quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Capítulo 16

Capítulo Dezesseis
Shadow fumegava. Bela ousou oferecer-se a entregar-se para aqueles humanos, para ser devolvida ao macho que abusou dela. A ideia era insultante e ultrajante.
— Calma. — Breeze sussurrou. — Estou quase sufocando com o cheiro de sua raiva do outro lado da sala.
Nem sequer lhe deu um olhar.
— Ela estava disposta a desistir.
— Eu ouvi. — Ela suspirou. — Foi amável.
Ele rosnou. Preferia enfrentar um exército de humanos fortemente armados que permitir que Bela fosse capturada.
— Seu coração estava no lugar certo.
— Não, não estava. — Seu coração pertencia a ele.
— Droga, Shadow. Dê-lhe um tempo. Ela está nos colocando diante dela. Acha realmente que ela sente falta do bastardo que a manteve em cativeiro? Eu estava lá quando foi trazida para nós. De jeito nenhum vai querer voltar. Isto somente prova o quanto importamos para ela.
Seu temperamento esfriou ligeiramente.
— Eles estão mantendo suas posições. Pelo que estão esperando?
— Não sei, mas vai entregá-los abrir fogo sobre nós.
— Eles não querem arriscar atirar em Bela se é que estão atrás dela. É por isso que a queria na banheira. Poderia ajudar a escondê-la se procuram por sinais de calor. Depende do que estão usando. Seu tamanho vai facilitar que a distingam de nós se puderem ver pelas paredes.
— Como nos filmes? 135

— Sim.
— Trabalhar com a força tarefa te ensinou muito.
Ele não negou. A tecnologia que a força tarefa tinha a sua disposição era impressionante.
— Quantos residentes da Zona Selvagem estão aqui?
— Mais ou menos quarenta ao todo. — Breeze pausou. — Foi especificamente ditos a eles para não se aventurarem nesta área, mas estou esperando que o cheiro de intrusos humanos os incentive a ignorar a ordem.
— Eu também. Um pouco de ajuda seria bom, mas isto poderia matar alguns deles. — Não queria isto. — Pergunto-me o que está acontecendo nos portões. Talvez eles fizeram outro ataque lá para manter a Segurança ocupada.
— Outro ataque?
Ele franziu o cenho, percebendo que não a atualizaram com todas as informações. Contou a Breeze sobre Moon sendo tranquilizado.
— Deve ter sido uma distração.
— Uma boa distração. — ela concordou. — Estamos ferrados. A Segurança teria ordenado a todos os oficiais disponíveis para ajudar lá nos portões. No protocolo geral é para todos os oficiais atribuídos as patrulhas para irem para o ponto ativo, enquanto os que ficam nos muros mantenham seus postos. Não ousariam deixar suas posições por medo de uma brecha pelo muro. De alguma forma os humanos passaram por eles.
— Ainda não acabou. — Recusou perder a esperança. — Há oito deles, mas humanos são fracos. Nós temos uma chance.
— Não uma boa. — ela sussurrou. — Que inferno, certo? É um dia bonito para matar alguns humanos ruins. Alguns deles estão saindo comigo. Imagino que estou com o tempo contado de qualquer maneira. — Parou e sua voz abaixou. — Sempre imaginei que morreria na Mercile.
Shadow esperava que os mercenários decidissem que era muito arriscado correr para a cabana. O tempo não estava ao seu favor. Quanto mais tempo ficassem nas terras da ONE, menos chances tinham de cumprir sua missão. Os oficiais Espécies iriam eventualmente cercar a área.
Movimentos o tiraram de sua reflexão. Uma parte de um tronco de árvore se separou, e ficou na forma de um humano. Ele avançou para outra árvore.
— Eles estão vindo.
— Estava prestes a te dizer isto. Dois deles acabaram de chegar mais perto.
— Não atire até que esteja certa de que tem um alvo. Há espaço aberto entre a cabana e a floresta. Estarão expostos quando tentarem nos alcançar.
Breeze deu uma inspiração instável.
— Acho que devia te dizer que não sou uma atiradora muito boa. Sou melhor em lutar com minhas mãos, mas passei no meu treinamento. Não atirarei no meu próprio pé.
Ele cerrou os dentes.
— Ao invés disso atire nos pés deles. Isso irá retardá-los.
— Posso fazer isto.
— Evite tiros no peito. Provavelmente estão usando coletes. Mire nas pernas ou nas cabeças. Apenas atire o quanto puder.
— Entendi. — Determinação soou na voz de Breeze.
Shadow respirou fundo, acompanhando os movimentos na floresta ao redor deles. Um humano chegou mais perto e quase alcançou onde as árvores da cabana foram cortadas. Ele se 136

aproximou o suficiente para a tinta preta marcada em seu rosto ficar visível. Estes, definitivamente, não eram humanos comuns. Mercenários qualificados.
Ele queria mantê-los a uma distância. Ergueu o rifle das armas que tinha pego, bateu num painel de vidro, e despedaçou-o com o alvo. O som foi levado e viu o humano desaparecer atrás do tronco de árvore.
— Estamos bem armados. — blefou. — A Segurança está a caminho. Seu tempo está acabando. Partam enquanto podem. Meu povo não permitirá que vocês vivam.
Silêncio. Um minuto inteiro passou antes da voz de um macho responder mais à direita, fora de sua visão.
— Envie o Lixo para fora. Ela é uma Nova Espécie pequena, com cabelo e olhos marrons. Nós permitiremos que viva se fizer isso.
A raiva o agarrou e seu coração acelerou. Lixo? Eu vou matar o bastardo que a chamava disto. Supôs que estavam lá por Bela e agora suas suspeitas foram confirmadas. Levou muito esforço para conseguir controlar suas emoções. Novas Espécies recebiam números quando eram cobaias de testes, mas ela foi marcada com um título depreciativo.
— Porra. — Breeze silvou.
Shadow tinha palavras ruins para dizer também, mas palavras mais calmas saíram de sua boca. Foi cuidadoso para falar claramente em vez de rosnar.
— Não sabemos de quem está falando. Ninguém com esse nome está aqui.
— Não brinque Shadow. Sabemos quem você é. Você e Lixo estão aí.
Aquelas informações foram absorvidas. Sabiam seu nome, isso tinha de significar que alguém traiu a ONE. A banheira funcionou em esconder a temperatura do corpo de Bela, se estavam usando câmera térmica, se estavam confundindo Breeze com ela. A outra opção era que não podiam ver por dentro. Seu informante não os advertiu que outra fêmea Espécie estaria presente. De qualquer modo os humanos obviamente esperavam vir apenas contra ele.
— Filho de uma puta. — Breeze sussurrou. — Nós temos um vazamento. Vou descobrir quem e arrancar suas bolas.
Suavemente rosnou para silenciá-la. Eles lidariam com isso mais tarde. Agora eles precisavam ganhar tempo. Decidiu blefar rindo alto o suficiente para eles ouvirem.
— Sou Torrent. Vocês estão na cabana errada, humanos. Pagaram por informações erradas. Espero que isso tenha custado a vocês uma pequena fortuna para estarem fodidos.
— Mentira. — Outro macho humano gritou. — Nós bloqueamos seu sinal. Você é Shadow.
O ar em seus pulmões congelou enquanto seu cérebro tentava funcionar rapidamente. Como teriam um sinal? Ele teria que estar carregando algo pessoalmente ou dentro de uma de suas malas. Examinou mentalmente cuidadosamente a lista de itens que arrumou, e o que usou na viagem para a Reserva lentamente. A outra mala continha armas. Uma dúzia de possibilidades de quando poderia ter sido marcada com um rastreador encheram sua cabeça. Eram pequenos o suficiente para esconder na roupa, nas botas, ou até nas malas. As únicas pessoas que tiveram acesso a isto e aos seus pertences foram sua equipe da força tarefa e alguns Espécies com quem entrou em contato em Homeland. Claro que alguém podia ter entrado em seu quarto no dormitório. Embora apenas Espécies tivessem acesso.
— Sou Torrent. — repetiu. — Não sei qual sinal acha que rastreou, mas você está errado. Shadow está em outro local. 137

— Mentira. — O mesmo humano respondeu, provavelmente estava no comando, e estava adiantando-se por trás de uma pedra grande. — Pare de desperdiçar tempo e envie Lixo para fora. Seu dono a quer de volta.
Suas presas relampejaram enquanto lutava contra o desejo de uivar. Ninguém possui Bela.
O humano falou novamente.
— É sua moeda, imbecil. Todos os membros da equipe as têm e as carrega a toda hora. Pare de enrolar e mande-a. Nós não abrimos fogo porque ela vale muito dinheiro viva, mas essa é toda ordem que temos. — Pausou. — Viva. Não quer dizer que não podemos devolvê-la ferida. Nós temos um médico para remendá-la. Está é sua escolha. De qualquer modo nós entraremos aí para pegá-la, ou você vive se a mandar para fora desta cabana para nós. Essas são as únicas opções que tem.
Shadow virou a cabeça e pegou Breeze olhando boquiaberta para ele.
— Moeda? — Deu-lhe um olhar confuso.
— A força tarefa. — ele falou. — Alguém na equipe me traiu. — Olhou para o teto, depois de volta para ela. — Está ainda dentro da minha mala. Todos nós ficamos com ela, normalmente conosco, no caso de um membro ser levado. Só Tim e três outros membros sabem os códigos para ativar os rastreadores dentro delas.
Seus olhos estreitaram.
— Entendo.
Isso reduzia o vazamento. Silenciosamente Shadow jurou vingança ao membro da equipe que o traiu.
— Estou com algumas das coisas de Shadow, mas ele não está aqui. — Decidiu continuar blefando. Cada segundo podia contar. Poderia enrolar os mercenários.
— Estamos entrando. Sei o que está esperando e não vai funcionar. Temos pelo menos meia hora antes que nosso local esteja comprometido. Tenho atiradores nas árvores cercando a área. Qualquer Espécie vindo neste caminho será baleado. Nenhuma ajuda vai alcançá-lo.
Porra! Shadow acalmou sua ira o suficiente para apontar o rifle, olhando para o local pelo qual o humano chegava mais perto. Atiraria no segundo que o macho se movesse. Talvez alguns corpos mortos os persuadissem a repensar em avançar para a cabana. Duvidou, entretanto. Os mercenários eram conhecidos por terem um único objetivo, e eram malignos. Provavelmente calcularam algumas perdas antes de concordarem com a missão.
— Mate qualquer um que entrar na área aberta. — ordenou a Breeze suavemente.
— Compreendido.
Bela andou nas pontas dos pés se afastando pelo corredor, ouvindo a maioria do que Shadow e Breeze disseram. Oito humanos estavam lá fora dispostos a matar para levá-la de volta para o Mestre. Shadow mostrou-lhe como realmente viver. Breeze deu-lhe amizade. Nenhum deles merecia morrer por essas coisas maravilhosas.
O pensamento de Shadow morrendo deixou um ferimento aberto em sua alma. Não iria permitir que isso acontecesse. Lutaria também. Três contra oito eram chances melhores. A mala dentro do quarto de Shadow estava pesada, quando a ergueu e levou-a para seu quarto. Eles estavam mirando nele desde que entrou no caminho deles. Seu quarto era atrás da cabana, acima de onde Shadow estava.
Ela retirou as armas do modo que ele tinha guardado, as colocando no tapete assim estariam a postos. Levou alguns minutos para compreender onde pôr seus dedos em cada arma. Apontar e 138

atirar. O quão difícil poderia ser? Poderia não atingir muitos, mas o poder de fogo extra, poderia surpreender aqueles homens lá fora, o suficiente para dar aos dois Espécies no andar de baixo uma chance melhor de sobrevivência.
Foi cuidadosa para não fazer barulho enquanto arrastava um baú pesado para frente da janela. Abriu a tampa, olhando dentro para a roupa de cama restante. Virou, o olhar fazendo uma varredura no quarto. Os livros de capa dura enfileirado nas prateleiras perto da porta chamaram sua atenção. Eles ajudariam a prevenir que balas passassem pelo baú de madeira para atingi-la, se aqueles homens revidassem. Enquanto embalava o baú, cada passo era dado cuidadosamente para não alertar Shadow de que não estava na banheira.
Ajoelhou-se e moveu a cortina o suficiente para espiar pela janela, observando qualquer sinal de movimento. Fez algumas varreduras, mas viu um homem à direita no limite da floresta. O outro estava a duas árvores atrás dele à direita. Não localizou ninguém mais, mas pelo menos tinha alvos.
Era muito arriscado abrir a janela. Teria que tirar a cortina do caminho e seria vista se a erguesse. Seria estúpido entregar seu local. Podia apenas atirar pelo vidro. Bela deu algumas inspirações para se acalmar, tentando diminuir a rapidez das batidas de seu coração. Posso fazer isto. Repetiu algumas vezes. Por Shadow.
A primeira bala disparada não foi alta. Foi um som enfadonho que lhe lembrou fogos de artifício vindo de longe, mas vidro quebrou em algum lugar no térreo.
— Abaixe-se. — Shadow gritou. — Homem entrando!
— Oh Deus. — Começou. Mas Shadow estava vivo. Ouviu sua voz.
O homem mais próximo da casa de repente saiu de detrás da árvore, algo agarrava em sua mão. Seu braço foi para trás como se fosse lançar uma bola, mas o som de balas explodiu no térreo. Bela assistia com horror e fascinação, enquanto o sujeito tremia quando suas roupas pareciam despedaçar. Sangue apareceu em seus braços, depois pernas, antes dele cair para trás.
BOOM! O som surgiu no mesmo momento em que o homem caído explodiu próximo a sua cabeça. Sangue voou em todas as direções, principalmente espirrando no tronco das árvores. A bílis subiu em sua garganta, mas Bela lutou. O filho de uma puta estava prestes a atirar uma granada em Shadow. Podia ter sido ele em pedaços, se não tivesse atirado no homem antes dele poder lançá-la na cabana.
Viu um segundo homem erguer uma arma longa e abrir fogo. Foi rápido e vidro despedaçou, um som silencioso comparado a arma ruidosa. As mãos de Bela tremeram, mas apontou para ele. Seu dedo puxou o gatilho. O vidro quebrou, um buraco irregular apareceu, e continuou disparando. Errou as primeiras três vezes e o homem pareceu nem notar até que recuou. Ele parou de disparar e olhou para baixo. Ela também olhou, parando para vê-lo. Ele ergueu sua bota, franzindo a testa. Avistou uma pequena falha ao longo da extremidade.
— Merda. — ela xingou. Pareceu tê-lo atingido, mas o sangue não escorreu. Apontou e atirou novamente.
Desta vez o atingiu na perna debaixo do joelho. Ele se jogou para trás e ela abaixou atrás do baú, esperando pelo tiro em resposta, enquanto agarrava uma arma maior. A arma não disparou rápido o suficiente.
— Bela! — Shadow rugiu seu nome.
Ela estremeceu. Ele acabou de perceber que não estava encolhida na banheira, mas pelo menos sabia que ainda estava vivo. Ele gritou qualquer outra coisa, mas não conseguiu entender, 139

enquanto mais tiros estouravam lá embaixo. Veio da frente da cabana. Breeze devia estar ocupada com os homens também.
Bela fechou suas mãos em torno da arma maior. Pareceu com uma que viu em um videogame que as mulheres jogavam no dormitório. Era volumosa com um clipe de metal inserido na parte inferior, e era pesada. Estava certa de que era algum tipo de fuzil. Aninhou-a achou o gatilho e ficou de joelhos. Descansou a arma no peito e olhou pelo vidro quebrado na parte inferior da janela.
Dois homens corriam adiante enquanto apontava e apertava o gatilho. Tiros rápidos explodiram. A coisa bateu de volta nela e balas despedaçaram a janela até o teto antes que pudesse tirar o dedo do gatilho. Ficou boquiaberta pelo dano quando aterrissou de costas. O vidro na janela estava totalmente despedaçado agora, e buracos formavam cicatrizes feias nas paredes e no teto, onde as balas rasgaram por isto. Lutou para ficar de joelhos novamente.
Agora que sabia o que esperar, apoiou seus joelhos separadamente, tencionou seus braços e apontou novamente. Seu dedo hesitou desta vez, esperando que o estímulo da arma não a mandasse para o chão mais uma vez. Os homens abrigaram-se atrás de uma árvore, mas um correu para a cabana. Alguém disparou, provavelmente Shadow. O sujeito não conseguiu entrar dois metros na área aberta antes de cair. Ficou daquele jeito, sem se mover. Sangue vazava na poeira.
Os sons altos vindos de baixo asseguram que ambos os Espécies estavam disparando armas. Algo atingiu o topo do espelho acima da cômoda, quebrando o vidro. Girou sua cabeça para olhar para trás, vendo buracos nele e no topo da parede. Levou um segundo para perceber que alguém atirou de volta nela. Abaixou-se.
Seu coração acelerou, debruçou-se de volta no baú e abriu fogo. Seus braços machucavam da força que levou para manter a arma abaixada e, então, a arma a ensurdeceu, mas conseguiu manter apontada para a floresta. Virou o cano, pulverizando balas em um arco largo, nem mesmo certa em que estava disparando. Não importava. O inimigo estava lá fora, e as pessoas que se importava estavam do lado de dentro. A arma começou a clicar em vez de enviar balas. Estava vazia.
Jogou-a de lado e agarrou uma que era apenas um pouco menor. Medo não mais a impedia. Não havia nenhum tempo para pensar. As balas estavam despedaçando a cabana, a maior parte delas tinham de estar sendo apontadas para Shadow, já que podia ouvir o dano sendo diretamente feito embaixo de onde se ajoelhava. Abriu fogo novamente, de modo selvagem atirando na floresta.
Breeze gritou algo, mas as palavras estavam perdidas para Bela. Era o caos. Não entendeu por que a ajuda não chegou. O barulho da batalha de armas tinha de ser ouvido à milhas. Havia oficiais por toda Homeland.
A arma parou de cuspir balas e a largou, agarrando outra. Não sabia como recarregar, odiando o conceito de ficar sem armas, mas sabendo que lutaria enquanto pudesse.
Um choque chegou quando mãos brutais de repente agarraram seus ombros e foi jogada de lado. A arma foi retirada de seu domínio, quando bateu no chão com força suficiente para causar dor junto ao seu lado direito. Um grande corpo de repente bateu em cima do dela. Ficou de costas e presa no chão. Um rosto humano, manchado com tinta preta, era tudo o que pôde ver enquanto lutava para respirar debaixo do peso esmagando seu peito.
Seus olhos pareciam mortos, gelados enquanto olhava fixamente no dela. Moveu-se e dor explodiu no lado de seu rosto quando ele bateu nela com seu punho. Um choque chegou e a escuridão ameaçou tomá-la, mas levou tapas muitas vezes antes por guardas bravos. Lutou com o desejo de escapar para a inconsciência. 140

Ele grunhiu em satisfação quando recuperou a mão que usou para bater nela, e depois falou em um rádio.
— Peguei a cadela. Era ela no segundo andar. Limpe o caminho para mim.
Rolou de cima dela, mas Bela não conseguia se mover ainda tonta do tapa. Sentiu-se enjoada, como se fosse vomitar, e pontos a cegavam enquanto continuava a lutar para evitar desmaiar. Sua bochecha parecia quebrada, pulsava em agonia, e seu pescoço também doía de ser atingido com tanta força.
Mãos rudes cavaram debaixo dela e foi içada depois mudada de posição. O homem Largou-a facilmente em cima de seu ombro. Ela ficou pendurada lá mole, enquanto um braço enganchava atrás de suas coxas. À medida que caminhava o balançar deixou tudo pior. Viu armas amarradas em suas coxas, mas suas mãos recusavam-se a agarrá-las, enquanto sua mente as persuadia para apenas pegá-las. Ao invés disso, seus braços penduravam-se inutilmente.
Ele entrou no quarto de Shadow e outra voz falou.
— Olhos tinham razão. Foi bom tê-la visto pelas lentes de sua arma, assim não precisamos subir no segundo andar do jeito que pensamos que teríamos que fazer.
— Você quer descê-la, ou quer que eu desça?
— Você. Ela não é grande, não é?
— Não. Não pesa nada também. — Ele caminhou e virou-se. — Siga-me.
Bela olhou para baixo, percebendo que o homem segurando-a ficou no peitoril da janela de Shadow. Era uma longa queda para o chão. Sentiu um clarão de medo quando ele soltou a parte de trás de suas coxas. Ele apenas a deixaria cair? Era uma ideia horrível.
Ao invés disso os braços dele levantaram-se, prendendo seus quadris entre seu pescoço e o bíceps de um lado. Saltou. Eles caíram mais ou menos há meio metro, entretanto suas botas bateram ao lado da cabana, quando seu impulso diminuiu. Desceu o resto do caminho com mais dois pulos até que bruscamente bateu no chão. Os tiros estavam altos, a batalha ainda furiosa. Ele hesitou um momento enquanto o segundo homem deixava à cabana, e depois o braço dele enganchou de volta ao redor de suas coxas. Correu para a floresta, levando-a com ele.
— Não! — Tentou gritar, mas saiu mais como um silvo irregular.
— Cale a boca. — ele ofegava. — Você deu muito trabalho, mas vale a pena por um bocado de dinheiro, Lixo.
Não. NÃO! Sua mente gritou enquanto sua voz recusava. Eles iriam devolvê-la ao Mestre e a vida que teve uma vez. Ele continuou correndo, levando-a mais distante da cabana.
Os tiros de repente cessaram e outro medo a atingiu. Isso significava que Shadow e Breeze estavam mortos? Não conseguia ouvir nada, exceto o arfar dos homens à medida que corriam.
— Ela deu mais trabalho do que pensei que daria.
— É. — o homem que a segurava respondeu.
— Ela não parece valer um milhão para mim.
— O cliente está sempre certo. — Ele diminuiu a velocidade para rapidamente caminhar. — Quando nosso helicóptero chegará?
— Três minutos. Nós temos que fazer a limpeza. Você já quer que a carregue?
— Não. Ela está bem e estamos perto.
Uma vez que a colocassem em um helicóptero, estava terminado. Ela desapareceria. Havia uma chance que a ONE a localizasse novamente, mas não acreditava em sorte. Ser libertada uma vez foi um milagre. Lambeu seus lábios e fechou os olhos, tentando conseguir o controle de seu corpo. Estava machucada, mas era Espécie. Durona. Sua mandíbula cerrou e abriu os olhos. 141

As armas nas coxas do homem estavam desprotegidas, de fácil acesso, e as correias do coldre soltavam a cada passo. Olhou fixamente para uma e apertou suas mãos. Tinha de ser rápido. Mantendo seu corpo leve era a chave para fazê-lo pensar que não era uma ameaça.
O sujeito próximo a eles movia-se ligeiramente adiante e alguns arbustos os separavam um pouco. Provavelmente era a única oportunidade que teria. Jogou-se e agarrou-se a coronha da arma. Seu dedo de alguma maneira achou o gatilho e apertou enquanto se mexia ligeiramente. A arma disparou alto, e depois o homem que a estava segurando gritou.
Ele cambaleou, sangue despejava do ferimento onde atirou nele. Ela caiu, colidindo de joelhos. Conseguindo tirar a arma do coldre quando foi jogada. Caiu de costas na grama, mas estava preparada para ter o ar nocauteado de seus pulmões desta vez.
Ergueu a arma e disparou no outro homem. Ele jogou seu corpo para o lado, caindo em um arbusto para evitar a bala. Ela já estava se contorcendo, lutando para ficar de pé.
— Caralho!
Balançou sobre seus pé, mas correu. Não importava par aonde ia, apenas tinha que cair fora. Shadow e Breeze precisavam de ajuda também. Poderia ser capaz de achar alguns daqueles residentes da Zona Selvagens.
Algo bateu por trás dela e sabia que o outro homem a perseguia. Não ousou olhar para ele, com medo de chocar-se com uma árvore ou tropeçar em algo no caminho.
Corra! Persuadiu suas pernas a moverem-se mais rápido. Se havia um instinto que estava familiarizada, era o terror. Deixou isto levá-la, submersa em todos os seus pensamentos e apenas focou-se na sobrevivência.

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