— Estou coberto.
Bela resistiu a rir do tom áspero de Shadow. Virou-se para encontrá-lo ainda de costas para ela, mas tinha removido suas botas, calça, camisa e colete. Estavam dispostas ordenadamente em frente à porta. A bandeira azul amarrada ao redor da cintura mostrava uma parte da cabeça de lobo cobrindo sua coxa, no lado oposto de onde amarrou o material em seu quadril para mantê-lo no lugar.
— Realmente gosto dos padrões da chama.
— Você está mais aquecida?
— Não. — Isso não era uma mentira. — Está tão frio.
— O que você estava fazendo lá fora na tempestade? — Ele olhou ao redor do quarto, parecendo estudar tudo menos ela. — Poderia ter se machucado.
— Tive um pesadelo e só quis um pouco de ar fresco.
Seu olhar azul fixou-se nela imediatamente.
— No meio de uma tempestade?
— Pareceu a coisa certa a fazer no momento. Não foi inteligente, não é?
Seus lábios apertaram e olhou para a longa caixa em que ela estava sentada. Deu um passo hesitante chegando mais perto, mas pausou.
— Está tremendo. Não fique alarmada. Posso me sentar e você pode se encostar em mim. Provavelmente tenho mais calor corporal do que você.
A ideia de chegar perto dele não a alarmou, mas ao invés disso era um pouco excitante.
— Certo.
Ele moveu-se devagar, como se temesse que ela corresse, até que avançou e se sentou no centro da caixa. A bandeira cobria seu colo e o topo de uma coxa, a outra abertura lateral corria até o laço no quadril. Seu olhar preso no dela.
— Não há nenhuma razão para me temer.
— Você pode usar meu nome. É Bela. 18
— Eu lembro. — Seu corpo parecia duro e musculoso — inflexível — quando os braços se separavam como se para expor todo o peito à sua visão. — Permita-me te aquecer. Não farei mais do que me sentar aqui. Aconchegue-se a mim. Não a tocarei.
Não estava certa do que fazer, mas indecisamente se aproximou. Ele era tão grande e sua pele bronzeada a hipnotizava. As pernas se fecharam até que suas coxas ficaram juntas e ele quebrou o contato visual.
— Sente-se de lado em meu colo e se incline contra mim.
Posso fazer isto. Sentou-se nele do jeito que disse, e olhou para seu rosto. Ele fechou os olhos e evitou olhá-la novamente. O calor vazou pelas bandeiras em segundos e ela arrastou seu cabelo molhado sobre o outro ombro, para evitar que esfregasse no peito em que se debruçava. Ele era sólido e firme. Sua mão abriu e tremia enquanto apertava contra os abdominais de sua barriga.
Ele ofegou, mas não abriu os olhos enquanto ela sentia o feixe de músculos debaixo de sua palma.
— Você é muito quente.
— Bom. — A voz de Shadow saiu excepcionalmente profunda. — Seu pesadelo foi sobre o que? Devíamos passar o tempo conversando. Está segura em Homeland. Não há nada a temer.
Bela ficou mais valente e se ajustou um pouco em seu colo. Era confortável sentar-se nele, e descansou sua bochecha fria contra o peito com mais firmeza. O cheiro encheu o nariz dela à medida que respirava fundo. Era um agradável perfume masculino, misturado com um toque de tempestade.
— Era, na verdade, uma memória de algo real que aconteceu. Queria que fosse apenas parte da minha imaginação.
Achou que ele ficou tenso, mas o movimento foi tão suave que não teve certeza se apenas ajustou-se, ou se foi uma reação as suas palavras. Ele respirou e seu peito esfregou um pouco mais contra ela. Gostou de senti-lo e relaxou contra seu corpo.
— Você quer conversar sobre isto? Todos nós temos coisas que aconteceram conosco que nos seguem em nossos sonhos.
— Fiz algo mal quando fui salva.
— Não acreditou que estavam realmente lá para libertá-la? É um engano que muitos de nós cometemos. Não é culpa sua. Quem pensou que poderíamos confiar em humanos?
— Foi um homem. — admitiu. — Pediu-me para ser legal com ele. Temia que o atacasse e eu… — Sua voz sumiu. Tinha vergonha de admitir o que fez.
Uma das mãos timidamente afagou suas costas duas vezes antes de parar. O toque foi tão suave que quase não sentiu.
— É compreensível se tentou machucá-lo.
— Fiz pior.
— Humanos nos prejudicaram. Não é sua culpa, Bela.
Seu coração fez coisas engraçadas, quando ouviu o jeito rouco como disse seu nome. Escutou a batida de seu coração. Era alto e forte em sua orelha. Estável. Era suave e agradável.
— Pensei que… — Mordeu o lábio. — Nem quero dizer isso.
— Que ele a machucaria? Foi isso que os humanos fizeram conosco.
Ela se afastou dele um pouco para olhar em seu rosto. Seu queixo abaixou e ele olhou de volta para ela. Compaixão e aceitação os suavizavam e a encorajaram a falar. Queria confessar a Shadow por alguma razão. 19
— Eu pertencia a um homem muito velho, seu cabelo era branco e sua pele era enrugada. Ele gritava comigo às vezes quando era criança, e não sabia por que parecia tão bravo. Não até que cresci e as coisas ficaram piores. Ele estava esperando até que ficasse adulta para conseguir o que queria de mim.
De repente Shadow rosnou e sua expressão facial mudou. Um clarão de medo atravessou-a, e seus instintos a fizeram querer fugir. Ele deve ter sentido isto, porque seus braços a envolveram suavemente.
— Calma. — ele ordenou suavemente. — Nunca a machucaria. Não é de você que sinto raiva. Ouvi as histórias do que faziam com as Fêmeas Presente. Não há necessidade de reviver o trauma que sofreu.
— Preciso conversar sobre isto. — Queria conhecer Shadow e ouvir sua história. Esperava que compartilhando a sua o fizesse se abrir. — Ele nunca me machucou fisicamente enquanto eu estava crescendo. Ouvi algumas das histórias também. Não me molestou quando era criança.
Um pouco da raiva se dissipou de suas características.
— Estou contente por ouvir isto.
— Ele esperou que eu amadurecesse.
O peito debaixo de sua mão vibrou, meio segundo antes de um grunhido ser abafado atrás de seus lábios fechados. Entendeu que não era dirigido a ela. Seu olhar deixou o dele para focar em seu peito. Era mais fácil conversar enquanto não olhava em seus olhos.
— Ele não era fisicamente muito abusivo, era mais mental. Não gostava quando ele me tocava, mas ouvi histórias piores. Até nem durava muito.
— Pare. — Shadow sussurrou. — Por favor!
Ela olhou no rosto dele e surpreendeu-se por ver lágrimas em seus olhos. Ele sentia por ela e isso a chocou, que um estranho sentisse tal emoção por algo que aconteceu em seu passado.
— Ele tinha câncer. É uma doença que o deixou fraco e doente.
— Espero que tenha morrido dolorosamente. — A mandíbula de Shadow cerrou.
— Ele sobreviveu, mas não podia mais me tocar. O deixou em uma cadeira de rodas e incapaz de me machucar.
— Bom. — Ele rosnou.
Ela assentiu e se aconchegou de volta contra ele, fechando os olhos. A batida do coração dele aumentou, martelando dentro do tórax.
— Os guardas nunca ousaram me tocar. Diziam coisas. Sabia o que queriam de mim. Ofereciam-me mais comida e me tratavam melhor se fizesse coisas para eles e com eles.
Os braços ao redor dela apertaram o suficiente para que se sentisse segura em seu aperto. — Nós fizemos o que devíamos para sobreviver.
— Nunca fiz isto. — Tremendo, lembrando como a insultavam comendo na frente dela, e dizendo coisas rudes. — Nunca fui legal com eles. Eles me assustavam, mas sabia que se dissesse ao Mestre, os demitiria. Ele deixou claro que nenhum deles tinha permissão para colocar suas mãos em mim. Questionava-me sempre sobre isso, e me fez prometer dizer se alguém tentasse entrar no porão, sem que mandasse que fossem para lá para me buscar para visitá-lo.
— Lembrou-se disso e teve um pesadelo.
Ela assentiu.
— Estava assustada quando fui salva. Não sabia disso na época, mas o Mestre ouviu que sua associação com as Indústrias Mercile foi descoberta e fugiu do país. Deve ter temido que descobrissem que me possuía. Deixou-me com aqueles homens. Eles estavam sempre me dizendo 20
para ser boazinha com eles, pedindo para que fizesse coisas sexuais com eles. Tinham olhos cruéis e lidavam comigo de uma forma agressiva, quando me levavam a um novo local para me esconderem. Odiava o modo como me olhavam tomar banho. — Tremeu com a memória, lembrando-se do terror de que fosse atacada. — Frequentemente eu os deixava com raiva, assim eles me castigavam, não permitindo me limpar.
Os braços ao redor dela apertaram, e Shadow a abraçou contra seu corpo. Gostou do quão aquecida e segura sentia-se.
— Acho que o Mestre esperava que ninguém descobrisse que me possuía, e ameaçou os homens para me manterem viva, caso pudesse ter-me de volta. Pensei muito sobre isso. Ele deve ter ordenado para não me tocarem. Era a única coisa que podia tê-los mantidos afastados de apenas pegar o que queriam.
— Não o chame assim. Ninguém a possui.
— É o único nome que tenho para ele. Era uma regra.
— Não existe mais regra.
Ela assentiu.
— Não com ele.
— Você está livre e nunca mais vai voltar. Não há necessidade de ter pesadelos.
— O homem que ajudou a salvar-me, pediu para que fosse legal com ele. Pensei que quisesse que eu fizesse coisas com ele. — suavemente admitiu. — Era com isto que estava sonhando. Ele foi muito gentil e tive medo por tanto tempo. Eles me deixaram faminta e presa com correntes na escuridão. Diziam coisas que fariam comigo se o Mestre dissesse para me matar. Estavam planejando machucar-me primeiro. — A voz dela engasgou. — O homem que me salvou foi tão gentil. Achei que se fosse boa para ele, me manteria segura. Nunca cedi a alguém antes, mas cedi para ele. Pensei que se lhe permitisse ter meu corpo, ele me protegeria da minha antiga vida.
— Qual é o nome dele? — Shadow rosnou. — Um macho membro da força tarefa compartilhou sexo com você? Eu o matarei.
A cabeça dela se ergueu e o rosto dele demonstrava a raiva.
— Não. Ele parou-me imediatamente. É por isso que sinto vergonha e sonho com isto. Ele ficou horrorizado. Não entendi e o toquei errado. Nada aconteceu entre nós.
Ele se debruçou mais perto, olhando profundamente em seus olhos.
— É verdade? Pode me dizer qualquer coisa. Farei com que pague se ele se aproveitou de você.
— Ele não se aproveitou de mim. Essa é minha vergonha.
— Estava confusa e assustada. — Um de seus braços deslizou ao redor da cintura, e uma grande mão suavemente agarrou seu rosto. — Estava tentando sobreviver o melhor que podia. Não há nenhuma vergonha nisso. Tem certeza de que ele não se aproveitou de você? Tocou-a? Talvez pediu que o tocasse?
— Ele imediatamente me parou. Nunca esquecerei o olhar nos olhos dele. Estava horrorizado.
— Você contou isso às fêmeas?
— Não.
— Por que não?
Ela piscou de volta as lágrimas.
— Ele foi honesto comigo. Olhou-me de um modo que ninguém jamais olhou. Eu importava e era uma pessoa para ele. Teria que admitir para as mulheres que toquei a frente das calças dele. 21
Ele jurou que ninguém nunca me machucaria novamente, e eu queria isso. Estava disposto a morrer para me proteger. Estávamos sendo atacados por um atirador e usou seu corpo para me proteger.
Os olhos de Shadow suavizaram.
— Todo macho em Homeland daria sua vida para protegê-la. Essa é a verdade. Nunca terá que compartilhar sexo para estar segura. Você é importante e preciosa. Sabe disso agora?
— Sei.
— Bom. — Ele olhou para longe. — Foi um engano honesto, Bela. Não se atormente mais com os pesadelos. Sua mão soltou do rosto dela para retornar às pequenas costas onde esfregava.
Ela se aconchegou contra ele. Era morno e tão forte que realmente pareceu estar segura sendo abraçada por ele. A batida do coração diminuiu. Ele tinha mãos grandes, mas eram incrivelmente gentis e a suave caricia em suas costas eram bem-vindas.
— Conte-me sobre você. — ela encorajou.
A carícia parou.
— Fui criado na Mercile. Eles nos mantinham acorrentados dentro de salas e faziam experimentos em nós.
— Como foram libertados?
Seu corpo ficou tenso. Todos os seus músculos pareceram endurecer contra ela, antes que soltasse uma respiração e relaxasse novamente.
— Fui levado para um novo lugar onde fizeram outras coisas conosco. Não quero discutir isto. Não é uma boa história.
— Será que todos nós temos essas histórias em nosso passado?
Sua risada a surpreendeu.
— Não.
— Por favor, conte-me?
Shadow segurava a pequena fêmea em seus braços. Ela era delicada e ele tinha medo de assustá-la se fosse se mover muito rápido. Sua pele estava gelada antes, quando descansou sua bochecha contra ele, mas esquentou depressa. Estava contente por isso, apesar de ser uma tortura segurá-la muito perto, quando tinha que prender o pau duro entre suas coxas para escondê-lo.
— Os empregados da Mercile souberam que outras instalações foram invadidas pela polícia. Estavam sendo caçados e conseguiram nos drogar e nos mover para um novo local. Estavam desesperados por dinheiro, e éramos a única forma que tinham de conseguirem dinheiro suficiente para tentar fugir do país e evitar um processo. — Ele pausou, não querendo contar-lhe o resto.
— Como fizeram isso? Eles pediram um resgate por você para a ONE?
— Não. — Ele conseguiu conter a raiva que ainda sentia.
— Parece que há um grupo de humanos ricos que adorariam possuir um bebê Espécie. — A ideia o enfureceu e o enojava que alguma criança pudesse ser tratada como se fosse um animal de estimação. — Não é uma boa história.
A mão dela se moveu em seu peito, o acariciando suavemente, e odiou o modo como seu pau pulsou. Ela não tinha mãos de Espécies. Suas palmas e pontas dos dedos eram mais humanas que Espécie, a textura suave. Bela passou por muita coisa, e o fato de que confiava nele o suficiente para se sentar em seu colo, o deixou admirado por sua coragem.
— Por favor, conte-me? Eu compartilhei a minha com você.
Sim ela o fez. O pensamento do que fizeram com ela pareceu diminuir seu próprio trauma. Era tão pequena que não teria chance de se defender. Pelo menos as grandes fêmeas eram fortes, e 22
atacavam seus captores sempre que possível. Estava aliviado que não foi molestada quando criança, mas o deixou bravo saber que foi machucada mesmo assim.
— Eles me drogaram. — Não podia recusar contar sua história. — As drogas de procriação.
— O que são?
Ela não veio da Mercile. Foi poupada dos testes, foi dada para um investidor — uma experiência mais pessoal e infernal pensou. As fêmeas Presente foram isoladas de todos os outros de sua espécie, e a maior parte delas foram assassinadas nas mãos de seus molestadores.
— A Mercile inventou uma droga que aumentava nossa vontade de fazer sexo quase perto da loucura. — O encheu de vergonha ter sido usado desse jeito. — Fizeram coisas conosco para forçar nosso sêmen a sair para ser vendido.
— Por que fariam isso?
— Eles queriam congelar e vender para outros humanos que acreditavam que podiam usar fêmeas humanas para carregarem nossos bebês dentro de seus úteros. Eles planejavam vender as crianças.
Bela se aconchegou mais contra ele.
— Sinto muito. Eles conseguiram fazer isso? Você tem algum bebê lá fora?
— Os doutores não acham que funcionou. Quero desesperadamente acreditar que isso é verdade. Tenho pesadelos sobre crianças impotentes nas mãos daqueles monstros. Minha prole. — Sua voz se aprofundou, mas tentou impedir-se de rosnar. — Eu os rastrearia e os salvaria nem que fosse a última coisa que fizesse, mesmo sabendo que morreria.
Ela continuou a acariciar seu peito, e ele gostou do conforto que tentou lhe dar.
— Os médicos são inteligentes. Estou certa que não diriam, a menos que acreditassem nisso. Conheço a Dra. Trisha e a Dra. Alli muito bem, e elas não mentiriam para nós.
— Eu sei. Confio nelas também. Nosso esperma morre depressa, e disseram que não teria sobrevivido ao processo de congelamento que usaram para transportá-lo para outro país. Lá é onde os compradores estavam localizados.
— Você devia parar de se preocupar sobre isso então.
Odiou fazer isso, mas se mexeu um pouco. Sua bunda estava começando a doer de ficar sentado por muito tempo no mesmo lugar sobre a madeira dura debaixo dele. Bela não pareceu se importar ou não notou, já que não protestou de forma alguma.
— A tempestade está passando. Devia pedir ajuda.
— Ainda está chovendo. — Ela se afastou dele o suficiente para olhar fixamente em seus olhos. Ele os adorava. Eram de um marrom suave, e tão amáveis que o espantou que pudesse confiar em alguém depois do que fizeram com ela.
— Fique comigo. Por favor?
Também não queria deixá-la.
— Ficarei mais um pouco, mas devo chamar uma oficial. Você precisa ser levada ao dormitório das mulheres.
Ela sorriu.
— Isso não é engraçado?
— O que?
— Que usemos esses termos. Você sabe o que foi mais difícil para eu aprender desde que vim para cá?
— O que? — Estava curioso e gostava quando ela parecia divertida. 23
— Fui criada ao redor de vários humanos e nunca usaram os termos fêmea ou macho. Tive que tentar aprender a usar essas palavras. E há toda essa coisa de “humano”. Eram apenas pessoas para mim. Por que é dormitório das fêmeas em vez de dormitório das mulheres?
Ele não conseguiu evitar de apenas sorrir de volta.
— Não sei ao certo. Acho que é como o edifício foi chamado quando fomos trazidos para cá e pegou.
— Por que Espécies são chamadas de fêmeas ou macho em vez de mulheres ou homens?
— A Mercile se referia a nós somente assim. Eles eram os homens e nós éramos inferiores. Apenas machos.
Odiou ver o humor enfraquecer enquanto a tristeza invadiu seu olhar.
— Oh. Sei como é ser tratado como inferior. — O queixo dela se ergueu. — Os guardas me deram nomes feios.
Ele nem quis saber do que ela era chamada. O irritaria.
— Gosto do nome que ganhou.
— A equipe de salvamento escolheu esse para mim e o mantive.
— Combina com você.
Ela sorriu novamente.
— Você acha que sou atraente?
Bela o deixou sem fôlego, e prendeu a respiração até que forçou seus pulmões a funcionar novamente.
— Sim.
— Bem. Acho que é atraente também. — Sua mão deixou o peito e timidamente subiu até o cabelo, as pontas dos dedos escovando os fios. — Por que é tão curto?
— Trabalhei com a força tarefa de humanos que trabalham para a ONE. Acabei de retornar para Homeland dias atrás. Vivi no porão na sede da unidade. Cortamos nosso cabelos para nos encaixar com os outros.
— Odeio porões. — Sua mão abaixou para curvar-se ao redor do ombro, e o deixou muito ciente de seu leve toque. — Tinha janelas?
— Não.
— Eu também não tinha. — admitiu. — Lembro-me das vezes que fui levada para o sol. — Seus olhos se fecharam como se estivesse agarrando uma memória, assim podia imaginar vivamente em sua mente. Sua expressão validou sua suposição quando ela sorriu. — Aquilo era tão morno e brilhante. — Essas são algumas das minhas melhores lembranças de quando estava crescendo.
— Estou contente que tenha tido algumas boas lembranças.
Os olhos dela se abriram e ela sorriu.
— Havia um pequeno pátio com grama e uma fonte de água. Uma vez por semana eu tinha permissão para ficar do lado de fora por uma hora ou duas. O Mestre não gostava de quão pálida minha pele ficava, e dizia que precisava de um pouco de cor.
Shadow queria enrolar os dedos ao redor da garganta daquele humano, e sufocar a pessoa que abusou de Bela. Estava agradecida de que alguém lhe permitiu passar um tempo fora de sua cela, porque não gostavam do modo como parecia. Também explicava o porquê dela ter corrido do lado de fora durante uma tempestade. Ela não tinha nenhuma ideia do quão perigoso poderia ser.
— Prometa-me algo, Bela. 24
— Ok. — A imediata concordância o surpreendeu um pouco. Ela nem sabia o que ele queira, mas concedeu seu pedido. Isto reforçava sua inocência.
— Fique em um lugar fechado quando houver uma tempestade. Poderia ter sido atingida por um raio ou uma árvore que podia ter caído por causa do vento e da chuva. É perigoso sair assim.
— Eu sei.
— Então por que fez isto? — Ele franziu a testa, mostrando sua desaprovação.
— Apenas queria fazer algo, qualquer coisa, estar livre acho.
— Você é livre.
Sua mão deslizou de seu ombro até o centro do peito dele, e ela abaixou a cabeça, encostando a bochecha contra ele.
— Não sou realmente Shadow.
Suas palavras o alarmaram.
— O que quer dizer? Você é livre. Alguém está dizendo o contrário? Olhe para mim. Diga-me.
Ela hesitou. Alguém em Homeland abusou dela? Assustou-a? Alguém a estava assediando e ordenando-lhe que fizesse coisas que não queria? Conseguiria que ela falasse e imediatamente lidaria com a situação. Bateria em qualquer um que a intimidou.
— Sou uma Fêmea Presente. — sussurrou.
— Sim. Quem a assustou? Quem te dá ordens?
Ela finalmente encontrou e segurou seu olhar.
— Nenhum homem tem permissão de se aproximar ou conversar comigo. Não tenho permissão de trabalhar com eles do jeito que as grandes mulheres têm. Nunca deixamos Homeland para visitar a Reserva. — Lágrimas brilhavam em seus olhos e isso imediatamente tocou seu coração.
— É para sua proteção.
— Contra o que? Você? Você me machucaria?
— Nunca!
— Exatamente. Outros homens Espécies iriam me machucar?
— Não. Eles nunca ousariam.
— Eu sou… — Sua voz morreu.
— Você é o que?
— Sou solitária.
As lágrimas dela se derramaram e deslizaram sobre as bochechas. Não pôde resistir de enxugá-las com o polegar. Machucava-o vê-las.
— Você está cercada por fêmeas. Conversarei com elas e passarão mais tempo com você. Só diga-me o que precisa para ter certeza de que tenha isso.
— Você é o primeiro homem que me abraçou, Shadow.
Suas palavras lentamente penetraram em sua mente atordoada.
— Macho. Desculpe.
Ela fungou.
— Você está me abraçando. Não quer nada mais do que me manter aquecida e me confortar. Nunca me sentei no colo de alguém antes, ou cheguei a escutar as batidas de seus corações. Até tocar em seus cabelos.
Ele estava mudo, surpreso. 25
— Escuto quando homens visitam minhas amigas, mas isso nunca vai acontecer comigo. Nunca chegaria a falar com você se não tivesse me achando na tempestade e me trazido até aqui em segurança. Ser uma Fêmea Presente é uma espécie de prisão. O Mestre fez sexo comigo há muito tempo, mas nunca me abraçou ou conversou. Apenas fazia o que fazia e nem sequer removia todas as minhas roupas. Nunca fui beijada. As outras mulheres sabem tudo sobre isso, mas nunca saberei como é. — Sua atenção caiu no peito dele. — Posso te dizer o que mais queria saber?
— O que? — Ele conseguiu que uma palavra saísse apesar do nó em sua garganta.
— Imagino como seria dormir com alguém me abraçando e tê-lo lá no caso de despertar de um pesadelo.
Shadow nunca considerou como era a vida de uma Fêmea Presente. Elas tinham apenas fêmeas para confortá-las, e não podia imaginar ser segregado de mais da metade de sua própria espécie depois de conhecer a liberdade. Existiam menos fêmeas que machos. As fêmeas oficiais com quem tratou eram calorosas e sempre apreciaram seus toques quando as abraçava, ou dava tapinhas em seu braço quando trabalhava lado a lado com elas.
— Eu a abraçarei por quanto tempo quiser Bela.
Ela fungou.
— Você dormirá comigo?
Ele entraria em um grande problema de manhã, quando a devolvesse ao dormitório das fêmeas, e teria que responder perguntas. As Fêmeas Presente estavam fora dos limites. Passar uma noite sozinho com uma, seria contra as regras. Sabia disso, mas não podia negar-lhe. Ela olhava para ele com esperança e desejo.
— Sim.
— Obrigada.
Seu pau suavizou, todo interesse em sexo acabou com as admissões dela. Estava agradecido por isso. Afastou o olhar. O chão era mais duro que a longa caixa de madeira que se sentava. Não iria ser confortável para ele, mas ela era tudo o que importava.
— Dormiremos aqui até o amanhecer, e então a levarei para casa. — Empurrou para longe o pensamento do que enfrentaria. Tiger ou Fury desejariam falar com ele. Pior, podia ser levado para Justice. Não estava livre por tanto tempo quanto eles, e seus motivos poderiam ficar sob suspeita. — Você pode dormir em cima de mim. Estará segura.
— Eu sei. Obrigada. — Ela sorriu.
As consequências que se danem, ele pensou, olhando fixamente para ela.
— Manterei você aquecida e poderá escutar as batidas do meu coração se desejar. — Olhou para a luz. — Quer ligada ou desligada?
— Não me importo.
Ele apenas virou-se — ela pesava quase nada e se esticou de costas no banco. Seus pés ficaram pendurados no final, mas Bela se acomodou em cima dele, espalhada encarando-o. Suas mãos curvadas no topo de seus ombros, e ela descansou a bochecha em cima de seu coração. Ele lentamente envolveu os braços ao redor de sua cintura, para impedi-la de escorregar por ele para o chão.
— Confortável?
— Sim. Você está?
— Sim. — mentiu.
— Obrigada, Shadow.
— Não me agradeça por isso. Estarei aqui se tiver um pesadelo. Está protegida. 26
Ele fechou os olhos para bloquear a luz suave acima dele, e forçou seu corpo a permanecer relaxado. A respiração dela contra sua pele era morna, e soube quanto tempo levou para que adormecesse, quando as batidas do coração dela diminuíram. Duvidou que dormisse de tão preocupado que pudesse se virar, ou tocá-la de um modo errado em seu sono.
Ownnnt, esses dois ♡.♡
ResponderExcluirAi que lindo 😍
ResponderExcluirTão fofo ♥️
ResponderExcluirAmando esse casal ... tão buritinhoss...😍🤗❤
ResponderExcluirAi, eu vou morrer de amor assim 😩🤧🥰❤️
ResponderExcluirGnt que coisa mais FOFAAA 😍😍
ResponderExcluirQuero botar esses dois em um potinho e proteger do mundo
ResponderExcluirIti Malia! 💕
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