terça-feira, 28 de outubro de 2014

Capítulo 03

CAPÍTULO TRÊS
Confusão se apoderou de 880 enquanto percebia as coisas lentamente. Algo o pressionava do lado direito, um peso leve descansava em seu peito e ele tentou cheirar para identificar a fonte. Seu corpo não obedecia ao seu comando. Ele não podia ver pois seus olhos não conseguiam se abrir ou estava muito escuro. Depois o alarme o atingiu quando ele tentou erguer a mão para seu rosto. Permaneceu indiferente, como se não estivesse mais preso a seu corpo.
Ele se concentrou no peso que descansava em cima de seu peito e pareceu familiar por alguma razão, mas ele não podia compreender o por que. Deu várias respirações profundas, cada uma ajudou a aprender a forma contra ele enquanto julgava pela sensação. Descobriu que era uma mão que estava em seu peito e parte de um braço. Alegria de repente o encheu, uma sensação de alívio pois a 46 o tocava.
Ela estava bem, mas aquela exaltação se apagou enquanto algo sinistro se arrastava em sua memória. Tentou lembrar-se do que causou aquela emoção ruim, mas sua mente embaçou. Ele deveria estar drogado. Eles paralisaram seu corpo novamente, isso significava que ele deve ter lutado com os técnicos. Ele os odiava. Tentou rosnar para demonstrar seu protesto, mas falhou.
Medo apareceu. O que eles fizeram com ele? O braço se espreguiçou por cima do seu peito e o calor pressionou contra seu lado assegurando que ele vivia e 46 permanecia perto. As coisas não estariam tão ruins se ela não fosse tirada dele. Os técnicos faziam isso frequentemente para castigá-lo e se preocupava toda vez que ela nunca retornava.
Não conseguia se lembrar do que ele fez para deixá-los com raiva. Sua mente se apagou e isso o alarmou mais. O quanto eles me machucaram? Que drogas eles estão testando desta vez? Ele não podia se mover, falar, ou até usar seu nariz para ajudá-lo a juntar as coisas para determinar sua situação pelo cheiro.
Preso dentro do meu próprio corpo. Apavorou-se e ele odiou a impotência que quase o levou ao pânico. Foi a pior coisa que poderiam ter feito com ele. Empurrou as emoções para trás, concentrou-se em sua respiração, e podia finalmente segurar sua respiração por alguns segundos. Isso já era algo. Ele só teria que lutar para passar por qualquer nova droga de teste que eles colocassem em seu corpo. Ele já fez isso antes e não permitiria que eles ganhassem. 46 precisava de sua proteção. Estava disposto a manter sua promessa em fazer qualquer coisa para prevenir os técnicos de machucá-la novamente.
A mão em seu peito se moveu, frouxamente acariciando sua pele enquanto seu corpo pressionou mais apertado contra o dele. Pareceu se esticar. Algo não estava certo, mas apenas não conseguia compreender o que. Seus dedos apertaram um pouquinho seus músculos, um suspiro suave soou, e o cabelo fez cócegas no topo do seu ombro quando se ajustou ao lado dele.
— Você conseguiu.
A voz da fêmea era suave, desconhecida, e se ele pudesse teria se afastado dela. Ela dormiu enrolada ao seu lado e sua mão apoiada em seu peito. Onde estava 46? Quem era esta fêmea? Por que ela foi posta no espaço em que vivia? Laurann Dohner Obsidian
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Dedos gentis deslizaram em cima do seu peito para o pescoço, apertou junto à artéria e parou. A pressão se aliviou e o colchão debaixo deles estremeceu ligeiramente enquanto ela mudava de posição. Metal tilintou, o calor saiu de seu lado e uma brisa de ar frio tomou seu lugar. Um cobertor acomodou-se e ela o apertou firmemente contra sua pele. Uma leve carícia tocou em sua bochecha.
— Sua pulsação está constante. Estava tão preocupada que você não reagiria muito bem sem as máquinas, mas parece estar indo muito bem. Agora eu preciso te dar um banho de esponja. Eu mudarei sua bolsa antes de reinserir o tubo de alimentação. Sinto muito, mas eu preciso fazer isto até que você esteja bem o suficiente para comer por conta própria. Eu deveria ter restabelecido ontem à noite, mas imaginei que você sofreu trauma suficiente sendo movido.
Confusão o encheu e nada que ela disse fazia sentido. Ele lutou para se mover, abrir seus olhos, mas era incapaz de fazer isso.
— Eu voltarei logo. Vou tomar um banho rápido enquanto a máquina de café faz sua mágica. — A carícia em sua bochecha parou e ele sentiu um puxão leve em seu cabelo como se ela parecesse manipulá-lo. — Sou um urso sem café. Isso é um segredo. A maioria das pessoas não querem ouvir que eu sou viciada em cafeína, mas foi a única maneira que eu sobrevivi a minha residência. Eles realmente põem você num espremedor. — O cobertor se moveu até seu queixo, dobrado mais apertado, e ela acariciou seu peito pelas camadas da coberta. — Eu me apressarei. Estou apenas no outro quarto, certo? O único banheiro é aqui embaixo. Até deixarei a porta aberta. Sei que você não vai despertar tão depressa, mas posso sempre esperar.
Ela parou de tocá-lo, mas ouviu um movimento não muito longe. A água correu. Um pacote sussurrou. Desejou que tivesse uma sensação mais aguda de cheiro, mas seu nariz não parecia funcionar direito. Prosseguiu o silêncio até o som mais alto de água aparecer, algo chiou e depois clicou. O barulho da água se tornou ligeiramente abafado.
880 lutou para recuperar o uso de seu corpo. Ele estava sozinho de acordo com a fêmea desconhecida, e suas palavras fizeram suficiente sentido para que ele se preocupasse por ela ser uma técnica. Por que um deles dormiria a meu lado? Que jogo eles estão tramando? É outro dos jogos loucos deles para ver como eu reajo? Ele podia sentir o peso de algo em seus pulsos e tornozelos, mais ciente de seu corpo enquanto o tempo passava. Eles o prenderam pelos seus membros. Precisava ganhar controle rápido.
A água parou muito cedo. Ele não progrediu com seu corpo, mas moveu sua língua. Foi lento, mas pode sentir o céu de sua boca. Um dedo mindinho mexeu. A droga estava lentamente se dissipando. Seu corpo sofreria com os efeitos dela, mas levaria tempo, algo que ele não tinha certeza se queria poupar. Ela disse que queria conectá-lo a uma máquina. O chiado soou novamente e ela suspirou suavemente enquanto sussurrava ao redor.
— Certo. — Ela gritou. — Estou vestida e agora prestes a servir a mim mesma uma xícara de café. Também vou aquecer um pouco de água e nós deixaremos você limpo. — Pausou. — Merda. Acabei de perceber que vou ter que deixar você nu. Realmente sinto muito sobre isso, mas precisa ser feito. Ninguém quer ficar sujo. Estarei mais envergonhada que você. Confie em mim nisto. É aquele tipo de coisas que ainda me pega. Odiava as horas clínicas quando tinha que olhar para os pênis dos homens. Deixe-me dizer a você que não era sempre bonito. — Bufou. — Claro que Laurann Dohner Obsidian
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naquele tempo na sala de emergência eu deveria ter ganho um Emmy por atuação enquanto que era normal para um cara entrar com seu pênis preso dentro de um tubo.
Ele escutou incapaz de fazer qualquer outra coisa enquanto ela se movia ao redor. Sua conversa sobre pênis o surpreendeu ligeiramente. Ela possuía uma voz agradável, entretanto, isso não irritava os seus nervos.
— Ele apresentou a desculpa mais esfarrapada de todas, como se alguém acreditasse que isto acidentalmente aconteceu. Ele não tropeçou pelado e caiu sobre a maldita coisa. Ele era um pervertido, um com seu pênis realmente entalado dentro daquele tubo. — Ela riu. — Ele devia ter pelo menos usado lubrificante. — Chegou mais perto. — Você precisava tê-lo ouvido gritar quando eu tive que, bem, você não quer saber onde eu tive que inserir uma agulha. Você odiaria ouvir sobre esse procedimento. Eu fui a pessoa que teve de fazer isso e eu ainda tremo.
Ela acabou de admitir torturar um macho. Ele tentou rosnar e adverti-la ficar longe dele enquanto ela se aproximava, mas sua garganta permaneceu muda. Raiva o agarrou enquanto se preocupou que ela planejava machucá-lo também.
— Certo. Nós faremos isso juntos. — Estava muito próxima. — Está mais quente agora que o sol surgiu, então não acho que você pegará um resfriado. Esperaria algumas mais horas, mas preciso restabelecer aquele tubo de alimentação. Você perdeu peso o suficiente. — As cobertas foram puxadas para baixo do seu tronco até o início de seus quadris.
Água gotejou nele antes de um pano morno tocar seu rosto. Seu manuseio era gentil enquanto esfregava cada centímetro até que parou em sua garganta. O pano foi retirado e ouviu água se derramando antes de retornar. Lavou seu pescoço e ombros.
— Não se preocupe. Você não perdeu massa demais. É difícil pesar você, mas suas costelas estão mais definidas. — O lavou lá, abaixo de sua barriga, a distância toda até a coberta no seu colo. — Eu sou uma profissional. Está tudo bem.
O pano foi retirado e ele tentou rosnar novamente enquanto ela deslizava o material mais para baixo. Ele podia sentir o ar bater em seus quadris e soube que ele não vestia nada exceto algo que se arrastava sobre uma coxa.
— Certo. Eu disse isto, não é? Isto não é tão ruim. Eu precisava verificar seu cateter de qualquer maneira.
Ele não podia se mover enquanto a fêmea limpava sua pele e ele estava chocado quando dedos tímidos, pequenos ajustaram seu pênis. Ela o tocou com luvas e ele sentiu seu corpo mexer em resposta ao contato de pele com pele.
— Merda! — Sua mão se afastou. — Acho que isto é um bom sinal. Destiny disse que você nunca respondeu quando ele fazia isso, mas é definitivamente uma reação pelo estímulo. — Soou nervosa. — Isso tudo parece bom. Tudo é seguro aqui e, hã, eu não preciso reinserir seu cateter.
Seus gentis manuseios se tornaram um pouco rápidos enquanto ela lavou embaixo das suas pernas e cobriu seu colo com algo leve e seco. Fez um pouco de cócegas quando ela lavou seus pés e entre seus dedos dos pés com a toalhinha.
— Seu pé se mexeu. — Excitação carregou a voz dela. — Você não fez isto antes! Talvez tirá-lo de Homeland foi uma coisa boa afinal. Laurann Dohner Obsidian
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Os sons de sua respiração chegaram mais perto de sua cabeça. O cabelo molhado caiu sobre seu peito nu quando ela se debruçou nele. As travas estavam frias, mas a respiração morna tocou sua garganta. Algo foi removido de cima de seus olhos. Arrastou-se um pouco em sua testa e bochechas.
— 880? Você pode me ouvir? Por favor, abra seus olhos. Eu removi os adesivos colados. Você está seguro. Você foi salvo das Indústrias Mercile. Eles não têm você mais.
O que isso queria dizer? Ele lutou para vê-la, mas tudo permaneceu escuro.
Dedos descansaram em seu peito e acariciou sua pele suavemente. — Você só precisa acordar. Eu sinto tanto sobre o que fizeram com sua companheira. Eu sei que isso dói, mas você tem que voltar para os vivos. Você é jovem, forte, e tem um brilhante futuro. Existem muitas pessoas que ajudarão você a se ajustar na vida fora das instalações. Todos nós nos importamos com você. — Ela pausou. — Eu me importo com você.
O que aconteceu com 46? Por que a fêmea se lamentava? Pânico o agarrou e ele foi empurrado na névoa dentro de sua mente. As lembranças se apressaram de volta como se uma porta mental estivesse aberta e que o empurrou de volta a realidade.
46 morreu. Os humanos deram drogas a ela que a fizeram ficar doente depois a assassinaram fora de sua jaula, onde ele não podia protegê-la. Ele teve que sem ajuda assistir sua vida se drenar para longe no chão em uma poça de sangue. Os uivos de pesar despedaçaram sua garganta enquanto ele tentava matar os assassinos dela atacando as barras da jaula. Eventualmente apagou a dor ao saber que ela se foi dele para sempre e das paredes indestrutíveis que ele agrediu. Ele falhou com 46 e se afundou na cova escura do desespero quando perdeu a consciência.
* * * * *
Decepção atingiu Allison quando o macho Espécie não abriu seus olhos. Ele moveu seu pé e seu pênis reagiu quando ela estudou o cateter por tocá-lo lá. Contou isso como progresso.
Parou de acariciar seu tórax, recuou e agarrou uma toalha para secar as gotas da água que caiu nele quando seu cabelo encostou em seu peito. Seu olhar permaneceu em seu rosto, procurando por qualquer sinal de emoção. Nem sequer viu um cintilar de mudança.
— Isso precisa significar algo que você teve algumas reações. — O encorajou em voz alta, esperando que sua voz se registrasse em seu subconsciente.
Conversou suavemente enquanto trabalhou para deixá-lo estabilizado. Esvaziou sua bolsa de urina, reinseriu seu tubo de alimentação, e o alimentou. A dieta líquida não era o suficiente para um homem do tamanho dele, mas o manteve vivo e nutrido. Teve de girá-lo de lado, isso não era uma tarefa fácil, limpar suas costas e mudar o enchimento debaixo de seus quadris. As enfermeiras normalmente faziam as tarefas de cuidado pessoal nos pacientes. Ela não teve de lidar com isso desde sua residência.
O cobertor estava firmemente dobrado ao redor de seu corpo para mantê-lo aquecido. Virou-se para esvaziar a água do balde na pia que usou para dar banho. Chuviscou lá fora durante Laurann Dohner Obsidian
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a noite, mas o sol brilhava no momento. Parece que a tempestade não iria ser tão ruim quanto o repórter do tempo predisse.
Culpa a percorreu um pouco enquanto mordiscava uma torrada, bebeu seu café e se sentou à mesa, olhando seu paciente. O Centro Médico em Homeland estaria com poucos funcionários com sua ida, mas 880 era sua prioridade. Ted Treadmont podia lidar com quaisquer emergências. Ele poderia reclamar sobre as horas extras, mas ele tinha a ajuda de alguns Espécies que estavam treinando para serem enfermeiros. Não seria muito caro para eles cobrirem seu turno
Apostou as cinco barras de chocolate que ela levou que eles estava procurando por ela naquele momento. Tudo o que ela podia esperar era ter coberto seu caminho bem o suficiente para garantir pelo menos uma semana para passar com 880. Ela faria um telefonema para dizer-lhe onde eles estavam em sete dias se ele não melhorasse.
Suas mãos tremeram em resposta ao se perguntar o que eles fariam com ela quando fizesse essa ligação. Era um daqueles momentos em que esperava que boas intenções entrassem no jogo. Ela não roubou 880 para machucá-lo. Tiger se recusou a considerar seu pedido e embora não fosse exatamente um tratamento convencional, Novas Espécies não eram o padrão de nenhum jeito. Eles eram humanos híbridos geneticamente alterados e ela precisou se ajustar a suas necessidades especiais como médica deles.
Allison lavou seu prato, encheu sua xícara de café e arrastou uma cadeira para mais perto da cama no centro da sala. Ela se sentou, usou a mesa para segurar sua bebida e suspirou.
— Vai ser uma semana longa, não é? — Seus dentes morderam seu lábio inferior, mas depressa o largou aborrecida com o hábito que parecia incapaz de parar. — Que tal se eu te contar uma história? Eu não tive tempo de comprar nenhum livro, mas amava ler quando criança. Já ouviu a história da Bela e a Fera? — Parou, esperando por uma resposta que não chegaria, mas quis fingir que ele podia responder. — Era minha história favorita quando criança. — Seu olhar demorou em seu rosto cicatrizado. Sabia que não era ético sentir-se atraída por 880, mas não podia evitar. — Aqui vai.
Meia hora mais tarde ela parou, tinha expandido a história tanto quanto pode, mas não queria ficar sem voz. Ela deixou seu lado para desempacotar sua bolsa, mas ficou na sala de estar. Verificava sua pulsação a cada poucas horas.
* * * * *
— Ela está usando o dinheiro que retirou do banco para mascarar sua trilha. — Tim Oberto cruzou seus braços em cima do peito. — Estamos fazendo uma busca em todos os motéis dentro de um raio de trezentos quilômetros. Essas lixeiras não pedem identificação ou cartões de crédito. Estamos observando todos os seus familiares e conhecidos. Ela não ligou ainda, mas podemos localizá-la quando ela ligar. Nós marcamos a licença de motorista dela, suas contas bancárias, cartões de crédito, e enviamos sua fotografia para os associados confiáveis que estarão procurando por ela.
Tiger rosnou, enfurecido.
— Ela deve ter conseguido ajuda para escondê-lo. Laurann Dohner Obsidian
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— Eu concordo. — Justice franziu a testa para o líder da equipe da tarefa. — O que mais está sendo feito, Tim?
— Toda agência de aplicação da lei em dez estados foi notificada para estar de vigia para aquele caminhão de aluguel. Ela pode estar tentando usá-lo para mantê-los em movimento, esperando que assim seja mais difícil de achá-la. Isto é verdade, mas com uma alerta para todos os caminhões de aluguel parecidos com a descrição, ela eventualmente será pega. Eles todos estão sendo parados e verificados. Contratamos mais suporte de ar e estão procurando por aquele caminhão. Nós a acharemos, mas não está indo tão rápido quanto nós esperamos. Ela é esperta.
— É parte da razão por eu tê-la contratado. — Justice rolou seus ombros e seus dedos flexionados por cima de sua mesa. — Ainda estou surpreso por ela ter feito isto. Ela era tão tímida.
Destiny juntou-se a reunião devido a sua associação próxima com Allison Baker. — Eu não acredito que ela fez de propósito.
Tim bufou.
— Ela podia já tê-lo vendido para algum bastardo ou o entregado para algum dos muitos grupos anti Nova Espécies lá fora. Eles adorariam ter um de vocês e inventar alguma mentira. Eu posso ver as manchetes agora. Eles provavelmente dirão que ele está carregando alguma doença que é transmitida e prejudicial para a população geral só para começar um pânico.
Destiny rosnou.
— A Dra. Allison se importa conosco. Ela ficou chateada quando nós negamos seu pedido para usar o cheiro da fêmea para ver se 880 respondia. Eu acho que é por isso que ela o levou e está na esperança de acordá-lo. Não era a coisa certa a fazer, mas eu me recuso aceitar que ela fez isso para entregá-lo a alguém que o mataria ou o usaria para nos fazer dano.
Tim balançou a cabeça.
— Eu não ficarei surpreso quando recebermos um pedido de resgate a qualquer momento. — Ele olhou severamente para Justice. — Eu deixaria o dinheiro disponível no caso disso acontecer. Minha equipe lidará com a troca. Esse é o melhor resultado que eu posso pensar neste momento. — Ele parou. — Deveríamos lançar sua fotografia para as estações de notícias e os deixamos saber qual é a sua verdadeira condição por via das dúvidas se eu estiver certo. É melhor cortar a cabeça da serpente antes de sentirmos o seu veneno. A última coisa que precisamos é aparecer no CDC pensando que nós temos algum tipo de doença ou ter aqueles imbecis ligando para a Casa Branca para se queixar.
— Não. — Justice sentou-se mais ereto em sua cadeira. — Não queremos que ninguém saiba que ela sequestrou um Espécie. Os colocaria como um alvo para os nossos inimigos.
— Ela já está trabalhando com eles.
— Tiger rosnou para Tim. — Estamos estressados o suficiente. Nós lidamos com isso e decidimos evitar a atenção da mídia. Isso é um problema dos Espécies até que saibamos o contrário. Quanto menos souberem melhor. Temos que pelo menos considerar que o bilhete que ela deixou é verdade. Ela pode ter levado 880 em alguma tentativa extraviada de ajudá-lo. Os acharemos, mas faremos isto tão discretamente quanto possível.
— Tudo bem. — Tim levantou suas mãos em frustração. — Não escute o meu conselho. Isto é só o que você me paga. Se ela for tão santa, então ela nos ligaria quando vir seu rosto por todos Laurann Dohner Obsidian
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os canais, sabendo o quão perigoso acabou de ficar para ela. — Lançou para Destiny um olhar. — Sua Dra. Allison está muito encrencada. — Olhou fixamente para Justice depois. — Eu não vou pegar leve quando a acharmos. Ela sequestrou um Nova Espécie e pôs sua vida em perigo.
— Eu sei. — Justice suspirou. — Faça o que você precisa discretamente para recuperar nosso macho.
* * * * *
A fêmea subiu em sua cama, pressionou contra seu lado, e o 880 estava ciente de seu tamanho pequeno. Mais sensações retornaram a seu corpo, mas seus membros se recusaram a responder a seus comandos. Sob as coberturas os dedos de sua mão esquerda enrolaram, entretanto, um sinal que ele conseguiu passar pelas drogas paralisando seu corpo.
Por que a fêmea estava dormindo ao lado dele? Onde estavam os machos humanos que diariamente o atormentavam? O colchão debaixo dele era diferente, mais macio do que aquele que ao qual se acostumou. Sua sensação de cheiro estava lentamente retornando também, com fracos indícios de coisas pouco conhecidas.
A fêmea tinha um aroma doce… mas estranho. O calor do seu corpo não era forte. Ela devia estar com frio, mas por que ela apenas não deixava a sua cela se a temperatura do refrigerador a aborrecia? Um horrível pensamente rastejou em sua mente. E se os guardas humanos forçaram uma nova fêmea em sua cela?
Eles uma vez introduziriam 46 em sua vida a trancaram dentro do seu quarto. Os técnicos disseram que ela pertencia a ele. Eles queriam que eles procriassem para verem se ter crianças era uma possibilidade. Eles eram jovens no momento e ele gostava dela. Eles não se deram bem, os dois eram obstinados, mas dependiam um do outro. Sua perda o encheu de raiva.
Os técnicos juraram que ele poderia compartilhar o espaço dele com a 46 enquanto ele vivesse e se ele fizesse como eles ordenavam. Ele concordou com os testes e não lutou com os técnicos a menos que se tornasse muito doloroso. As consequências daquelas recusas causaram dano a 46. Eles a usavam para castigá-lo batendo nela ou dando a ela drogas que a deixavam doente. Os divertia vê-lo se preocupar quando sua fêmea ficava mais fraca. Ele aprendeu depressa a sofrer por qualquer coisa que eles faziam com ele para protegê-la.
As coisas mudaram um dia. Eles foram drogados, removidos enquanto dormiam, e despertaram em um novo lugar. Ele não entendeu mais o que eles queriam dele. Os novos técnicos eram mais cruéis e eles não se importavam se ele obedecia ou não. Eles levaram 46 para longe apesar de sua obediência, só para trazê-la de volta doente. As marcas de agulha o asseguraram que eles deram a ela drogas que a enfraquecia. A comida que ele a alimentava não ficava dentro de seu estômago. Ele não fez nada para que a matassem.
Uma mão pequena deslizou sobre seu peito e chamou sua atenção. O toque da nova fêmea era suave contra ele enquanto esfregava um remendo pequeno de pele por cima do seu coração. Seu corpo pressionou mais apertado a seu lado enquanto tremia obviamente com frio, e o usou para aquecer seu corpo. Laurann Dohner Obsidian
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— O dia não foi tão ruim, não é? Eu só queria ter pensado em trazer um rádio ou uma televisão. Você poderia apreciar escutá-los em vez de mim. — Descansou seu rosto em seu peito próximo a sua mão e mechas suaves de seu cabelo faziam cócegas em seu braço. — Sou um tanto quanto chata. Sinto muito por isso. “Se você estivesse acordado, você provavelmente diria algo como Alli, por favor, cale a boca ou talvez Alli, você precisa viver”.
Ele ponderou suas palavras. Ela tinha um nome, mas era estranho. Ele mentalmente o repetiu algumas vezes, tentando determinar se já o ouviu antes. Alli. Não era familiar.
Silêncio e ele mexeu seus dedões do pé. Eles torceram e a esperança aumentou, assim os efeitos das drogas passaria logo. Ele não tinha ficado tanto tempo apagado antes e estava alarmado. Normalmente seu corpo era forte, mas não se sentia desse modo no momento. Detestava fraqueza.
— Espero que você não se importe em compartilhar a cama, mas fica frio aqui à noite. Eu também me preocupo sem as máquinas monitorando você. Estou bem aqui se você tiver alguma dificuldade e tenho o sono leve. Imagino que você também se acostumará ao meu cheiro melhor se eu ficar assim tão perto. Apenas queria que você despertasse. Ficaria tão feliz se isso acontecesse. Eu quero que você se sente e converse comigo.
Eu a também. Ele moveu seus dedos novamente. Seus dedos do pé se mexeram. Segurou sua respiração por alguns segundos antes de continuar o ritmo constante, no caso dela notar. Ela poderia alertar os técnicos e ele decidiu esconder o fato de seu corpo estar se recuperando até que ele soubesse onde estava, quem ela era, e por que eles puseram uma nova fêmea com ele.
Sua mão deslizou um pouco mais para baixo até suas costelas, as explorou, e seu corpo respondeu quando sangue encheu seu pênis. Fazia muito tempo desde que fez sexo, muito tempo, e a culpa aumentou dentro dele. 46 morreu. Ele não deveria querer montar uma nova fêmea.
— Você está realmente me preocupando. Eu acho que você perdeu uns bons vinte quilos desde que foi trazido para mim. Você é um homem grande, mas isto não é saudável. Todo dia que você fica inconsciente é só mais um dia que vai levar para se recuperar. Por favor, lute para voltar. Eu sei o quão triste você deve estar. — Parou. — Eu me apaixonei uma vez, mas ele morreu. Eu fiquei acabada por muito tempo depois disso, eu entendo. Eu honestamente entendo. Você se pergunta por que deveria continuar vivendo, para que, mas eu estou contente de seguir em frente. Ele não iria querer que minha vida terminasse porque a dele terminou.
As pontas dos seus dedos e palmas suaves deslizaram mais alto para seu coração. Pressionou mais apertado contra seu lado e um seio suave se apertou contra suas costelas. Ele inspirou seu doce perfume, sem excitação, mas bom.
— Ele morreu de repente. Foi um choque porque ele era tão cheio de vida. — Sua voz mudou enquanto a emoção a suavizou. — Eu me fechei por alguns meses. Nunca pensei que ele pudesse morrer, era muito animado, e estava além de imaginar que alguma coisa pudesse levá-lo de mim. Planejamos passar o resto de nossas vidas juntos até aquele acidente de carro.
Uma gota morna, molhada caiu sobre sua pele e ele percebeu que ela chorava. O atordoou e o deixou desconcertado. Inalou devagar e tentou captar qualquer cheiro de doença, mas não conseguiu nada exceto a doçura que ele começou a associar com a fêmea. Laurann Dohner Obsidian
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— Eu admito que afastei todo mundo de se aproximar de mim desde então. Eu não quero me arriscar a me sentir tão só para sofrer aquele tipo de dor novamente. Claro que com o decorrer dos anos eu percebi que eu vou ser como aquelas mulheres loucas com vinte e cinco gatos se eu não me recuperar disso
A surpresa de suas lágrimas se tornou confusão rapidamente enquanto escutava suas palavras. Ela não fazia muito sentido. O que isso sequer significava? Ele não estava certo.
— Eu me recuperarei disso se você sair dessa saudável. Você tem que lutar 880. Você precisa saber que a vida valer a pena viver. Vale a pena o risco. Olhe o que eu tentei para salvar você.
Ele esperou ela explicar aquilo, mas não falou por muito tempo. Ele queria saber o que ela fez com ele.
— Você precisa sair dessa. — Mais lágrimas molharam sua pele. — Eu tenho um pressentimento de que estarei em um grande problema por roubar você do ONE. Eles provavelmente me prenderão e jogarão fora a chave.
Ela o roubou? Como? Muitas perguntas encheram sua mente. Como ela o levou de sua cela? Como ela escapou em primeiro lugar? Por que ela o carregou? Ela não parecia grande o suficiente para levá-lo.
Ele não conseguia se lembrar de nada depois do dia que 46 foi assassinada. Sua ira tomou o controle e ele atacou as barras. Ele se recusava a desistir de tentar alcançar os humanos que a mataram não importando o quanto ele danificava seu corpo.
Uma coisa ficou clara. Esta fêmea não era seu inimigo. Pelo menos ele esperava que fosse verdade. Ela podia ter sido forçada a tentar acalmá-lo em uma sensação de confiança só para acalmar sua ira com seus capturadores. Eles precisam achar um novo caminho para controlá-lo se eles ainda precisassem dele.
Os dedos de sua mão esquerda realmente se fecharam e ele apertou. Ele não iria permitir que a fêmea soubesse que ele estava recuperando o uso do seu corpo. Ele permaneceria submisso, esperando pelo momento perfeito quando estivesse mais forte e depois atacar. Seus capturadores pagariam pelo o que fizeram com ele, 46, e a fêmea a seu lado.
Ela bocejou e aninhou sua bochecha contra ele onde sua cabeça descansava. Sabia que quando ela dormisse sua respiração diminuiria de velocidade. Seu pé esquerdo se moveu. Laurann Dohner Obsidian
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