sábado, 11 de outubro de 2014

Capítulo 3

Capítulo 3 
— Saia de cima de mim.
Valiant sacudiu a cabeça.
— Chute a calça e abra as coxas para mim. Quero tocar você.
Pânico envolveu Tammy. O cara praticamente conseguiu despi-la e nem percebeu o que tinha feito. Queria beijá-lo, admitia isso, mas agora sua calça e calcinha estavam em volta dos joelhos, a maior parte do seu corpo exposto e tinha que parar o que estava acontecendo. Não poderia transar com um estranho e especialmente com um tão assustador quanto Valiant.
— Vá para o inferno. Saia de cima de mim e levante a minha calça.
Ele negou com a cabeça e de um salto desceu da cama. Aterrissou graciosamente em pé com as coxas abertas o bastante para permitir que suas pernas ficassem no meio delas. Sorriu enquanto varria seu corpo com o olhar. O desejo se mostrava claramente enquanto examinava cada centímetro exposto.
Ela ofegou, tentando abaixar a camisa por cima dos seios nus com uma mão enquanto tentava freneticamente subir a calça com a outra. Que merda! Como isso aconteceu? Estava completamente exposta ao cara.
Ele agarrou sua calça com ambas as mãos e tirou de seu frenético agarre, puxou-a pelas pernas e a jogou no chão. Chocada e zangada, Tammy o olhou, mas ele pulou sobre ela novamente. Apoiou-se nos braços, estilo flexão, as pernas ainda abertas, e seu corpo pairou sobre o dela. Não a tocou. Centímetros separavam seus corpos enquanto se olhavam nos olhos.
— Abra essas pernas para mim linda. Vou tocar você. — Sua voz saiu brusca, rouca e grossa.
Ela prendeu as coxas uma na outra e o empurrou pelo peito novamente. Ele ficava com a voz sexy quando estava excitado, mas não podia permitir que transasse com ela. Precisava se lembrar que não transava com estranhos, não importando o quanto desejasse, 23

ou o quanto ansiava pelo seu toque. Novas Espécies. Parte animal. Completamente errado. OK. Lembre-se disso. O empurrou outra vez.
Ele não se movia e parecia realmente se divertir com o fato dela tentar empurrá-lo. Tentou ignorar como era sexy com aqueles olhos exóticos e músculos imensos, segurando seu peso. Tinha vontade de acariciar cada pedacinho do corpo incrível dele até onde seus dedos pudessem alcançar.
— Isso não vai acontecer, Valiant. — Dizer seu nome soava estranho vindo dos seus lábios, mas ela conseguiu falar. — Você disse que eu estou ovulando, certo? Consegue mesmo sentir o cheiro? De verdade?
Ele riu e assentiu.
— Posso cheirar. É por isso que estou tão excitado. Sabe o quanto vai ficar quente e molhada para mim com seu corpo no cio? Não se sente mais excitada quando está ovulando?
Engoliu em seco.
— Não. Meus dedos estavam um pouco inchados esta manhã, mas foi só isso. Nem saberia que essa é a razão se não tivesse me dito. Pigarreou. — Não vou transar com você. Não o conheço e não faço isso com estranhos.
— Abra suas coxas e farei com que mude de ideia.
Ela olhou em seus lindos olhos. Sabia como ele beijava e como a fazia se sentir quando a tocava. Ninguém nunca a tentou tanto e seu corpo reagiu a ele como nunca fez com outro homem. Ainda se sentia dolorida nos seios e entre as pernas.
— Abra as pernas. — rosnou baixinho. — Quero tanto sentir o seu gosto que estou tentando não babar de vontade.
Ele baba? Isso com certeza NÃO é sexy. É. Concentre-se nisso. Ela franziu o cenho e empurrou a pele quente do peito dele mais uma vez, mas ele nem se mexeu. Ele mudou seu peso, baixando pelo seu corpo e suas pernas deslizaram um pouco para fora da cama, então ao invés de pairar sobre o seu rosto, ele hesitou sobre o seu estômago. O olhar deixou o dela para olhar fixamente suas coxas. Um suave rugido saiu do fundo da garganta.
— Abra para mim. Eu preciso pelo menos disso. Seu cheiro me chama com tanta força que dói. Me deixe lambê-la até que goze gritando por mim. Me deixe desfrutar do seu creme. — Ronronou. De repente a cabeça se ergueu até que aqueles olhos de gato se prenderam aos assustados dela. — Eu adoro creme. — Ele lambeu os lábios devagar.
Seu corpo latejava. Droga, ele não jogava limpo. O corpo traidor respondeu com toda a força às suas palavras quando imagens mentais dele entre as suas coxas explodiram em seu cérebro. Mordeu o lábio com força antes de soltar um palavrão baixinho, perdendo a batalha para o desejo e sabendo que jamais venceria.
— Não posso acreditar. Isso nunca aconteceu, ok? Eu enlouqueci, mas estou desejando você.
Ela destravou os joelhos e sentiu que as bochechas esquentaram de vergonha. Deixou alguns homens ficarem sobre ela e embora não fosse tão ruim, não desfrutou. Jurou que não transaria de novo, a não ser que estivesse bêbada ou com alguém que realmente importasse. Não transava com estranhos, mas não previu uma situação dessas. 24

Ela abriu as pernas um pouco e observou a cabeça de Valiant descer. Outro rugido ressoou em sua garganta, esse forte e um pouco assustador. Ela agarrou o cabelo grosso dele, segurando a cabeça até que encontrasse seu olhar.
— Não me morda. Não vai fazer isso, né? Quero ter certeza que estamos na mesma onda e você precisa ter cuidado com esses seus dentes de vampiro. Não gosta de sangue, gosta?
De repente, ele deu um sorriso.
— Sei o que estou fazendo e não haverá nenhuma dor. Não vou te morder.
Ela soltou sua juba, envergonhada enquanto abria as pernas um pouco mais, e tentava não ficar tensa. Olhou para baixo quando a cama se mexeu para ver que Valiant deslizou completamente se ajoelhando próximo a ela.
Mãos grandes e fortes agarraram seu quadril, puxando seu traseiro para a beira do colchão e agarrando os joelhos, colocando-a gentilmente na posição que queria, que era com os tornozelos na beira da cama e as pernas bem abertas. Com o olhar fixo na sua vagina completamente exposta, um ronronar saiu dele e ela desviou os olhos para fitar o teto enquanto os dedos se enterravam no edredom. Não tinha certeza alguma sobre o que estava fazendo.
— Não tem pelo nenhum. — Ele soou surpreso.
Ela se perguntou se era possível morrer de vergonha.
— Eu depilo. Ou comece logo ou me deixe ir embora. Nem posso acreditar que concordei com isso porque é totalmente insa...
Ofegou ao invés de terminar a frase quando Valiant empurrou seus joelhos para abri-los ainda mais. O cara tinha ombros largos e seu cabelo caiu em seu estômago quando se inclinou em cima dela até que não pudesse deixar de sentir o fôlego quente soprando em seu sexo exposto. Suas mãos eram gentis quando ele abriu seus grandes lábios para expor ainda mais à sua vista. Outro ronronar alto saiu dele e a língua quente encostou em seu clitóris.
Seus dedos agarraram a roupa de cama quando ele começou a lambê-la em carícias longas e rápidas. O prazer foi instantâneo e intenso. A língua de Valiant era áspera e conseguia mexê-la de formas que ela nunca pensou ser possível enquanto provocava e circulava o ponto exato que enviava uma cascata de prazer pelo seu corpo.
Ela ficou totalmente tensa, as costas arqueadas, e teria juntado as pernas com força para parar aquela sensação tão poderosa, mas os ombros dele a mantinham aberta e imóvel e suas mãos separaram seus grandes lábios para expor o clitóris para ele. A manteve deitada quando seu quadril começou a se ergueu do colchão.
O clímax rasgou Tammy brutalmente ao meio e ela gritou. Estava chocada por ter gozado tão rápido. Seus olhos estavam fechados enquanto descia flutuando pela euforia e tentava acalmar sua respiração entrecortada. Ouviu Valiant ofegando mais do que ela e arfou quando sentiu, de repente, a língua na abertura de sua boceta. Ele grunhiu, vibrando contra ela, e língua grossa penetrou o seu corpo enquanto separava as paredes de sua vagina. Os músculos ainda estavam se contraindo nas últimas ondas de seu orgasmo quando 25

as mãos dele deslizaram debaixo de sua bunda, levantando-a uns centímetros da cama para lhe dar uma penetração mais profunda.
— Oh Deus! — gemeu.
Ele grunhiu forte em resposta e sua língua se movia dentro dela, dentro e fora, antes de se retirar completamente. Ela se forçou a abrir os olhos e fitou em choque quando ele se inclinou sobre ela. Ele tinha uma expressão selvagem nos olhos incríveis quando se fixou em seu seio, se inclinou e fechou a boca sobre um bico e chupou freneticamente. Fez com que gritasse outra vez com a nova e maravilhosa sensação. Algo grosso e duro cutucou sua vagina. Ela ofegou quando o pênis dele começou a pressioná-la onde sua língua tinha acabado de estar.
Era incrivelmente duro e grosso. Abaixou-se sobre ela e seu corpo a cobriu com peso suficiente somente para mantê-la onde ele a queria. Seus músculos se estiraram para acomodar o tamanho dele. Penetrou-a lentamente, permitindo que seu corpo se ajustasse ao pênis, e ela agarrou sua cabeça, enfiando os dedos nos grossos cabelos para ter onde se segurar. Prazer e quase dor a dominaram enquanto ele afundava nela. Experimentou uma onda de pânico quando entrou ainda mais.
— Pare!
Ele congelou e a boca deixou seu seio. Tinha uma expressão definitivamente selvagem naqueles olhos exóticos. A pura necessidade de seu desejo claramente marcada pela forte tensão em suas feições.
— Não me faça parar. — Sua voz era tão rouca e grossa que não parecia humana. — Preciso de você.
— É muito grande. — Estava com medo.
— Vou nos virar, ok? Você vai ficar por cima e tomar de mim o quanto puder. Não quero te machucar.
Ele rodou, mostrando sua força imensa. Em um segundo Tammy estava debaixo dele, no outro, montada em seu colo. Agarrou-a pelos quadris, para não penetrá-la mais fundo e esperou até que ela apoiasse os joelhos em ambos os lados de seus quadris antes de soltá-la. Envolveu uma das mãos em sua cintura, para mantê-la no lugar, e deslizou a outra por baixo dela para massagear o clitóris. Ela Jogou a cabeça para trás e desceu um pouco mais.
Seu pênis era realmente grosso. Passou muito tempo desde que teve relações sexuais. Ela subiu e o prazer de senti-lo dentro dela arrancou um gemido dos seus lábios. Ele era impiedoso com os dedos enquanto brincava com o grupo de nervos sensíveis, fazendo-a ofegar. Moveu-se para cima e para baixo, tomando tanto dele quanto seu corpo desejava.
A sensação de ser estirada, preenchida, de felicidade pura, a chocaram porque era a melhor coisa que já experimentou. Podia sentir cada pedacinho extremamente duro do seu membro dentro dela e, combinado com o que seus dedos estavam fazendo, precisava gozar outra vez.
Cavalgou-o freneticamente, tomando o pênis um pouco mais profundo cada vez que descia os quadris. Gemidos escaparam de sua garganta enquanto seu corpo parecia arder em chamas. O homem debaixo dela grunhia e rosnava, fazendo ruídos que ela normalmente acharia amedrontadores, mas ao contrário, só aumentavam sua paixão. Seu corpo ficou 26

tenso, sacudiu, e gritou quando gozou novamente com força, seus músculos vaginais apertando o grosso membro enquanto seu corpo se sacudia violentamente pela intensidade do orgasmo.
Valiant rugiu enquanto gozava e ela nem se assustou com o som. O pênis duro como aço estava enterrado bem fundo dentro dela e seus quadris se sacudiram debaixo de seu corpo enquanto um líquido quente se espalhou pela vagina conforme ele continuava gozando. Ela desmoronou em seu peito largo.
Os dois estavam sem fôlego. Uma das mãos dele agarrou seu quadril e a outra deslizou pelas suas costas até se fechar sobre seu cabelo. Não machucava, mas forçou a cabeça dela até que não teve escolha a não ser encontrar seu olhar. Os olhos dourados pareciam absolutamente lindos depois do sexo. Ele sorria, mostrando os dentes afiados, e a mão que estava em seu quadril envolveu sua bunda com gentileza.
— Vou ficar com você para sempre.
Ela o olhou chocada.
— O quê?
— Decidi que vou ficar com você para sempre. Você é minha.
Ele era bom em deixa-la sem palavras. Tammy o fitou e ficou totalmente muda. Ele quer ficar comigo? Para sempre? Sério? Ele acha que sou uma mascote? Ela não estava certa de como entender suas palavras ou do significado exato delas. Eu sou dele? Ele decidiu? Nem sabia por onde começar ou o que pensar quando ele fazia essas declarações primitivas.
O sorriso morreu em seus lábios quando ele ficou tenso de repente debaixo dela, seu corpo enorme parecendo se transformar em pedra. Tammy ofegou quando ele os rolou e lentamente retirou seu membro ainda ereto de seu corpo. Deu a ela um último olhar apaixonado antes de rolar e sair da cama.
— Estão vindo atrás de você, mas não vou permitir que ninguém a tire de mim.
Quem está vindo atrás de mim? Tammy se sentou na cama. Percebeu que a camiseta estava enrolada por cima dos seios, e seu sutiã cortado estava debaixo dos braços. Viu quando ele rapidamente vestiu a calça, rosnando e praguejando baixinho o tempo inteiro. Retirou o sutiã destruído e baixou a camiseta enquanto saía da cama para o lado dela.
Observou Valiant cuidadosamente. Sua expressão era assustadora quando se virou para encará-la. Não o conhecia há muito tempo, mas conseguia identificar raiva quando a via.
— Fique dentro deste quarto enquanto lido com eles. Ninguém vai levar você embora. É minha agora.
De boca aberta, o viu colocar a camiseta e fechar a calça jeans enquanto andava pelo quarto como um animal enjaulado. Um leão. Era com o que se parecia. Só que aqui não havia barra alguma entre eles. O que foi que eu fiz? Ah, sim. Transei com um homem-leão. Sexo quente, escandaloso, gozei-tanto-que-acho-que-me-machuquei. E ele ia ferir alguém ou se ferir para ficar com ela.
Tammy recuou, pisou em alguma coisa e olhou para o chão. Sua calça se encontrava ao lado dos seus pés. Seus sapatos também estavam lá. Nem se lembrava deles sendo retirados, mas eram apenas sapatilhas, então deslizaram quando ele arrancou suas calças. 27

Valiant foi até a janela, olhou para fora e rosnou ferozmente.
— Seis deles estão se aproximando. — Bufou. — Acreditam que precisarão apenas de seis machos da Espécie. É um insulto. Não vou demorar muito, delícia. Por que não volta para a cama e me espera? Prepararei algo para comer antes de voltar. Você é pequena e quero alimentá-la. Vou cuidar muito bem de você e vai querer ficar comigo.
Tammy olhou para um abajur próximo, sua mente trabalhando desesperadamente para impedir o que temia que poderia acontecer. Valiant era um cara grandão, feroz, e não queria que as Novas Espécies que vinham salvá-la, o ferissem ou o matassem. Ele lutaria contra eles para mantê-la em seu quarto. Ela viu uma saída em cima do criado-mudo onde o abajur estava ligado a uma tomada. Voltou sua atenção para ele, notou que ainda estava de costas para ela enquanto observava pela janela, e outro rugido saiu dos seus lábios.
— Baterei neles até irem embora chorando antes que a levem de mim. Tentarei assustá-los primeiro, mas não permitirei que a levem Tammy. Farei o que for preciso para impedir.
Ela não seria capaz de viver se eles o matassem. Tammy se abaixou e puxou o fio da tomada. Seu olhar fixo em Valiant para garantir que não se virasse e notasse seus movimentos. Agarrou o abajur com a mão tremula, hesitou, e percebeu que o machucaria menos do que uma bala. Não podia permitir que isso acontecesse. Andou um pouco, mas não se virou, concentrado demais no que via pela janela.
— Idiotas. — Ele rugiu, se inclinou um pouco para frente, e as mãos seguraram o peitoril da janela com força suficiente para fazer a madeira ranger. — Quero que fique dentro do quarto. Não deve demorar mais do que cinco minutos. Se não forem embora, eu vou...
Tammy bateu o abajur com força na parte de trás de sua cabeça. A base de vidro despedaçou e os cacos caíram pelas costas de Valiant até o chão. Ele grunhiu e se virou para encará-la. Oh, estou ferrada! Não bati com força suficiente. Poderia ter batido com mais força, mas ficou com medo de machucá-lo muito severamente. Ele parecia completamente chocado enquanto a fitava conforme se erguia, mas então seus olhos rolaram e seu corpo vacilou antes de desmoronar no carpete.
Ela instantaneamente jogou o abajur de lado e se ajoelhou ao seu lado. Checou o pulso de Valiant, encontrou-o firme e forte, e passou os dedos pelo seu cabelo, onde havia batido. Podia sentir um leve galo se formando, mas não havia sangue. O peito dele subia e descia facilmente quando ela se levantou, certa de que não ficaria inconsciente por muito tempo. Precisava ir embora antes que acordasse. Tinha absoluta certeza de que ficaria irado por tê-lo apagado.
— Puta que pariu. — Suas mãos sacudiam quando terminou de se vestir e de enfiar os pés nas sapatilhas às pressas. Enfiou o sutiã rasgado dentro da calça, sem querer deixa-lo para trás, mas desejando mantê-lo oculto quando saísse da casa. Um olhar para Valiant mostrou que ele permanecia deitado de lado no chão. Deu um passo mais perto, hesitou em deixá-lo, e uma pontada de arrependimento a inundou. Talvez devesse ficar e... Não! O que estou pensando? Ele quer me manter aqui para sempre e nós somos estranhos. Isso seria loucura! Saiu correndo.
Ele tinha trancado a porta do quarto e ela teve que destrancá-la para sair. Olhou pelo corredor para algumas portas fechadas, mas a escada era visível. Correu até ela. Quando 28

Valiant acordasse sabia que ficaria muito irritado. Bateu nele com seu próprio abajur e o apagou completamente. Duvidava que entenderia que fez isso para garantir que não se ferisse e não queria ficar por perto para descobrir se conseguiria ou não argumentar com ele.
Bateu a porta atrás dela e caminhou rapidamente pelo caminho que levava ao portão. Cruzou os braços para esconder o fato de que estava sem sutiã. Esperava que ninguém notasse já que não queria ter que explicar. Avistou sua van, quatro Jipes e a outra caminhonete do bufê estacionados do outro lado da cerca. Homens já tinham entrado no pátio pelo portão.
Eles eram Novas Espécies. Todos usavam uniformes pretos com emblemas em branco do ONE no peito e carregavam armas de verdade juntamente com o que assumia serem armas que disparavam tranquilizantes. Tinha visto alguns dos oficiais Novas Espécies de longe no portão de entrada quando chegou na Reserva. Um muro de nove metros protegia os limites do lugar e homens com aqueles mesmos uniformes patrulhavam do topo da muralha. Os que estavam no pátio de Valiant pararam.
— Oi. — Tammy não olhou para os seus rostos, mantendo os olhos em outra direção. — Estou bem. — Caminhou mais rápido em direção ao portão e em volta dos homens que permaneceram bloqueando seu caminho.
— Tammy! — Ted veio correndo. — Você está bem?
Ela continuou andando e quase passou por cima de um dos oficiais ONE, mas ele saiu da frente pulando.
— Estou bem, Ted. Estou indo para casa. Tive um dia estressante, mas estou bem mesmo. Nós conversamos e ele me deixou ir embora. Problema resolvido. — Mentiu descaradamente.
Um homem entrou no seu caminho quando ela passou pelo portão aberto na direção de onde os veículos estavam estacionados.
— Você está bem?
Ela reconheceu a voz grossa imediatamente como pertencendo a Tiger. Parou e levantou o queixo para olhar suas feições estranhas, nem um pouco chocada que parecesse ser felino. Não era apenas o seu nome que o entregava, mas ele também possuía traços que eram similares aos de Valiant.
Porém, o cara era alguns centímetros mais baixo e não tinha o peito tão largo quanto o de Valiant, mas ainda assim era enorme.
Os olhos de gato de Tiger eram de um azul incrível e ele tinha as mesmas maçãs do rosto distintas e o mesmo nariz achatado de Valiant. Tinha um cabelo castanho claro com mechas loiras e ruivas misturadas. O ruivo não era nem de perto tão brilhoso nem tão bonito quanto o de Valiant.
— Estou bem. Acho que vou para casa relaxar agora. Foi um dia esquisito.
Ele inalou e seus olhos se arregalaram um pouco.
— Vou levá-la para a nossa clínica médica. 29

Tammy ficou tensa, como medo de que dissesse algo que não queria que fosse revelado na frente do seu chefe e adivinhou que ele conseguia sentir o cheiro de Valiant impregnado em todo seu corpo. Eles realmente pareciam ter o olfato incrivelmente forte. Ela lhe deu um olhar de advertência, esperando silenciosamente que ele entendesse.
— Não estou machucada. Não aconteceu nada.
— O que aquele bastardo fez com você? — Ted agarrou o seu braço, virando-a para encará-lo. Ted tinha mais ou menos um metro e setenta e cinco, só dez centímetros mais alto que Tammy, e parecia anormalmente pálido. — Ele te tocou? Machucou você?
Ela encontrou o olhar preocupado do seu chefe e esperou que parecesse calma.
— Estou bem. Nada aconteceu. Nós só conversamos, ele viu a razão e disse que eu podia ir embora. Simples assim. — mentiu.
As feições de Ted relaxaram.
— Graças a Deus. Eles iam entrar para resgatá-la. Os tranquilizantes finalmente chegaram e mais deles apareceram para invadir a casa. A ouvi gritar uma vez e também ouvi um urro, imaginei o pior.
— Ele era assustador. — Ela puxou o braço que ele segurava. — Só quero ir para casa. Foi uma experiência difícil e minha cabeça está latejando. — mentiu outra vez.
Ted assentiu.
— Claro. Vou te pagar por hoje. Eu sinto tanto pela confusão com as direções e estou muito feliz que não tenha se machucado.
— Estou absolutamente bem. — murmurou, imaginando silenciosamente se deveria contar o número de mentiras que dizia, mas rapidamente dispensou a ideia. A verdade causaria muito mais discórdia e não queria nada disso. Ted se afastou com um sorriso incerto. — Foi um dia cheio de emoções, não é?
— Sim. — Forçou um sorriso. — Vou embora. Se importa se eu levar a van?
Seu chefe hesitou.
— Eu preciso dela. Está levando a maior parte da comida da festa. A festa não foi cancelada.
— Eu a levo em casa. — ofereceu Tiger baixinho. — Venha por aqui, Srta. Shasta. Meu Jipe esta bem ali.
Ela caminhou até a van para pegar a bolsa, rezando silenciosamente para que fosse embora antes que Valiant acordasse. Seguiu Tiger até um dos Jipes e entrou nele. Ele não deu partida imediatamente. Estudou-a com muita atenção. Ela decidiu ser um pouco honesta porque os minutos se passavam e não sabia quando o “problema” iria se levantar do chão do quarto.
— Precisamos ir agora. Por favor, ligue o carro e me tire daqui.
Tiger ligou o carro e gritou por cima do ombro.
— Deixem a área agora.
O Jipe começou a andar e o estresse dentro de Tammy diminuiu. Ela se lembrou de colocar o cinto de segurança. 30

— Vivo a mais ou menos cinco milhas daqui. Obrigada por me levar para casa.
Ele hesitou.
— Estou levando você primeiro até a nossa clínica.
— Não. Eu só quero ir para casa.
Ele franziu o cenho e fechou a cara para ela.
— Você precisa de cuidados médicos e nós vamos chamar um psicólogo. Precisa fazer uma queixa a respeito do que Valiant fez com você. Nós cuidamos da justiça na Reserva, mas ele será punido severamente por tê-la atacado.
Chocada, Tammy ficou de queixo caído.
— Ele não me machucou e não quero que seja punido. Não preciso de um médico e com certeza não preciso de um psicanalista.
Ele pisou no freio e se virou para encarar Tammy. Seus olhos azuis se prenderam nos dela.
— Pode mentir para Ted e Marcy. São humanos e acreditarão no que disse lá atrás. Eu não sou eles e você tem o cheiro forte de Valiant. Também posso sentir o cheiro de sexo. Ele obviamente a machucou e a forçou a cruzar com ele. Precisa permitir que nossos médicos deem uma olhada em você, devia conversar com alguém sobre o que aconteceu e precisa entrar com uma queixa para garantir que ele seja punido pelo que fez.
Estava de boca aberta, então a fechou enquanto olhava para Tiger, sentindo o calor de um rubor esquentar suas bochechas. Engoliu o nó que havia se formado para conseguir falar.
— Eu sei que ele a machucou.
— Eu estou bem. Ele não me forçou. Eu quero ir para casa.
Ele franziu mais o rosto.
— O que aconteceu?
Ela hesitou.
— Ele não me machucou, mas também não queria me deixar ir embora. Queria ficar comigo como se eu fosse um animal de estimação ou coisa parecida. Estava prestes a atacar qualquer um que viesse atrás de mim. Eu o peguei com um abajur e o apaguei. Pode querer mandar alguém para ver como está, mas acho que ele vai ficar bem. Tentei não machucá-lo, mas percebi que era melhor do que se alguém desse um tiro nele. Mas precisa me tirar daqui porque acho que ele vai ficar fulo por eu ter escapado quando acordar. Eu só quero ir pra casa.
— Filho da puta. — ele praguejou enquanto soltava o freio e pisava no acelerador. O Jipe se lançou para frente e aumentou a velocidade.
— Me deixe te levar até a clínica.
Ela apertou os dentes.
— Ele não me estuprou, não me forçou, e o sexo foi consensual, ok? Só me leve pra casa. Por favor. Eu só quero esquecer que esse dia aconteceu. 31

Tiger balançou a cabeça num aceno raivoso.
— Certo. — Ele pegou o rádio preso na camisa. — Aqui é Tiger. Todos saiam de perto da casa de Valiant. Quero que todos vigiando aquela área tenham tranquilizantes em mãos. Atinjam o cara com eles e o isolem se ele deixar o seu território. Entendido?
Tammy olhou para o homem sentado ao seu lado. Ele tinha um aparelho de bluetooth na orelha. O que quer que disseram a ele o deixou mais relaxado.
— Ótimo. Tiger desligando. — Pendurou o rádio de volta da camisa.
— Sinto muito por tudo isso. Precisa nos avisar se houver algo que possamos fazer por você. Nosso departamento legal entrará em contato.
— Para quê?
— Simplesmente entrarão. Quando concordou em trabalhar aqui teve que assinar alguns papéis. Sabe que tudo o que acontece aqui é confidencial ou poderia enfrentar processos judiciais gigantescos, então, por favor, não procure a imprensa. Nosso departamento legal vai garantir que suas necessidades sejam atendidas, então qualquer que forem os problemas que vier a enfrentar, eles garantirão que seja bem recompensada. É tudo o que posso fazer se você se recusa a prestar queixa contra ele.
Ela assinou um contrato de confidencialidade ridiculamente grande. Não era permitido falar sobre nada que visse ou ouvisse na Reserva dos Novas Espécies. Não era permitido processá-los se sofresse algum dano enquanto estivesse lá como convidada. Era uma espécie de contrato de risco entre-por-livre-e-espontânea-vontade, mas eles tinham colocado nas cláusulas que pagariam pelas despesas médicas caso fosse machucada. Agora sabia por quê.
— Eu nunca falaria com repórteres.
Cinco minutos depois, Tiger estacionou o Jipe em frente a sua pequena casa e outros dois veículos estacionaram atrás deles. Tinha sido levada pra casa por um time inteiro de seguranças. Sabia que os Novas Espécies eram visados por grupos de ódio e não precisou perguntar o por que dos carros extras os terem seguido até em casa.
Deu uma olhada em sua casa e tentou disfarçar a vergonha. A casa foi deixada pra ela pela sua avó. Sempre esteve em más condições e Tammy nunca teve dinheiro para reforma-la. A varanda afundava em alguns cantos, fazendo com que parecesse irregular, a tinta estava descascada em vários pontos, e uma das janelas da frente tinha fita isolante onde o vidro quebrou. Era uma casa pequena de dois quartos e um banheiro, mas era toda sua. Perguntava-se o que o Nova Espécie pensava ao fitar sua casa com um olhar confuso em suas feições.
— Tem certeza que não quer ver um médico nem um psicólogo? Faremos com que ele pague se entrar com uma queixa. Somos mais severos que o sistema judiciário de vocês.
Ela sacudiu a cabeça enquanto tirava o cinto.
— Ele não me machucou, não quero que seja punido e não preciso de um médico. Não tenho certeza ainda sobre o psicólogo, mas sou forte. — Fez uma pausa. — Só quero esquecer que isso aconteceu. Ok?
Ele encontrou o seu olhar, observou-a em silêncio, mas assentiu lentamente. 32

Tammy saiu do Jipe e caminhou até a porta da frente, destrancou-a, e entrou na pequena sala. Virou-se e percebeu que Tiger a observava silenciosamente do veículo preto e sem placa. Ela fechou a porta com firmeza e girou a trava da maçaneta.
— Puta que pariu. — Suspirou. Foi para o banheiro, dirigindo-se ao chuveiro. — Nunca pensei que esse dia chegaria. Tanto esforço para sempre estar preparada para tudo. Há! Feras humanas com habilidades de seduzir mulheres com seus talentos com a boca. Sacudiu a cabeça. Minha vida só fica cada vez mais estranha. Por que nunca pode ser normal?
* * * * *
Valiant grunhiu. Sua cabeça latejava e não conseguia lembrar por quê. Seus olhos abriram e ele fitou o carpete. Estava deitado de lado. Piscou antes que alguém empurrasse um saco de gelo em seu rosto. O saco continuou onde estava. Ele inalou e rugiu baixo. Isso fez com que sua cabeça doesse ainda mais.
Tiger se agachou, ainda segurando o saco de gelo.
— Coloque isso atrás da cabeça. — Falou baixinho. Valiant segurou o saco. Sua mão tremia um pouco e ele encontrou o ponto onde doía mais. Fez uma careta e rosnou quando o saco entrou em contato. Fixou sua atenção em Tiger.
— Tudo bem?
— O que aconteceu?
Tiger respirou fundo.
— Você vai lembrar. Mas fique tranquilo quando fizer.
O gelo ajudou a reduzir a névoa de dor e ele respirou profundamente, permitindo que os cheiros dentro do quarto enchessem seu nariz. Tammy! Tentou sentar, mas o quarto girou. Grunhiu outra vez, afundou de volta no chão e mostrou os dentes para Tiger.
— Qual dos seus homens me surpreendeu?
— Foi Tammy. Ela o golpeou com o abajur. — Tiger se levantou e se afastou, colocando uma distância segura entre eles.
— Ela está segura e fora da Reserva.
A raiva encheu Valiant e ele rosnou.
— Traga-a de volta. Ela é minha.
Em resposta, o outro Espécie se inclinou na parede, cruzou os braços e suspirou.
— Ela bateu em você para escapar, pediu para ser levada para casa, mas se recusou a prestar queixa. Você tem sorte, cara. Ela poderia fazer com que fosse enfiado em uma cela minúscula e Justice teria que decidir se você precisaria ser eliminado de vez. Se é perigoso demais para viver... Porra, nem me faça começar. É um conceito terrível demais que nunca desejamos ter que encarar. 33

A dor diminuiu mais e Valiant sentou sem que o quarto girasse ao seu redor. Olhou para Tiger com raiva.
— Ela é minha.
— Já entendi. — Ele farejou o ar. — Ela foi sua mesmo. — Seu olhar ia de Valiant para a cama. — Mas não pode ficar com ela. Ela é humana. Não teria nem feito o que fez com uma das nossas. Sabe que não pode simplesmente reivindicá-las e forçá-las a viverem com você.
— Ela é pequena. Eu poderia mantê-la aqui facilmente e mudar sua ideia a respeito de tudo. Planejava alimentá-la e cuidar dela.
— Ela mencionou que você parecia pensar que ela era um animal de estimação. Achei que ela tinha entendido mal a situação. Humanos tendem a nos enxergar de um jeito errado, mas depois de te ouvir falar, estava certa. Ela não é um bichinho de estimação.
— Sei disso. — Valiant franziu o cenho, preocupado que pudesse ter dado uma impressão errada a ela. Encheu-se de arrependimento. — É por isso que foi embora? Por isso me bateu? Direi a ela que é minha companheira, não meu bichinho.
— Ela não é sua, cara. — Tiger se afastou da parede. — Ela quis ir embora. Supere isso. Você e eu, nós não fomos feitos para as humanas. Conversamos sobre isso, lembra? São frágeis demais, se assustam muito facilmente, e você queria uma companheira Espécie. Uma felina.
— Não quero mais. Quero Tammy.
— Que pena. Não pode tê-la. Falou sobre a nossa gente amolecendo e como odiava isso. É você quem soa molenga no momento. Endureça e encare os fatos. Uma humana nunca aceitaria o que somos. Pelo menos não caras como nós dois. Estamos sintonizados demais com o nosso lado animal. Eu só pareço ser mais humano que você.
Tristeza era uma emoção que Valiant detestava, mas ela o encheu de todo modo.
— Ela não vai voltar para mim, vai?
— Não. — Tiger suavizou o olhar. — Não vai.
— Vá embora.
— Eu preferia ficar um pouco para ter certeza de que está completamente recuperado. Vou fazer o jantar. Vamos beber alguns refrigerantes e conversar. Ouvi falar que algumas felinas que não conheceu foram transferidas para cá. Talvez uma delas seja a certa para você.
Imagens de Tammy passaram pela cabeça de Valiant.
— Me deixe. Preciso ficar sozinho.
— As novas felinas chegam amanhã. Eu venho pegá-lo para irmos até o hotel para que dê uma cheirada nelas.
Valiant lutou para se levantar e seu olhar foi até a cama onde Tammy esteve. Seu cheiro ainda permanecia forte dentro do quarto. Ele andou até a cama e jogou fora a bolsa de gelo. Preferia sentir a dor do que voltar ao estado entorpecido no qual vivia antes de ter 34

sentido todas aquelas coisas maravilhosas com Tammy. Engatinhou em cima da cama e deitou onde ela havia se deitado, inalando seu cheiro.
— Valiant? Eu venho te pegar às duas.
— Não se incomode. Apenas vá embora. Tranque a porta quando sair. Não quero conhecer nenhuma felina.
Ele sorveu o cheiro de Tammy, querendo gravá-lo na memória antes que desaparecesse, e ouviu seu amigo sair. Seus olhos se fecharam quando roçou com gentileza o edredom. Não conseguia se lembrar da última vez que lágrimas molharam seus olhos, mas elas o faziam no momento. A perdeu e ela nunca voltaria. Tinha conhecido a paz com ela. Felicidade. Esperança. E agora tudo se foi. Ela estava… perdida para ele, para sempre.

18 comentários:

  1. Tadinho ele realmente está de quatro pela humana tammy hahahahahaha

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  2. Eu sempre fico triste nessa parte, tadinho do Valiant ㅠ.ㅠ

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  3. Se ela não quer ficar contigo,eu fico delícia!!

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  4. Bom,burra dela, que ele fique CMG ent kkkk

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  5. Ai meu coração tá doendo aff , tadinho vey

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  6. Ai, aí...Smiley ou Valiant? 8 ou 80? Dúvida cruel! Oh, Valiant, serve eu, no lugar de Tammy?Rsrsrs.

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  7. Aí, ai... Smiley ou Valiant? 8 ou 80? Dúvida cruel. Meu Lion Man, serve eu no lugar da Tammy?!!! Rsrsrs.

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  8. Lendo pela segunda vez e, essa parte sempre me dá vontade de chorar 😔😢
    Tadinho

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