Capítulo 9
— Ok. Agora vamos encarar quem quer que esteja na sala. — Tammy sorriu para Valiant depois dele colocá-la de volta ao chão.
— São Slade e Trisha. Eles trouxeram Brass com eles.
Valiant sorriu quando se afastou dela. Ele estendeu a mão que Tammy aceitou, abriu a porta e eles caminharam juntos pelo pequeno corredor.
Trisha, Slade e um homem Nova Espécie esperavam na sala de estar, sentados em um sofá e em uma cadeira. O homem parecia se divertir. Trisha apenas sorriu.
— O que você quer? — Valiant olhou para Slade com raiva. — Nós tivemos que nos vestir. Íamos tirar uma soneca agora se não fosse por vocês.
Um sorriso se espalhou pelo rosto de Slade e seus olhos azuis cintilaram.
— Trisha queria conversar com vocês dois. Ela estava cansada ontem e diz que nem pensou no assunto. Exigiu que viéssemos para cá agora.
Valiant olhou para o outro homem.
— Olá, Brass. O que está fazendo aqui?
— Estou com eles. — Ele estudou Tammy e piscou.
Um rosnado emergiu de Valiant quando se moveu instantaneamente, soltou a sua mão e deu um passo ameaçador na direção do outro Nova Espécie. Tinha colocado o corpo na frente de Tammy, impedindo que Brass a olhasse.
— Não olhe para ela e não paquere. — Valiant rosnou mais alto. — Minha!
— Uau! E eu achei que você era possessivo. — murmurou Trisha. Ela se levantou. — Acalme-se, Valiant. Brass não quis dizer nada com a piscada. Ele pisca para todo mundo. Até para homens. Eu preciso ter uma conversa particular com vocês dois. — Ela fez uma pausa. — Dentro do quarto.
— Mas... — protestou Slade.
Trisha se virou para encará-lo.
— Já chega. Eu sei que os dois não estão nem aí sobre qualquer tópico que possa existir ser discutido em frente de vocês, mas ela é uma mulher. Eu não iria querer ter essa conversa na frente de dois homens que não conheço. Agora por favor, fiquem sentados e trabalhem mais aquele problema de paciência, ou melhor, de falta que vocês têm dela. — Se virou para encontrar o olhar chocado de Tammy.
— Você, eu e Valiant precisamos conversar.
— Nos diga logo o que você tem a dizer. — Valiant cruzou os braços. — Quanto mais rápido for, mais rápido vocês vão embora e eu posso levar Tammy para a cama para que tire uma soneca.
Tammy suspirou, saindo de trás dele. 106
— Ele faz essa coisa de cruzar os braços bastante. Valiant se pronunciou. Assunto encerrado. — Ela levantou os olhos para ele e sorriu da sua expressão ameaçadora, a que ele parecia usar para intimidar os outros. — Faça o que ele diz ou receba um olhar fulminante.
Trisha riu.
— Todos eles fazem isso. É uma coisa dos Novas Espécies. É adorável, não é?
Tammy não tinha certeza se iria tão longe assim, mas quando ela fitou a carranca de Valiant ao olhar para a doutora, reprimiu uma risada. Voltou sua atenção para Trisha.
Trisha passou por Valiant e segurou o braço de Tammy.
— Confie em mim. Essa é uma conversa que devemos ter em particular.
— Vamos para o quarto. Ele vai nos seguir. — Tammy foi na frente.
Trisha sentou em uma cadeira e suas mãos massagearam com gentileza sua barriga enorme. Tammy tirou o cobertor do chão e o jogou por cima dos lençóis emaranhados. Tentou não sentir vergonha do estado da cama. Era óbvio que tinham feito sexo nela recentemente. Valiant ficou parado na porta fazendo o seu lance de Novas Espécies. Sorriu quando tirou os olhos dele, sentando na ponta da cama próximo à Trisha.
— Eu não quero envergonhar ninguém. — explicou Trisha baixinho. — Mas agora eu já sei com certeza que vocês tiveram relações sexuais. — Ela manteve o contato visual com Tammy. — Está tomando pílula?
Tammy sacudiu a cabeça.
— Não.
Trisha olhou para Valiant.
— Andou usando camisinha?
Ele bufou.
— Nunca.
Tammy fez uma careta.
— Já sei aonde quer chegar com isso. Ok. No ano passado saí com um cara que me traía. — Ela se recusou a olhar para Valiant. — Eu descobri e saí de cena. Imediatamente fui ver a minha ginecologista. Estava morrendo de medo de que ele tivesse me passado alguma coisa. Nós usávamos camisinha, mas não para tudo. Fiz a minha médica passar todo tipo de exame, tudo deu negativo e seis meses atrás ela passou outros. Estou livre de doenças venéreas. Ficaria feliz em permitir que me examine e passar os exames se estiver preocupada que eu possa passar algo para Valiant.
A boca de Trisha abriu e fechou.
— É bom saber disso, mas eles não podem pegar doenças venéreas facilmente. Eles são diferentes a ponto da maioria das mais comuns nem serem transmitidas. De qualquer maneira eles têm um sistema imunológico bem forte que atacaria a maioria delas.
— Que bom saber. — Tammy sorriu. — Eu pensei que estaria tudo bem. Quero dizer, eu meio que deduzi que Valiant não tinha dormido com muitas por aí pelas coisas que ele diz. 107
Trisha piscou os olhos algumas vezes.
— Ele poderia te engravidar.
Tammy deixou as palavras serem absorvidas e sacudiu a cabeça.
— Não pode ser. Quero dizer, eu assisto o noticiário. Estão sempre discutindo que os Novas Espécies são estéreis. Eles não podem gerar filhos. Os laboratórios os fizeram assim de propósito. É um fato conhecido por todos.
— Acredita em tudo que vê no noticiário? — Trisha suspirou. — Esqueça essa pergunta. Não é de conhecimento público. Na verdade é uma informação confidencial que somente os Novas Espécies, ou neste caso, mulheres que estão fazendo sexo desprotegido com eles precisam saber. Você cai nessa categoria já que não está tomando pílula nem tomando outras medidas contraceptivas. Precisa saber do risco de gravidez.
Valiant rosnou.
— Eu não sou estéril.
Trisha olhou para ele e de volta para ela.
— Eu sou uma médica de Novas Espécies, Tammy. As Indústrias Mercile tentou fazer com que eles se reproduzissem, mas nunca deu certo. Eles nunca os esterilizaram já que encorajavam que procriassem.
Só recentemente descobrimos que é possível que uma humana e um Nova Espécie possam gerar uma criança juntos sob as circunstâncias certas.
Tammy olhou para a doutora de boca aberta, muda.
Trisha fez uma pausa.
— Fizemos vários exames. Eu só queria que vocês dois ficassem cientes desse risco. — Seu olhar foi para Valiant. — Você é mais… — Parou outra vez. — Você é um Nova Espécie mais pronunciado e ao menos que eu faça exames do seu esperma, não terei certeza se poderá engravidá-la. Seu DNA pode estar muito alterado para isso acontecer, mas eu quero os dois cientes da possibilidade. — A atenção dela voltou para Tammy. — Posso prescrever algo para você imediatamente se quer garantir sua proteção.
Tammy piscou os olhos.
— Mas nós já transamos. Isso quer dizer que eu já posso estar grávida, certo?
Trisha assentiu.
— Sim. Posso fazer um teste de gravidez em algumas semanas.
Tammy praguejou baixinho e não perdeu quando a atenção de Valiant se concentrou nela. Ele parecia fulo da vida novamente.
— Isso é uma coisa tão ruim assim? — O olhar dele desceu até a sua barriga. — Carregar um filho meu?
Tammy só o encarou. Valiant rosnou, os olhos estreitos e o corpo todo tenso. Ele rosnou outra vez, mais alto. 108
— Pare. — sussurrou Tammy. — Não fique com raiva. Eu estou chocada já que não achava isso possível, ok? Me dê alguns minutos para passar o meu surto. Eu nunca nem considerei uma gravidez.
— Isso não muda nada. Você é minha e eu sou seu. Será uma coisa boa se fizermos um filho. Eu sou forte e cuidarei bem das necessidades de vocês dois. Protegerei vocês e iria adorar um bebê. Você disse que eu não a envergonho. Ter o meu filho a deixaria envergonhada?
— Não. — Ela franziu o cenho. — Eu só não o conheço bem o bastante para pensar em formar uma família, ok? As pessoas deviam passar anos juntas antes de tomarem essa decisão. Confie em mim, eu sei disso. Meus pais se casaram porque a minha mãe engravidou e quando eu tinha dois anos eles já se odiavam. Brigavam o tempo todo até o meu pai finalmente nos deixar quando eu tinha quatro. Minha mãe começou a beber e finalmente conheceu um homem que odiava me ter por perto. Ela simplesmente me largou com a minha avó sem nem olhar para trás. Eu nunca mais a vi.
Ele deu um passo na direção dela.
— Você é minha. Eu nunca a odiaria nem você a mim. Nunca deixaria você. Nunca. Você é minha.
Tammy olhou para a médica, em busca de ajuda.
— O que isso significa exatamente para eles?
Trisha hesitou.
— Valiant, nós poderíamos conversar sozinhas?
— Não. — Ele cruzou os braços outra vez. — Pode falar com ela na minha frente.
— Não quero ofender você.
Ele sacudiu a cabeça para Trisha.
— Não irá.
Ela não parecia ter certeza daquilo, mas começou a falar.
— Nunca foi permitido a eles terem algo próprio. Como objetos. Eles nem podiam se apegar aos outros Espécies a que eram expostos. Isso era uma ocorrência rara na maior parte das vezes já que eles ficavam trancafiados em celas diferentes. Se se apegassem, se a equipe descobrisse que se importavam com o que acontecia com um companheiro, isso era usado contra eles para puni-los ou forçá-los a fazer o que mandavam enquanto estavam presos. Agora, quando acham que algo é deles, não desistem. Querem ficar com ele para sempre.
Abalada, Tammy simplesmente ficou encarando a médica.
— Para sempre?
— Até um de vocês morrer.
— Então não posso deixa-lo, não importa o que ele faça? Ele não vai me deixar?
Trisha mordeu o lábio. 109
— O que acha que ele faria ou poderia fazer para que você quisesse deixá-lo? Eu sei que ele é meio controlador, mas é só o jeito deles. Relmente mataria ou morreria para protegê-la e não pode dizer isso com relação a muitos homens. Sim, eles são controladores, mas fazem isso numa tentativa de manter a pessoa em segurança. Isso realmente conta muito assim que se acostuma aos costumes deles.
— E se ele me trair? — Tammy se recusava a olhar para Valiant.
Um sorriso curvou a boca da médica.
— Eles são muito fieis. Só há alguns casais até o momento, mas pelo que sabemos, os machos irão meio que marcá-la com o cheiro deles. Quanto mais tempo passar com ele, mais ele vai se viciar em você. Depois de um tempo não vai conseguir suportar o cheiro de outra mulher se se aproximar muito de uma. Como exemplo, nós temos um casal em que outra mulher tentou dar um beijo no macho. Ele ficou muito nervoso ao ser tocado por ela. Quase esmagou a esposa quando se esfregou em seu corpo para remover o cheiro da outra. Não conseguia suportar. O cheiro o enfurecia e disse que passou muito mal quando falei com ele depois.
— Foi aquele casal, Ellie e Fury? Os que apareceram nos noticiários?
— Sim.
— Fury foi misturado com alguma raça de cão, certo? Foi isso que li. Valiant é um leão. Isso não quer dizer outra coisa? Cães e leões não são nada parecidos.
— Não posso dizer com certeza, mas você poderia perguntar a Valiant. Se tem uma coisa com a qual pode contar sempre, confie em mim, é que eles são brutalmente honestos.
Tammy finalmente olhou para Valiant. Ele suspirou quando lhe retribuiu o olhar.
— Eu machucaria outra fêmea se ela tentasse ter contato sexual comigo. Quero você e apenas você. Não iria permitir que outra fêmea me tocasse.
— Viu? — Trisha atraiu a sua atenção. — Não precisa se preocupar com ele te traindo.
— Eu me banharei no sangue do homem que tocar em você. — Valiant rosnou alto. — Arrancarei os seus membros. Arrancarei a sua cabeça. — Ele fez uma pausa e respirou fundo. — Ele morrerá de uma maneira terrível. Mas jamais a machucaria.
Trisha conseguiu continuar sorrindo.
— Mencionei que eles são bem possessivos e gráficos também?
Trisha o olhou com uma cara feia e sacudiu a cabeça.
— Pode omitir os detalhes sangrentos um pouco? Humanos não gostam muito de ouvir essas coisas. Não vende muito bem com a gente. Confie em mim.
Rugiu.
— Sempre digo a verdade à Tammy.
— Estou aprendendo isso. Mas não estou pronta para ter um bebê. — Tammy encontrou o olhar raivoso de Valiant. — Eu quero conhecer você melhor primeiro antes de sequer discutirmos ter um juntos, se é que isso é possível. Por favor, entenda e não fique 110
com raiva nem magoado. Não estou dizendo não para sempre, só que no momento eu quero passar mais tempo com você antes de considerar essa opção.
Tammy encarou a médica.
— Poderia me dar alguma coisa?
Trisha assentiu.
— Claro. Vou ter que ligar e pedir para que entreguem já que não temos anticoncepcionais na Reserva. Em algumas semanas você precisará de um teste de gravidez para garantir que ainda não tenha concebido e nós começaremos com as pílulas. — Trisha fez uma pausa. — Não quero começar com elas agora caso já tenha concebido. Me informe imediatamente se sua menstruação chegar. Eu...
— Sem sexo? — interrompeu Valiant.
Tammy franziu o cenho.
— Cale a boca e deixe que ela fale.
Trisha olhou entre eles, concentrando-se em Tammy.
— Eu também gostaria se não comentasse com ninguém essa discussão que tivemos. Há muitos grupos de Ódio lá fora que ficariam muito infelizes se descobrissem ao menos a possibilidade de concebermos filhos com os Novas Espécies.
— Essa é uma meia verdade, se é que já ouvi uma. — Tammy fez uma careta. — Eles ficariam furiosos. Vi um programa de TV umas semanas atrás sobre alguns idiotas que começaram um negócio de apostas sobre o tempo de vida dos Novas Espécie conhecidos.
Horrorizada com o que disse, deu um olhar na direção de Valiant, esperando que aquilo não tivesse ferido seus sentimentos. Ele encontrou o seu olhar com calma, sem parecer chocado por ouvir que alguém queria tirar lucro com a morte deles.
— É. Ouvimos sobre isso. — Trisha ficou com uma expressão triste. — E eles provavelmente fariam qualquer coisa para matar a mulher levando esse bebê e o mesmo se já tivesse nascido. Muitos deles não veem a hora que os Novas Espécies desapareçam com o tempo. Isso causaria um caos com esses imbecis se descobrissem a possibilidade de gerações deles.
— Vê? Essa é outra razão pela qual não quero um bebê agora. Eu já fui visada por eles. Podia muito bem vestir uma camisa com um alvo estampado e viver com ela. Não estou pronta para me arriscar. Eu quero as pílulas assim que você puder me prescrevê-las.
Tammy virou a cabeça para ver como Valiant reagiu à discussão que tiveram. Ele Foi embora, deixado o quarto, e ela soltou um palavrão em voz baixa. Ele saiu sem dar uma palavra. Obviamente não concordava com o que ela queria. Merda.
— Dê tempo a ele. — Trisha estendeu a mão a tocou o braço de Tammy. — Acho que pode se sentir um pouco rejeitado.
— Não quis que ele se sentisse dessa forma. Você entende, não é? Eu o conheci há cinco semanas, ele quase me matou de susto, nós fizemos um sexo incrível e eu bati nele com um abajur. Ontem ele voltou para a minha vida quando me salvou. Estou muito atraída por ele, mas nós precisamos passar muito mais tempo juntos antes de corrermos riscos desse tipo. Inferno, acho que estou me apaix... — Ela fechou a boca. — No geral, passei 111
muito pouco tempo com ele e certamente não o suficiente para ter o compromisso de uma vida inteira que é ter um filho juntos.
— Eu entendo, de verdade.
Tammy viu compaixão no rosto da outra mulher.
— Aí está todo o fator das diferenças entre nós. Fui sequestrada ontem à noite porque alguém ouviu que dormi com ele. Só dormi com ele. E se eu tivesse engravidado? Aqueles bastardos estúpidos iriam querer pôr as mãos em mim. E isso sem nem tocar no assunto do que a imprensa faria. Eu vi o que fizeram com aquele casal. Os dois não conseguiam fazer nada sem ter centenas de repórteres em cima deles. Eles nem saem de Homeland mais, saem? Ouvi que a imprensa os perseguia como se fossem estrelas de cinema ou de rock. Inferno, acho que eles pegam mais leve com esses dois grupos de celebridades do que pegam com eles.
Trisha suspirou.
— É. Eu sei. Com sorte vai ver que eles nem ligam já que ambos trabalham em Homeland e suas vidas estão dentro das paredes seguras de lá.
— Eu não sei se poderia viver assim. No momento não posso nem deixar essa suíte. É assim que é com Ellie? Ela fica presa na casa deles?
— Não. Ela tem um trabalho em Homeland e está mais estabelecida lá. A Reserva acabou de abrir e é por isso que você tem ficado dentro da suíte. Os Novas Espécies estão acostumados com os humanos, mas não os que vivem aqui. É só para a sua segurança. Eu também não posso andar por aí sem escolta. Não tenho esse problema em Homeland. Tenho uma casa lá.
Tammy quis desesperadamente mudar de assunto.
— Como vão as coisas com o pai do seu bebê? Ele vive perto daqui? Posso conhecê-lo já que a cidade é pequena.
Trisha sacudiu a cabeça.
— Ele normalmente vive e trabalha no Sul da Califórnia.
— Oh. — Tammy assentiu.
— No momento está trabalhando em outro lugar. Em alguns meses ele voltará para o Sul da Califórnia, onde fica a sua casa e eu também. Nós conversamos hoje de manhã e ele reconsiderou o casamento.
Tammy fez um sinal de positivo com o polegar.
— Bom para vocês.
Trisha assentiu.
— Sim. Eu quero me casar com ele e amá-lo mais do que tudo.
Tammy suspirou, a mente recusando a ceder à preocupação que crescia por dentro.
— Valiant está mesmo bravo comigo.
— Acho que ele está magoado porque você significa muito para ele. Não acho que tenha percebido o quanto ele se apegou a você. Temos Novas Espécies que fizeram sexo 112
com humanos, mas que não estabeleceram reivindicações sobre eles. Acho que por qualquer que seja a razão, ele já marcou você.
— E se ele conhecer outra pessoa e mudar de ideia?
— Como disse, eles são muito leais. Não são do tipo de homens com quem estamos acostumadas. Eles tiveram vidas horrendas e realmente valorizam aquilo com o que se importam. Ele obviamente se importa muito com você ou não a teria reivindicado.
Tammy assentiu.
— Estou muito confusa.
Trisha também assentiu.
— Eu entendo. Confie em mim, realmente entendo.
— Obrigada por me dizer tudo. Assim que começar com as pílulas, com quanto tempo elas começam a funcionar?
— Um mês. Eu vou mandar uma boa quantidade de camisinhas. Posso entregá-las ainda hoje. — Ela hesitou. — Você provavelmente vai ter que mostrar a ele como usar já que eu duvido que alguma vez ele precisou. As Indústrias Mercile só permitiam que eles fizessem sexo com fêmeas quando estavam fazendo os experimentos de reprodução. Era a única vez em que eles podiam ter algum contato com outros da sua espécie. Não acho que ele já teve contato físico com algum humano que não tenha sido você. Vai ter que lhe perguntar. Não sei muito sobre onde ele ficou antes que inaugurassem a Reserva, mas pelo o que entendo, foi em uma locação remota no deserto. Eles costumavam ter mulheres, mulheres humanas fazendo a guarda deles já que Novas Espécies não atacam fêmeas. Quem sabe se alguma delas se sentiu atraída por ele. — Ela limpou a garganta. — Apostaria que não. Ele é bem intimidante.
Tammy não conseguia imaginar muitas mulheres abordando Valiant que não fossem mais do que corajosas.
— É horrível o que foi feito a eles.
— Eu sei. Como eu disse, eles tiveram vidas duras. — Trisha se preparou para ir embora. — Trarei o almoço tipo piquenique em alguns dias para que possamos conversar de novo. Eu faço um frango frito daqueles. Fale com Valiant e tente não perder a paciência se ficar frustrada com ele. Às vezes não entendem as coisas, mas aprendem rápido e se você explicar com clareza, eles normalmente entendem a essência do que está tentando dizer. Eles se magoam sim e têm uma tendência de reagir parecendo irados. Aquele ditado do late mais do que morde se aplica bem a eles.
— Obrigada.
Trisha deixou o quarto e Tammy suspirou audivelmente. Valiant provavelmente estava magoado por ela não estar pulando de alegria com a ideia de que pudesse estar grávida. Ela mal conhecia o cara e eles simplesmente eram muito diferentes. Não tinha nada de ruim contra ele, não era uma forma de rejeição, apenas uma decisão inteligente de ir com calma.
Ela olhou para a cama e fez um ruído de zombaria. Estava fazendo sexo selvagem com o cara, várias vezes, e nada no relacionamento que tinham até o momento parecia ter freios. Não conseguia resistir quando ele começava a rugir e a ronronar para ela. A boca dele 113
deveria vir com um adesivo de advertência. Ela sorriu e finalmente entendeu. Precisava conversar com ele e esclarecer as coisas. A ideia dele se sentindo rejeitado não assentava bem com ela.
Tammy saiu do quarto. Depois de uma busca rápida no outro quarto, banheiro e na sala, ela chegou à conclusão que Valiant tinha saído. Abraçou-se e caminhou para a porta da suíte. Hesitou antes de abri-la.
Um homem Nova Espécie estava do outro lado. Ele tinha o cabelo preto e os olhos cinzentos. Virou-se para olhá-la com curiosidade. Não estava realmente surpresa por alguém estar ali de vigia.
— Sabe onde Valiant está?
Ele sacudiu a cabeça.
— Parecia muito bravo quando saiu e eu é que não iria perguntar nada a ele. Não quis que rosnasse para mim.
— Obrigada. — Tammy fechou a porta devagar.
Ela finalmente se conformou em assistir TV, mas então lembrou o que tinha dito ao Xerife Cooper. Imaginava se era permitido fazer ligações. Voltou à porta da suíte e a abriu. O Nova Espécie se virou, estudando-a outra vez.
— Eu posso usar o telefone?
Ele hesitou.
— Ninguém disse que não podia. Vá em frente.
— Obrigada. — Ela fechou a porta e decidiu usar o telefone do quarto. Sentou na cama, ficou confortável e discou o número do seu melhor amigo. Tim atendeu no segundo toque.
— Alô?
— Oi, sou eu.
— Tam! Como você está? Está em casa? Vou comprar uma pizza e passar aí. Me preocupei tanto com você.
— Não estou em casa, mas estou bem. Ainda estou na Reserva dos Novas Espécies e vou ficar por aqui por um tempo. — Ela deu uma pausa. — Estou meio que ficando com um deles.
— Você ficou louca? — Tim gritou. — Sabe o que aconteceu desde que foi atacada? Temos desde equipes de emissoras a pessoas protestando que odeiam esse pessoal Nova Espécie inundando a cidade. Os grupos de apoio deles apareceram para se opor aos Ódio hoje de manhã. Está um inferno e acima de tudo isso há todo tipo de boato sobre você saindo com um deles, mas achei que fosse conversa fiada. Eu sou o seu melhor amigo e você teria me contado. Gritei com os repórteres que bateram à minha porta que você a fim de um deles era a maior besteira que já tinha ouvido. Eles mostraram um vídeo dele e você no noticiário esta manhã com uma cena dele te carregando para um Jipe e sentando com você no colo. 114
Tammy tentou não se retrair com o quanto Tim parecia estar chateado. Queria tentar acalmá-lo.
— Que maravilha. Apareci no noticiário e perdi isso? Você gravou? Que legal.
— Não tem graça.
— Meu cabelo ao menos estava bonito? — Fez uma careta lembrando a quantidade de terra e folhas que havia nele.
— Droga, Tam. Eu não estou brincando. Fui até a sua casa esta manhã para colocar a comida para aquele gato selvagem que você alimenta. Faço isso desde que o xerife disse que você tinha se machucado e sido levada para a Reserva para ver os médicos deles. Ele falou que você ficaria aí um dia mais ou menos enquanto se recuperava. Tinha gente protestando no seu pátio e você devia ler os cartazes que exibiam, Tam. Aquela velha rabugenta da sua vizinha está ameaçando fazer um abaixo-assinado para te forçar a vender a casa da sua avó. Ela saiu para gritar comigo que queria que fosse embora porque não iria querer viver lado a lado com esse tipo de lixo.
— O que os cartazes diziam? — Tammy podia sentir uma dor de cabeça se aproximando. Ela lembrou dos analgésicos, mas não poderia ir até o banheiro com o fio do telefone.
— Nada que vá querer ler, eu te garanto. Foi publicado que você estava ficando com esse cara e que ele era o seu amante. Pode adivinhar. Foi brutal.
— Então a Sra. Haller está fula, hein?
— Ela gritou que iria fazer um abaixo-assinado para te forçar a vender. Ouviu essa parte?
— Bem, ela é uma megera e eu tenho certeza que vai fazer o possível. — Tammy riu de repente. — Tem muita gente protestando? Eles são muito barulhentos? Acha que eles vão passar a noite toda lá e deixá-la maluca? Ela reclama comigo direto mesmo que a minha TV esteja num volume normal. Tem um lado bom, certo? Talvez ela fique tão irritada que bata as botas. Aquela mulher me odeia desde que eu era criança e fui viver com a vovó.
— Tam, porra, isso não tem graça. Vou aí te buscar. Pode se esconder de todo mundo no nosso quarto de hóspedes. Meus pais estão mortos de preocupação com você. Eles não acham que você está segura aí e nem eu. Você não sabe muita coisa sobre essa gente.
— Não seja um chato, Tim. Eu sei mais sobre eles do que você. Estou extremamente segura.
— Desde quando?
— Desde que os conheci.
— Aquela vadia velha vai mesmo entrar com o abaixo-assinado, Tam. Ela vai mesmo tentar fazer com que venda a sua casa. O que você vai fazer se ela conseguir?
— Bem, lembra alguns anos atrás quando passei pela minha fase heavy-metal? Ela também fez um abaixo-assinado e pediu a todos os vizinhos que o assinassem dizendo que eu adorava o diabo tentando convocar demônios no meu quintal toda vez que eu acendia a churrasqueira. Eles riram da cara dela. 115
— Isso não é sobre ela odiar o seu gosto em música. Isso é extremamente sério. Tem ao menos umas vinte pessoas protestando no seu jardim com cartazes que acusam você de gostar de foder com qualquer coisa com coleira e quatro patas.
— Ruim assim, é? — Tammy fez outra careta. — Bem, mesmo se eu fosse para a sua casa não iria fazer com que fossem embora, iria? Eles apenas iriam começar a protestar lá se soubessem que era onde eu estava. Vou ficar aqui.
— Você precisa voltar para a cidade e dizer a todos que o noticiário estava errado. Precisa denunciar aquele cara até que isso pare.
— O que eles têm de errado? Estou ficando com um deles.
Tim permaneceu calado por um minuto.
— Por quê?
— Por que acha? Ele é maravilhoso, doce, e eu quero ficar com ele.
— Podia ter me dito se estava tão solitária assim. Não precisa namorar com um deles. Me deixe levá-la para sair.
— Oh, pare. Nem comece Tim. Falo sério, não comece. Você e eu somos melhores amigos. Me convidam muito para sair, se quer saber. Não estou desesperada por qualquer um. Estou mesmo atraída por ele, mesmo.
— Mas ele é...
— Não diga nada de ruim. — avisou Tammy, cortando o que ele ia falar.
— Tudo bem. Espero que você perceba que isso vai acabar com a sua vida. Quando parar de sair com esse… com ele… nenhum cara da cidade vai querer encostar em você. Tenho que ir. Você obviamente já está com a cabeça feita e eu simplesmente não consigo falar com você no momento. — Tim desligou.
Tammy segurou o telefone por vários segundos antes de colocá-lo de volta ao gancho. Ela enxugou as lágrimas que a cegaram temporariamente. Tim nunca tinha desligado na sua cara antes. Ela saiu da cama, foi até o banheiro e encheu um copo d’água. Ao voltar para a cama parou onde estava quando seu olhar encontrou Valiant. Ele estava escorado na parede do quarto ao lado da porta, a expressão séria.
— Você voltou.
Os olhos dourados dele a avaliaram e repuxou os lábios numa carranca. Seus braços estavam cruzados e ele respirou fundo.
— Vai perder a sua casa?
— Você estava ouvindo.
Ele encolheu os ombros.
— Tenho boa audição. Caminhei lá embaixo para respirar ar puro e voltei quando estava falando ao telefone. Fiquei do lado de fora da porta para que pudesse conversar com o seu amigo sem ser interrompida. Você disse que ele era o seu melhor amigo. — Ele trocou o peso de perna, afastando-se da parede. — Ele a fez chorar. Me responda. Você vai perder a sua casa?
Ela encolheu os ombros. 116
— Era uma porcaria de casa com um teto vazando de qualquer jeito, mas eu duvido. A maioria dos vizinhos vive lá desde sempre e me conhecem pela maior parte da minha vida. A minha vizinha é o Anticristo. Ela está fazendo confusão, mas ela sempre faz esse tipo de coisa. Tem gente protestando na frente da minha casa.
— Não precisa mais da sua casa, delícia. Você tem a minha casa e tem a mim.
Tammy o fitou.
— Mas por quanto tempo?
Ele se moveu.
— Nunca vai se livrar de mim. — Andou na sua direção. — Nem mesmo se tentar. Você pertence a mim e eu a você.
Tammy levantou os olhos para Valiant quando ele parou a centímetros dela. Ele pegou o copo e o colocou em cima da mesa de cabeceira. Eles se encararam por um momento antes que Valiant a agarrasse, colocando-a de costas na cama. As mãos dele rasgaram as suas roupas quando os lábios tocaram sua garganta. Tammy gemeu.
Valiant a prendeu debaixo de si mais forte, inalando seu aroma maravilhoso, querendo que ela ficasse completamente nua para que ficassem pele com pele. Ela o defendeu para o seu melhor amigo, se recusando a deixá-lo e ele queria garantir que não mudasse de ideia.
Ela podia perder a própria casa por causa de sua associação com as Espécies. A culpa o remoeu quando suas mãos acariciaram os seios nus. Ele fitou os olhos dela cheios de paixão e jurou que a faria esquecer de tudo, menos dele. Garantiria que soubesse que ficar com ele valia a pena todos os sacrifícios que fazia.
Ele rugiu, trabalhando para tirar as suas calças quando deslizou da cama para o carpete, de joelhos. O cheiro da excitação crescente dela quase o deixou maluco de vontade de prová-la, de reivindicá-la, mas ela de repente se levantou da cama. Ele rosnou para ela e agarrou o colchão, na intenção de ir atrás dela. Ela levantou a mão em um gesto para pará-lo e ele congelou.
— Camisinha.
Quis urrar. Ela era sua. Ele sabia como as coisas eram, mas não queria nada entre eles quando a possuísse. Queria marcá-la com o seu cheiro, enchê-la com sua semente, e se surgisse uma vida... que seja!
— Por favor? Eu não estou preparada para ter um bebê.
Ele a olhou nos olhos quando lutou contra a própria dor e mágoa.
— Valiant? — O olhar dela suavizou. — Você poderia me seduzir do jeito que quisesse, eu quero que faça isso, mas só estou pedindo mais tempo antes de arriscarmos. Pode, por favor, fazer isso por mim? Por favor?
Ele fechou os olhos, rosnou e ficou de pé.
— Fique nua. Eu volto logo. — Ele saiu do quarto que nem uma bala, passando pelo corredor e pela porta da suíte. Ele a abriu com força e olhou com raiva para Flame. Eles tinham acabado de trocar os guardas. Flame o observava com cautela quando recuou. 117
— O que foi que eu fiz?
— Preciso de camisinhas. — Ele cuspiu a última palavra.
Flame mal conseguiu conter o seu divertimento.
— Um, certo. Sem proteção, sem amor, né?
Valiant rosnou para ele.
Flame recuou mais uns passos, colocando a mão no bolso de trás. Valiant ficou tenso, acreditando que o oficial pegava a sua arma. Ao invés disso ele tirou uma carteira, abriu-a, e retirou um tipo de cartela.
— Aqui. — Ele se aproximou. — Esse negócio do sem proteção sem amor foi mencionado em uma aula que tivemos em Homeland sobre as mulheres humanas. Significa que algumas delas não querem sexo sem camisinha. — Ele arriscou outro passo. — Nós levamos essas coisas nas carteiras em Homeland no caso de interagirmos com mulheres humanas e decidirmos transar. Vou garantir que tragam mais para você, mas isso é tudo que tenho por hora. — Ele as estendeu. — Sabe como usá-las?
— Não. — Valiant odiava admitir. Ele aceitou o pacote estranho que tinha quatro coisas redondas seladas com um plástico de aparência esquisita de um lado e uma coisa brilhante do outro.
Flame engoliu em seco.
— Realmente precisamos ter aulas aqui na Reserva. Você abre com cuidado om pacote que contém uma coisa redonda de borracha. Coloca na cabeça do pau e vai desenrolando ela até a base. — Ele olhou para as mãos de Valiant. — Deixe-a fazer isso. Você tem esse problema das unhas afiadas. Vai rasgá-las. Apenas fique com uma cara fofa e indefesa quando lhe disser que precisa de ajuda. Humanas gostam disso.
— Obrigado. — Ele encontrou os olhos de Flame. — Agradeço o conselho.
Valiant se retirou, bateu a porta e a trancou. Ele apertou os dentes, agarrou as camisinhas e voltou correndo para o quarto. Ah, as coisas que eu faço pela minha Tammy.
"Ah as coisas que eu faço pela minha Tammy!
ResponderExcluirKkkkkkkkk Valiant o melhor!
E ai de quem ousa os enterrouper😏.
ExcluirCom certeza!
ResponderExcluirAaaahhhhhhh quero pra mim...kkkkkkkk
ResponderExcluirKkkkkkkk
ResponderExcluirQueria ele pra mim.😍😍😍
ResponderExcluirEis que eu me apaixono por mais um personagem literário
ResponderExcluirEle é fofo
ResponderExcluirAté que enfim, um por favor, hein D. Tammy. O cara é pra lá de apaixonante, garota.
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