha que está chamando as emissoras locais? — Tiger gemeu. — Odeio aqueles bastardos.
Justice deu de ombros.
— Vamos evitá-los na saída. — Ele realmente não dava a mínima para a imprensa. Jessie ainda está viva? Vou conseguir vê-la antes de morrer? Isso está me matando. Só precisava vê-la. Queria inalar seu cheiro e tocá-la pelo menos uma última vez. Seu peito doía muito por saber que não haveria qualquer esperança em seu futuro de passar uma noite com ela.
Tiger entrou na sala de espera primeiro, manteve seu corpo na frente de Justice e fez com que não houvesse qualquer forma de ameaça dentro do quarto. Justice imediatamente avistou o senador Jacob Hills sentado numa cadeira com as mãos cobrindo o rosto, inclinado e chorando suavemente. Justice congelou pelo som aflito. Laurann Dohner Justice
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Sentiu suas emoções se desligando da dor ao saber que Jessie já tinha morrido. Seus dedos se fecharam em punhos, porém a raiva brilhou e jurou vingança. Ia descobrir onde se escondia o atirador que a matou, e se o homem ainda estivesse vivo, o mataria com suas próprias mãos. Rasgaria o filho de uma cadela que matou Jessie, o faria gritar e sofrer muito antes de morrer. Pura raiva e dor lutaram até que recuperou controle suficiente para falar.
Tim Oberto dividia a sala com outros quatro homens ainda vestidos com seus uniformes de força-tarefa. Justice tinha que continuar respirando fundo para se impedir de perder o controle instável que encontrou. O animal dentro dele o instigava fortemente, empurrado para frente, e queria rasgar a sala e enlouquecer pelo conhecimento que Jessie foi embora.
O Senador Hills olhou para cima, suas mãos caíram e seu olhar cheio de lágrimas encontrou Justice. Pareceu surpreso ao ver Espécies e ficou em pé, instável.
— Justice, o que está fazendo aqui?
Justice engoliu em seco.
— Ouvi sobre Jessie e voei para cá imediatamente. — O senador piscou para conter as lágrimas e se aproximou mais. Passou a mão em suas calças e a estendeu.
— Obrigado. Nunca esperei que algum de vocês viesse aqui, mas isso significa o mundo para mim.
Eles apertaram as mãos.
— O médico acabou de sair. — O senador sorriu. — Sinto muito pelo show de lágrimas, mas pensei que minha filha estava morrendo. — Mais lágrimas inundaram seus olhos. — Contudo, ela vai ficar bem.
Imenso alívio rasgou através de Justice, seguido por um sentimento de necessidade de encontrar Jessie.
— Onde ela está?
— A estão limpando. — O senador riu. — Sempre disse que tinha uma cabeça dura. A bala atingiu de raspão seu crânio, mas não penetrou. — Justice fechou os olhos para esconder suas furiosas emoções. Jessie ia viver e um arranhão significava que não ficou gravemente ferida, já que não houve trauma cerebral causado pelo impacto. Abriu os olhos e respirou para se acalmar. Precisava ficar no controle. O que realmente queria fazer era derrubar o hospital até encontrar Jessie.
Queria enterrar seu rosto contra seu pescoço e a respirar dentro. Ele não se moveu, porém, com medo que não parasse por aí.
— Está chateada pelo cabelo dela. — O senador enxugou mais lágrimas, rindo. — Acredita nessa minha filha? Poderia ter morrido e está chateada por que tiveram que raspar o cabelo da parte detrás de sua cabeça.
— Rasparam sua cabeça? — Justice rosnou. Puxou uma respiração profunda. Foi só cabelo que ela perdeu, em vez de sua vida. Voltaria a crescer. O senador ficou tenso, olhando para ele, atordoado.
— Achamos estranho raspar a cabeça — afirmou Tiger, avançando para se incluir na conversa. Deu a Justice um olhar preocupado, mas forçou um sorriso. — Estamos gratos que sua fêmea vai viver. Laurann Dohner Justice
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Justice concordou com a cabeça.
— Peço desculpas. Estou chateado por que Jessie foi machucada. — Ele se forçou a entrar em modo Justice North, o macho que representava todas as Novas Espécies. — Queríamos mostrar nosso apoio.
O senador sorriu.
— Sabia que era um bom homem, Justice. Minha filha gostaria de conhecê-lo. Se importaria de ficar um pouco de tempo? Você voou todo este caminho e vai delirar por conhecer o homem de quem falo tanto.
— Eu já me encontrei com ela — Justice informou a ele. — Gostaria de vê-la.
O senador pareceu surpreso.
— Conheceu Jessie?
— Sim. Ela levou um grupo de nossas mulheres para a Reserva e ficou lá até a noite passada.
— Sua filha pode ser bastante persistente. — Tiger riu. — Pensei que ia atirar em mim se dissesse que não poderia acompanhar nossas mulheres e ajudá-las a se acomodar na reserva após o ataque no Colorado.
O senador riu.
— Essa é minha garota. A criei para não aceitar um não como resposta. Ela é uma coisinha durona. Parece com sua mãe e isso me assustou, porque sempre foi tão pequena, mas com uma personalidade tão grande. Você pensaria que era uma zagueira com 2,10m por sua atitude. — Ele mostrava orgulho paternal. — Ela pode ser difícil.
— Sim. — Tim riu. — Ela é. Na noite passada ia colocá-la sobre meus joelhos e bater em sua bunda.
O senador engasgou.
— Você ia o quê?
Tim ficou sério.
— Ela me lembra de minha filha. Tivemos uma situação onde a fêmea-presente estava sendo mantida. Dois dos nossos homens foram feridos e três atacantes invadiram a parte de trás da casa. Jessie foi ordenada a ficar de fora, mas se recusou a ouvir. Matou três dos bastardos e os manteve longe dos meus rapazes. Então, quando não conseguimos encontrar a fêmea, ela foi olhar e maldição se não a encontrou. Nós teríamos perdido a fêmea se Jessie não estivesse tão certa que havia uma Espécie lá.
Um dos membros da equipe de trabalho se aproximou.
— Sou Trey Roberts, líder da equipe de Jessie. Ela salvou meu traseiro e o do Mike. — Ele virou a cabeça para o outro homem de pé ao lado dele. — Estávamos presos e aqueles babacas podiam ter nos pegado, uma vez que não podíamos recuar. Estávamos sob fogo. Jessie derrubou todos os três.
— Ela fingiu cair. — Mike riu. — Fingiu estar baleada e morrendo para fazer o filho da puta vir acabar com ela. Ela o derrubou num piscar de olhos.
A boca do Senador estava aberta. Laurann Dohner Justice
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— Ela matou três homens? Ninguém me disse isso.
Tim empalideceu.
— Eu teria, mas acabou de chegar. Pedi a ela para encontrar um buraco, senhor. Ela devia ficar escondida até que eu pudesse alcançá-la, mas se recusou a me ouvir. É por isso que ia colocá-la sobre meus joelhos.
— Ela não deveria estar em perigo. — O senador engasgou. — Não deveria mandá-la para dentro até fosse seguro para ela entrar em contato com as Novas Espécies.
— Você foi a pessoa que deu a ela uma arma. — Tim resmungou. — Ela pensa que é parte da equipe porque você continua dizendo que ela é. Sabe como pode ser teimosa. Eu digo o que fazer, mas ela não escuta. Se o fizesse, teria esperado lá fora, mas inferno que não. Não sua filha. Pediu para ir com os homens para que pudesse estar no local certo que a mulher se encontrava. Provavelmente teria roubado um carro e batido nas portas por conta própria, se não a colocasse com uma equipe.
O senador puxou várias respirações profundas para se acalmar, mas ainda parecia irritado.
— Está certo. Essa é Jessie. — Sua boca ficou tensa. — Ela está demitida. Nunca pensei que seria tão perigoso e que teria que matar três homens ou ser atingida. Ela não vai voltar. Vou encontrar um substituto para a equipe imediatamente, mas ela não volta mais. — Seu olhar se voltou para Justice. —Gostaria de pedir que uma de suas pessoas tomasse seu lugar temporariamente até que possamos encontrar alguém de confiança. Não me importo se é homem ou mulher, mas a equipe precisa de alguém para que suas mulheres não fiquem aterrorizadas. Quem melhor para cuidar de qualquer uma delas que um de seus próprios?
Justice não queria que Jessie voltasse a trabalhar ou considerar que os machos de sua equipe permitiram que quase fosse morta.
— Vou encontrar um substituto. — Ele estudou os homens dentro da sala que pertenciam à equipe de Jessie, até que olhou para o líder da equipe, Trey Roberts. — O que poderia funcionar melhor com sua equipe? Um dos nossos homens ou uma mulher? — Ele fez uma pausa. — Tenha em mente que nossas fêmeas ficariam irritadas se algum de seus homens a assediasse sexualmente ou as incomodasse.
Trey piscou.
— Definitivamente um homem. Provocamos Jessie o tempo todo, mas ela sabe que é brincadeira. É um dissipador de estresse. Não sei se uma de suas mulheres entenderia as piadas e um dos meus homens pode escorregar.
— Feito. Vou pedir um voluntário e colocá-lo em contato com você dentro dos próximos dias. — Justice voltou sua atenção para o senador. — Vamos ter que resolver onde ele viverá e o que seria mais seguro. Não vou colocar nenhum dos meus homens em campo para ser alvo de grupos de ódio. Ele tem que ter condições de vida segura.
— Feito. Laurann Dohner Justice
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A porta abriu para admitir uma enfermeira. Ela ficou de boca aberta com os Novas Espécies. Longos segundos se transformaram em um minuto. O senador avançou, chamando a atenção da mulher.
— Sim?
Ela se forçou a olhar para ele.
— Uh, sua filha, uh. Está pronta para partir. Seus testes parecem bons e se recusa a ficar em observação. Eles são... — Ela virou a cabeça para se embasbacar com Tiger.
— Eles são o quê? — O senador rebateu.
A atenção da enfermeira voou de volta para ele.
— Ela está deixando o hospital. A liberarão tão logo esteja vestida. — A mulher girou e fugiu.
— Devo carregar nossas fotos e apenas distribuí-las? — Tiger riu. — Assim, poderiam olhar o tempo que quisessem.
— Duvido que fosse funcionar. Só querem que dê um autógrafo. — Justice sorriu para suavizar suas palavras.
Tiger se encolheu.
— Digo que não sei como escrever meu nome quando me pedem para fazer isso. Um monte de humanos acham que não sabemos ler, então acreditam.
Trey riu.
— Fez isso muitas vezes, não é?
Tiger assentiu.
— Sim. Fomos convidados à Mansão do Governador, há duas semanas e tive que lidar com uma grande quantidade de humanos no evento. Queriam que assinássemos coisas, ficavam tentando nos tocar e nos pediram para posar com eles para fotos. As mulheres passavam seus números quando apertávamos as mãos.
Mike riu.
— Cara, queria que as mulheres me dessem seus números. Não parece tão ruim.
— Não gostaria disso se fosse com você — Justice declarou em voz baixa. — Você não é mais uma pessoa, apenas é visto como uma coisa. Um objeto. Algo não consciente.
— Mas as mulheres... — Mike piscou.
Tiger sorriu.
— São muito frágeis.
Mike abertamente estudou Tiger dos pés à cabeça antes de olhar abaixo, para seu próprio corpo.
— Somos iguais.
— Não. Não somos. Eu sou mais forte. — Tiger riu, mostrando suas presas para Bob. —Tenho dentes afiados. Suas mulheres são muito frágeis.
— Ah! Suas mulheres desfrutam de dentes afiados? Uau. Isso é legal. Sim. Posso ver onde não poderia fazer isso com as nossas. Belisquei uma na bunda uma vez e ela me dispensou, dizendo que eu Laurann Dohner Justice
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era uma aberração. — Mike mostrou os dentes. — Os meus são lisos e retos e para isso pago o melhor dentista. Ela tinha uma bunda poderosa, contudo. Era uma de afundar seus dentes.
Justice suspirou, enviando ao senador um olhar de desculpas. O senador sorriu de volta, ambos parecendo entender por vezes que seus homens tinham conversas que provavelmente não deveriam. Justice ignorou Tiger e a conversa do membro da equipe. Realmente queria sair e encontrar Jessie.
— Fique e fale com seu novo amigo, Tiger. Estarei do lado de fora. — afirmou Justice, se movendo na direção dela.
— Não se esqueça de mim. — brincou Tiger.
Justice olhou ao redor do corredor quando saiu com os outros guardas machos.
O senador ficou ao lado dele. A mente de Justice fez horas extras quando percebeu que ver Jessie podia não ser a melhor coisa no momento. Os humanos estavam observando, reunidos em grupos acima e abaixo do corredor para olhar para ele. Alguns retiraram celulares para fotos instantâneas, sem se preocupar em esconder sua intenção.
A raiva o agarrou fortemente quando percebeu o perigo que representava para Jessie. Qualquer fotografia ou vídeo dele reagindo fortemente a ela seria vendido para as estações de notícias locais. À meia-noite estaria em todos os meio de comunicação de todo o mundo, fofocas especulando se podiam estar namorando e ela se tornaria um alvo para os repórteres e inimigos das Novas Espécies.
Não estavam namorando, o que implicaria se ela queria vê-lo e ele não tinha certeza se era o caso. Esperava que sim, mas isso não o tornava realidade. Podia fazer algo tolo, provavelmente o faria, se tivesse chance de tocá-la e precisava evitar isso. Seu desejo de falar com Jessie, contudo, não seria negado. De uma forma ou de outra, queria acesso a ela cara a cara, mas sob condições mais seguras. Recusava-se a colocá-la em perigo. Encontrou o olhar do senador, achando uma solução.
— Jessie precisa de um emprego e tenho um seguro para oferecer a ela. É o mínimo que posso fazer, já que foi prejudicada resgatando uma de nossas mulheres. Ainda pode trabalhar com elas, mas em condições estáveis.
O senador sorriu.
— Isso seria ótimo, Justice. Para ser honesto, ela vai ficar chateada como o inferno quando descobrir que a demiti. Estaria salvando meu traseiro. Minha filha tem muito temperamento. Que tipo de trabalho é?
Justice hesitou. Ia compensá-la.
— Ela vai viver em Homeland. É seguro e estável para ela lá. Temos um dormitório segregado onde abrigamos nossas fêmeas. Seria maravilhoso ter Jessie de volta e tenho certeza que seria uma grande ajuda.
O senador concordou.
— Parece uma boa ideia.
— Ela pode começar assim que estiver bem. — Justice teve que abafar um sorriso. Veria Jessie muitas vezes se vivesse em Homeland. Inferno, teria tanto acesso a ela que poderia convencê-la a Laurann Dohner Justice
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voltar para sua cama. O pensamento ajudou a aliviar seu desejo de vê-la imediatamente. —Teremos sorte por tê-la.
Eu teria muita sorte de tê-la. Uma imagem dela com ele em sua cama na noite anterior brilhou, mas a empurrou de volta antes que tentasse invadir os corredores para localizar Jessie e jogá-la por cima do ombro. Não faça isso. Muitos malditos humanos, a imprensa provavelmente já chegou e não pode deixar seu povo na mão. Você é o rosto dos Novas Espécies. Vai vê-la em breve. Muito em breve.
— Isso provavelmente seria hoje, conhecendo minha filha.
Hoje. Justice não pode evitar o sorriso que se espalhou pelo seu rosto.
— Vou tomar todas as providências imediatamente.
O celular de Justice tocou.
— Desculpe-me. Tenho que atender.
O senador falou.
— Eu entendo.
Justice se afastou, atendendo a chamada. Era sobre a nova fêmea que Jessie resgatou.
Ele ouviu.
— Mantenha-a sedada. Quero que ela se mude para Homeland imediatamente. — Justice caminhou de volta para o senador. — Tenho que sair. É a fêmea que Jessie resgatou. Sua cabeça não está bem. Acabou de acordar, mas se recusa a ser acalmada e a equipe médica teve que sedá-la novamente quando tentou fugir deles. Quando Jessie quiser trabalhar, vamos pedir para nos ajudar primeiro com essa mulher. Ligue-me e providenciamos o transporte de Jessie para Homeland.
— Certo. Vou levá-la eu mesmo. Tenho um avião particular à minha disposição.
Justice estendeu a mão.
— Estou feliz que ela esteja bem.
— Obrigado por ter vindo.
Em minutos Justice e seus homens deixaram o hospital. Vans de Emissoras esperavam lá fora e Justice suspirou em frustração quando os repórteres correram para eles e gritaram perguntas, mas ainda ouviu Tiger grunhir uma maldição.
— Nossa vida é foda, às vezes.
Justice concordou com a cabeça. Fez a coisa certa ao sair, apesar da tristeza atroz que torcia seu intestino por não ser capaz de se certificar que Jessie estava realmente bem. Por mais que quisesse abraçá-la, se assegurar que vivia, não queria destruir a vida dela no processo.
Jessie resistiu a vontade de chorar. Tocou o curativo na parte detrás de sua cabeça, estremeceu e odiou que raspassem parte de seu cabelo. A enfermeira lhe deu um olhar simpático.
— Ninguém vai saber se puxá-lo num rabo de cavalo ou deixá-lo solto. É na parte de trás de sua cabeça, assim alguém só vai ver se puxar seu cabelo para cima ou usar tranças. Ele vai crescer com o tempo, mas até esse comprimento, sei que é difícil. Uma vez que crescer um pouco, vai se misturar com o resto de seu cabelo e será mais difícil de ver. Precisa manter esses pontos secos. Laurann Dohner Justice
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— Eu sei. — Jessie deixou a mulher ajudá-la a sair da cama de hospital. Apertou seus lábios pelo moletom que foi entregue. Seu pai os comprou na loja de presentes e a roupa cirúrgica era sua outra opção. Odiava moletons em geral, mas o fato da roupa cirúrgica estar marcada com o nome do hospital a fazia pior. — Tenho a papelada me dizendo como cuidar deles.
— Tem que sentar na cadeira de rodas. É política do hospital com uma ordem de acompanhá-la até a porta da frente.
— Ótimo. — Jessie bufou, evitando seu comentário, já que a enfermeira era gentil.
Ela sentou humildemente e permitiu que a mulher a empurrasse para fora da sala depois de colocar sua sacola de roupas ensanguentadas no colo.
Jessie viu seu pai e Tim logo que entrou no corredor. Parte da equipe se mostrou também. Mike, Trey, Jimmy e Bob estavam encostados na parede a observando com sorrisos. Shane era o único membro ausente de sua equipe.
O senador Jacob Hills sorriu quando a viu, cortando sua conversa com Tim e correndo pelo corredor.
— Como está meu bebê?
— Sim. — Trey sorriu, levando todos para mais perto. — Como está, bebê? — O dedo do meio de Jessie coçava para ser mostrado, mas forçou um sorriso em seu lugar.
— Muito bem. Pronta para ir para casa. — Seu olhar encontrou o de Tim, e não era um bom sinal que sombriamente enfrentasse seu olhar. Isso significava que ainda estava bravo com ela por não seguir ordens. — Como está Bela? Disseram-me que ela não ficou ferida. Chegou bem, onde a queriam?
Tim hesitou.
— Tivemos que tranquilizá-la, Jessie. Ficou histérica depois que foi baleada e não podia ser acalmada. Chamamos a ONE logo de cara depois que você foi atendida. Shane ficou atrás com ela, já que ele disse que você ia querer alguém de sua equipe com ela até que fosse entregue. A ONE enviou um helicóptero para buscá-la e ele a transportou para a Reserva pessoalmente, mas está a caminho de casa agora. Está segura e estava dormindo como um bebê da última vez que a viu.
Bob riu.
— Shane preencheu a papelada e colocou Bela como seu nome. Achamos que você ia ficar chateada se ele escrevesse Lixo ou Macaca.
O senador ofegou, dando um olhar para Bob.
— Você a chamou desses nomes?
O sorriso de Bob morreu.
— Não. Isso é o como a chamavam. Jessie a renomeou de Bela.
— Ah! — O senador relaxou. — Pensei que ia ter um pesadelo em minhas mãos. Nunca os chame de nomes depreciativos. Vou demiti-lo se o fizer. Sempre os tratará com respeito, como se fossem da família.
Jessie sorriu. Laurann Dohner Justice
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— Quer dizer como chamo Jake de cabeçudo e peidão? Assim é como se chama a família. Pode querer dizer para tratá-los como qualquer pessoa, menos da família.
O senador sorriu.
— Seu irmão odeia esses nomes, Jess. Se estivesse aqui, em vez de no Afeganistão, diria ele mesmo.
— Jessie. — corrigiu ela, sorrindo. — Estou feliz que veio pai. Estou pronta para ir para casa e voltar ao trabalho.
Tim pigarreou e apontou o polegar para os homens. Jessie franziu a testa enquanto a equipe rapidamente se afastava, a deixando com seu pai. Ele parecia triste quando ela olhou para ele, confusa.
— Sobre isso. — Seus olhos azuis se estreitaram. — Está demitida.
— O que? — Ela gritou.
— Quieta, Jessica Marlee Dupree. — ele ordenou em voz severa. Era o mesmo tom que usou toda a sua vida quando ela estava na merda. — Desobedeceu ordens ontem à noite e matou três homens. Fez a coisa certa, protegeu seus colegas de equipe e sei disso. Mas matou três homens. — Sua voz quebrou e lágrimas inundaram seus olhos. — Tem sorte que sua cabeça está intacta. Sabe como me senti quando recebi o telefonema que levou um tiro? — Ele deu um suspiro. — Está demitida. Eu te amo, mas não posso viver sabendo que estou colocando você na posição de ter que matar mais homens ou mandar matá-los. Tem um trabalho novo, se me ouvir antes de perder a paciência.
Jessie estava em choque. Seu pai estava mais chateado que jamais poderia lembrar-se de ter visto, exceto uma vez. Ele chorou quando sua mãe morreu e nunca se recuperou totalmente da perda. Ela deslizou de volta na cadeira de rodas, seu corpo tenso e a culpa a comendo enquanto olhava para ele. Ele foi ao inferno por ela levar um tiro e sabia disso. Doía perder o emprego, mas amava mais seu pai.
— Um novo trabalho?
Ele hesitou.
— Não vai gritar e me dizer que não posso demiti-la?
Ela balançou a cabeça.
— Você está chorando. Desculpe, pai. Perdeu mamãe e ela significava o mundo para você. Quase me perdeu e entendo. Odeio isso porque amo esse trabalho e amo esses caras da força-tarefa, mas entendo a posição infernal que está. O que é esse novo trabalho e esqueça-o se me disser que está me enfurnando num escritório.
Ele se inclinou e agarrou Jessie forte, a abraçando. Ela o abraçou de volta e desejou que pudesse respirar. Ela balançou os braços e ele finalmente a soltou. Endireitou-se, enxugando as lágrimas. Sorriu para ela e isso fez valer a pena perder seu emprego e quase ficar azul por falta de oxigênio.
— Tenho um emprego na ONE de Homeland, Jessie. Que tal como prêmio de consolação por perder seu trabalho na força-tarefa? Vai estar trabalhando diretamente com a organização das Novas Laurann Dohner Justice
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Espécies, mas num local mais seguro. — Ele sorriu. — Justice North voou até aqui para se certificar que estava bem e ofereceu o trabalho ele mesmo!
Choque rasgou Jessie.
— Justice esteve aqui? — Sua cabeça virou, procurando por ele.
— Recebeu uma chamada de emergência sobre a mulher que salvou na noite passada. Ele teve que sair, mas disse que podia começar a qualquer momento que estiver pronta. Sabia que ia querer voltar imediatamente ao trabalho. — Ele riu. — Conheço minha menina e você quer o trabalho, então espero que não se importe, mas mandei alguém para seu apartamento. Ele está fazendo suas malas enquanto falamos, apenas seus pertences serão enviados e todos os seus móveis serão armazenados. Os caras que pedi para embalar suas coisas vão enviar tudo para lá. Pode levar alguns dias, mas chegará bem rápido.
— Obrigada. Esse foi uma grande ideia. — Forçou um sorriso para esconder sua surpresa com as mudanças drásticas em sua vida. — Sabe que quero o trabalho. — Justice veio e foi, mas não a tinha visto. Ela mascarou as emoções de seu pai, com medo que confundisse a tristeza que sentia, sabendo que Justice veio, mas não ficou tempo suficiente para vê-la. Sentiu um pouco de raiva também, mas a deixou ir.
Ele voou desde a Califórnia para vir ao hospital. Isso tinha que significar alguma coisa, certo? Podia ter ficado e dizer: Olá. Talvez se certificar que eu estava bem. Ela suspirou.
— E minha fêmea-presente? Qual foi a emergência?
— Não sei, mas quando começar na ONE de Homeland, tenho certeza que vai descobrir. Ele ordenou que ela se mudasse para lá e disse que seria seu primeiro trabalho.
Jessie ponderou sobre isso. Justice podia estar zangado por ela partir, uma razão para que ele não tivesse ficado. Ela estava dividida. Era trabalho e teve que sair. Ele devia entender isso. Bem, para ser justa, ela pensou, ele teve que sair para o trabalho também.
— Gostaria de dizer adeus à minha equipe.
— Faça isso. Estão na sala de espera. Tenho um carro esperando para nos levar ao aeroporto. Vamos parar e comprar algumas roupas para durar alguns dias no caminho. — Ele olhou para o moletom. — Sei que odeia isso, mas era tudo que tinha, a menos que quisesse um vestido de verão com estampa de flor laranja brilhante.
Ela fez uma careta. O senador riu.
— Eu sei. Não vejo você num vestido desde que terminou o ensino médio e teve que usar um. Usava calça jeans e um top por baixo, se bem me lembro.
Ela sorriu.
— Não era um top. Era um sutiã esportivo.
Ele estendeu a mão e segurou seu rosto.
— Essa é minha garota. Sempre tem que ser diferente. Laurann Dohner Justice
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A imagem de Justice passou pela sua cabeça e se perguntou se talvez fosse parte da razão pela qual estava tão atraída por ele. Gostava do diferente e gostava muito dele. Só queria que tivesse ficado para vê-la.
👏👏👏👏👏😍😍❤️❤️
ResponderExcluirQue booooom que a Jessie está bem e Justice fofo por ir vê-la ✊🥰🥰🥰
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