sábado, 11 de outubro de 2014

Capítulo 1

Capítulo 1 
Tammy Shasta havia experimentado o medo inúmeras vezes em seus vinte e oito anos de vida, mas comparado a isso fazia com que todas aquelas vezes parecessem fichinha. Sabia que o seu trabalho poderia ser perigoso. Tudo naqueles dias era um pouco arriscado. Dirigir em uma rodovia poderia ser perigoso, alguém atravessando a rua poderia ser atropelado por um carro, e até limpar as janelas podia ser arriscado. Afinal, alguém, em algum lugar, acidentalmente quebrou uma janela e acabou se cortando gravemente enquanto trabalhava e sangrou até a morte.
Merda acontecia. Isso se tornou o lema de sua vida. Simplesmente nunca acreditou de verdade que seu trabalho seria perigoso. Não de fato. Que coisa tão ruim poderia acontecer servindo comida e bebidas? Repassou uma lista mentalmente. Poderia escorregar e cair ou se queimar se derrubasse a comida quente. Pensou que o pior que poderia acontecer era talvez ser baleada se alguma vez servisse o bufê numa festa da máfia, mas as chances de haver mafiosos em uma pequena cidade no norte da Califórnia era quase zero. Mesmo assim... lá estava ela enfrentando uma espécie de terror que nunca achou que viveria na vida real. Nem em um milhão de anos tinha previsto uma situação daquelas, nem com a sua imaginação fértil sempre fazendo hora extra.
Ela ficou de pé congelada, não importava o quanto gritasse internamente para que seu corpo se virasse e corresse por sua vida. Nada. Não estava funcionando. Seu corpo se recusava a responder. Todos os seus grandes planos de ser durona, preparada para tudo, haviam voado junto com a sua coragem. Não era uma super-heroína. Ao invés disso estava imitando uma estátua de jardim ou uma mímica presa em um estado de horror.
Sua boca estava aberta, mas o grito não estava saindo. Não conseguia nem dar um gemido. Nada. Seu coração batia tão rápido que ela se perguntava se ele podia sair voando de dentro do seu peito, e ainda assim som algum deixou seus lábios. Não conseguia nem respirar e realmente precisava de ar. Talvez aspirar um pouco gerasse um grito, mas... não. Que merda!
Sempre tinha ouvido que a vida inteira passava na cabeça da pessoa quando ela sabia que estava para morrer. Não estava vendo imagens do seu passado enchendo sua mente. Negativo. Seu olhar arregalado permanecia fixo no enorme homem-fera que rugia para ela.
Ele era um homem, mas não exatamente, já que nenhum cara comum tinha dentes afiados nem conseguia assustá-la quase até a morte com aquele som horrível que ressoava do fundo de sua garganta, imitando um animal feroz. Ele parecia bonito e feroz ao mesmo tempo.
Se um cara se bombasse com esteroides, se pareceria com o homem gigantesco que a aterrorizava. Ele tinha que ter cerca de um metro e noventa e oito de altura. Seus braços eram extremamente musculosos e o peito largo lembrava uma montanha. Sua pele possuía um tom dourado de sol, mas era o cabelo que o tornava bonito. Era da cor de uma folha de outono — um laranja avermelhado com fios grossos e mechas loiras espalhadas por ele. Era na altura do ombro e estava dividido ao meio. 4

Uma parte verdadeiramente assustadora nele tinha que ser o rosto porque ele quase se parecia um humano, mas não exatamente. Seus olhos eram da cor de ouro derretido e tinham o formato de olhos de gato, só que com cílios super compridos. Suas narinas estavam dilatadas e seu nariz era mais achatado do que qualquer outro que já viu. As maçãs do rosto eram proeminentes e dominavam sua face, mas complementavam o queixo forte e quadrado. Isso chamava a atenção para os seus lábios bem cheios, quase carnudos, e no momento, eles estavam abertos, revelando alguns dentes extremamente brancos e pontudos. Mais uma vez, não o tipo de dente que pessoas normais tinham.
— Afaste-se, Tammy. — Foi o seu chefe, Ted Armstrong, quem gritou com ela. — Não faça nenhum movimento brusco e venha na minha direção. Faça isso agora.
Afastar? Ele espera que eu me mexa? Percebeu que tinha começado a respirar outra vez quando seus pulmões pararam de doer pela falta de oxigênio. Teve vontade de virar a cabeça e olhar para Ted e lhe dar um olhar de você-tá-de-gozação-comigo, mas não conseguiu. Também não conseguiu desviar seu olhar apavorado do enorme homem-fera que se aproximava lentamente, olhando-a com ódio com aqueles olhos de gato grandes e estranhamente bonitos. Seu rosto era assustador e irado, e ele rugiu para ela outra vez.
— Maldição, Tammy. Recue devagar agora. Mantenha o olhar no chão e venha para perto de mim. Você consegue.
Quis que isso fosse verdade, mas seu corpo ainda se recusava a ouvir quando ela silenciosamente berrou para que seguisse suas ordens. Nada se mexia além do seu peito conforme o coração martelava e o ar passava pelos lábios entreabertos. Piscou. O que já era um progresso, mas foi só isso.
— Valiant! — outro homem gritou. — Acalme-se e se afaste da fêmea. Ela não está desafiando você. Só está se cagando de medo. — A nova voz tinha uma inclinação forte e profunda e soava irritada.
O homem-fera rugiu de novo quando deu mais um passo em direção a Tammy. Ela queria correr, mas suas pernas pareciam enraizadas no chão. Tentou afastar o olhar dos olhos dourados que a encaravam, mas simplesmente não conseguia romper a conexão.
Todos tinham ouvido falar das Novas Espécies. Uma pessoa teria que nunca ter lido um jornal ou não possuir uma televisão para não saber que eles eram humanos que haviam sido submetidos a experiências secretas pelas Indústrias Mercile. A Companhia farmacêutica financiou um complexo secreto de experiências por décadas para realizar algumas pesquisas duvidosas supostamente realizadas para encontrar a cura de doenças. A história vazou quando incontáveis sobreviventes dessas instalações de testes foram libertos.
Merda, pensou. Aquele obviamente era um Nova Espécie.
Sabia que os chamavam assim, aqueles homens e mulheres sobreviventes que foram alterados fisicamente com DNA animal naqueles lugares.
O homem-fera se aproximando obviamente era um e realmente fizeram um bom trabalho com ele já que com certeza não parecia nada normal. Tammy nunca tinha visto algo similar a ele antes e não desejava ver novamente. Ele parecia um homem... mas só que não. Isso fazia com que ela imaginasse quanto os seus traços animalescos o comandavam.
— Alguém pegue um tranquilizante. — Era uma mulher e parecia assustada. —Agora. Andem. 5

— Valiant? — era o homem de novo, o da voz grossa.
— Me escute, cara. Ela não tinha intenção de invadir seu território. Ela se perdeu quando alguém ferrou com os mapas e isso a trouxe aqui. Sabe que Justice está dando uma festa e ele contratou fornecedores. Ela é apenas uma fêmea assustada que veio aqui para servir a comida. Não é um desafio. Ela não consegue desviar os olhos de você nem se mexer porque está paralisada de medo. Acalme-se e se afaste. Ela vai embora assim que você se afastar.
Justice North era o líder nomeado da Organização das Novas Espécies. Ele tinha comprado o velho resort fechado e todas as terras ao redor dele para o seu povo viver e a transformou em um refúgio para as Novas Espécies chamado de Reserva. Ele também era o porta-voz que dava todas as entrevistas na televisão. Tinha contratado o serviço de bufê de Ted para organizar a primeira festa que davam na Reserva e foi assim que Tammy parou no lugar errado.
Ela engoliu em seco, grata por sua mente ainda funcionar e saber de toda aquela informação. Pelo menos conseguia entender a conversa da qual poderia depender sua vida. Parecia que, do contrário, esse seria seu último trabalho para Ted. Inferno, pode ser o meu último dia fazendo qualquer coisa pela última vez.
— Me ouviu, Valiant? Sabe como Justice vai ficar puto se você ferir alguém que ele contratou? Nós devíamos dar esse jantar para deixar as pessoas que moram na cidade confortáveis conosco vivendo na área. Com certeza vai espantar todo mundo se você machucar um deles. — O homem da voz grossa suspirou. — Deixe-me pegá-la. Tudo bem, cara? Posso entrar no seu espaço para tirá-la daí?
— Não. — rosnou o homem-fera. Ele jogou a cabeça para trás e um urro de estourar os tímpanos, sacudiu a área de floresta. Tammy finalmente se moveu, mas simplesmente não na direção que gostaria de ir, que devia ser até sua van de trabalho e mais perto da ajuda que havia chegado para tentar salvá-la, do outro lado do portão pelo qual passou. Seus joelhos vacilaram. Caiu na grama, mas não completamente. Permaneceu ajoelhada.
Ele tinha que ser um leão ou um tigre de algum tipo. Reconheceu o som que fez. Tinha um rugido bem distinto. Estudou sua coloração, seu nariz largo, e finalmente os dentes afiados. Merda. Definitivamente era algum tipo de mistura de grandes felinos. Seu palpite era leão. Levantou os olhos para ele e se perguntou se sua bexiga se esvaziaria de puro terror. Isso não a surpreenderia de modo algum. Não era como se o seu dia pudesse piorar.
— Fique calmo. — a voz grossa exigiu. — Eu não vou entrar. Fale comigo, Valiant. Se não alguém vai espetar o seu traseiro com um tranquilizante e eu sei o quanto isso vai te deixar irritado.
O homem-fera tinha um nome. Também não era humano, ou comum, mas Tammy entendeu que era dele. Que tipo de nome é Valiant? Sabia que significava corajoso, algo que ela não era no momento. Desejava furiosamente não estar realmente ali, nunca pensou que estaria olhando para seu pior pesadelo.
Valiant tirou o foco de Tammy para finalmente fulminar com os olhos alguém atrás dela à esquerda.
— Não atirem em mim. — O tom ameaçador em sua voz era alto e claro.
Houve um forte suspiro. 6

— Deixe a fêmea ir embora. Qual é o seu problema afinal? Ela disse alguma coisa antes de passar pelo portão? Ela não sabia que essa casa era sua e não o clube. Deram o mapa errado a ela. Me parece que tudo o que ela fez foi sair da van e ir em direção à sua porta antes que a alcançasse. Ela te irritou?
— Ela está aqui, Tiger. Isso já é o suficiente. — Rugiu Valiant.
— E foi um acidente. — Tiger tentou ser lógico.
— Alguém vacilou e o erro foi nosso. Não percebemos o que tinha acontecido até ela aparecer. Ela foi a primeira a chegar depois do cara dono do bufê. Esse é Ted Armstrong.
Ele esteve aqui algumas vezes antes e percebeu que o mapa estava errado quando o viu. Nós contatamos a portaria imediatamente, mas eles nos informaram que a van dela já havia passado. Agora estamos todos aqui. Qual é, Valiant, já a assustou o bastante. O que Justice disse sobre tentar se encaixar? Se lembra daquela conversa? Deus sabe que eu me lembro. Não é educado matar os seres humanos de medo.
— Ele não irá machucá-la de verdade, não é? — Ted soava um pouco nervoso. Isso dizia muito porque seu chefe sempre era calmo sob pressão. — Quero dizer, Jesus! Aquilo foi uma brincadeira?
Tiger praguejou baixo.
— Claro que eu estava brincando. — Seu tom não parecia nada convincente para Tammy. — Então, o que me diz Valiant? Ela pode se acalmar um pouco e ir embora se você se afastar. Vai reconsiderar me deixar entrar para pegá-la? Só levaria um segundo. Eu corro até aí, a agarro e saio.
Valiant rugiu de novo e seu olhar voltou para Tammy. Ela engoliu com dificuldade. Piscou. Respirava regularmente outra vez. Fez uma lista de todas as funções que estavam sob o seu controle, mas seus membros ainda não respondiam. O homem-fera parou a uns três metros dela, mas ela apreciou que tivesse parado de avançar para simplesmente encará-la. Aquilo era um avanço, certo? Deus, espero que sim.
Moveu a boca e ela de fato se abriu. Tentou se desculpar por ter entrado na propriedade, mas nada saiu. Droga. Sempre achou que agiria diferente sob estresse. Sempre foi uma espertalhona de berço que tinha resposta para tudo. Fez uma reputação por ser tagarela não importando com quanto medo estivesse, sob qualquer circunstância. Obviamente, estava errada, admitiu. Quando cogitou os piores cenários possíveis, nenhum abrangia homens-feras com dentes afiados nem olhos de gato que urravam.
— Afaste-se. — ameaçou Valiant. Ele inalou lentamente, o olhar preso ao de Tammy. Deu outro passo na direção dela.
— Valiant! — Tiger, o homem da voz grossa, gritou. — Pare agora. Não se aproxime mais. Maldição, não faça isso.
Valiant virou a cabeça de lado para olhar com raiva para alguém a quem exibiu seus dentes afiados e rosnou ameaçadoramente. Ele soou absolutamente cruel antes de se centrar outra vez em Tammy.
— Vá busca-la. — exigiu Ted. — Você é quase tão grande quando ele. Salve-a.
Tiger disse um palavrão. 7

— Eu não posso. Ele me mataria em um segundo. É um dos filhos da puta mais cruéis que temos na Reserva. É por isso que ele está aqui e por que Justice comprou esse lugar. Há alguns da nossa espécie que não são exatamente amigáveis. Vai piorar tudo se eu entrar lá porque ele seria capaz de matar duas pessoas ao invés de apenas uma.
— Atire nele. — uma mulher sussurrou baixo, mas sua voz foi ouvida.
— Não posso. — explicou um homem. — Eles ainda não nos deram tranquilizantes.
— Use as armas que têm. — a mulher ordenou mais alto. — Não permitam que ele a mate. Meu Deus! Podem imaginar o que isso faria com as nossas relações públicas?
— Ninguém vai atirar nele. — afirmou Tiger.
— Valiant? — Ele pausou. — Me diga por que está com tanta raiva da fêmea? Ela é do tamanho de nada. É por isso? Está lutando com os seus instintos porque a vê como uma presa? Pense um pouco, Valiant. Essa é uma fêmea humana inocente. Ela não quis insultar você nem invadir seu espaço. Fale comigo, porra. Só me diga o que está se passando na sua cabeça.
Valiant virou a cabeça, afastando seu olhar intenso de Tammy outra vez. Ele fechou os olhos e inalou com força. Eles abriram de repente. Olhou com raiva para alguém atrás do ombro esquerdo de Tammy.
— Eu não vou matá-la.
— Graças a Deus. — Ted disse e grunhiu.
— Só queria assustá-la? — O alívio era evidente na voz de Tiger. — Bem, fez um ótimo trabalho. Ela pode ir embora agora?
O olhar exótico de Valiant se fixou em Tammy quando ele inalou de novo. Ele fez um som baixo, como um murmúrio. Desviou os olhos dela e olhou com raiva para Tiger.
— Não. Ela fica. Vocês vão embora.
— Sabe que não podemos fazer isso. — explicou calmamente Tiger. — Qual é, cara? Qual o problema?
Valiant rugiu de novo. Deu um passo e então outro em direção a Tammy. Ela parou de respirar. Aqueles olhos de gato dele estavam de volta nela. Ele ficou de quatro de repente, cheirou na direção dela outra vez, e fez um som que não tinha ouvido antes. Não era exatamente um rugido, mais um ronronar brusco, ainda assim assustador. Ele ficou agachado nos joelhos com as mãos à sua frente.
— Oh, merda! — praguejou Tiger. — Valiant? Não faça isso, cara.
Valiant levantou a cabeça para dar outro olhar ameaçador na direção de Tiger. Estava perto o bastante para que notasse que ele tinha cheiro de ar livre e de algo masculino que realmente cheirava bem. Respirou e continuou respirando já que não estava olhando para ela.
Ela baixou o olhar, avaliando-o, e decidiu que era grande mesmo agachado a sua frente. Usava uma calça jeans e uma camiseta, mas nenhum sapato. O cara tinha mãos e pés enormes. Ele chegou mais perto dela até que poderia tocá-lo se estendesse um pouco a mão, mas não o fez, ainda paralisada de joelhos. 8

— O que ele está fazendo agora? — Ted soava outra vez em pânico.
— Nem pergunte. — disparou Tiger. — Valiant, qual é, cara. O que está fazendo? Sabe que não deve pensar no que suspeito que está pensando. Ela é uma coisinha humana e você não vai querer tentar isso.
Valiant piscou.
— Ela está no cio.
— Oh, puta que pariu. — praguejou Tiger.
Valiant rugiu.
— Puta que pariu! — disse Tiger mais alto. — Ted, eu lhe disse para se certificar que nenhuma das suas mulheres estivesse ovulando. Falamos sobre isso, maldição. Não é de se admirar que ele esteja agindo como um louco.
— Como eu ia saber? — bradou Ted. — Sabe quantos processos por assédio sexual eu sofreria se perguntasse as mulheres que trabalham para mim se ela está em certa época do mês? Qual é. E como diabos alguém iria saber Tiger? Como?
Tiger praguejou de novo.
— Nós saberíamos, Ted. Eu lhe disse que podemos sentir o cheiro delas a um quilometro de distância e disse que alguns dos nossos homens reagiriam mal a isso. Eu não estou a favor do vento com relação a ela, mas ele está. Se ele diz que ela está ovulando — confie em mim que ela está — isso é um problema. Era de se esperar que agisse assim. — O homem parou. — Quem estava de plantão quando a deixou entrar?
— Smiley. — Uma voz masculina falou baixo. — Ele é primata e seu senso de olfato não é tão apurado. Obviamente não sentiu o cheiro dela.
— Qual é o problema se ela estiver ovulando? É por isso que ele quer matá-la? — Era a mulher falando. — É tipo um tubarão ficando doido quando sente cheiro de sangue?
Tiger ficou calado por alguns segundos.
— Ela não está sangrando. Como mulher você deveria saber a diferença entre menstruação e ovulação. Ela está ovulando. Ele não quer matá-la. Quer copular com ela.
— Graças a Deus! — A mulher de fato riu. — Eu achei que ele fosse transformá-la num brinquedinho de mastigar e rasgá-la em pedaços.
— Marcy! — gritou Ted. — Como pode rir disso? Não tem graça. Estamos todos aliviados por ele não planejar matá-la, mas você ouviu o que Tiger disse? Temos que tirá-la daqui.
— Ela é casada? — perguntou Tiger.
— Não. — Ted hesitou. — Ei, espere um pouco. Não fique aliviado como se algo fosse acontecer entre eles. Tire ela dali.
Tammy fitou o perfil do Nova Espécie. Ele não queria acabar com sua vida. Queria copular com ela. Ainda estava em choque. Deixou seu olhar absorver o imenso homem-fera da cabeça aos joelhos e estremeceu. Foi horrível em matemática no ensino médio, mas sabia o bastante para fazer a matemática dele. 9

O cara dava quase dois dela em tamanho e não tinha como uma relação física ser possível entre os dois. E, além disso, que diabos estou pensando? Queria gritar por ajuda de novo, mas nada saía da sua boca. Estou fodida! NÃO! Não diga isso. Diga de outra forma. Estou numa merda das grandes. É. Melhorou. Nem mesmo pense nas palavras fodida e foder, pelo amor de Deus.
— Não posso. — explicou Tiger. — Ele vai protegê-la se um de nós tentar se aproximar deles. Imagine um animal bem malvado protegendo seu brinquedo favorito. Bem, é praticamente isso que temos aqui.
Tiger ficou calado por um minuto. Ninguém falou. Ele finalmente deve ter decidido uma nova abordagem quando começou a falar de novo.
— Valiant? Posso achar alguém disposta a ficar no lugar dela. Tem que deixá-la ir embora. Ela não é das Espécies, ela é humana, e você vai acabar com ela. Olhe como é pequena. É frágil, uma verdadeira anãzinha, e você sabe que não a deseja. Eu entendo que ela tenha um cheiro muito bom e inferno, eu notei de cara que é atraente, mas eu repito, ela é humana. Nós tomamos algumas sodas umas semanas atrás e discutimos o quanto são frágeis. Não transamos com elas, lembra? Só se afaste e ligo para as nossas fêmeas. Uma delas ficará mais do que feliz de vir aqui tomar o lugar dela se estiver com vontade de brincar. O que você acha cara? Fale comigo.
— Minha. — rugiu Valiant.
— Porra. — Grunhiu Tiger. — Cadê o tranquilizante? Vamos precisar de um rápido.
— Estou indo, Tammy. — gritou Ted.
— Não. — gritou Tiger. — Ele vai te despedaçar.
— Bem, faça alguma coisa. — exigiu Ted. — Não vou ficar aqui assistindo ela ser estuprada por aquela... aquela... pessoa.
Valiant virou a cabeça. Seu rosto estava a centímetros do de Tammy. Ela olhou em seus olhos. De perto, eles eram incrivelmente bonitos. Viu espiral de cores em seu interior que parecia ouro derretido. Seus cílios eram bem espessos, de um laranja avermelhado e compridos. Apoiado nas mãos e nos joelhos, ele estava no mesmo nível de Tammy, ajoelhada na grama. Sua boca estava fechada, os dentes afiados escondidos, quando inalou outra vez. Um som baixo saiu de sua garganta, um ronronar profundo. Ele piscou quando se aproximou mais.
Mexa-se, caramba. Ela ordenou ao seu corpo que se afastasse, fizesse qualquer coisa, mas ele não ouviu. Ele levantou uma de suas enormes mãos e ela viu as suas unhas. Eram mais grossas que o normal, quase pontudas, mas do tamanho normal de unhas humanas. Ele se moveu bem lentamente enquanto as pontas ásperas dos seus dedos afastaram o cabelo comprido da bochecha dela. Os dedos acariciaram seu rosto. As pontas eram calejadas. Arrepios brotaram em seu corpo e era uma sensação estranha, mas de um tipo bom. Sua mão colocou todo o seu cabelo para trás dos ombros antes de descer para segurar sua cintura.
— Linda. — rugiu ele baixinho. — Tão linda.
Ela engoliu em seco.
— Ob... — Sua voz falhou. — Obrigada. — conseguiu um sussurro. 10

Não tinha certeza do que ele achava atraente nela. Era o cabelo comprido ou o seu rosto? Já disseram que tinha belos olhos azuis. O que quer que ele achasse bonito, ela estava agradecida por finalmente ter encontrado a voz. Não era muito já que só parecia ser capaz de soprar as palavras, mas esperava que agora que funcionava, conseguisse berrar se a necessidade surgisse. Tinha um pressentimento ruim que isso aconteceria em breve se aquele cara quisesse transar com ela.
Ele fechou os olhos, inalando profundamente.
— Você tem um cheiro tão bom. Morangos e mel. Adoro esses cheiros. — Ele deu outro rugido baixo no fundo da garganta. Seus olhos abriram. — Não tenha medo. Eu nunca machucaria você, Tammy. — Colocou o corpo mais perto.
Com o coração acelerado, Tammy fechou os olhos quando o cabelo dele roçou seu rosto e ela se enrijeceu quando a bochecha tocou a dela. Sua pele era quente e a respiração morna soprou em seu pescoço, que ele havia exposto quando tirou o cabelo do lugar.
O que ele estava fazendo agora? Um pouco do medo passou já que ele jurou que não ia machucá-la e não tinha machucado até o momento. Matado de medo, sim, mas não fez nada doloroso. Ela pulou um pouco quando ele lambeu onde o pescoço e ombro se encontravam.
— Uh! — ela deixou escapar, mas se calou. A sensação era diferente de qualquer coisa que já experimentou. Sua língua tinha uma textura áspera, mas não era como uma lixa, nem abrasiva. Arrepios sacudiram seu corpo e de algum modo aquilo parecia estranhamente erótico. Os dentes afiados dele roçaram sua pele depois, criando outra sensação estranhamente sedutora.
— Shhh. — ele exalou, quando sua língua e dentes a deixaram. — Não vou machucar você.
— O que ele está fazendo com ela? — a voz de Ted aumentou em alarme. — Faça-o parar.
— Onde está o tranquilizante? — Marcy falou.
— Todo mundo, cale a boca. — exigiu Tiger. — Ele não a está machucando e nós vamos irritá-lo. Ele está com as mãos nela então calem a boca.
O som de um carro se aproximando quebrou o silêncio. Um rugido saiu dos lábios próximos ao pescoço de Tammy. O som fez com que seus olhos se abrissem e ela choramingou, fitando os dentes afiados, que ele expôs quando sua cabeça se virou para olhar com fúria a fonte do ruído. A mão segurando sua cintura apertou, mas não doeu.
Ela ofegou de repente quando o outro braço rodeou o meio de suas costas. Em um movimento brusco, ele se levantou, trouxe Tammy com facilidade consigo e a puxou para frente do seu corpo, mantendo o braço à sua volta.
Tammy olhou o homem bem mais alto que a segurava com o braço forte. Suas pernas viraram borracha, cederam, mas ele a segurava o suficiente para mantê-la presa ao seu corpo grande e sólido. O cara era aterrorizantemente poderoso.
Ele fulminou com o olhar algo por cima de sua cabeça. Tinha uma expressão realmente irada e de repente outro urro saiu dos lábios, alto o bastante para fazer seus ouvidos doerem. Ela viu os dentes brancos e afiados brilharem de novo quando ele rosnou, e 11

a levantou mais alto contra o peito quando a tirou completamente do chão. Manteve-a ali, o corpo pendurado acima do chão, e correu para longe do terreno.
Minha. A ideia não deixava a cabeça de Valiant. Repetia-se sem parar. Minha. Minha. Minha. Movia-se rápido para levá-la a um lugar onde pudessem ficar a sós, longe dos outros, dentro de sua casa. Eles não iam tirá-la dele. Lutaria até a morte para ficar com ela e mataria qualquer um que tentasse levá-la de seus braços. Seu cheiro enchia o nariz dele, fazendo seu corpo doer de necessidade e nada mais importava.
Ela é humana. Não é o que tinha em mente nem o que achava que queria. As coisas mudam. Não importa. Ela é completamente minha. Ele olhou para Tiger, para os dois machos Espécies com ele, e para os dois humanos para garantir que não invadissem seu território.
O humano macho tinha o rosto vermelho e agarrava a cerca, parecendo pronto para pulá-la, e a mulher estava de boca aberta como se quisesse gritar. Sabia que os horrorizava, mas não dava à mínima. Eles não representavam nenhuma ameaça para ele. Era com os Espécies que poderia ter que lutar se atacassem. Faria isso. Não ia deixar a mulher ir embora.
Minha!
Seu braço apertou ao redor da mulher gloriosa que segurava, com cuidado para não esmagá-la, e grato por não lutar. Ela parecia dócil em seus braços, como se soubesse tão bem quanto ele que pertencia a ele. Uma esperança surgiu de que ela o desejasse tanto quanto a desejava. Não está agindo com sanidade, admitiu silenciosamente, mas isso não importava. Ela tinha um cheiro maravilhoso, suas feições delicadas eram algo que ele queria fitar para sempre, e segurá-la nos braços só aumentava o desejo de ficar com ela. A ideia de colocá-la em sua cama, tirar suas roupas e explorar cada centímetro da pele dela fazia seu pau latejar dolorosamente.
Ela será alguém com quem conversar, a quem abraçar, e eu a convencerei que seremos felizes juntos. Posso fazer isso. Ela vai querer ficar. Tem que querer. Minha. Minha. Minha. O lugar dela é comigo.
Ele realmente não tinha ideia de como fazer isso acontecer, mas era um macho forte, determinado, e tudo era possível agora que estava livre. Passou a vida inteira trancado em uma cela úmida, com dores a maior parte do tempo, e sempre tão sozinho. A ideia de ter uma companheira, alguém a quem conhecer, com quem dividir a vida, tinha se tornado seu maior sonho.
Ele a segurou com mais ternura, jurando protegê-la com a vida e não permitir que ninguém a levasse dele. Não tinha que fazer sentido. Ela estava nos seus braços, havia lhe reivindicado, e não iria liberá-la. De algum modo, de algum jeito, a convenceria que era o macho certo para ela.
Uma vez sonhou em viver fora das paredes de concreto e isso finalmente se realizou. Tudo era possível. Inalou o maravilhoso cheiro feminino, seus braços a seguraram com mais firmeza contra seu corpo, e uma palavra se repetia em sua mente.
Minha! 12

22 comentários:

  1. Ja é a segunda vez que estou lendo kkkk, ele é demais.

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    1. Cara eu estou lendo todos os livros pela quarta vez😍😊

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  2. Onde acho para comprar o livro. Aliás, todos os livros?

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    1. Na Amazon tem, porém só tem traduzido até Valiant o resto dos livros está em inglês, pois eles não traduzem mais.

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  3. Série maravilhosa Valiente e Fury .são demais.tô relendo outra vez
    💝💝💝

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  4. Valiant já se tornou o meu PREFERIDO, quero um pra mim😩😩😩

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  5. De todos as história a minha preferida é a do valeant😍😍😍

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  6. E vamos de record de possessividade e ciumes

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  7. Estou lendo pela 7° vez valiant nessa pagina ❤

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  8. Essa deve ser a 14 vez que leio esse livro. Simplesmente perfeito! Valiant meu preferido!❤💞

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  9. Estou relendo, já perdi as contas de quantas vezes le essa saga, amo o Valiant ❤️

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  10. estou lendo pela primeira vez
    Amando 😉😍

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