Nove semanas depois
Becca vagou ao redor da cabana, entediada e solitária. Finalmente se sentou no sofá, se en-rolou em forma de bola e usou o braço para pegar um travesseiro. Era obrigada a entrar em conta-Laurann Dohner Brawn
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to com seu pai em breve e teria de pensar em uma nova mentira. Pensava que estava viajando pela Europa e ficaria chocado se soubesse que nunca saiu da Califórnia. Mantiveram contato através do seu computador.
Era muito mais fácil mentir dessa maneira do que descobrir como rastrear as chamadas com o identificador de seu pai. Tinha amigos e família que viviam na França e na Alemanha, sabiam que seu pai era um tirano e foram simpáticos o suficiente para o enviarem cartões postais para mantê-lo enganado. Pensavam que só precisava de um descanso.
Essa parte era verdade até certo ponto. O pai dela a estava enlouquecendo depois que che-gou em casa e precisava de uma pausa dele entrando em sua casa tentando fazê-la sair de lá. Estava depressiva após o sequestro, tirou uma folga do trabalho e odiava admitir que queria ficar perto do telefone caso ele ligasse.
Pensar em Brawn a fez sentar-se e apertar as mãos sobre as coxas. Estava triste no início, quando não tentou entrar em contato com ela mas com o passar das semanas, se transformou em raiva. Como se atrevia nem mesmo a vê-la? Teria sido educado, pelo menos, entrar em contato para ver se havia se recuperado de sua experiência traumática. O fato de que fez sexo com ela só deixava duas vezes mais imperdoável não fazer esse esforço. Ainda mais por sermos uma equipe.
Seus pertences foram levados por um dos homens de seu pai no dia seguinte que retornou a sua casa. Teve de lidar com trabalhadores por duas sólidas semanas, consertando sua pobre casa danificada, e fechou a porta do quarto de hóspedes depois que eles saíram para evitar lembrar dele. Apesar de não ter funcionado. Cada vez que passava pelo corredor para ir para seu quarto, se pegava olhando para lá.
Quatro semanas mais tarde fez uma descoberta chocante que mudou sua vida. Teve de tra-çar e planejar, inventar um monte de mentiras e se mudar para uma cabana no norte da Califór-nia. Trabalhou rapidamente para fazer ligações para construir uma fraude. Descobriu que era boa nisso e acreditava que tinha coberto todas as suas bases. O pai dela a teria derrubado se começas-se a suspeitar.
Preocupação a atingiu duramente e doeu em seu estômago com o pensamento de cometer algum erro. Mesmo a lembrança do temido telefonema que fez há três semanas no caminho para o chalé a deixou tensa. Comprei um celular descartável, paguei em dinheiro, mantive a ligação ra-zoavelmente curta e estava muito longe de lá. Até lembrei de remover a bateria e jogá-la no lixo, caso alguém tentasse rastrear o telefone. Respirou fundo algumas vezes. Você fez tudo certo e ninguém sabe quem você é. Isso a acalmou um pouco.
O telefone tocou duas vezes quando ligou. O operador da ONE respondeu e pediu para falar com Doutora Trisha, mentiu e disse que a mulher estava esperando seu telefonema. Becca deu um nome falso e até usou um sotaque texano. Viveu nesse estado por cinco anos quando era criança, enquanto seu pai estava trabalhando lá como um instrutor de combate. Tinha certeza de que po-dia falar desse jeito e acreditava que não tinha esquecido de manter a voz alterada.
A médica Trisha atendeu depois de quatro toques. Nunca iria esquecer o jeito que seu estô-mago saltava ao ouvir cada toque, seu coração acelerou e o medo tomou conta dela. Era perigoso demais fazer o telefonema, mas precisava de algumas respostas para algumas perguntas importan-tes. Laurann Dohner Brawn
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— É a Doutor Trisha. — A mulher tinha uma voz alegre. Becca sabia que iria mudar.
— Olá. — Conseguiu sair — Não tenho muito tempo, tenho medo que rastreem a ligação, mas precisamos conversar.
— Hum, tudo bem. — O tom feliz da médica mudou para um tom de hesitação.
— É verdade que algumas Novas Espécies são alérgicos a chocolate e os deixam muito doen-te?
O silêncio se estendeu mais do que Becca gostaria, cada minuto era contado e o tempo era limitado. Poderiam tentar rastrear o telefone, mas até alguém chegar lá, teria desativado a bateria, ido embora e planejado despejá-lo em algum outro lugar em uma lixeira.
— Você precisa direcionar todas as suas perguntas para o departamento de relações públicas da ONE. — Trisha finalmente respondeu. — Tenha um bom dia.
O pânico tomou conta de Becca. A médica planejava desligar. — Espere! Isso é urgente. — Segundos a mais em silêncio, mas a linha continuava aberta.
— É urgente que você saiba se são alérgicos a chocolate? Que tipo de idiota é você? — Raiva alterou sua voz novamente.
— Estou grávida. — Becca desabafou, cerrou os dentes com arrependimento, mas sabia que teria que revelar o fato para obter as respostas que tão desesperadamente necessitava. Respirou calmante para se lembrar de falar com o sotaque falso. — Dormi com um Nova espécie e estou grávida. Tenho medo de que se eu comer chocolate vou machucar o bebê. Preciso saber se isso é uma possibilidade.
— Isso não é engraçado.
— Eu não estou rindo. — Becca hesitou. — É verdade e tenho medo de ir a um médico, con-siderando quem é o pai. Será que um médico seria capaz de descobrir se tem algo errado? Sei que fazem testes e ultrassons. É seguro eu ver alguém ou tenho que evitar para impedir descobrirem?
— Você não tem coisas melhores a fazer do que fazer trotes? Eu tenho. — Trisha suspi-rou. — Vou desligar agora.
O pânico tomou conta de Becca novamente. Sabia que a médica não acreditava nela, mas precisava.
— Seu esperma é notavelmente mais quente do que os outros humanos. Também são bem dotados, pelo menos ele era e rosnava muito durante o sexo. Ele tem dentes afiados, gosta de apertar a pele com eles e gosta de sexo de um jeito mais grosseiro. — Hesitou. — Isso não é uma piada e ele era circuncisado.
— Quem está falando? — A voz de Trisha saiu macia. — Isso é real?
— Sim.
— Você precisa vir a Homeland, diga que você precisa me ver e vão acompanhá-la para den-tro, vou examiná-la pessoalmente. Não acredito em você já que Espécies são estéreis, mas vamos acabar com essa bobagem.
— Estou grávida, o pai é um Nova Espécie e de jeito nenhum vou aí. Só por favor responda minhas perguntas. — Becca odiava o desespero, ouvido em sua própria voz. — Pode machucar o bebê se eu comer chocolate? Estou desejando isso, mas tenho evitado comer. Eu estou tomando vitaminas pré-natais sem prescrição médica, mas queria ver um médico. Será que ele vai saber se Laurann Dohner Brawn
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me examinar que algo está diferente? São duas perguntas, duas respostas e isso é tudo que eu preciso.
O silêncio fez Becca perceber que tinha perdido dinheiro em um telefone descartável e fazer a chamada. Nenhum bebê Novas Espécies já tinha sido concebido antes, todo mundo sabia que era impossível e que a médica não acreditava nela. Ela arriscou ainda uma vez que ela estava sozinha, sem ajuda médica. Sentia-se apavorava sem saber se o bebê estava bem. Trisha finalmente falou de novo.
— Isso não é possível.
— Bem, é. Definitivamente estou grávida e com muito medo de ir ver um médico. Não quis arriscar um teste para o resultado dar estranho e descobrirem que o meu bebê é mestiço. Por fa-vor, só responda a pergunta. Tenho que desligar o telefone em breve. Não quero que vocês rastei-em a ligação. Sei que podem fazer isso.
— Por que você não vem até aqui? Eu vou pessoalmente examiná-la. É grátis, se você está preocupada com o dinheiro.
— Não posso fazer isso.
Trisha falou rápido. — Isso é uma brincadeira, certo? — Becca lutou contra as lágrimas.
— Gostaria que fosse, mas não é. Estou com medo. — Admitiu. — Sei sobre os grupos de ódio e sou a primeira mulher a engravidar de um deles, o que seria uma enorme notícia. Não quero que meu bebê seja o centro de um show de horrores ou ser alvo de idiotas. Aluguei uma caba-na. Ninguém, a não ser você sabe disso. Não confio em ninguém.
— Você precisa ver um médico. Vir a Homeland. Será seguro. Ninguém vai te machucar. — Trisha respirou fundo. — Ou irei até você, se isso for real. Apenas me diga onde você es-tá. Ninguém tem que saber.
— Isso não vai acontecer. — Becca hesitou. — Não posso deixar minha família descobrir. É di-fícil explicar e complicado, mas é assim que é. O pai do bebê é Nova Espécie. Existe alguma coisa especial que não posso comer ou beber além do normal? Preciso consumir mais carne? Sei que comem muito.
— Diga-me outra coisa para eu saber que isto é real. — Becca mordeu o lábio.
— Estou ganhando peso rapidamente e já está dando para cer quando não deveria es-tar. Tive enjoou pela manhã dentro de poucas semanas que começou a gravidez, mas pensei que estivesse gripada até que comecei a ganhar peso e os meus seios cresceram. Tive amigas que tive-ram bebês e lembro delas reclamando quando estavam grávidas.
— Diga-me onde você está e vou até você. Você precisa de supervisão médica imediatamen-te se estiver grávida e é um Nova Espécie. A que distância você está?
— Prefiro não dizer. Você poderia perguntar quem dormiu com uma mulher humana e redu-zir até me encontrar. Não vou correr esse risco.
A médica xingou suavemente. — Você não sabe o quão perigoso isso pode ser se estiver so-zinha. Você realmente vai para uma cabana isolada? Você não pode fazer isso. Você precisa de ajuda médica por perto. Preciso saber de quanto tempo você está.
— Tenho que ir. Preciso comer mais carne ou evitar alguns alimentos? Posso ver um médico com segurança sem acabar no noticiário da noite? Basta responder isso. Não quero prejudicar o Laurann Dohner Brawn
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bebê por não lhe dar o que precisa ou comer algo que não pode tolerar. — A médica amaldiçoou suavemente.
— Sim. Coma mais carne vermelha. Alguns Novas Espécies ficam doentes com chocolate. Não sei se isso iria afetar o bebê, mas pode deixar alguns deles realmente doentes. Não arrisque. Um médico poderia obter resultados estranhos de imediato se fosse um bebê Espécie e achar que algo estava errado com a sua gravidez. Iria fazer mais testes e iriam descobrir isso rapidamente. Venha a Homeland. Você...
— Isso nunca vai acontecer. Sinto muito, mas esqueça. Não vou vê-la.
— Você pode pelo menos me ligar todos os dias? Você tem uma caneta? Vou dar o número do meu celular. Vamos conversar e você vai me conhecer e ver que pode confiar em mim. — Becca hesitou.
— Você não vai tentar rastrear a ligação, ou qualquer outra coisa?
— Juro.
Becca enfiou a mão na bolsa, sabia que era uma má ideia, a médica estava provavelmente mentindo, mas estava desesperada. — Dê-me.— Escreveu o número. — Vou ligar em poucos di-as. Esta não é uma brincadeira. Realmente estou grávida e ele realmente é, de um Nova Espécie.
— Por favor, estou implorando. — A doutora Trisha pediu suavemente. — Deixe-me ir até você ou venha até Homeland. Basta ir até o portão e dizer-lhes para me chamar. Ninguém além de mim precisa saber agora. Por favor, apenas...
Becca desligou o telefone celular e deslizou a parte de trás para remover a bateria. Dois qui-lômetros depois abandonou o telefone em uma lata de lixo e continuou seu caminho para sua ca-bana alugada. Pensou na conversa e se levantou do sofá. Esticou-se e sabia que precisava deixar recados em breve, mas tinha que fazer mais uma ligação primeiro. No dia anterior aconteceu algo que a deixou sem escolha. Precisava falar com a doutora Trisha novamente.
O novo celular descartável estava na mesa da sala de jantar. Mordeu o lábio, tendo que fazer uma longa viagem para melhor esconder sua localização, mas seu pai saberia se algo estivesse er-rado. Nunca disse nada em seus e-mails, sentia-se segura que ninguém suspeitava de alguma coisa e que provavelmente estava a salvo. A doutora Trisha poderia, honestamente, ser confiável, quan-do disse que nunca iria tentar rastrear as ligações. Algumas pessoas iriam.
O número que rabiscou estava ao lado do telefone. Suas mãos tremiam um pouco quando pegou
ambos. Preciso fazer esta ligação. Mordeu o lábio. Outra palpitação em sua barriga a fez sus-pirar. Deixou o papel cair e pousou a mão sobre o monte curvado de sua barriga. Lágrimas quentes vieram à tona, causada pela preocupação e confusão. Podia sentir o bebê se mexer. Como isso é possível?
Estava lá debatendo sobre o que fazer. A única coisa inteligente seria se apressar e ligar para a doutora Trisha e deixar a mulher cuidar dela e do bebê. Claro que a realidade a impedia. Seu pai mataria Brawn. Iria acabar indo para a prisão em vez de liderar a equipe de força tarefa e teria que explicar a seu filho por que ele não tinha família além dela. Não podia fazer isso, não importava o quão aterrorizada estivesse. Tim Oberto era um monte de coisas, mas racional e controlado não Laurann Dohner Brawn
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eram duas dessas quando se tratava de sua filha. Nunca acreditaria que Brawn não a tivesse força-do e iria ver sangue. O de Brawn.
Pensar sobre o grande Nova Espécie a fez se sentir culpada. Tinha o direito de saber que iria ser pai. Sabia o certo do errado, mas esse era um obstáculo que não estava pronta para enfrentar ainda. Depois que o bebê nascesse, iria enfrentar essa questão. Primeiro precisava tê-lo, mantê-lo seguro e descobrir uma maneira de lidar com seu pai. Esperançosamente encontrar seu neto iria a longo prazo abafar sua fúria assassina.
Culpa se transformou em raiva no momento seguinte. Estava abalada por causa dos hormô-nios, mas se Brawn tivesse ligado poderia saber que iria ser pai. Foi preciso os dois para metê-la nessa confusão, mas dependia dela para tentar controlar as consequências. Ficou tentada varias vezes a procurá-lo, mas não tinha ideia de como, sem ter que passar pela barreira da ONE. Perguntaria por que queria falar com ele, talvez a investigariam para ter certeza que não era uma ameaça e significaria ter seu pai e sua equipe vindo atrás dela. Era muito arriscado. Ligar para um humano era uma coisa, poderiam imaginar que era uma amiga da doutora Trisha, mas uma mulher humana ligando para um macho dos Espécie seria estranho.
A palpitação aconteceu de novo, estava mais para um chute pequeno e fechou os olhos, ma-ravilhada com a sensação e assustada. Brawn era um homem grande e esperava que estivesse ga-nhando peso tão rápido porque o bebê poderia ser tão grande quanto o pai, mas não podia esque-cer que não era totalmente humano. Podia não saber muito sobre gravidez já que nunca experi-mentou isso antes, mas tinha amigas que tiveram filhos. Só deveria sentir o bebê mexer daqui al-guns meses. O bebê poderia estar crescendo mais rápido do que um puramente humano, graças aos genes alterados de Brawn, e querendo ou não, estava apavorada. Precisava ter uma conversa com a médica dos Novas Espécies para tentar descobrir o que fazer.
Abriu os olhos e pegou novamente o papel. Suas mãos tremiam quando discou o núme-ro. Seu coração batia quando o telefone tocou. Uma voz feminina atendeu no segundo toque.
— Alô?
— Doutora Trisha? — Becca se lembrou de usar o mesmo sotaque texano. — Sou eu nova-mente. A mulher grávida.
— Você prometeu me ligar e já faz três semanas. — A médica acusou, soando fora do ar ou talvez animada. — Como você está?
— Assustada e alarmada. Estou sentindo o bebê mexer. Como pode ser isso? É muito cedo.
— Quão longe você está?
— Nós já passamos por isso. Não vou te dizer. É possível que o bebê possa estar se desenvol-vendo mais rápido do que o normal? Quero dizer, é loucura até mesmo considerar? Novas Espécies são parte animal e estive pesquisando na internet. O período da gestação é menor em animais do que nos humanos. Estou ganhando peso rápido demais e agora consigo sentir movimentos. Não são gases também. — Ela riu com essa, contente por algum humor. — É definitivamente o bebê.
— Você precisa vir a Homeland. Qual é seu nome?
— Mulher grávida.
— Você está realmente vivendo em uma cabana sozinha?
— Sim. — Becca imaginou que era uma informação segura para dar. Laurann Dohner Brawn
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— Você tem um amigo ou alguém que dê uma olhada em você pelo menos? — Hesitou.
— Qual é a importância em me perguntar isso?
— Você está sozinha, me disse que não confia em ninguém e precisa de ajuda se estiver re-almente grávida. Do que você tem medo? Ninguém vai machucar você. Pode caminhar até o por-tão, diga-lhes que está lá para me ver e juro que vou sair correndo. Se você não quiser que nin-guém te veja, posso ir aonde você quiser. Vou levar a minha maleta e alguns equipamentos que são móveis. Posso até chegar a sua casa.
— Isso não vai acontecer. Me perdi por uma razão. Não quero que ninguém me encontre.
— Posso te dizer se o seu bebê está bem. Você não quer ter a certeza? Tenho um filho e sei que eu estava muito preocupada com sua saúde quando estava grávida. Juro que fazia ultrassom em mim mesma quase que diariamente apenas para vê-lo. Poderia fazer isso com você, se vier aqui. Irei a você se não quiser ser vista. Sei que há manifestantes lá fora. Temos um helicóptero e podia te trazer e impedir que alguém a veja.
— Agradeço, mas como disse, não confio em ninguém. — Trisha hesitou.
— Você tem medo do pai? É isso? Você acha que se deixá-lo saber ele irá reagir mal?
— Tento não pensar nele. — Becca se inclinou para frente e suspirou. — Sei que tem o direi-to de saber e pretendo lhe contar um dia, mas não até que seja seguro. Você não sabe o que está em jogo.
— Então me diga. Apenas me diga alguma coisa. — Becca hesitou.
— Minha família ficaria louca se descobrisse e iriam machucar o pai. Isso é tudo que eu posso lhe dizer.
— Então, você está protegendo o pai de seu bebê? É por isso que não vem aqui? Sua família não tem de saber. Sua família não pode chegar até ele ou se você vier para cá. Juro que você estará segura. Todos vocês estarão.
Aquilo poderia ser o caso para uma pessoa normal, mas não para Becca. Seu pai tinha de sa-ber tudo o que acontecia em Homeland e na Reserva. Ter uma mulher grávida aparecendo seria um risco de segurança. Seria notificado e ainda estremecia com as lembranças dele perguntando-lhe umas cem vezes se alguém a tocou quando estava presa. A raiva que ameaçava em seus olhos lhe assegurou que não pararia por nada até Brawn estar morto. É por isso que nunca lhe contou sobre seu casamento. Teria assassinado Bradley num piscar de olhos. Seu pai era um idiota às ve-zes, mas se tornava absolutamente insano quando alguém a machucava.
— Você ainda está aí?
Becca percebeu que viajou em seus pensamentos. — Sim. Você acha que o bebê está cres-cendo mais rápido do que o normal? É possível? Basta me responder isso porque é tudo que consi-go imaginar e estou preocupada.
— Está com mais de quatro meses?
— Não.
— Bom —. Trisha hesitou. — Você não quer saber o sexo do bebê? Se você me deixar vê-la eu poderia levar uma máquina de ultra - som portátil e te dizer qual é o sexo.
— Isso é maldade. Você sabe que eu adoraria saber isso, mas não posso arriscar. Se você não vai me responder, preciso ir. Laurann Dohner Brawn
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— Espere! Como está se sentindo? Você está saudável? Qualquer sintoma anormal ou algo assim? Estou supondo que não tenha visto um médico?
— Sabe que eu não posso correr esse risco. Estou muito cansada, mas li que é normal. Meu apetite está ótimo. Não tenho vomitado nas últimas semanas e passei da fase do enjoou mati-nal. Tenho que ir. Obrigada por falar comigo.
— Você tem que me ligar mais vezes. Pelo menos uma vez a cada poucos dias. Você está so-zinha. Algo poderia dar errado. Por favor? — A médica soou em pânico.
— Vou ligar uma vez por semana.
— Promete? Estou preocupada com você. Você não sabe de tudo e não posso te dizer mais pelo telefone.
— Me dizer o que? — O coração de Becca bateu com medo. O que a médica sabia que não estava dizendo?
— Apenas me ligue e vamos continuar conversando.
— Tenho que ir. — Becca desligou.
* * * * *
Trisha desligou o celular e colocou o telefone da casa no ouvido. Tinha ligado para Justice quando pegou o celular com a mulher e o deixou ouvir a conversa no viva-voz.
— Você reconhece a voz dela? Você lida com a maioria dos humanos que entram em contato conosco. — Justice suspirou.
— Não. Não reconheci, mas o sotaque é falso. Ela escorregou algumas vezes. Talvez esteja mentindo sobre a gravidez.
— Não. Ela sabe demais. Disse que sentiu o bebê mexer pela primeira vez. Está entre a oitava e a décima semana. É quando nós sentimos mexer. Isso é bom. Graças a Deus. Estava apavorada, que não teríamos nenhum momento para encontrá-la antes que o bebê nascesse. Ela está a meio caminho da gravidez, Justice. Dei a luz a meu filho em vinte semanas. Não sabe que bebês Novas Espécies crescem e se desenvolvem mais rápido. Temos que encontrá-la rapidamente. Meu marido é canino. Gravidez de felino poderia ser mais rápida e estou supondo que ele é felino, consideran-do que não mencionou o pênis inchar durante o sexo que é comum em caninos. Esperma quente é mais perceptível com felinos. Não saberemos por quanto tempo uma gravidez dura até que o pri-meiro bebê felino nasça.
— Deixe-me... Espere. Tiger acabou de entrar na linha.
Tiger riu.
— Temos um rastro. Sabemos de onde a chamada veio. Tenho boas e más notícias.
— Quais são os relatos? — Justice colocou no viva-voz. — Você pode nos ouvir, Trisha?
— Posso .— Afirmou. — Qual é a má notícia primeiro?
— Parece que esta mulher é, provavelmente, real. A chamada foi feita numa área perto da Reserva. Deve viver lá perto, o que significa que provavelmente fez contato com o nosso povo. Laurann Dohner Brawn
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— Essa é uma boa notícia. — Trisha concordou.
— Não quando temos uma humana grávida por um de nós e não sabíamos sobre ele. É ruim até tê-la aqui conosco e em segurança. — Tiger respirou. — A boa notícia é que é uma área remo-ta. Vamos enviar equipes e procurar por ela. Não há muitas cabanas por lá, se está realmente vi-vendo em uma. Pode levar alguns dias para ir em todas elas, mas não deve demorar mais de três dias. Vamos encontrá-la em breve. — Justice parecia aliviado.
— Isso é ótimo.
— Sim. A barriga vai estar aparecendo, Trisha? — Tiger aproximou-se do telefone.
— Ela disse que está e que sentiu o bebê mexer, deve estar entre o oitavo e a décima sema-na. Você verá definitivamente um estômago arredondado pelo bebê. Ela vai cheirar ligeiramente como um Espécie também, de perto. Eu cheirei. O quanto mais adiantada a gravidez mais vai car-regar esse aroma e mais forte ficará.
— Justice, se você não se importa, eu gostaria de estar presente. Posso pegar o helicóptero e voar até lá? — Tiger fez uma pausa. — Eu gostaria de manter a equipe forte, só terá que escolher a dedo Espécies que são bons com os seres humanos e nós vamos ter que trazer a força-tarefa para isso. Eles vão em primeiro lugar para evitar a suspeita.
— Sim. — Justice concordou.
— Eu também. — Disse Trisha. — Eu vou. Vou ligar para Slade e dizer-lhe que estamos todos indo. Vou arrumar as malas e deixar Forest pronto para viajar. Quero estar lá quando encontrá-la, Tiger. Ela vai ficar com muito medo. Você ouviu o que ela disse sobre sua família, Justice? Você acha que fazem parte dos manifestantes que rodeia a ONE? Talvez seja assim que conheceu um dos nossos. Ele pode ser um oficial dos portões da Reserva. Faz sentido se esse for o caso. A família dela fica por ali, estaria com eles e teria passado um tempo com os nossos rapazes.
— Faz sentido. — Justice hesitou. — É. Isso é bom. Encontre esta mulher, Tiger.
— Estou trabalhando nisso. — Tiger resmungou em voz baixa. — Estou mais preocupado se alguém encontrá-la antes de nós ou a família dela descobrir seu segredo se forem fanáticos. Isso não terminaria bem.
— Eu sei. — Raiva tingiu a voz de Justice. — Basta encontrá-la e trazer ela e seu bebê para casa, para nós, para que possam estar seguros. Obrigado por nos permitir rastrear sua ligação, Trisha.
— Não tive escolha. — Murmurou. — Ainda não estou feliz em mentir para ela. Dei minha palavra que não faria isso.
— Você não a rastreou. Eu rastreei. — Justice limpou a garganta. — Perguntei a meus ho-mens se algum deles compartilhou sexo com uma humana e isso não saiu bem. Causou raiva e sen-tiram que eu estava tentando invadir suas privacidades. Encontrar a fêmea e trazê-la para trás de nossos portões é prioridade. Não posso imaginar o que aconteceria se ela entrar em trabalho de parto e acabar em um hospital. Nosso segredo vazaria. Estaria em cada estação de notícias e quem nos odeia saberia sua localização para atingir o bebê. Pior, poderia entrar em trabalho de parto sozinha e morrer se houver complicações.
— Eu sei. — Trisha empurrou os dedos pelo cabelo e agarrou o telefone com mais força con-tra seu ouvido. — Tive pesadelos com isso. É por isso que tentei mantê-la no telefone o maior Laurann Dohner Brawn
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tempo possível para lhe dar uma chance de encontrá-la. Se isso não funcionar, porém, você tem que me deixar dizer a verdade, Justice. Ela está tendo uma gravidez acelerada e vai ser pega de surpresa quando entrar em trabalho de parto prematuro. Vai pensar que está perdendo o bebê. — Emoções sufocaram sua voz. — Não me faça ir até lá. Esse era meu maior medo quando estava grávida de Forest. Não posso fazer isso com ela e talvez se disser a ela, vai fazê-la vir por conta própria.
— Não podemos arriscar. Até que saibamos com certeza que ela não é alguma repórter ten-tando fisgar alguma noticia e verificar que é um bebê dos Espécies que está carregando, você não pode dizer-lhe nada. Isso é uma ordem. Sinto muito, mas muito está em risco. Seu filho estaria em perigo.
— Eu sei. — Piscou para conter as lágrimas. — Continuo me colocando no lugar dela. Parece genuinamente assustada com alguma coisa. Quem quiser que seja o pai, ele deve ser um babaca assustador por instalar esse tipo de medo.
— Estou zangado com o macho que fez sexo com ela. — Justice rosnou. — Deveria ter toma-do precauções ou a acompanhado. Eles, obviamente, não eram suficientemente próximos para ela não sentir que poderia contar com ele para protegê-la. Quando descobrimos quem ele é, ele e eu vamos passar algum tempo na sala de treinamento. Ele colocou todos nós nesta situação.
— Fico com um pedaço dele depois de você. — Tiger bufou. — Digo aos agentes para usarem preservativos se fizerem relações sexuais com humanos, mas isso soa como se fossem um dos homens de Brass que provavelmente tem o prazer de bater nas regras.
— Sim, espanque-o. — Trisha estava desgostosa. — Isso vai ensiná-lo. Estou feliz por Slade não estar liderando a Reserva agora e estamos em casa. Odeio quando eu tenho que obrigá-lo a se controlar. — Justice deu uma risadinha.
— É uma coisa de homem.
Então o justice tem que bater o tim no Tiger i na trisha eles que mentiu para os dois
ResponderExcluirVerdade bando de mentiroso de nariz grande
ExcluirFoi mesmo
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