quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Prólogo



Prólogo 
Liberdade 
Ela não seria mais chamada de Lixo. Bela. Silenciosamente repetiu o novo nome que a mulher lhe deu, determinada a lembrar de responder a Bela em vez de Lixo. Aquela distração a ajudou em sua confusa batalha e o choque profundo que sofreu depois de ser tirada de sua jaula por uma mulher chamada Jessie. As correntes já eram e escutou seus salvadores dizerem que os guardas foram mortos durante a luta para libertá-la.
Bela teria tropeçado, mas um braço firme ao redor da sua cintura a ajudou a se estabilizar, enquanto caminhavam pela casa bem iluminada. Jessie jurou que estava levando-a para algum lugar seguro onde havia outros que, como ela, foram presos. O conceito de tal coisa parecia completamente irreal. Tinha de ser mentira, algum tipo de jogo perverso e cruel. Bela olhou ao redor e viu o sangue no chão, o qual pôde sentir. A evidência de que os guardas estavam realmente mortos.
Uma sensação de esperança a encheu, de que a mulher ruiva pudesse estar dizendo a verdade. Ela estava livre do Mestre. A promessa de poder ver a luz do sol novamente parecia impossível. Tinha apenas vaga lembrança das raras vezes que lhe foi permitido ir para o lado de fora.
Estrelas pontilhavam o céu e uma lua parcial estava pendurada a sua direita. Um maravilhoso ar fresco encheu seus pulmões, e felicidade atingiu-a. Estou do lado de fora! Quase tropeçou nos próprios pés, seu corpo estava fraco pela falta de comida, mas a mulher estreitou-a ao seu lado. Um grande homem chamado Trey mantinha-se silenciosamente ao lado delas, mas recusava-se a olhar para o rosto dele. Podia sentir o olhar dele, mas tentou esconder seu medo. Ele não tentou tocá-la.
Uma grande coisa preta com rodas esperava perto da porta. Empacou de repente, mas Jessie continuou persuadindo-a a seguir em frente.
— É isso que nos levará daqui e então iremos fazer algo muito emocionante. Vamos voar no céu para conseguir ajuda médica, e você vai encontrar sua família. Eles ficarão tão felizes em vê-la.
— Você não me deixará? — Bela estava apavorada que a mulher a abandonasse com o grupo de homens.
— Não querida. Vou segurar sua mão o tempo inteiro. — Jessie sorriu. — Não vou deixar nada acontecer com você.
O assento era macio e confortável na grande caixa. Bela não estava certa sobre o cinto que Jessie apertou ao redor de seu corpo, mas não lutou. Deveria ser para sua segurança e estava feliz apenas em não ser empurrada para o fundo, dentro de um buraco sem luz. Foi assim que a removeram para a casa.
— Eu me sentarei bem ao seu lado e Trey vai nos levar. Ele é uma pessoa muito legal. Jessie verificou o cinto, debruçou-se para empurrar o cabelo de Bela para trás da orelha e sorriu novamente. — Ele é um bom amigo meu, e você pode confiar nele também. 4

Ela encontrou o olhar de Jessie e seu cabelo realmente luminoso, o vermelho brilhava pelas luzes da grande casa. Suas características eram delicadas, agradáveis. Uma sensação de paz encheu Bela. Confiava nesta mulher. Não sabia por que, mas confiava.
— Tudo vai ficar bem, Bela. Eu... — Jessie estremeceu violentamente onde se encontrava, e sua boca abriu. A expressão de pura dor refletida em seu rosto fez Bela estremecer de terror. Gritou, sem saber mais o que fazer. Os olhos azuis de Jessie se arregalaram, antes de lançar seu corpo para dentro do veículo. O impacto jogou Bela sobre o assento.
— Atirador! — Trey gritou o aviso.
— Peguei você. — Jessie prometeu com os braços dela abraçando Bela firmemente até que se sacudiu novamente e seu corpo tenso se tornou mole.
Bela gritou, assustada demais para fazer qualquer outra coisa. Jessie não estava se movendo. O cheiro de sangue deixou-a em completo pânico, pois sabia que não era seu.
A caixa, onde elas estavam, sacudiu, balançou e a porta fechou. Outra porta foi aberta acima de sua cabeça e mãos surgiram entre seu corpo e o de Jessie. O peso suavemente aliviou e parou de gritar. Abriu os olhos e observou enquanto outro homem arrastava Jessie para longe de seu corpo. Eles desapareceram pelo chão, mas outro homem grande de repente se lançou pela abertura. Fechou a porta e subiu no banco da frente, curvando-se para baixo.
— O vidro nos protegerá. — ele ofegava. — Vai ficar tudo bem, Bela. Ele retirou uma arma. — Sou Shane. Nada vai te machucar. Só fique abaixada.
A porta da frente abriu de repente e outro homem entrou agachado.
— O atirador está no leste. Não pode atingir este lado. Passe-a para cá. A pessoa que falou era mais velha que o resto, mas não tão enrugado como o Mestre. Foi a pessoa que tirou Jessie de perto de Bela.
— Ela está mais segura aqui. — Shane discutiu. — Fico com ela Tim. Cuide de Jessie. O quão ruim ela está?
— Mal. Trey está avaliando-a. — A porta fechou enquanto o homem mais velho desaparecia.
Isso deixou Bela sozinha com Shane. Seu olhar apavorado encontrou o dele, enquanto estava abaixado no assento dianteiro.
— Fique abaixada. — ordenou suavemente.
Suaves barulhos de balas soaram e ele xingou, de repente subiu no assento de trás onde ela estava. Ela gritou quando ele agarrou o outro lado do banco atrás dela, colocando a parte superior de seu corpo sobre o dela. Apenas centímetros os separavam e ela se sentiu presa. Suspirou para gritar novamente, mas ele largou o assento para apertar uma grande mão em sua boca. Silenciou-a, e seu coração parecia que ia explodir, enquanto o rosto dele chegava mais perto.
— Maldição. — ele falou. — Não olhe para mim desse jeito. — Lançou uma perna sobre o banco para elevar-se chegando mais perto. — Não estou atacando. Estou tentando protegê-la. Quero que meu corpo fique entre você e uma bala. Precisa parar de gritar, certo? Tenho medo que o atirador possa ouvir, e não vai parar de disparar até que esteja morta. Você pode ficar quieta?
Ela lutou contra o pânico e assentiu. A mão aliviou sua boca. Olhou fixamente para ele com medo, enquanto seu grande corpo a cobria. Ele inclinou-se sobre ela, e uma coxa pesada prendeu entre a perna dela e o banco. Moveu um braço debaixo dela também, e apoiou o corpo para segurar seu peso e evitar esmagá-la. 5

— Estou só usando meu corpo para cobrir o seu. — assegurou. — Isso é tudo. Não estou certo que tipo de munição o atirador tem, mas é melhor prevenir do que remediar. Tudo o que conseguiu fazer até agora foi estourar os espelhos laterais e os pneus. Deve ter percebido que não está quebrando o SUV, e pode estar recarregando com balas perfurantes. Prefiro que uma bala me atinja a você.
Surpresa a fez estudar seus olhos. Não viu crueldade dentro deles, eram realmente gentis. O medo aliviou um pouco, permitindo que respirasse normalmente, e o cheiro dele encheu seu nariz a cada respiração. Ele tinha um cheiro limpo e bom, até agradável. O calor de seu grande corpo vazava por sua roupa, e um pouco do frio que a agarrava desapareceu.
— Eles acharão o atirador e o deterão. Vai dar tudo certo. — Afastou o olhar para longe dela, para olhar por acima de sua cabeça pelo vidro. — Tim? Jessie está respirando? Ela está viva?
Percebeu que falava com outra pessoa, e que deveria ter um daqueles dispositivos de escuta na orelha que Jessie mostrou-lhe. Ele fechou os olhos e inclinou a cabeça, até que seus lábios quase se roçaram nos dela. Isto fez com que Bela ficasse tensa. Ele suavemente xingou.
— Entendido. Graças a Deus ela está respirando, mas isso é ruim. Porra. Como isso aconteceu? A vítima está segura. Embora muito traumatizada. Estou em cima dela para mantê-la abaixada, mas não foi atingida.
Seus olhos abriram e olhou atentamente para os olhos dela. Ele ajustou seu tronco para descansar sobre os cotovelos, e uma grande mão tocou o lado de seu rosto. Permitiu que o virasse um pouco, enquanto seu dedo polegar esfregava sua bochecha suavemente.
— Está tudo bem querida. Calma. Parece muito apavorada, mas está segura comigo. Seu rosto está machucado? Você tem um pequeno corte. Acho que Jessie te arranhou com a unha quando caiu sobre você.
Não estava ciente do dano, mas não a surpreendeu. Tudo aconteceu tão rápido, e sabia que estava muito assustada para registrar isso tudo. Seu dedo polegar pausou, e ela virou a cabeça o suficiente para encontrar seu olhar novamente. Ele olhou para ela com uma expressão que nunca viu antes e era um tanto quanto boa.
— Nunca te machucaria. Não sou nada parecido com os imbecis que a mantiveram em cativeiro. Sabe qual é o meu trabalho? Acho pessoas como você e as levo para casa. Vai ser feliz de agora em diante. Sem mais correntes, jaulas ou dor. Sua voz aprofundou. — Eu morreria por você.
Calor se espalhou ainda mais, muito além de sua pele. Pareceu irradiar de dentro de seu peito com as palavras dele. Ele falava sério, e por alguma razão incrível acreditou nele. Todo seu medo enfraqueceu e ela enrolou as mãos agarrando sua camisa, de tecido estranho.
— Calma Bela. — ele falou. — Não me arranhe. Sou seu amigo.
— Eu... — Fechou a boca, com medo que ele ficasse bravo se falasse sem permissão.
— Você o quê? Converse comigo.
Nenhuma raiva obscureceu suas características ou relampejou em seu olhar convincente. Novamente a encorajou a falar.
— Quer que eu seja legal com você? — Ela perguntou.
— Sim. — Ele sorriu. — Somos amigos. — Ele ficou sério. — Matarei qualquer um que vier atrás de você. Estou aqui e está totalmente segura comigo. A equipe protege a área. Acharão esse atirador e o prenderão. Ninguém vai chegar perto de nós.
Ele quer me proteger. Ele matará outros se tentarem me machucar. A surpresa que a inundou dificultou seu pensamento. Seu cheiro limpo, maravilhoso era realmente bom, seu corpo 6

assustadoramente grande e volumoso, mas não o temia. Ele foi cuidadoso em não esmagá-la debaixo dele, roçou sua pele com toques gentis. Ele seria um Mestre amável.
Ele ergueu a cabeça, olhando ao redor novamente, e mudou um pouco do seu peso, antes de olhar para baixo.
— Vou tirar meu colete e colocá-lo entre a sua cabeça e a porta. O atirador pode ter mudado de local para evitar ser descoberto.
Ela não pronunciou nada, enquanto ele arrancava o revestimento de seu peito. Isto fez barulhos altos, enquanto uma de suas mãos rasgava a coisa, e encolhia os ombros para tirar o colete. Colocou-o contra a porta acima de sua cabeça. Ela olhou fixamente para a camisa dele, e viu os botões descendo pela frente dela. Seu peito era largo e seus braços pareciam realmente grossos. Pensou que eles pareciam largos apenas por causa da coisa que acabou de remover.
Ele tocou a própria orelha.
— Como Jessie está? — Pausou. — Bom. A que distância está a outra equipe? — Pausou novamente. — Estamos bem aqui. Só ache aquele filho da puta. Bateu em sua orelha novamente, e seu braço soltou ao longo da extremidade do banco, para apoiar seu tronco em ambos os antebraços. Encontrou o olhar dela.
— Eles não acharam o atirador ainda, mas as equipes estão se movendo, e um helicóptero está perto para dar suporte pelo ar. Não deve demorar muito tempo. Como você está Bela? Somos amigos, certo? Sabe que não vou machucá-la, não é? Apenas fique calma.
Ela engoliu seu medo e perguntou novamente.
— Quer que eu seja legal com você?
— Isso seria ótimo. — Ele sorriu para ela.
Ele tinha um rosto atraente e nenhuma linha de “maldade” arruinando sua pele bronzeada. Não queria voltar nunca mais para o Mestre. Ele era insensível e a castigava por qualquer ofensa. Shane prometeu que não a machucaria e acreditou nele. Ela respirou fundo, sabendo que qualquer coisa tinha de ser melhor que voltar para sua antiga vida. Pelo menos Shane deu-lhe a esperança de um futuro sem miséria. Nem se importou quando falou sem permissão. Não bateu nela, e isso foi suficiente para convencê-la de que era um bom homem.
— Serei legal com você.
— Bom. Somos amigos Bela. Apenas relaxe, certo? Está totalmente segura comigo.
As mãos dela tremiam quando tocou no peito dele. Aquele material era mais suave e podia sentir o calor de seu corpo. Em baixo da camisa fina, as pontas de seus dedos encontraram o músculo firme. Precisava ficar com ele. Não podia ser pior do que aquilo que sobreviveu no passado. Nada podia ser.
Esperou para ver como reagiria, mas ele não fez nada. Isto a confundiu. Disse que seria legal com ele, mas apenas a olhava silenciosamente com seus olhos hipnotizantes. Eles realmente eram bonitos e gostou do jeito como olhava fixamente para ela. Era quase como se estivesse esperando que fizesse algo.
Posso fazer isto. Ele deve querer que eu comece. Engoliu em seco, desejou estar limpa e desejou que não parecesse tão ruim quanto temia. Suas mãos se moveram, deslizaram pela camisa dele, e agarraram a curva espessa de seu ombro, enquanto a outra parou em seu estômago. Ele engasgou e empurrou o tronco para longe dela, o suficiente para dar-lhe espaço. Ela usou o espaço para roçar a frente de suas calças.
— Porra! — Seus olhos arregalaram, enquanto ele olhava boquiaberto para ela. — O que está fazendo? 7

Ela congelou.
— Você pegou no meu pau. — Sua voz agitou. — Pensei que estávamos sendo bonzinhos. Isso vai machucar, mas não vou lutar com você, droga. Você é uma mulher. Por favor, não faça o que penso que está fazendo. Sou seu amigo.
Confusão tomou-a, percebeu que ele pensava que iria atacá-lo. Achou que seu toque era uma ameaça para causar-lhe dor. Suavemente o massageou para mostrar-lhe que estava sendo legal. Ela disse que seria.
Ele olhou fixamente para ela, seu olhar ainda arregalado, e engasgou novamente. Sabia que tinha feito certo, quando sua parte masculina endureceu contra sua mão.
— Pare. — ele falou.
Sua mão congelou.
— Quer minha boca lá ao invés disso? Eu disse que seria legal com você.
Ele torceu seus quadris para longe da mão dela.
— Não! Merda! Não quis dizer “legal” nesse sentido. Ah inferno! — Deslocou seus quadris mais para baixo do corpo dela, até a frente de sua calça ficar fora de seu alcance. — Eu… Filho da puta. Não quis dizer que queria sexo de você. Apenas quis dizer… merda!
Ela o desagradou, fez com que não a quisesse, e fez algo errado. O terror encheu-a que não a protegesse mais do Mestre. Agarrou a camisa dele com ambas as mãos.
— Por favor, me dê outra chance. Posso fazer melhor. Farei qualquer coisa que quiser. Só me diga o que fazer. Eu farei.
Ele olhou fixamente para ela com algo similar a horror, e lágrimas encheram seus olhos. Falhou deixando-o bravo. Virou a cabeça e tirou as mãos do corpo dele, se abraçando, e esperou que não batesse nela. Ele era muito mais forte que o Mestre e provavelmente infligiria mais dor.
— Sinto muito. — sussurrou. — Farei qualquer coisa. Você parece amável e ficarei melhor quando estiver limpa. Ousou olhar para ele, só para vê-lo ainda olhando-a fixamente com aquele mesmo olhar horrorizado. — Por favor, decida tomar-me. Quero ser legal com você. Não me deixe aqui.
— Oh inferno, querida. Posso ver que é bonita, apesar da sujeira, mas não é isso. — Sua voz suavizou e também sua expressão. — Não tem que oferecer-me sexo para protegê-la. Matarei qualquer um que vier atrás de você, mas não quero nada em troca. Quero apenas que seja feliz. Sou seu amigo.
Ela fungou, lutando contra as lágrimas.
— Você será meu Mestre agora?
— Não. — Mais horror encheu seus olhos. — Você está livre. Ninguém é seu dono.
Ela fechou os olhos e virou o rosto. Não falou novamente, achando que fez algo para chateá-lo. Seu silêncio esperançosamente o acalmaria, e talvez lhe desse outra chance de provar que valia a pena mantê-la. Não conseguiria suportar retornar ao Mestre.
Quanto mais pensava nesse conceito, mais apavorada ficava. Sua respiração acelerou — algo que não conseguiu parar. O homem em cima dela suavemente amaldiçoou, e apalpou algo dentro de um de seus bolsos.
— Acalme-se. — ordenou, sua voz um pouco severa. — Está hiperventilando. Não vou te machucar.
Queria implorar a ele para não devolvê-la ao Mestre. Só não conseguia dizer as palavras. Seus dedos agarraram sua camisa, pronta para implorar que a mantivesse com ele, mas terror 8

cego a agarrou, quando chegou tão perto da liberdade só para perdê-la. Um lamento baixo encheu o veículo, mas não conseguia parar.
Ele ergueu algo em sua boca e rasgou uma parte. Era uma seringa. A dor a fez gritar quando ele espetou uma agulha no braço dela. Isto foi rápido, enquanto ele puxava e jogava a seringa fora. Suas mãos suavemente a seguraram.
— Calma Bela. Está salva. Olhou fixamente em seus olhos. — Droga, ela está apavorada! — Gritou. — Acabei de sedar nossa Presente. Achem esse atirador!
Uma névoa nublou sua visão, quando a tontura atingiu-a. Tudo ficou preto.

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