segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Capítulo 02


CAPÍTULO 2 Í
Justice congelou e virou. Seu olhar escuro encontrou Jessie.
— Sim, Sra. Dupree?
— Queria saber se terá algum tempo livre em breve. Esperava que pudéssemos conversar sobre suas mulheres. Há algumas políticas que eu adoraria discutir com você que precisam ser mudadas. Comentei com Tim Oberto, mas ele não é exatamente sensível às necessidades femininas. Existe alguma possibilidade que tenha algum tempo para ouvir minhas ideias? Acho que são válidas.
Ele pareceu ponderar isso.
— Quanto tempo vai ficar na Reserva?
— Alguns dias, se estiver tudo bem. Pensei em ficar por perto para ajudar as novas fêmeas a se adaptar à vida exterior, a menos que receba um telefonema da força-tarefa. Tenho um monte de tempo livre entre as recuperações.
Ele mordeu o lábio.
— Por que não vem ao refeitório comigo se vai ficar? Gostaria que a vissem para saberem que algo assim não vai voltar a acontecer. Poderíamos dividir o jantar depois. É o tempo que tenho livre. Pode falar comigo enquanto comemos. Depois do jantar, tenho que preparar uma conferência de imprensa a ser realizada fora dos portões, às dez horas, sobre as atividades da noite passada.
— Isso seria ótimo. — Ela se lembrou de sua camisa rasgada. — Tenho tempo para me trocar? — Sorriu. — Caso contrário, aposto que nenhum deles vai esquecer de como pareço se soltar minha camisa. Não tenho certeza se vão lembrar do meu rosto, mas pode fazer alguma coisa para impulsionar as relações humanas com seus homens se me virem de sutiã. — Seu corpo inteiro sacudiu pelo riso. Justice é escaldante, Jessie decidiu. Seus olhos brilhavam e sua boca generosa se ampliou para revelar dentes brancos. Viu um flash de pontos ao longo de seu lábio inferior. Tinha presas de Espécies depois de tudo. Ela sentiu seu corpo responder.
Não só teria que trocar a camisa, mas o fio dental também se não começasse a controlar suas emoções. Perguntou-se como seriam esses dentes contra sua pele, se a mordesse com eles.
— Devagar, menina. — ela murmurou.
Sua risada morreu.
— Desculpe-me?
Ele a ouviu. Esqueceu que melhoraram a audição dos Espécies.
— Não foi nada. — Ela sorriu de novo. — Então, posso me trocar ou vou como estou?
— Por que não troca de camisa? Vou falar com eles enquanto esperamos por você e vou apresentá-la quando chegar. Sabe onde é o refeitório?
— Tomei café da manhã com Breeze esta manhã.
— Te vejo quando voltar. — Ele se virou e foi embora. Laurann Dohner Justice
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Jessie o observou sair de vista. O homem enchia um par de jeans melhor que qualquer cara que já viu. Tinha longas pernas musculosas que se estendiam pelo tecido em torno de suas coxas e bunda arredondada. Usava botas pretas. Tinham fechamentos de velcro.
Seriam rápidos para arrancar.
Sorriu por sua libido rebelde, se movendo rapidamente na direção do elevador. Apreciava um homem que usava coisas rápidas e fáceis de sair. Balançou a cabeça para seu reflexo dentro do elevador enquanto subia. Ele é Justice North, um Nova Espécie e sabe que não pode nunca ir lá. Custaria meu trabalho. Tim não só chutaria minha bunda, mas a tiraria da força-tarefa.
Jessie se inclinou para frente, olhou para seu reflexo no espelho e fez uma careta. Podia usar um pouco de maquiagem, mas raramente se incomodava, a menos que precisasse. Fez tudo isso para seu primeiro marido e foi uma perda de tempo. Ele esperava que ela se enfeitasse para ele ou era um insulto. A necessidade de agradar morreu junto com o casamento. O desgraçado teve um caso com um soldado colega, nos exercícios de treinamento. Ela recuou e passou os dedos pelo cabelo. Era realmente vermelho brilhante, uma bagunça e não podia ficar pior se tentasse. Podia estar atraída pelo sensual Espécie, mas ele não sentiria o mesmo por ela.
As portas do elevador se abriram e ela praticamente correu pelo corredor. Não tinha certeza do que aconteceu a ela desde que conheceu Justice, mas o homem a transformou. Fazia muito tempo desde que conheceu alguém que a atraísse. Ele definitivamente fazia seu coração disparar e pensamentos selvagens enchiam sua cabeça. Dois anos se passaram desde seu amargo divórcio e não tinha se interessado por homens.
Bem, houve um cara, se lembrou. Mas um caso de uma noite, depois de beber muito contava? Decidiu não pensar nisso. Foi uma noite difícil e precisava do conforto de outra pessoa. Foi logo depois da primeira vez que recuperou o corpo de uma mulher Nova Espécie.
O bastardo que a assassinou enterrou seu corpo, pequeno e quebrado, sob o piso do porão da cela que a manteve por anos. A visão do corpo desenterrado levou Jessie direto ao bar mais próximo e aos braços do primeiro homem que parecia bom. Ela queria esquecer a dor de saber o que foi feito à pobre vítima e como chegou tarde demais para salvá-la. O caso de uma noite foi um fracasso. Ele fez propaganda, mas uma vez que atingiu o campo, não arrumou nada que valesse a pena.
Entrou no quarto e pegou a primeira camisa jogada na cama, uma blusa azul. Era grande para ela, mas não se surpreendeu já que todas as fêmeas Novas Espécies que viviam na Reserva eram protótipos femininos experimentais para drogas que usaram para torná-las tão grandes e fortes. A menor que viu tinha cerca de 1,78m. A mais alta tinha cerca de 1,90m. Eram mulheres robustas que poderiam derrubar um homem médio se necessário. A loja de roupas fazia a reposição para os moradores da Reserva e provavelmente não pediam tamanhos pequenos ou médios.
Jessie correu para fora do quarto, empurrando a chave de volta dentro do jeans. Foram dados apenas moletons para ela. Não gostava deles. Continuou com o par de jeans preto que usava quando chegou. Não era de usar bolsa e se algo não se encaixava dentro de um bolso podia ser amarrado em algum lugar de seu corpo. Não via necessidade de carregá-lo. Voltou ao elevador e verificou seu Laurann Dohner Justice
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reflexo novamente. O longo cabelo caía passando pela bunda. Estava vermelho, brilhante atrevido, a cor criada a partir de duas caixas de tinta para cabelo.
Ela teve coragem de romper com o molde de trabalho pelas Novas Espécies. Eles eram diferentes, especiais e faziam seus próprios lugares na vida. Jessie mudou seu cabelo para a cor brilhante, chamativa, desafiando as normas. Sabia que provavelmente a luminosidade dos cabelos devia brilhar no escuro, mas adorou. Realmente definia seus olhos azul-escuros e era um contraste drástico para sua pele naturalmente quase branco leite. Nunca se bronzeou e não se importava.
As portas do elevador se abriram e caminhou na direção da lanchonete. As portas duplas estavam abertas e dois Novas Espécies policiais uniformizados estavam de guarda. Ela diminuiu o passo e estudou os homens, querendo saber se o juiz informou que foi convidada para a reunião.
Eles se moveram para fora do caminho. Jessie deu a cada homem um sorriso e caminhou dentro da grande sala, só para parar alguns metros após a porta. Avistou Justice logo depois, incapaz de não percebê-lo se elevando sobre todos, de pé sobre uma mesa do outro lado da sala na longa mesa do buffet. Ele, naturalmente, chamava atenção de qualquer maneira, mas no alto parecia maior que a vida.
— Os seres humanos não são nossos inimigos. Não a maioria deles. — Justice parecia irritado e seu rosto um pouco franzido. — Há pessoas boas e outras ruins como as que foram expostos no Mercile. Os maus são minoria. Estou sendo claro? Seres humanos bons nos libertaram e lutaram para nos dar direitos e privilégios. Somos iguais em todos os aspectos, devido a eles. Não foram os que nos escravizaram e torturaram. Não sabiam o que estava sendo feito conosco, mas quando descobriram, fizeram todo o possível para nos ajudar a chegar onde estamos hoje. Cada um de vocês está aqui por causa desses seres humanos bons.
Um homem levantou.
— Será que podemos confiar neles agora? É difícil, Justice.
Justice relaxou. Seus traços suavizando.
— Entendo sua hesitação, mas temos que mudar com o tempo. Ontem você estava trancado dentro de uma cela, mas hoje está livre. Ontem os humanos com quem lidava eram monstros, mas hoje está lidando com humanos bons que ficariam horrorizados se percebessem o que foi feito conosco por seu próprio povo. Querem as pessoas punidas tanto quanto nós. — Alguns homens na parte de trás, de repente viraram a cabeça para olhar Jessie. Ela manteve o sorriso no lugar e percebeu que o cheiro dela os atingiu. Só levou cerca de quinze segundos para todos perceberem que entrou no refeitório. Ficou ao lado da porta e olhou para os homens, divisando raiva em algumas faces.
— Esta é Jessie Dupree. — Justice declarou em voz alta. — É uma humana boa. Ninguém vai atacá-la novamente. Seu trabalho é ajudar a localizar Novas Espécies que ainda estão presos. Ela entra com uma equipe treinada de machos humanos que lutam pela nossa liberdade e poderiam facilmente morrer para nos salvar. Seu trabalho é cuidar de nossas mulheres recuperadas. Estava lá quando foram libertados ontem à noite e arriscou sua vida para entrar e levar nossas mulheres para a segurança. Sua vida é dedicada a nós, mas foi atacada por um de vocês no lobby. — Justice fez uma pausa, seu olhar Laurann Dohner Justice
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severo deslizando para cada homem antes de falar de novo. — É inaceitável o que aconteceu com ela. Não atacamos seres humanos, a menos que sejamos atacados primeiro.
— Ela me atacou. — um macho rosnou.
Justice arqueou a sobrancelha e cruzou os braços sobre o peito, o olhar de raiva retornando enquanto falava pelo alto-falante.
— Sério? Como ela atacou você? — Jessie mordeu o lábio para manter a boca fechada. Esperou em silêncio até que o homem finalmente falou.
— Ela me ofendeu e tentou quebrar meu pulso.
Justice deu um passo ameaçador à frente sobre a mesa, mas parou na borda.
— Será que você a tocou primeiro?
— Seu braço.
— Você a agarrou. Vi marcas em seu pulso e você as colocando lá. Atacou primeiro. Ela se defendeu, tentando se livrar de você. — Justice fez uma pausa. — Muito bem feito.
O macho rosnou em protesto e o olhar de Jessie vagou, até que o encontrou. Era o cara que chutou nas bolas que fez o som irritado. Tentou não sorrir. Ele realmente mereceu, mas ainda assim, tinha a intenção de acertá-lo com o calcanhar no estômago. Era baixa, ele era um cara alto e a merda aconteceu.
— Qualquer ser humano na Reserva é um convidado. Está aqui com nossa bênção e acolhimento. Estão sob nossa proteção e não vão atacar nenhum. Não vão ser rudes com nenhum. Também nunca atacarão um ser humano do sexo feminino em qualquer circunstância. Suas mulheres não são tão fortes quanto as nossas e não foram colocadas em nosso caminho. Não possuem nossas habilidades de luta ou resistência. Juro que serão tratados muito duramente se atacarem uma fêmea humana aqui. Algumas delas vivem com nossos homens como companheiras. Comprometeram-se um com o outro, acasalados pela vida. Esses homens vão matar qualquer um que tocar sua fêmea e seria seu direito fazê-lo.
Justice fez uma pausa e respirou fundo antes de começar a falar de novo.
— Essas são nossas leis. Nunca atacar policiais que virem em uniformes negros também. Devem ser respeitados e ouvidos. Sua palavra é lei como se eu estivesse falando. Nossas mulheres estão fora dos limites, a menos que consintam ser tocadas. Espero não ter, sequer, que mencionar isso, mas não estava na mesma instalação de testes que vocês. Tratamos nossas mulheres com respeito e nunca compartilhamos sexo com elas a não ser que elas comecem. Vão conhecer a punição se algum de vocês se recusarem a viver de acordo com essas regras. Odeio ressaltar isso, mas essas são as leis que nunca deverão ser quebradas. Serão presos, se não puderem viver por elas e prometo que não serão postos em liberdade, até perceberem que precisamos ter algumas leis para vivermos juntos e em paz. Estou sendo claro?
A sala ficou em silêncio. Justice levou seu tempo para encontrar o olhar de cada homem antes de lentamente assentir. Laurann Dohner Justice
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— Agora, o jantar será servido. Vamos considerar este assunto encerrado. — Justice pulou graciosamente da mesa para caminhar diretamente para Jessie. Ele parecia triste quando parou ao seu lado. — Vamos comer.
Ela não sabia o que dizer para aliviar seu mau humor. Ele ofereceu o braço. Ela estendeu a mão e seus dedos se enroscaram em torno do antebraço. Outro choque disparou através de seu corpo pela pele quente, firme sob seus dedos. O homem estava tão quente que parecia como se estivesse com febre.
— Não vamos comer aqui?
— Não. Espero que não se importe, mas vamos jantar na sala de estar da minha suíte. Realmente quer uma discussão na frente de todos? Eu não. Não estão realmente felizes comigo agora, por que estabeleci a lei, mas isso precisava ser feito.
— Provavelmente não sou sua pessoa favorita também. Isso é bom. — O coração de Jessie saltou ao pensar em ficar sozinha com Justice para jantar. Parecia íntimo, em vez de profissional. Então, se ele tinha um escritório na Reserva, estariam sozinhos se a levasse para lá. A sala de estar de sua suíte seria maior que um escritório. Justice a levou para os elevadores.
Justice se recusou a olhar para Jessie uma vez que as portas do elevador se fecharam, olhando para todos os lugares, menos para ela. Jessie não liberou seu braço, mas queria. Por que ele não olhava para ela? Ele puxou uma respiração profunda.
— Pedi o jantar. Não tinha certeza do que você queria. — Fez uma pausa. — Tomei a liberdade de pedir vários pratos. Podia esperar para perguntar, mas levaria mais tempo. Tenho um discurso para escrever depois do jantar e quanto mais rápido comer, mais rápido posso fazê-lo.
— Isso soa como um grande plano. — Ela sorriu. — Não sou realmente exigente sobre comida. Fico feliz em comer.
Finalmente desviou o olhar para o dela.
— Não parece como se comesse muito. É pequena.
Ela riu.
— Exercícios rigorosos fazem isso. Meu pai e meu irmão, ambos foram fuzileiros navais e me casei com um SEAL da Marinha. — Encolheu os ombros. — Minha mãe morreu quando eu tinha cinco anos, então sempre estive em torno dos homens. Foi onde consegui algumas habilidades de luta. Queriam ter certeza que eu podia cuidar de mim em qualquer circunstância. Sempre fui tagarela e curiosa quando criança e, definitivamente, não do tipo tímido. Meu pai disse que minha boca e minha capacidade de encontrar problemas significava que precisava ser capaz de me defender. Estava certo.
Justice ficou tenso. Sua voz era naturalmente profunda, mas saiu mais áspera.
— Seu marido deve odiar seu trabalho, se a mantém longe dele.
— Ex-marido. Nos divorciamos há dois anos.
Justice evitou olhar para ela de novo. Notou que ele lentamente relaxou quando as portas para o terceiro andar se abriram, o que lhes permitiu sair do elevador.
— Vamos ficar no mesmo andar. Laurann Dohner Justice
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Justice não disse uma palavra quando a levou pelo corredor. Foi na direção oposta ao seu quarto. No final do corredor, tirou uma chave do bolso das calças de brim para abrir a porta. Jessie teve que libertá-lo enquanto abria e fazia sinal para que tomasse a frente.
Tomou nota da maravilhosa suíte com área de estar espaçosa. Uma pequena quitinete foi construída contra uma parede com um barzinho. O corredor que levava ao quarto ficava na outra extremidade da sala. Justice apontou para o sofá.
— Por favor, sente-se. Importa-se se eu tirar os sapatos? Não me importo com quanto tempo os uso, mas não posso esperar para ficar com os pés descalços.
— É seu lugar. Fique confortável.
Ela sentou no sofá. Isso era outra coisa sobre as Novas Espécies que ouviu da equipe. A maioria deles odiava usar sapatos, preferiram andar descalços, uma vez que nunca os usaram dentro de suas celas. Ela sabia em primeira mão que as fêmeas não gostavam muito de roupas íntimas. Perguntava-se se era o mesmo com os homens e a fez sorrir. Justice não usava cueca sob o jeans? Diga alguma coisa, ordenou à sua boca, para não ficar divagando sobre esse tópico.
— Não gosto de sapatos também. Quando estou em casa, os tiro no segundo que entro na porta e não os coloco novamente até sair. — Justice sentou a poucos metros de distância e tirou os sapatos. Puxou o velcro, os empurrou e Jessie sorriu ao ver seus grandes pés descalços. Devia odiar meias, já que não as usava. As chances eram que estava nu sob os jeans. Apostaria nisso.
Sua atenção focou no colo quando ele levantou, mas não podia dizer de uma maneira ou de outra. Seu olhar se ergueu por seu corpo e ela corou ligeiramente. Ele olhou para ela com olhos apertados, obviamente, a pegando de olho na frente de suas calças.
— Estava olhando para mim. Esqueci de fechar o zíper do meu jeans? — Estendeu a mão para roçar na frente deles.
Ela balançou a cabeça mais envergonhada.
— Não. Não esqueceu.
Ele piscou.
— O que está olhando? Existe uma mancha? Será que joguei alguma coisa no meu colo quando almocei? — Ele se inclinou para frente um pouco, olhou abaixo, antes de se endireitar.
— Não estou vendo nada.
Ela hesitou. Novas Espécies gostavam de franqueza. Isso era uma coisa que sabia sobre eles com certeza. Apreciavam honestidade.
— Não gosta de sapatos ou meias. Sei que suas fêmeas odeiam roupas íntimas e estava inadequadamente me perguntando se os homens sentiriam o mesmo. Estava tentando descobrir se usava algo sob seu jeans ou não. Não posso dizer. Sinto muito. Foi extremamente rude da minha parte. — Jessie esperava que ficasse ofendido ou talvez com raiva. Em vez disso, seus olhos enrugaram e um riso profundo irrompeu de sua garganta. Foi uma agradável surpresa ele estar se divertindo.
— Sei. Eu uso. Acho jeans um pouco duro sobre a pele sensível e pode beliscar também. Gosto de usar algodão suave e espesso entre o jeans e minha pele. — Jessie se perguntou o quanto a pele era Laurann Dohner Justice
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sensível e onde "o algodão suave e espesso" cobria. Era um homem de boxers ou cuecas? Talvez um cara de Speedos? Esperava que não. Era a escolha de seu ex-marido e odiaria descobrir que Justice tinha algo em comum com Conner.
A campainha tocando distraiu os dois. Justice foi até a porta com as graciosas e longas pernas o levando lá rapidamente.
— Esse será nosso jantar. Não tenho mesa de jantar, mas se importaria de comer comigo na mesa de café? — Teve uma imagem dele esparramado de costas, esperando nu e a comida sobre seu corpo musculoso. Ela a empurrou de volta. Droga, pare! É o chefe do meu chefe. Pensamentos como esse vão me meter em apuros. Pare de fantasiar sobre Justice! Concentre-se em outra coisa e responda.
Ele era tão amável e educado. A surpreendeu mais, considerando a forma como foi criado na instalação de testes.
— É perfeito. Nunca uso minha mesa de jantar em casa. — Ela riu. — Sou uma dessas pessoas que assistem TV enquanto como na mesa de café. Sei que é um hábito muito ruim, mas vivo sozinha. É melhor assistir algo em vez de olhar para o vazio.
Jessie não podia ver com quem Justice falava baixinho, mas foi uma conversa curta. Seu anfitrião puxou um carrinho prateado para o quarto e fechou a porta. O carrinho tinha quatro bandejas cobertas na parte superior e na prateleira inferior meia dúzia de refrigerantes diversos e quatro pequenos recipientes cobertos. Justice empurrou o carrinho através do tapete até a borda da mesa de café.
— Pode escolher o que quiser. Pedi coisas que gosto, então vou comer qualquer coisa que restar. — Justice tirou as tampas e as jogou numa cadeira estofada perto. Tinha boa mira por que cada tampa aterrissou perfeitamente no alvo.
Jessie olhou para as quatro bandejas. Uma continha macarrão ao molho branco com camarão e, ao lado, pão de alho. Bom. Havia provavelmente o maior pedaço de costela que já viu na próxima com acompanhamento de uma batata cozida e alguns vegetais.
A terceira quase a fez recuar. Era um peixe cozido, possivelmente truta e teve flashbacks de seu passado pela mera vista dele. Seu ex os comia constantemente e passou a odiar o cheiro. A quarta bandeja era frango, recheado e assado com molho.
— Tudo parece bom, exceto o peixe. — Ela sorriu. — Você escolhe. — Ele hesitou antes de alcançar o frango. — Sou parcial com o frango. Nunca tive isso antes de sermos libertados.
— Não sabia disso. Não os alimentavam com frango? — Jessie pegou a costela.
Ela colocou o prato sobre a mesa de café com cuidado. Justice ficou na frente dela e sentou alguns metros abaixo, para que pudessem confortavelmente esticar as pernas sob a mesa sem se tocar. Ela sentou no chão também. Suas costas encostaram contra o sofá, achando realmente confortável.
Justice estava mais próximo do carrinho.
— Que tipo de refrigerante quer? Importa-se de tomar refrigerante?
— Um de cereja, por favor. Eu os amo. Laurann Dohner Justice
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Ele sorriu.
— Assim como nós.
— Nunca foram dadas bebidas com cafeína a vocês. Sei disso.
— Só água. Às vezes recebíamos suco. — Ele agarrou o refrigerante de cereja e o entregou. Seus dedos se roçaram.
— Obrigada.
Ambos puxaram os lacres de suas latas e organizaram a prataria. Justice espetou sua galinha e Jessie sorriu por seus modos surpreendentemente bons à mesa. A surpreendeu novamente. Ela comeu muitas vezes com as fêmeas. Comiam com os dedos na maioria das vezes, destroçando os alimentos e engolindo rapidamente como se estivessem prestes a perdê-lo.
Justice cortou e mastigou a comida calmamente. Ela olhou para o frango assado. Comia carne totalmente cozida, o que também a surpreendeu. Talvez os homens fossem diferentes das mulheres e seu tempo longe da cela tenha mudado seus hábitos alimentares. Jessie sabia que achava alimentos cozidos um inferno muito melhor que carne crua ou quase crua.
O celular de Justice tocou e ele suspirou. De repente, pareceu cansado para Jessie. As feições parecendo ficar abatidas. Moveu o corpo para alcançar dentro do bolso detrás para tirá-lo. Olhou para a tela antes de encontrar o olhar curioso de Jessie.
— Sinto muito. Tenho que atender.
— Vá em frente. — Esperava começar a falar, antes que fosse chamado.
Abriu o telefone, mas continuou comendo.
— O que é? — Jessie comeu enquanto Justice ouvia a chamada, respondia com respostas abruptas e continuava comendo sua refeição. Parecia um homem acostumado a trabalhar ao redor de um telefone, uma vez que não lutou para comer enquanto conversava. Podia conciliar o telefone e os talheres com facilidade praticada. Mastigava entre as palavras. Finalmente desligou e usou seu rosto e ombro para fechar o telefone. Esse foi o talento que arrancou um sorriso dela.
Justice ergueu o olhar para ela enquanto o telefone escorregava por seu peito para pousar perfeitamente no colo.
— O que é tão divertido?
— Você. Nunca vi esse tipo de talento antes. Fechou seu telefone sem ter que usar as mãos e então se mexeu um pouco para que o telefone deslizasse abaixo pelo peito até o colo. Faz isso frequentemente?
Ele sorriu.
— É uma habilidade que aprendi.
O telefone tocou novamente e ele suspirou. Fechou os olhos por um segundo antes de soltar o garfo para alcançá-lo em seu colo. Estudou o identificador de chamadas e colocou o telefone na ponta da mesa. Seu olhar encontrou Jessie.
— Posso pular essa. É uma das estações de notícias que tentam obter um comentário meu.
— Já teve dias de folga? Laurann Dohner Justice
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— Nunca. — Encolheu um ombro. — Sabia que seria uma responsabilidade difícil quando me pediram para assumir a liderança.
— Assumir a liderança?
— Meu povo me pediu para conduzi-los. Era mais calmo e razoável que a maioria. Era o melhor lutador e tive o tempo de resposta mais rápido de ajuste para onde nos levaram depois que fomos libertados. Não tentei matar todos os humanos que nos incomodaram com sua forma de criticar tudo que fizemos. Sempre fui a almofada entre meu povo e o seu. Tornei-me o negociador quando havia divergências entre nós. As espécies foram convidadas a eleger um porta-voz para representá-los e fui convidado pelo meu povo para liderar. Eu aceitei.
Ela tomou um gole de bebida.
— Fez um trabalho incrível. Meu pai é o senador Jacob Hills e sempre me diz que originalmente seu trabalho deveria ser limitado, mas você se levantou pela espécie e argumentou para levá-los onde estão hoje. Diz que você é uma força da natureza que ninguém deve ser estúpido o suficiente para mexer.
Justice riu.
— Gosto dele. Não sabia que era filha dele. — Seu olhar deslizou por ela. — Não se parece nada com ele.
— Me pareço com minha mãe, mas mal me lembro dela. Morreu quando eu tinha cinco anos de idade, após um motorista bêbado bater em seu carro no caminho de casa para a academia. Tenho um monte de fotos dela, e definitivamente, pareço com minha mãe.
— Sinto muito pela sua perda. Seu pai é muito querido.
— Ele gosta de você também. Muitas pessoas não percebem que sou sua filha e ele tenta manter isso fora do radar. Sou do tipo selvagem. — Ela tocou no cabelo. — Ele odeia meu cabelo.
Justice a estudou.
— Não nasceu com esse cabelo brilhante, correto? Eu gosto. Mas nunca vi essa cor antes e vi um monte de pessoas desde que fomos libertados.
— É direto de uma garrafa. Não é a cor que contesta, mas sente falta de vê-los menos coloridos. É o comprimento que mais odeia. Recusei-me a cortá-lo depois de um corte de cabelo especialmente ruim quando tinha dezesseis anos, que me fez parecer um menino e foi dias antes do meu aniversário de 16 anos. Era uma grande festa e o odiei curto. Parei de cortá-lo depois desse fiasco. Então, meu ex-marido exigiu que eu o mantivesse curto após o casamento. Disse-me que era muito longo, sempre incômodo, e ele e meu pai tentaram conspirar contra mim para cortá-lo nos ombros. “As pessoas responsáveis não têm cabelo até a bunda." Essa era uma citação. — Jessie riu. — Não cortei o cabelo e meu pai fica triste com isso sempre que o vejo. — Ela encolheu os ombros.
Seu olhar suavizou.
— É lindo. Qualquer um é insensato, se quer que você o corte. Não sei como alguém pode achar que é incômodo. Tenho cabelo comprido. Não tão longo quanto o seu, mas cabelo longo para homem não está na moda ao que parece, pelo menos foi dito por nossos consultores de mídia. Também me Laurann Dohner Justice
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recusei a cortar meu cabelo curto, mas lhes permito mantê-lo no comprimento. Sou responsável e os seres humanos esperam me ver como tal. Espero que deixe o seu crescendo.
Ele gosta de cabelos longos. Jessie sentiu seu coração torcendo. Mais que sexy, uma bela bunda, um corpo que não terminava e gostava de seu cabelo. Era quase perfeito. Seu telefone tocou e, de repente, ele estendeu a mão para ele. Risque isso. Um cara perfeito não teria um celular chato que não parava de tocar o tempo todo. Não seria um maníaco por trabalho. Justice North vivia e respirava trabalho.
— Sinto muito, mas tenho que atender. — Ele abriu o telefone. — Justice.
Jessie terminou seu jantar. Justice terminou o seu também. No meio da conversa deu um olhar de desculpas e ficou em pé. Caminhou para sua pasta em uma mesa ao lado da porta da frente e a abriu para folhear algumas folhas enquanto falava calmamente. Permaneceu no telefone. Laurann Dohner Justice
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